"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 19 de setembro de 2016

HÁ 25 ANOS ERA DISSOLVIDO O PACTO DE VARSÓVIA

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Em 1º de julho de 1991, encerrou-se a aliança militar formada pelos países socialistas do Leste Europeu, num encontro em Praga do qual Gorbatchev preferiu não participar. Era o fim também da Guerra Fria.



Por Rosalia Romaniec

Por mais que tivesse contribuído decisivamente para o fim do Pacto de Varsóvia, o ex-presidente União Soviética Mikhail Gorbatchev não fez a menor questão de assistir de perto ao processo de dissolução.


Para o encontro dos Estados do Bloco Leste em 1º de julho de 1991, em Praga, Gorbatchev enviou seu vice, Gennady Yanayev. Foi ele a escutar do então presidente da Tchecoslováquia e ex-dissidente Václav Havel: "Hoje o Pacto de Varsóvia deixou de existir". Todos aplaudiram, menos Yanayev.



A aliança dos países do Leste Europeu existiu durante 36 anos, a partir de 14 de maio de 1955, quando, na capital polonesa, União Soviética (URSS), República Democrática Alemã (RDA), Tchecoslováquia, Hungria, Romênia, Bulgária e Polônia firmaram um pacto de amizade, cooperação e apoio recíproco.


Oficialmente, foi uma reação dos países à adesão da República Federal da Alemanha (RFA) à Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Mas logo ficou demonstrado que o Pacto de Varsóvia não era apenas uma liga de defesa, mas sim visava assegurar o controle da URSS sobre o Leste. A repressão, pelas tropas do pacto, da Revolução Popular Húngara em 1956, ou da Primavera de Praga em 1968 são dois dos exemplos mais óbvios.




Fim do Pacto se precipita


Nos anos 80 começou a virada política, com o movimento trabalhista polonês Solidarnosc (Solidariedade), as reformas na União Soviética conhecidas como Glasnost e Perestroika, mais tarde a queda da Cortina de Ferro e do Muro de Berlim, e, na sequência, as negociações para a Reunificação da Alemanha.


"Tínhamos muito a esclarecer, por exemplo, se uma Alemanha unificada poderia ser membro da Otan. E: quando é que os soviéticos se retirariam?", recorda Horst Teltschick, então assessor do chanceler federal alemão, Helmut Kohl.


Ele frisa que, além dos créditos financeiros, foram as concessões a Moscou na política de segurança que possibilitaram um acordo com Gorbatchev. Entre os itens constava a renúncia a armas atômicas, biológicas ou químicas e a um estacionamento de tropas da Aliança Atlântica nos estados do Leste alemão.

Soldados de diversos países pertencentes ao Pacto de varsóvia diante de suas bandeiras



Em setembro de 1990, apenas pouco antes da Reunificação alemã, a RDA se retirou do Pacto de Varsóvia. No prazo de alguns dias, cerca de 360 mil integrantes do Exército Nacional do Povo se tornaram soldados da Otan. Um número equivalente de soviéticos deixou o Leste da Alemanha até 1994, o que na época custou a Bonn quase 4 bilhões de marcos.




Reação em cadeia


Só com a Reunificação da Alemanha foi possível a posterior ampliação da Otan, afirma o historiador teuto-americano Konrad Jarausch. Mas quando a RDA deixou a aliança oriental, Gorbatchev ainda esperava desdobramentos bem diversos: a prolongada hostilidade entre o Leste e o Ocidente foi declarada encerrada.


"Gorbatchev falou, na época, de 'nossa casa comum' e assegurou que a União Soviética estaria pronta a anular o Pacto de Varsóvia se, no lugar deste, se estabelecesse uma nova estrutura de segurança na Europa", conta Dimitar Ludzhev, ministro búlgaro da Defesa entre 1991 e 1992.


Cerca de meio ano após a retirada da RDA, os países-membros do Pacto transformaram a instituição de militar em política, num encontro em Budapeste boicotado pelos soviéticos. Passaram-se mais três meses até ser dada como encerrada a supremacia política da URSS na região – na cúpula de 1º de julho de 1991 em Praga, de que Gorbatchev preferiu não participar em pessoa.




Ampliação da Otan para o Leste


O então presidente soviético esperava que em breve se criasse uma nova estrutura de segurança na Europa. Mas a Otan sobreviveu ao fim do Pacto de Varsóvia. E logo cresceria, já que os antigos integrantes da aliança do Leste queriam mudar rapidamente de lado e contar com a proteção da Aliança Atlântica.


O cientista político Alexander Galkin, que compunha, então, o grupo de consultores de Gorbatchev, lembra que os Estados Unidos asseguraram Moscou que a Otan não pretendia se ampliar para o Leste. "Hoje, acertos verbais pouco valem", comenta.

Manobras do Pacto de Varsóvia no início dos anos 1980



Mas Gorbatchev nunca exigiu do Ocidente garantias de que a Aliança Atlântica não se ampliaria com a adesão dos Estados europeus orientais, rebate o historiador Heinrich-August Winkler.


"Hoje em dia há um debate acalorado sobre isso", aponta. "Mas pode-se tranquilamente ignorar, do ponto de vista histórico, a lenda de uma promessa de que não haveria ampliação da Otan para o Leste." Na época, o foco das atenções eram as condições para a unificação da Alemanha, salienta Winkler.




Estados do Leste buscam proteção


Depois de a RDA abandonar o Pacto de Varsóvia, a Tchecoslováquia e a Hungria foram as primeiras a anunciar o desejo de se filiar à Organização do Tratado do Atlântico Norte, seguindo-se a Bulgária, para surpresa de Washington.


