A guerra das Rosas confrontou duas famílias nobres, entre os anos de 1453 e 1485, pela conquista do poder inglês. O nome Guerra das Rosas teve origem devido ao fato de a família real trazer no seu brasão uma rosa vermelha, e a Casa de York uma rosa branca.
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A luta começou quando Ricardo, duque de York, aprisionou Henrique VI, da família Lancaster e rei da Inglaterra. Na Batalha de Wakefield, que ocorreu em 1460, os York foram derrotados e, em 1461, Eduardo IV, da Casa de York, na Batalha de Towton, assumiu o trono dos Lancaster, mas foi traído pela nobreza e obrigado a devolver o poder para Henrique VI.
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Em 1473, Eduardo IV morreu. Seu irmão Ricardo III assumiu o trono, e ordenou que estrangulassem seus sobrinhos, pois eram os próximos da linha de sucessão. O fim da guerra em 1485 ocorreu quando Ricardo III foi derrotado na Batalha de Bosworth por Henrique Tudor. Como Henrique Tudor estava ligado às duas famílias nobres, pois era genro de Eduardo IV e tinha ligação com os Lancasters por parte de mãe, uniu as duas casas reais. Henrique Tudor ascendeu ao trono da Inglaterra iniciando a dinastia Tudor (1485-1603), que implantou o absolutismo na Inglaterra, nomeando Henrique VII, rei da Inglaterra.
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O papel da Artilharia na Guerra
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Por ocasião do início da Guerra das Rosas, a artilharia vinha sendo utilizada na Europa há cerca de um século. Praticamente todos os exércitos desfrutavam de seu poderio, mesmo que possuíssem apenas uma pequena força de artilharia.
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O ritmo do avanço tecnológico na produção de armas na Europa havia acelerado na década de 1370, quando as pequenas, imprecisas e pouco confiáveis peças de artilharia, utilizadas no início da Guerra dos Cem Anos, deram lugar a armas maiores e mais poderosas que eram capazes de romper as altas muralhas de pedra de vilas fortificadas e castelos. Embora a nova artilharia ainda pudesse ser considerada imprevisível - Jaime II da Escócia foi morto em 1460, quando um de seus canhões de sítio explodiu -, os ingleses começaram a empregar tais armas com grande efeito no País de Gales e na fronteira da Escócia no início do século XV.
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As novas armas passaram a ser fabricadas com tipos e tamanhos variados, desde a bombarda maciça, que podia demolir muralhas com enormes bolas de pedra ou de ferro; até os canhões menores, capazes de serem disparados em tripés ou utilizados como armas portáteis, além de uma variedade de canhões de tamanho intermediário. Os canhões de século XV eram fabricados em ferro ou em bronze, apesar de as armas de bronze serem mais comuns, pois as técnicas de fundição do ferro somente atingiriam a qualidade necessária no final do século XVI. Em razão das armas serem despadronizadas e disparassem projéteis feitos “sob medida” para elas, era comum os fabricantes de canhões também atuarem como artilheiros. Essa singularidade no tamanho de cada projétil levou as grandes armas a receberem nomes próprios que as individualizavam, como o Mons Meg, atualmente em exposição no Castelo de Edimburgo, Escócia, um canhão 14.000 libras com calibre de 20 polegadas.
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O gigantesco Mons Meg pesava 14.000 libras. Em primeiro plano, os projéteis de ferro fundido
Disparar uma peça de artilharia do século XV era um processo lento e difícil. As armas de sítio maiores disparavam pedras e projéteis de ferro que podiam pesar centenas de libras. Para disparar a arma, o atirador usou um disparador constituído de uma barra de ferro aquecida em uma panela de carvão que era mantida quente e ao alcance de sua mão. Devido ao fato de que um quilo de pólvora era necessário para lançar nove libras de peso de granada e que o tubo precisava ser lavado com uma mistura de água e vinagre depois de cada tiro, a cadência de dez tiros por hora era considerada satisfatória. Na Guerra das Rosas, tal lentidão fez com que os canhões fossem utilizados, principalmente, na véspera ou no início de uma batalha, disparando uma saraivada contra o inimigo antes que o combate corpo-a-corpo tivesse início.
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Durante a noite que antecedeu a batalha de Barnet, Richard Neville, Conde de Warwick, disparou seu canhão continuamente com o objetivo de amedontrar e levar a desordem às fileiras de York. No entanto, Warwick não tinha conhecimento de quão próximo o inimigo estava de suas linhas e os disparos foram ineficazes. Para impedir que Warwick aprendesse com seu próprio erro, Eduardo IV ordenou à sua artilharia que se abstivesse de revelar a sua posição respondendo ao fogo. Poucas semanas depois, na Batalha de Tewkesbury, Eduardo neutralizou o ataque da Casa de Lancaster a partir de uma excelente posição defensiva, abrindo fogo com sua artilharia.
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Apesar de seu poderio, as peças de artilharia foram muito menos decisivas durante a Guerra das Rosas do que em campanhas posteriores no continente europeu. Capazes de disparar uma bola de ferro a um alcance de 2.000 a 2.500 passos, os canhões produziam um efeito devastador contra concentrações emassadas de tropas imobilizadas, como na travessia de rios, ou contra as paredes dos castelos e das cidades durante um cerco, situações nas quais a limitada cadência de tiro não resultava em limitação relevante. A arte da fortificação era menos avançada na Inglaterra do que em outros lugares, pelo que as guerras civis inglesas foram caracterizadas, principalmente, por batalhas em campo aberto e não por cercos. Durante a Guerra das Rosas era comum as cidades e castelos inimigos renderem-se tão logo seus exércitos eram derrotados no campo de batalha.
Ricardo III
Ainda assim, ambas as partes reconheceram a importância crescente da artilharia e tomaram medidas para garantir um bom fornecimento de canhões e bombardas. Desde 1415 a Coroa Inglesa designou um mestre-artilheiro para supervisionar a Artilharia Real. Em 1456, John Judde, um comerciante de Londres, recebeu a nomeação para o cargo por oferecer armamentos e suprimento de pólvora para a artilharia de Henrique VI às suas expensas. Judde iniciou um ambicioso programa de produção armas para a Casa de Lancaster, motivo pelo qual os partidários de York o emboscaram e o mataram em junho 1460, quando supervisionava a entrega de uma nova remessa de armamentos.
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Eduardo IV também reconhecia a importância da artilharia, e seus mestres-artilheiros - como John Wode, que ocupou o cargo entre 1463 e 1477 - eram membros de confiança da família real. Eduardo frequentemente inspecionava sua artilharia e suas campanhas normalmente incluíam um considerável trem de artilharia.
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Assim, desde o reinado de Henrique VII, a Coroa Inglesa reuniu uma grande e crescente coleção de material de artilharia, atualmente em exposição na Torre de Londres.
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