"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 23 de setembro de 2019

GUERRA FRANCO-TURCA (1918-1921)

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A Guerra Franco-Turca, também chamada de Campanha da Cilícia da Guerra da Independência Turca, foi uma série de conflitos conflitos militares entre as Forças Coloniais Francesas, aliadas à Legião Armênia Francesa, e as Forças Nacionais Turcas, no rescaldo da Primeira Guerra Mundial.


O interesse francês na região veio após o Acordo Sykes-Picot (1916) e do retorno dos refugiados armênios a seus lares.  Junto com as outras potências aliadas, os franceses abandonaram o interesse pela população armênia para apoiar a Turquia como um estado-tampão do expansionismo Bolchevique.


Acordos e tratados

Após o Armistício de Mudros, o Exército Francês deslocou-se para Çukurova, conforme previsto em segredo pelo Acordo Sykes-Picot, que dava à França o controle da Síria Otomana e do sul da Anatólia, incluindo os principais locais estratégicos da fértil planície de Çukurova, os portos de Mersin e İskenderun (Alexandreta) e as minas de cobre de Ergani.

Por outro lado, as terras férteis da Mesopotâmia e o vilaiete de Mossul (onde se suspeitava que existissem campos petrolíferos) eram prioridades para os britânicos. Segundo o acordo, os britânicos cuidariam das cidades de Antep, Marash e Urfa, até que os franceses chegassem às regiões da Anatólia meridional alocadas a eles no acordo.

Mapa mostrando os efeitos do Acordo Sykes-Picot, que redefiniu as fronteiras do Oriente Médio e deram origem a um conflito latente até os dias atuais.

A Legião Armênia francesa, sob o comando do General britânico Edmund Allenby, consistia de voluntários armênios que ajudaram os Aliados quando os Otomanos começaram a levar a cabo o genocídio da população armênia. Os Armênios lutaram na Palestina e na Síria, e também na Cilícia após o Armistício de Mudros.


Desembarques franceses no Mar Negro

Após o armistício de Mudros, a primeira providência dos militares franceses foi controlar as minas de carvão Otomanas, estrategicamente importantes, sobre as quais a capital francesa detinha participações significativas. O objetivo era tomar o controle dessa fonte de energia e atender às necessidades militares francesas. Também pretendiam impedir a distribuição de carvão na Anatólia, que poderia ser usada em atividades de apoio à insurgência.

Em 18 de Março de 1919, duas canhoneiras francesas trouxeram tropas para os portos de Zonguldaque e Karadeniz Ereğli, no Mar Negro, para dominar a região de mineração de carvão Otomana. Em face da resistência que enfrentaram durante um ano na região, as tropas francesas começaram a retirar-se de Karadeniz Ereğli em 8 de Junho de 1920. Os franceses, contudo, persistiram na ocupação de Zonguldaque, o que aconteceu em 18 de junho de 1920.


Operações em Constantinopla e na Trácia

As principais operações na Trácia visaram apoiar os objetivos estratégicos dos aliados. Uma brigada Francesa entrou em Constantinopla em 12 de Novembro de 1918. Em 8 de Fevereiro de 1919, o General francês Franchet d'Espèrey - comandante em chefe das forças de ocupação aliadas no Império Otomano - chegou a Constantinopla para coordenar o governo de ocupação.

Milícias turcas na Anatólia em 1919


A cidade de Bursa - uma antiga capital Otomana de importância central no noroeste da Anatólia - também foi ocupada por forças francesas por um breve período antes da grande ofensiva de verão do Exército Grego em 1920, quando a cidade caiu para os gregos.


A Campanha Cilícia

O primeiro desembarque ocorreu em 17 de novembro de 1918 em Mersin, com cerca de 15.000 homens, principalmente voluntários da Legião Armênia francesa, acompanhados por 150 oficiais Franceses. Os primeiros objetivos dessa força expedicionária eram ocupar portos e desmantelar a administração Otomana. Em 19 de novembro, Tarso foi ocupada para proteger o ambiente e preparar o estabelecimento do quartel general em Adana.