A Polônia, onde no início da década de 1990 ainda estavam estacionados 60 mil soldados soviéticos, também queria aderir o mais rápido possível às estruturas ocidentais, mas ninguém ousava dizê-lo em voz alta.


"Em 1991, uma filiação à Otan nos parecia pouco realista", explicaria mais tarde o ex-ministro polonês do Exterior Krzysztof Skubiszewski. "Em conversas com o secretário-geral da Otan Manfred Wörner, expressei claramente o desejo de proteção pela Aliança Atlântica sem ter que solicitar a adesão."


Com o fim do Pacto em meados de 1991 e o subsequente declínio da União Soviética, o processo ganhou uma nova dinâmica. A prioridade inicial foi integrar os Estados fronteiriços com os membros da Otan. Em 1999, Polônia, República Tcheca e Hungria se uniram à Aliança – enquanto a Bulgária e os demais ainda tiveram que esperar até 2004.

Fonte: DW

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sexta-feira, 9 de setembro de 2016

LANÇAMENTO DA 2ª EDIÇÃO DE "A GUERRA DO AÇÚCAR" NO RIO DE JANEIRO

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Convidamos todos os amigos a prestigiarem o lançamento da 2ª edição do nosso livro A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil, que será realizado no Espaço Cultural Laguna, no Rio de Janeiro, às 11h do dia 15 de setembro próximo.




O Espaço Cultural Laguna fica na Rua general Canabarro nº 731, Maracanã, Rio de Janeiro-RJ (próximo à estação do Metrô de São Cristóvão).


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terça-feira, 6 de setembro de 2016

NAPOLEÃO NA CAMPANHA DO EGITO

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Em 19 de maio de 1798, Napoleão partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito. Dois meses depois, suas tropas chegariam ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides.


Por Catrin Möderler


A Revolução Francesa, cujo auge fora a queda da Bastilha, em junho de 1789, ainda não fora superada: o país estava sacudido por conflitos. Napoleão Bonaparte, jovem general corso, conseguiu estabilizar a situação, ao sufocar um levante monarquista em Paris, em 1795. Ele reorganizou as tropas francesas e venceu os austríacos e piemonteses, bem como seus aliados Prússia e Saboia. Seu domínio logo se estendeu à margem esquerda do Rio Reno, à Bélgica e a Milão.

Foi nesse cenário que Napoleão decidiu iniciar a campanha do Egito. O objetivo era desmantelar uma importante rota de comércio inglesa. O rei Jorge III não havia reconhecido as conquistas territoriais francesas na Itália. Vendo que não tinha qualquer possibilidade de invadir a Inglaterra, Napoleão planejava derrotá-la no setor econômico.

A base da economia inglesa eram as colônias, das quais a Índia era a principal. O comércio de mercadorias indianas era vital para a Inglaterra. E Napoleão planejou exatamente bloquear o longo caminho inglês até a Índia, que passava por território egípcio. A 19 de maio de 1798, partiu com 18 mil soldados para conquistar o Egito.


Supostas boas intenções napoleônicas

Em 18 de julho, suas tropas chegaram ao Cairo. Antes disso, venceram os mamelucos na lendária Batalha das Pirâmides, onde, porém, sofreram pesadas perdas. Em meio ao tiroteio, os disparos dos canhões franceses destruíram o rosto da Grande Esfinge de Gizé, a sentinela da eternidade.

Como pretexto para invadir o Egito, Napoleão Bonaparte alegou que queria apenas garantir, por todos os meios, o acesso seguro dos peregrinos a Meca. "Somos amigos dos muçulmanos e da religião do profeta Maomé", disse. Hábil estrategista e mestre em empolgar as tropas, lembrou aos soldados, à base das pirâmides, de que eles se encontravam diante de 40 séculos de história. Suas supostas boas intenções, contudo, não convenceram os adversários.



O sultão turco Selim III, que encarregara os mamelucos do xeque Abdallah al Charkawi de administrar o território egípcio, tentou fazer uma guerra santa contra Napoleão. Suas tropas precariamente armadas tornaram-se presa fácil para os franceses. Ao contrário dos soldados britânicos sob o comando do almirante Horatio Nelson: estes conseguiram derrotar a frota napoleônica na Baía de Abukir, reconquistando a rota inglesa para a Índia, e barrando o retorno de Napoleão à França.


Ascensão de Napoleão na França

Somente um ano mais tarde Napoleão conseguiu derrotar o exército turco em terra, na Batalha de Abikur. Em seguida, deixou o general Kléber no Egito, como comandante-em-chefe das tropas francesas, e voltou para casa, escoltado por uma guarda pessoal mameluca.

O que só alcançara em parte no Egito, o militar corso logrou inteiramente na França: a ascensão ao poder. Auxiliado por militares e membros do governo, Napoleão Bonaparte derrubou o Diretório a 10 de novembro de 1799, dissolveu a Assembleia e implantou o Consulado, uma ditadura disfarçada. Depois de ser cônsul-geral, em 1804 coroou-se imperador, como Napoleão I. Era o fim da Revolução Francesa.

O ditatorial governo napoleônico foi marcado tanto pelo êxito nas guerras e nas reformas internas, como pela censura à imprensa e a repressão policial. Napoleão 1º interveio em toda a Europa, passando a controlar grande parte dos países europeus. Foi temendo a expansão francesa que a família real portuguesa fugiu em 1808 para o Brasil. Em 1812, o império napoleônico incorporava 50 milhões dos 175 milhões de habitantes do continente europeu.

Fonte: DW

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