Portugal compreendeu que faltava às capitanias uma autoridade que,
vivendo no Brasil, pudesse organizar o seu povoamento e coordenar os
esforços de colonização. Nesse sentido, o rei D. João III instituiu, em
1548, a figura do governador-geral, trazendo para o Brasil uma
autoridade real que o representasse, sem, contudo, extinguir as
capitanias hereditárias.
A capitania da Bahia, cujo
capitão-donatário Francisco Pereira Coutinho havia sido morto pelos
índios Tupinambás, foi adquirida pela Coroa para sediar a nova
administração colonial. Sua localização, mais ou menos centralizada em
relação à linha costeira do Brasil, facilitaria as tarefas atribuídas
aos governadores-gerais.
O Rei D. João III criou o governo-geral para organizar o seu povoamento e coordenar os
esforços de colonização no Brasil.
Para operacionalizar o novo modelo
administrativo, o rei fez publicar, em 17 de dezembro de 1548, o
Regimento do Governador-Geral. Contendo 48 artigos, que disciplinavam
detalhadamente a instalação do governo, a concessão de sesmarias, a
organização do comércio, as medidas para a defesa, e o trato com os
índios, invasores e outros mais, o Regimento deixava claro que a ação do
Governo-Geral seria complementar às dos donatários: sem maior
interferência na administração das capitanias, deveria criar maior
ligação entre elas, bem como prestar-lhes o auxílio da Metrópole.
Soldado besteiro do século XVI. De acordo com o Regimento do Governador-Geral, cada capitania deveria possuir pelo menos 20 bestas para prover sua defesa
O governador seria auxiliado por outras autoridades nomeadas pelo rei: um ouvidor-mor, encarregado da justiça; um provedor-mor, responsável pela administração das finanças, e um capitão-mor, a quem cabiam os encargos da defesa da costa. O Regimento estabelecia alguns pressupostos que os donatários deveriam atender para realizar a defesa de suas capitanias:
"Cada capitão em sua capitania será obrigado a ter ao menos dois
falcões, seis berços e seis meios-berços, vinte arcabuzes e pólvora para
isso necessária, vinte bestas, vinte lanças ou chuças, quarenta espadas
e quarenta corpos d´armas de algodão, dos que na dita terra do Brasil
se costumam. Os senhorios de engenho e fazendas [...] hão de ter terras
ou casas fortes, terão ao menos quatro berços, dez espingardas com
pólvora necessária, dez bestas, vinte espadas, dez lanças ou chuças, e
vinte corpos d´armas de algodão. Todo morador das ditas terras do
Brasil, que nelas tiver casas, terras ou águas ou navios, terá ao menos
uma besta, espingarda, espada, lança ou chuça."
(Regimento de Tomé de Sousa, de 1548. Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-colonia-documentos-2-regimento-de-tome-de-sousa-1548.htm. Acesso em 11 out. 2013)
(Regimento de Tomé de Sousa, de 1548. Disponível em http://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/brasil-colonia-documentos-2-regimento-de-tome-de-sousa-1548.htm. Acesso em 11 out. 2013)
O Regimento de
1548 estabeleceu, de fato, a primeira organização militar do Brasil. O
rei D. João III escolheu, como primeiro governador-geral do Brasil, Tomé
de Sousa, militar profissional que havia lutado contra os mouros na
África. Juntamente com o novo governador, que chegou à Bahia em 29 de
março de 1549, vieram cerca de 600 soldados e 400 degredados, a primeira
força militar regular do Brasil, com o objetivo de constituir uma
reserva estratégica. Nesse mesmo ano, fundou-se Salvador, a sede do
novo Governo-Geral.
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"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"
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