Depois da ocupação da Cilícia em fins de 1918, as tropas francesas ocuparam as províncias Otomanas de Antep, Marash e Urfa, no sul da Anatólia, no final de 1919, recebendo o controle das tropas britânicas, conforme combinado.

Nas regiões que ocupavam, os franceses encontraram resistência imediata dos turcos, especialmente porque se associaram aos objetivos Armênios. Os soldados franceses eram estrangeiros na região e usavam milícias armênias para adquirir informações, enquanto os cidadãos turcos tinham estado em cooperação com tribos árabes nesta área. Comparado com a ameaça grega, os franceses pareciam menos perigosos para Mustafa Kemal Pasha, que sugeriu que, se a ameaça grega pudesse ser superada, os franceses não resistiriam, especialmente porque queriam se estabelecer na Síria.

Voluntários armênios a serviço do Exército Francês
 
A resistência das forças turcas foi uma grande surpresa para os franceses. Estes culparam os britânicos por seu fracasso em conter o poder das forças de resistência locais. O objetivo estratégico de abrir uma frente sulista ao mover os armênios contra as forças nacionais turcas foi um fracasso, após a derrota das forças gregas no oeste.

Em 11 de fevereiro de 1920, após 22 dias da Batalha de Marash, as tropas de ocupação francesas, seguidas por membros da comunidade armênia local, viram-se forçadas a evacuar Marash em razão da resistência e ataques dos revolucionários turcos. A perda da cidade foi acompanhada por massacres em larga escala da população armênia, com milhares de vítimas. O membro da legião armênia francesa Sarkis Torossian registrou, em seu diário, que as forças francesas deram armas e munição aos Kemalistas para permitir que o Exército Francês se retirasse da Cilícia.  

Forças de milícia de Marash contribuíram ainda mais para o esforço de guerra, participando na recaptura de outros centros na região, forçando as forças francesas a recuar gradualmente, cidade por cidade.


O fim das Hostilidades - retirada e migrações

O Tratado de Paz da Cilícia entre a França e o Movimento Nacional Turco foi assinado em 9 de março de 1921. Ele pretendia acabar com a guerra Franco-Turca, mas não logrou êxito, sendo substituído, em outubro de 1921, pelo Tratado de Ancara, assinado por representantes dos franceses e turcos, assinado em 20 de outubro de 1921, e finalizado com o Armistício de Mudanya.

Medalha francesa concedida aos militares que participaram da Campanha da Cilícia

As forças francesas retiraram-se da zona de ocupação nos primeiros dias de 1922, cerca de dez meses antes do Armistício de Mudanya. A partir de 3 de janeiro, as tropas francesas evacuaram Mersin e Dörtyol. Dois dias mais tarde, deixaram Adana, Ceyhan e Tarso. A evacuação foi concluída em 7 de janeiro, com as últimas tropas deixando Osmaniye.

Miliciano turco
Nos estágios iniciais da Guerra Greco-Turca, tropas francesas e gregas cruzaram o Rio Meriç e ocuparam a cidade de Uzunköprü, no leste da Trácia, e a rota ferroviária de lá para a estação de Hadimkoy, perto de Çatalca, nos arredores de Constantinopla. Em setembro de 1922, no final daquela guerra, durante a retirada grega depois do avanço dos revolucionários turcos, as forças francesas retiraram-se de suas posições perto dos Dardanelos, mas os britânicos pareciam preparados para se manterem firmes. 

O governo britânico emitiu um pedido de apoio militar de suas colônias, mas este foi recusado, e os franceses, que deixaram os britânicos nos estreitos, sinalizaram que os Aliados não estavam dispostos a intervir em auxílio da Grécia. As tropas gregas e francesas retiraram-se para além do Rio Meriç.


