.
* ??/??/1848 – Rio Grande do Sul
+ 07/09/1899 - Rio Grande do Sul
Carlos Maria, nascido em 1848 no Rio Grande do Sul, filho de Joaquim da Silva Telles, em 1865 incorporou ao Exército Brasileiro nas tropas que defendiam Uruguaiana da invasão Paraguaia.
No 3º Batalhão de Infantaria participou da comitiva imperial, quando o Imperador D. Pedro II esteve no comando das tropas em operação no sul do Brasil.
Transferido para o 30º Batalhão de Infantaria, fez parte do 2º Corpo de Exército, comandado pelo General Osório, tendo recebido ferimento em combate. Em 1866 foi promovido a alferes por ato de bravura e, no ano seguinte, foi elogiado pelo imperador e condecorado com a medalha do Mérito Militar, sendo promovido, em dezembro de 1870, a tenente por merecimento.
Em 1891, promovido ao posto de tenente-coronel, foi nomeado comandante do 31º Batalhão de Infantaria, unidade que comandaria por vários anos. Em 1892, encontrava-se Carlos Maria da Silva Telles no posto de coronel, no comando de seu batalhão, que, depois de alguns combates no Rio Grande do Sul, por ocasião da Revolução Federalista, foi ocupar a cidade de Bagé.
Conhecedor da estratégia de guerra, o coronel Telles sabia que, se o Exército Libertador tivesse a posse da cidade de Bagé, logicamente Pelotas e Rio Grande estariam em suas mãos e, em consequência, a capital do Estado teria facilitada a sua posse pelos revolucionários. Na verdade, esse era o objetivo dos maragatos, desde a derrubada dos gasparistas do governo do Estado em 17 de junho de 1892.
Mesmo sabendo que teria de enfrentar um poderoso exército, o coronel Carlos Telles resolveu defender Bagé a qualquer preço. Não atendeu ao apelo do vigário da cidade, cônego Ignácio de Bittencourt, que se encontrava no acampamento de Joca Tavares, em Vista Alegre. O vigário escreveu ao coronel:
“Caro amigo,
Em nome de meus paroquianos peço-lhe que não resista e entregue a cidade aos federalistas comandados pelo Gen. Joca Tavares que, com uma força de 4.000 homens bem armados e municiados, estão dispostos a ocupar a cidade e possivelmente repetirem o que fizeram em Rio Negro, com a tropa do Marechal Isidoro.”
O Coronel Carlos Telles respondeu-lhe que, como brasileiro e como soldados, seu dever era resistir e sempre resistir.
O Dr. Pedro Luiz Osório, médico que fora ao acampamento dos revolucionários para pedir a remessa dos feridos do combate do Rio Negro, para serem tratados na cidade, também escreveu ao coronel Calos Telles:
“Como brasileiro e vosso amigo, entendo que é meu dever dizer-lhe ser inútil o sacrifício de resistência, pois não terá possibilidade de êxito, considerando que os revolucionários estão com um efetivo de 5.000 homens, dispostos a ocuparem a cidade, sem se preocuparem como o farão.”
Respondeu-lhe o coronel Telles que tinha recursos e exército suficientes para resitir e vencer 15.000 homens, de maneira que 5.000 era muito pouco e o aconselhava a que cumprissem o prometido.
Tropas do Cel Telles entrincheiradas diante da igreja matriz de Bagé
.
A luta continuava cada dia mais feroz, tendo o coronel Telles, para alimentar seus comandados, de avançar nas tropas inimigas e tomar reses para carnear.
Em 4 de janeiro de 1894, os representantes consulares da Itália, Portugal, Argentina e Uruguai pediram uma audiência ao coronel Carlos Telles, que gentilmente concedeu, levando os representantes estrangeiros para sua residência. Ouviu atenciosamente a proposta do general Joca Tavares, que, por intermédio dos mencionados representantes estrangeiros e no intuito de evitar mais derramamento de sangue brasileiro, informou ser inútil a resistência e pediu que capitulasse, oferecendo garantia de vida testemunhada pelos representantes consulares em missão ali presentes.
O coronel Carlos Telles assim respondeu:
“Peço-lhes que de minha parte transmitam ao Exmº Sr. General Tavares que o nome e as glórias que S. Excia. alcançou, foram no seio do Exército e, portanto, não pode ignorar que o soldado brasileiro não capitula, mesmo que se encontre fraco, e muito menos como nós que estamos fortes, defendendo um governo legalmente constituído e as instituições de nossa Pátria. Ele, Gen. Tavares, é que deve depor as armas porque está fora da lei, como revolucionário. Se assim proceder, pode contar com nossas honestas garantias, para si e para seus comandados, mas os oficiais e praças desertores que fazem parte de sua tropa, sofrerão os castigos de acordo com os regulamentos e leis do país. É tudo o que tenho a propor e a aceitar em nome do marechal Floriano Peixoto, que, tenho certeza, sancionará maus atos.”
A luta continuou feroz em ataques e defesas, completando 46 dias e noites quando o Exército Libertador, não resistindo, retirou-se praticamente derrotado por uma tropa constituída por 1.100 homens, que tinha um comando valoroso.
Por decreto presidencial de 15 de novembro de 1897, o coronel Carlos Telles foi promovido a general-de-brigada, após encerrada a campanha de Canudos, onde comandou, todo o tempo, o seu 31º Batalhão de Infantaria. Com a promoção, Carlos Telles foi exonerado do comando do batalhão que esteve sob seu comando durante oito anos.
Faleceu o general Carlos Maria da Silva Telles no dia 7 de setembro de 1899, quando se encontrava em licença no Rio Grande do Sul.
Fonte: Adaptado de: SILVEIRA, José Luiz. Cel. Carlos Maria da Silva Telles – Herói comandante da defesa de Bagé. In: FLORES, Hilda Agnes (org). Revolução Federalista. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1993.
.