* 24/05/1818 - Herval-RS
+ 09/01/1906 - Bagé-RS
João Nunes da Silva Tavares nasceu em Herval, Rio Grande do Sul, em 24 de maio de 1818. Foi o primeiro e único barão de Itaqui, general e político brasileiro, presidente do estado do Rio Grande do Sul de 17 de junho a 4 de julho de 1892 e o responsável por iniciar uma guerra civil, que se transformaria, posteriormente, na Revolução Federalista (1893-1895). Era mais conhecido pelo apelido de "Joca Tavares".
Membro de importante família estabelecida na Colônia do Sacramento, que teve início com João da Silva Tavares e sua mulher Natália de Jesus. Filho do Visconde de Serro Alegre, João da Silva Tavares, e de Umbelina Bernarda da Assunção, e irmão do Barão de Santa Tecla.
Revolução Farroupilha
Sentou praça em 19 de setembro de 1835, na véspera de estourar a Revolução Farroupilha, tendo acompanhado seu pai e se juntado ao lado legalista. Três dias mais tarde teve seu batismo de fogo no arroio Telho, combatendo as forças revolucionárias de Gervásio Verdum. Em seguida seguiu para Pelotas e no caminho, próximo a São Lourenço, ajudou no combate às forças do coronel Antônio Gonçalves da Silva, em 19 de outubro. Em seguida, refugiou-se no Uruguai, retornando em 1836 para tomar parte no combate do Rosário, sendo feito prisioneiro pelo coronel Corte Real.
Na Batalha do Seival é novamente preso, instado pelo farroupilhas a mudar de lado, recusa-se inclusive a permanecer neutro, motivo pelo qual é mantido preso. Mais tarde é libertado, através da intermediação do chefe uruguaio Calengo. Após um curto descanso na fazenda da família em Taquari retorna ao combate, junto à seu pai. Atacado e sitiado, perto de Arroio Grande, pelas forças de Davi Canabarro, é obrigado a capitular, sendo feito, novamente prisioneiro, com seu pai. Ambos fogem e formam uma nova brigada.
Em 1840 combate o coronel Florentino Manteiga, em 1841, comandante de guerrilha, ajuda na derrota do major Félix Vieira, e em seguida, sob o comando do coronel Serafim Inácio dos Anjos, derrota o major “Quero-quero”.
Mais tarde serve nas forças do general João Paulo, e depois do coronel Manoel dos Santos Moreira. Encarregado da defesa de Pelotas, ali recebe ao barão de Caxias, nomeado presidente da província e comandante das armas. Com Tratado de Ponche Verde, termina a revolução, Joca Tavares tinha o posto de major, com 27 anos de idade e 10 de combate.
Guerra do Paraguai
Quando da Guerra contra Aguirre, em 1864, se voluntaria às tropas do general João Propício Menna Barreto, participando da tomada de Paissandu, Uruguai.
Promovido à coronel, ao iniciar a Guerra do Paraguai, organiza um corpo de voluntários para liberar Uruguaiana. Após a retomada da cidade, 18 de setembro de 1865, segue para Bagé como comandante de brigada. Incorpora-se, pouco depois, ao 3° Corpo de Exército, comandado pelo General Osório, com o qual marcha para o Paraguai.
Participou nos reconhecimentos de Passo-Pucu, Espinillo e da trincheira de Humaitá. Depois, em 1868, combateu em Palmas, recebendo a medalha do Mérito Militar por sua ação no combate de 11 de dezembro. No dia 21 combateu em Lomas-Valentinas, na linha Paqueceri, até o forte render-se.
Em 1869, segue para Assunção, onde aguarda a chegada do novo comandante em chefe, Conde D'Eu. Combate sucessivamente em Peribebuí, Campo Grande, Picada de Caraguataí, bate em Itopitanguá as forças do coronel Caneto, vence em Loma-Uruquá ao coronel Chênes. Braço direito do visconde de Pelotas, comandava sempre a vanguarda de suas forças.
Em uma das ocasiões, ao transpor o arroio Negla, aprisiona o coronel Salinas e por ele toma conhecimento do paradeiro de Solano López, na margem esquerda do arroio Aquidaban. Após avisar seus superiores, que para lá deslocaram as tropas, chega em 28 de fevereiro de 1870 a Aquidaban. Ataca o acampamento de Solano, que morre em fuga.
Terminada a guerra foi nomeado brigadeiro honorário do Exército, em 11 de maio de 1870, recebendo também o título de barão de Itaqui e cavaleiro da Imperial Ordem do Cruzeiro, além de receber a medalha da Campanha do Paraguai, com passador de ouro.
Em 1871 foi nomeado comandante da Guarda Nacional em Bagé, tendo sido comandante da guarnição de fronteira de 1874 a 1878. Entre maio de 1886 e julho de 1889, serviu sob o comando do marechal Deodoro da Fonseca, quando pediu exoneração, enquanto declarava-se republicano e renunciava ao título de barão.
Oficiais maragatos durante a Revolução Federalista
Revolução Federalista
Proclamada a República foi nomeado comandante da guarnição de Bagé, até ser exonerado em 18 de janeiro de 1892.
Em 17 de junho de 1892, Vitorino Ribeiro Carneiro Monteiro tornou-se presidente temporário do estado do Rio Grande do Sul na sucessão ao Marechal José Antônio Correia da Câmara, enquanto aguardava a instalação de um novo presidente. No mesmo dia, Júlio de Castilhos, candidato do Partido Republicano Riograndense, (PRR) se proclamou presidente em Porto Alegre. O governo durou apenas um dia, pois, no mesmo dia, Joca Tavares, filiado ao Partido Federalista do Rio Grande do Sul também se proclamou presidente na cidade de Bagé, onde permaneceu no poder até 4 de julho de 1892.
Quando Júlio de Castilhos novamente se tornou presidente do Estado do Rio Grande do Sul em 1893 (pela terceira vez), Joca Tavares se revoltou e iniciou uma guerra civil que logo se tornaria uma revolta generalizada contra os que eram apoiados pelo governo republicano do Brasil. Este confronto ficou conhecido por Revolução Federalista, e durou até 1895, quando ele e Inocêncio Galvão assinam a paz em Pelotas. Durante a Revolução Federalista, pairaram sobre ele acusações pela violência com que suas tropas tratavam os prisioneiros, inclusive, com a prática da degola.
Joca Tavares faleceu em Bagé, 9 de janeiro de 1906.
.