Resultado da guerra

Juntamente com as outras potências aliadas, os franceses abandonaram o interesse pela população Armênia para apoiar a Turquia como um estado-tampão do expansionismo Bolchevique. A França teve melhores relações com os cidadãos turcos durante a Guerra da Independência Turca, principalmente por ter rompido a solidariedade com a Tríplice Entente e assinado um acordo separado com o Movimento Nacional Turco. As relações positivas Franco-Turcas foram mantidas. A política francesa de apoio ao movimento de independência da Turquia recuou durante a Conferência de Lausanne sobre a abolição das Capitulações do Império Otomano.

Objeções francesas durante as discussões sobre a abolição foram percebidas como contrárias à plena independência e soberania da Turquia.  A atitude positiva desenvolvida com o Tratado de Ancara permaneceu amigável, ainda que limitada.  As dívidas Otomanas foram perdoadas pela República da Turquia, em consonância com o Tratado de Lausanne.


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sexta-feira, 20 de setembro de 2019

III CICLO DE HISTÓRIA MILITAR DA AMAZÔNIA

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Alô amigos da Região Norte do Brasil,

A Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército, por meio do seu Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar, promove, em 3 de outubro próximo, a segunda fase do III Ciclo de Estudos de História Militar da Amazônia, com o tema "Amazônia Brasileira: ameaças e desafios".

Esta fase será realizada no auditório do Tribunal de Justiça do Estado de Rondônia, no endereço e nas condições discriminadas em cartaz anexo.

O Ciclo de Estudos, que ocorre em todo o Brasil, contribui para ações que potencializam o estudo e a difusão da História Militar no país.

Os participantes podem inscrever-se no local e receberão certificado de participação com a carga horária total de 08 horas.



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quinta-feira, 19 de setembro de 2019

EDITOR DO BLOG MINISTRA AULA NA ACADEMIA DA FORÇA AÉREA DOS EUA

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A convite da Academia da Força Aérea dos EUA (USAFA), localizada em Colorado Springs, CO, mais uma vez o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar teve honra de retornar como professor visitante para ministrar aula sobre a participação do Brasil na Primeira Guerra Mundial.

Participaram da atividade os cadetes do ar que frequentam o curso de língua portuguesa naquela instituição superior de formação de oficiais da USAF.

 Ministrando a aula para os cadetes da USAFA


Os cadetes da USAFA aprendendo sobre a História Militar brasileira

Agradecemos ao superintendente da USAFA, ao chefe da Divisão de Humanidades, ao coordenador do Foreign Languages & International Programs, e ao major Júlio Noschang, oficial da FAB professor da Academia.

Que venham parcerias futuras. Thank you.


 
Cadetes da USAFA participando de formatura

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

MASSAROSA, O BATISMO DE FOGO DA FORÇA EXPEDICIONÁRIA BRASILEIRA

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No dia 16 de setembro de 1944, o 6º Regimento de Infantaria, atual 6º Batalhão de Infantaria Leve, Regimento Ipiranga, teve seu batismo de fogo durante a Segunda Guerra Mundial. 

Massarosa foi a primeira cidade Italiana libertada do jugo alemão pelas tropas brasileiras. A conquista de Massarosa marcou o início efetivo dos pracinhas nos campos de batalha italianos e os primeiros feitos da gloriosa Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial. 

Fonte: 6º BIL, Durval Jr.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

IMAGEM DO DIA - 16/9/2019

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Tropas otomanas avançando durante a Guerra Russo-Turca de 1877


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sexta-feira, 13 de setembro de 2019

MINISTÉRIO DA CULTURA DA COREIA DO SUL COMPARA BANDEIRA JAPONESA DO SOL NASCENTE COM SUÁSTICA NAZISTA

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Episódio ocorreu após o país solicitar remoção da bandeira dos Jogos Olímpicos 2020 em Tóquio


O governo sul-coreano solicitou formalmente às autoridades olímpicas que proibissem a entrada da bandeira japonesa do Sol Nascente nos jogos de Tóquio 2020. O símbolo seria um lembrete ofensivo das atrocidades perpetradas pelos japoneses na Coreia do Sul durante a Segunda Guerra Mundial.

