"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 19 de junho de 2023

IMAGEM DO DIA - 19/6/2023

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Soldados portugueses e ingleses observam os destroços de um bombardeiro Gotha G.IV alemão caído no setor português.


terça-feira, 13 de junho de 2023

AS CRIANÇAS-SOLDADO DA GUERRA CIVIL AMERICANA

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Este fascinante conjunto de imagens revela muitas das crianças soldados que lutaram na guerra mais sangrenta da história americana.


Por Pesala Bandara


A Guerra Civil Americana, travada entre 1861 e 1865, produziu cerca de 620 mil mortes - quase tantas vítimas americanas ocorridas em todas as outras guerras travadas pelos Estados Unidos combinadas. Uma em cada cinco pessoas que se alistou para arriscar sua vida lutando contra seus compatriotas era menor de 18 anos e estima-se que 100 mil soldados da União eram menores de 15 anos.

Neste conjunto impressionante de imagens, crianças de até oito anos são retratadas, algumas das quais foram feridas em batalha.

Uma foto mostra um garoto de 11 anos que acabara de se tornar um herói de guerra depois de atirar em um soldado confederado adulto, posando orgulhosamente em seu uniforme.

O pequeno Johnny Clem, com 12 anos em 1863, em seu uniforme, ostentando as listras de sargento

Alguns desses soldados-crianças retratados foram capturados, alguns ficaram feridos e alguns foram mortos, mas todos viram os horrores da guerra de primeira mão, observando homens mortos e morrendo. 

Os registros históricos revelam que essas crianças eram frequentemente assombradas pelas memórias da guerra.  Escrevendo após a batalha de Shiloh, em 1862, Elisha Stockwell Jr, de 15 anos, disse: "Enquanto nos deitamos lá e as granadas estavam voando sobre nós, meus pensamentos se voltaram para minha casa, e eu pensei que menino tolo eu era de entrar em uma bagunça como a que eu estava. Eu ficaria feliz por ter visto meu pai vir atrás de mim".

Um jovem soldado negro fica ao lado de um oficial da União


Um jovem soldado da União fotografado com seu fuzil


As crianças-soldado da Guerra Civil Americana eram geralmente músicos, tambores, esclarecedores, criados ou mensageiros, que marchavam ao lado dos homens que combatiam. 

Outros, no entanto, experimentaram a violência em primeira mão.  Alguns serviram como "macacos de pólvora" (powder monkeys) nos navios de guerra, transportando pólvora para os canhões. Outros pegaram os próprios fuzis e foram direto para as trincheiras, morrendo e lutando entre os homens adultos.

Um "macaco de pólvora" a bordo do USS New Hampshire ao largo de Charleston, Carolina do Sul


Jimmy Doyle, um garoto-tambor, foi ferido em combate em 1863

À medida que mais e mais homens adultos morriam no campo de batalha, as crianças se tornaram uma força de combate barata e prontamente disponível para ambos os lados.

Edward Black tornou-se o mais jovem soldado americano a ser ferido em batalha, quando estilhaços de uma explosão quebraram seu braço esquerdo. Ele tinha oito anos de idade. Inúmeras outras crianças lutaram, com crianças brancas carregando tambores, clarins e armas, e crianças negras trabalhando como criadas de oficiais brancos.

William Black, o soldado mais jovem a ser ferido em serviço ativo, tinha 8 anos quando seu braço foi atingido por uma estilhaços de granada


Fonte: The Mirror

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sexta-feira, 2 de junho de 2023

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – GENERAL TADAMICHI KURIBAYASHI

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* 7/7/1891 — Nagano, Japão

+ 23/3/1945 - Iwo Jima, Japão


O Tenente-General Tadamichi Kuribayashi, descendente de uma família de samurais, foi o comandante da defesa japonesa durante a Batalha de Iwo Jima.


Tadamichi Kuribayashi formou-se na 26ª Turma da Academia do Exército Imperial em 1914, tendo-se especializado na arma de Cavalaria. Prosseguiu seus estudos na Escola de  Cavalaria do Exército até 1918, e, em 1923, graduou-se na 35ª Turma do Army War College dos EUA, com excelentes notas, recebendo, como prêmio, um sabre militar do Imperador Taisho. No início de 1928, passou dois anos em um centro militar em Washington, onde pôde observar o poder industrial norte-americano.