A bandeira, que difere do emblema tradicional do país devido aos 16 raios vermelhos que emanam da esfera central, foi utilizada pelas Forças Armadas do Japão de 1889 até 1945, e também pela direita nacionalista do país. Para o Ministério da Cultura, Esportes e Turismo da Coréia do Sul, a bandeira seria comparável à suástica nazista.

Por ser associada à guerra de agressão japonesa na Ásia, a bandeira do Sol Nascente é frequentemente associada ao expansionismo japonês na Coreia do Sul
  
Segundo o presidente da comissão parlamentar de esportes, An Min-suk, "Uma bandeira que simboliza a guerra não é adequada para Jogos Olímpicos pacíficos. A bandeira do Sol Nascente é semelhante a um símbolo do diabo para asiáticos e coreanos, assim como a suástica é um símbolo dos nazistas que lembra os europeus de invasão e horror".

Os organizadores de Tóquio 2020 há haviam descartado a proibição, afirmando que a bandeira era amplamente usada no Japão, não sendo vista como um item proibido.

Em carta a Thomas Bach, presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), o Ministério sul-coreano expressou "profunda decepção e preocupação" com a possibilidade de a bandeira ser exibida nos jogos. “(...) enfatizamos que o uso da bandeira do sol nascente durante as Olimpíadas de Tóquio seria uma violação direta do espírito olímpico, que promove a paz mundial e o amor à humanidade. 

Na atualidade, as Forças de Autodefesa do Japão utilizam a bandeira do Sol Nascente em suas solenidades e cerimônias


O COI deveria pedir ao comitê organizador de Tóquio que retirasse sua posição sobre o uso da bandeira e preparasse medidas estritas para impedir que ela seja levada aos estádios”, dizia a carta.

Fonte: Aventuras na História


A BATALHA DE COVADONGA (? 722)

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Primeira grande batalha da Reconquista Cristã, Covadonga é uma região espanhola das Astúrias, na província de Oviedo, que ficou célebre por ser o palco de um dos episódios mais marcantes das guerras da Reconquista, nas quais se confrontaram as populações cristãs da Península Ibérica e os invasores muçulmanos.



A Batalha de Covadonga foi a primeira grande vitória das forças militares Cristãs na Hispânia a seguir à invasão árabe em 711. Uma década depois, provavelmente no verão de 722, a vitória de Covadonga assegurou a sobrevivência da soberania Cristã no Norte da Península Ibérica, e é considerada por muitos autores como o início da Reconquista. Sete anos depois da invasão árabe sobre Hispânia, Pelágio das Astúrias, um nobre descendente dos monarcas visigodos, conseguiu expulsar um governador provincial, Munuza, do distrito das Astúrias, no noroeste da Península. Conseguiu segurar o território contra inúmeras investidas dos árabes para o recuperar, e depressa estabeleceu o Reino das Astúrias, que viria a transformar-se na região cristã de soberania contra a expansão islâmica. Pelágio, embora incapaz de conter os Muçulmanos em muitas situações, sobrevivia e dinamizava o movimento para a Reconquista.

O líder muçulmano Mununza

Após a vitória de Pelágio, as populações das vilas asturianas emergiam com as suas armas, matando centenas de mouros. Munuza, reconhecendo a derrota, organizou outra força e reuniu os sobreviventes de Covadonga. Mais tarde, iria confrontar Pelágio e o seu exército, agora aumentado, perto de Proaza. Novamente Pelágio vence, e Munuza morre na batalha.

Após a queda do Reino Visigótico em 711, resistentes aos Omíadas refugiaram-se no norte da Península Ibérica, na cordilheira Cantábrica, e escolheram Pelágio como rei (718), filho de Fávila, um nobre da corte do rei visigodo Égica. Pelágio fixa a sua capital em Cangas de Onís e encabeça a resistência. Ele recusa pagar tributos aos Omíadas e após reforçar o seu exército com combatentes que continuavam a chegar, ataca pequenas guarnições omíadas da região.

Os omíadas, cujo poder na península se concentrava em Córdova, não parecem preocupados com essa insurreição naquela afastada região montanhosa, sem grande interesse estratégico para eles. Tanto mais que os seus recursos eram absorvidos com as campanhas do outro lado dos Pirenéus, contra o reino franco. Mas após a derrota de 721 em Tolosa, o governador Ambiza (Anbasa ibn Suḥaym Al-Kalbiyy), da Al-Andalus, decide enviar uma expedição punitiva contra as Astúrias, vendo ali uma vitória fácil para elevar o moral das suas tropas. Encarrega Munuza na preparação da expedição. Munuza envia então o general Alqama acompanhado por Oppas, irmão do antigo rei visigodo Vitiza e arcebispo de Sevilha, para negociar a rendição dos Asturianos. Após o fracasso das negociações, os Omíadas, em maior número e melhor organizados, perseguem Pelágio e seus homens. Os asturianos levam pouco a pouco os Omíadas ao coração das montanhas até atingirem Covadonga, num estreito vale de fácil defesa, quando apenas restavam 300 homens.


Após a recusa por parte de Pelágio em render-se, Alqama envia as suas tropas ao fundo do vale. Os asturianos lançam setas desde os pentes das montanhas e refugiam-se nas Grutas de Covadonga. No auge da batalha, Pelágio encabeça os seus homens e desce para o vale. Os Omíadas, incapazes de manobrarem naquele local, decidem retirar, mas um grupo de asturianos corta a saída. Presos no fundo do vale, Alqama e muitos de seus homens morrem no decorrer da luta.

Estátua que homenageia D. Pelágio das Astúrias

Os cronistas afirmam que, apesar da vitória asturiana, somente dez homens sobreviveram. No entanto, numerosos aldeões pegaram em armas e atacaram o resto das tropas omíadas, infligindo pesadas perdas e tornando a retirada longa e delicada no seio do labirinto de montanhas. Durante dois dias e duas noites, os Omíadas percorreram cerca de 50 kms a pé em altitudes situadas entre os 1200 e 1500 metros, sofrendo diversas emboscadas durante o caminho. Munuza, tendo conhecimento da situação, enviou reforços para recolher os sobreviventes.

Após essa batalha, os Omíadas minimizaram o poder das forças asturianas sobreviventes assim como o impacto dessa batalha. No entanto, o reino das Astúrias tornar-se-ia o berço de partida da Reconquista, e a própria batalha marca o seu início simbólico. Atribuindo a vitória à proteção de Maria, Pelágio manda construir em sua honra um santuário nas grutas, batizadas Cova dominica, que se chamariam Covadonga.



sábado, 7 de setembro de 2019

SUBMARINO AMERICANO DA 1ª GUERRA MUNDIAL É LOCALIZADO NO LITORAL DO MÉXICO

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Submarino americano USS H-1 Seawolf foi encontrado no litoral do México por arqueólogos subaquáticos quase um século após seu naufrágio.


A embarcação foi encontrada no fundo do mar, próximo a uma praia da ilha de Santa Margarita no estado mexicano de Baixa Califórnia Sul. Este seria o primeiro submarino histórico encontrado em águas mexicanas.


História e tragédia

O USS H-1 Seawolf foi construído em 1909 em São Francisco, Estados Unidos. A embarcação inicialmente foi chamada de Seawolf, mas em 1911 ela passou a ser chamada de H-1. Durante a Primeira Guerra Mundial, o submarino realizou patrulhas no litoral leste americano. Em seguida, ele foi enviado para a Califórnia.