Depois de voltar para Tóquio, Kuribayashi foi promovido ao posto de major, e apontado como o primeiro militar japonês para ser adido no Canadá. Foi promovido a tenente-coronel em 1933 e, nesse mesmo ano, foi designado para a Área de Pessoal do Exército, em Tóquio, onde permaneceu até 1937. Nesse período, escreveu letras para várias canções marciais. Em 1940, Kuribayashi foi promovido a major-general.

Em dezembro de 1941, foi nomeado como Chefe do Estado-Maior do 23º Exército japonês, comandado por Takashi Sakai, na invasão de Hong Kong. Em 1943, foi promovido a tenente-general, e transferido para ser o comandante da 2ª Divisão da Guarda Imperial, que era uma divisão de reserva e de formação. Em 27 de maio de 1944, tornou-se comandante da 109º Divisão Imperial.


Iwo Jima

Em Junho de 1944, foi escolhido pelo Imperador Hirohito para liderar a defesa da ilha de Iwo Jima. Na noite anterior à sua partida, reuniu-se em particular com o Imperador, que lhe alertou sobre a importância de os Estados Unidos não tomarem o local.

Três divisões de fuzileiros navais americanos desembarcaram na ilha em 16 de fevereiro, na Operação Detachment. Kuribayashi teria dito às suas tropas que cada um deveria abater dez soldados americanos ou um tanque antes de tombar. Recusou-se a deixá-los participar em ataques suicidas. Ao invés disso, preferiu utilizá-los em táticas de guerrilha.

O general Kuribayashi orienta as defesas em Iwo Jima


Em 22 de Março, após mais de um mês de intensos combates, comentou, via rádio que, "continuaremos a lutar", mesmo diante da derrota iminente. Ele completou dizendo: "As forças sob o meu comando são agora quatrocentas. Tanques estão a nos atacar. O inimigo sugeriu através de alto-falantes que nos rendêssemos, mas os oficiais e o restante dos homens apenas se riram e não deram atenção". 

Esta foi a sua última mensagem:
"Já se delineia o epílogo da nossa situação. Esta noite comandarei a ofensiva final, com votos de que nosso império realmente emerja vitorioso e seguro. Estou satisfeito em poder relatar que tenazmente lutamos bem contra a superioridade material esmagadora do inimigo. Todos os meu oficiais e soldados merecem a mais alta recomendação. Todavia humildemente peço perdão a Sua Majestade de não ter correspondido às expectativas e tenha que ceder ilha ao inimigo, depois de ter visto morrer tantos oficiais e soldados.

Enquanto nossa ilha não for reconquistada, nosso império não estará em segurança. Mesmo como espírito desejo estar na vanguarda das futuras operações japonesas contra este lugar. Não temos mais munição e a água se esgotou. Agora que estamos pronto para o ato final, sinto-me grato por ter sido concedida esta oportunidade de corresponder ao gentil desejo de Sua Majestade.

Permita-me dizer adeus.
Em conclusão, tomo a liberdade de acrescentar o seguinte poema desajeitado:
Granadas e balas se exauriram e nós perecemos;
Com a alma vergada de remorso pelo fracasso da nossa missão.
Meu corpo não se decomporá no campo de batalha
Antes da hora da nossa vingança;
Sete vezes mais nascerei da terra;
Minha única preocupação;
É o futuro da pátria.
Quando as ervas daninhas cobrirem a ilha."

Ferido na batalha final, o general teria sido levado, ainda que gravemente ferido, ao seu Quartel-General, onde cometeu o suicídio ritual (seppuku). Seu corpo nunca foi encontrado.

Os EUA declararam Iwo Jima segura em 26 de março de 1945. Quase 28 mil soldados (21 mil japoneses e 7 mil americanos) morreram na batalha.


No cinema

A história do General Kuribayashi tornou-se mundialmente conhecida sessenta anos após a Batalha de Iwo Jima, por meio do filme Cartas de Iwo Jima, que descreve sua odisseia através de cartas encontradas nas cavernas da ilha anos depois, escritas por soldados e oficiais antes e durante a batalha e nunca enviadas, no qual foi interpretado pelo ator japonês Ken Watanabe. 

O filme, dirigido por Clint Eastwood, foi um sucesso de crítica e bilheteria, ganhou o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro (apesar de ser uma produção norte-americana é falado em japonês) em 2006.


Fontes:
- BALDWIN, Hanson. Batalhas Ganhas e Perdidas. Rio de Janeiro: Bibliex, 1978
- NEWCOMB, Richard F. Iwo Jima. São Paulo: Editora Flamboyant, 1978
- YOUNG, Peter. A Segunda Guerra Mundial. São Paulo: Circulo do Livro, 1980