O submarino USS H-1 Seawolf, aqui fotografado antes de seu desaparecimento

Durante seu trajeto, o navio foi atingido por uma forte tormenta, resultando em seu naufrágio. Tanto o capitão como outros três tripulantes morreram na tentativa de abandonar o submarino. Embora a maior parte da tripulação se tivesse salvado, a localização exata do USS H-1 foi uma incógnita por muitos anos.

Arqueólogos do INAH (Instituto Nacional de Antropologia e História do México) registram um submarino da Primeira Guerra Mundial afundado em águas mexicanas. Trata-se do USS H-1 Seawolf, modelo americano do início do século XX que patrulhou o litoral atlântico americano durante a confrontação bélica.

Imagem tridimensional do Seawolf no fundo do mar

O USS H-1 Seawolf foi encontrado a 15 metros de profundidade e possui um comprimento de 44,3 metros, publicou o INAH. Para encontrar o submarino, mergulhadores utilizaram técnicas de fotogrametria, que consiste em fazer muitas fotos de um sítio e com a ajuda de um computador as agrupar, formando uma ilustração digital tridimensional do objeto.

Fonte: Sputnik


IMAGEM DO DIA - 7/9/2019

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Desfile de 7 de setembro durante a década de 1950. Dragões da Independência desfilando no Rio de Janeiro, então Capital Federal.

segunda-feira, 2 de setembro de 2019

A ENCENAÇÃO NAZISTA E A PRIMEIRA VÍTIMA DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

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A Segunda Guerra Mundial começou há 80 anos com uma mentira. Franciszek Honiok foi morto numa fictícia agressão polonesa encenada para justificar o ataque à Polônia. Ele caiu no esquecimento e seu assassino ficou impune.


Por Elzbieta Stasik

"O 'Führer' precisa de um motivo para a guerra", disse Reinhard Heydrich, chefe do Escritório Central de Segurança do Reich, em agosto de 1939. O plano era simples: os alemães realizariam uma série de incursões fronteiriças e alegariam que foram perpetradas por poloneses.

A mais importante dessas encenações foi um ataque de "insurgentes poloneses" à emissora de rádio alemã de Gleiwitz (hoje a cidade polonesa de Gliwice), na Silésia. "Atenção, aqui é Gleiwitz, a emissora está em mãos polonesas". Os nazistas queriam que essas palavras corressem o mundo. Na verdade, um comando da SS, a tropa de elite nazista, liderado por Alfred Naujocks, estava por trás do suposto ataque.

"A mentira que se construiu ali foi impressionante", diz o historiador Florian Altenhöner, em entrevista ao jornal alemão DW. Ele é o autor do livro Der Mann, der den 2. Weltkrieg begann: Alfred Naujocks: Fälscher, Mörder, Terrorist (O homem que iniciou a Segunda Guerra Mundial: Alfred Naujocks: falsificador, assassino, terrorista, em tradução livre). "Devemos nos perguntar por que esse regime não confiou em seu poder, mas quis dar a impressão de agir moralmente, de que a guerra ofensiva alemã precisava ser justificada como uma guerra defensiva. Essa é uma estranha noção de força."

A operação na emissora de rádio fracassou por razões técnicas. A mensagem propagandística dos supostos poloneses só foi captada em uma pequena área ao redor de Gleiwitz. O sinal nem chegou a Berlim. Mas, como planejado, na rádio ficou para trás o cadáver de um dos supostos "invasores poloneses". Os nazistas o chamaram cinicamente de "conserva". O termo desumano servia para designar os corpos que os nazistas colocavam nos locais de operações para dar credibilidade aos ataques supostamente de poloneses.

Torre de rádio em Gliwice, na Polônia
 
O morto era Franciszek Honiok, um cidadão alemão, vendedor de máquinas agrícolas, que tinha grande simpatia pela Polônia. É provável que estivesse na mira da Gestapo, a polícia secreta da Alemanha nazista. Ele havia sido detido um dia antes e sua morte serviu como prova da "culpa polonesa" no ataque.

O próprio Naujocks negaria a responsabilidade pela morte de Honiok. "Foi uma tarefa altamente política, realizada de acordo com as instruções", diria à revista Der Spiegel em 1963.


Farsa cumpriria seu objetivo

Poucas horas depois do incidente encenado em Gliwice, houve mais dois falsos ataques: a um alojamento florestal alemão em Pitschen (atual Byczyna) e a uma estação aduaneira em Hochlinden (hoje Stodoły, ambas na Polônia). Também em Hochlinden foram descobertos dois chamados "conservas" – desta vez, prisioneiros do campo de concentração Sachsenhausen.

"A Polônia atirou pela primeira vez hoje à noite em nosso território. Desde as 5h45, há agora disparos de revide!", anunciou Hitler em 1° de setembro de 1939. Ele errou por volta de uma hora, o que era um dado secundário. Os jornais, especialmente o Volkischer Beobachter, órgão oficial do partido nazista, NSDAP, comentaram os "ataques" poloneses com indignação. A montagem da farsa cumprira seu objetivo: a Alemanha supostamente não tinha outra escolha a não ser reagir.

Na carreira de Alfred Naujocks, Gliwice foi apenas uma das muitas "ações" a serviço do regime nazista. O mecânico especializado em ortopedia participou, entre outros, do sequestro de dois oficiais de inteligência britânicos na Holanda, da falsificação de notas bancárias britânicas e de "contraterrorismo" ao movimento de resistência na Dinamarca. Ele foi responsável por pelo menos três mortes, incluindo Honiok. Naujocks foi condenado apenas uma vez – em 1949 na Dinamarca, inicialmente por 15 anos de prisão. Em segunda instância, a pena foi reduzida a cinco anos. Mas já em junho de 1950 ele foi libertado.


"Aventuras" contadas por Naujocks

Naujocks voltou para sua cidade natal, Kiel, depois foi morar em Hamburgo. Ele se casou quatro vezes, levou uma vida razoavelmente de classe média e falava abertamente sobre suas "aventuras". "Naujocks foi um dos poucos criminosos nazistas que contava publicamente sua história", diz o historiador Altenhöner. "Foram publicados artigos sobre ele, histórias em capítulos, em revistas de variedades. Mas isso também tem a ver com o fato de que essas ações das quais ele falava poderiam ser contadas sob o pretexto de serem aventuras, histórias de espionagem. A indignação pública teria sido diferente se ele tivesse falado em assassinatos."

Em 1961, o diretor alemão Gerhard Klein fez o filme Der Fall Gleiwitz (O caso Gleiwitz), baseado principalmente nas declarações de Naujocks no tribunal de Nurembergue. O filme foi mostrado apenas em cineclubes alemães. Em uma escola de comércio em Hamburgo, fora programado até mesmo um evento "com participação especial de Naujocks". 

Alfred Naujocks, o homem que iniciou a Segunda Guerra Mundial, fotografado com seu uniforme das SS
 
As autoridades de ensino da cidade impediram o evento no último minuto. No entanto, o Ministério Público tomou conhecimento de Naujocks e abriu uma investigação preliminar contra ele. Já era a quinta tentativa na Alemanha de responsabilizá-lo judicialmente. Foi em vão, já que em 1966 Naujocks morreu de insuficiência cardíaca.

O processo foi assumido pelo Ministério Público em Düsseldorf, onde viveu o ex-motorista de Naujocks. Embora tenha sido arquivado por falta de provas, o processo pelo menos permitiu que pudesse ser determinada a identidade de Franciszek Honiok, assassinado em Gliwice. Depois de três décadas, a vítima, chamada de "conserva" pelos nazistas, receberia um nome.

Por ocasião do 80º aniversário da "provocação de Gleiwitz", neste 31 de agosto de 2019, a família Honiok foi convidada a Gliwice pela primeira vez, para lembrar Franciszek, a primeira vítima da Segunda Guerra Mundial.

Fonte: DW