"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

MENSAGEM DE FIM DE ANO

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Mais uma etapa concluída, mais um ano que passou, que você tenha conseguido aproveitar tudo de bom que Deus lhe ofereceu.

O BLOG HISTÓRIA MILITAR deseja, na paz de Deus, que você possa sempre encontrar o seu caminho e que este caminho seja trilhado com muita fé, para que, cada vez mais, você possa acreditar nesse sentimento capaz de transpor obstáculos e ser feliz.

Coragem para assumir e enfrentar as dificuldades, perseverança para que jamais desista ou desanime dos seus sonhos, esperança para que a cada novo dia possa ver novos horizontes.

Que as mãos de Deus guiem sua vida para a harmonia, paz, saúde e alegria, enfim, é tudo o que lhe desejamos neste ano que está começando.

Você, amigo do nosso Blog, é especial.   Feliz ano novo e que Deus o abençoe !

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sábado, 17 de dezembro de 2011

A BATALHA DA PONTE MÍLVIO (312)

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De acordo com o sistema da tetrarquia, Diocleciano, imperador romano de 284 a 305, quis prevenir as crises causadas pelo problema da sucessão imperial. O poder imperial pertence a dois titulares, iguais em autoridade e dignidade, “augustos”, que designam cada um seu sucessor potencial, os “césares”. Cada um tem sua área geográfica de governo: Oriente para Diocleciano e a Ilíria para seu sucessor designado, Galério; Ocidente para Maximiano e Gália e Bretanha para seu sucessor, Constâncio.

A tetrarquia desmorona a partir da abdicação de seus fundadores. Com a morte de Constâncio em 306, Galério quer reconstruir em proveito próprio a unidade do império. Constantino e Maxêncio, filhos legítimos de Constâncio e Maximiano, recusam-se a acatar o sistema e se fazem proclamar “augustos” por suas legiões. É o retorno ao prinípio de sucessão hereditária que Diocleciano pretendia abolir.

No dia 28 de outubro de 312, o imperador Constantino sai vencedor contra seu rival Maxêncio na batalha da ponte Mílvio, às margens do rio Tibre. Essa vitória lhe permitiu reunificar o império do Ocidente e assinar, no ano seguinte, o edito de Milão, que reconheceu aos cristãos o direito de praticar sua religião, contanto que não perturbassem a ordem pública e que orassem ao seu Deus pela prosperidade do império.

A Batalha da Ponte Mílvio é apenas a última etapa da luta comandada por Constantino para eliminar os outros pretendentes ao império. Atribuindo sua vitória à proteção do Deus dos cristãos, Constantino legitima, de fato, o cristianismo.


A conquista da Itália

O fracasso do sistema da tetrarquia provoca, a partir de 306, uma grande confusão na distribuição dos poderes no Império Romano. No Ocidente, contudo, a eliminação de Maximiano e de Galérico deixa em destaque apenas Constantino, proclamado “augusto” com a morte de seu pai, Constâncio, e Maxêncio, filho de Maximiano, proclamado igualmente “augusto”. Enquanto Maxêncio reside em Roma, Constantino, que fez aliança com Licínio, imperador do Oriente, está na Gália.

Em 312, apesar das reservas de seus conselheiros e de seus generais, utiliza como pretexto maus tratos infligidos por Maxêncio a seus súditos para chefiar uma expedição destinada a “libertar” a Itália. A decisão é ousada: Constantino está à frente de 25 mil homens, enquanto que seu oponente dispõe de pelo menos 100 mil soldados, divididos entre as cidades do norte da Itália e Roma.

O exército de Constantino transpõe rapidamente os Alpes, ultrapassando o desfiladeiro de Montgenèvre. Apodera-se da cidade de Susa, a qual incendeia, abrindo o caminho para Turim. Ali ocorre o combate mais violento: o exército dos generais de Maxêncio, muito superior em número e temível por seus clibanários – guerreiros cobertos por uma couraça de ferro e montados em cavalos protegidos por uma cota de malha – está disposto de modo a envolver o inimigo. Constantino, contudo, repetindo a tática de Cipião, o Africano, na batalha de Zama, alterna em sua frente de batalha intervalos por onde se precipitam os clibanários, que são massacrados. Essa vitória permite a Constantino fazer uma entrada triunfal em Milão.

Constantino I retratado em um mosaico bizantino


O último combate, na Transpadana, ocorre nas cercanias de Verona, defendida pelo prefeito do pretório Ruricius Pompeianus. Com uma manobra ousada, Constantino ordena a suas tropas atravessar o rio Ádige a montante da cidade, cercando-a. A batalha se desenrola à noite e Constantino sai vitorioso, o que acarreta a capitulação espontânea de outras cidades do norte da Itália. Constantino pode então marchar sobre Roma.


A ponte Mílvio

Maxêncio, que permaneceu em Roma, não se empenha na defesa da planície do rio Pó e da cordilheira dos Apeninos e, desse modo, Constantino pode descer tranquilamente até o rio Tibre. Do imperador Maxêncio, que os autores antigos apresentam como uma espécie de monstro cruel e pervertido, sabe-se pouca coisa, mas sua reação diante da agressão de Constantino prova que, pelo menos, ao contrário deste último, é desprovido de qualquer competência militar.

Extremamente supersticioso, Maxêncio é, de fato, atormentado por sonhos aterrorizantes e maus presságios que o impedem de marchar contra seu rival. Por influência dos magos de sua corte, decide assim mesmo enfrentar o adversário ao norte de Roma, no dia de seu aniversário, 28 de outubro.

O augusto de Roma conduz, então, suas tropas para perto da ponte Mílvio, que cruza o Tibre nas proximidades da via Flamínia, pela qual se desloca o exército de Constantino. Dispõe seus regimentos do exército na margem direita do Tibre, mas de maneira tão desastrada que estes ficam com o rio precisamente atrás deles, correndo o risco de cair na água ao menor movimento de recuo. Isso não preocupa Maxêncio que, por astúcia ou ingenuidade, deposita sua confiança em uma ponte de barcos que manda montar a alguma distância, a montante da ponte de pedra. De seu lado, na véspera da batalha, Constantino manda pintar nos escudos de seus soldados um emblema mágico que deve dar-lhes a vitória.

Legionários de Maxêncio e Constantino se batem junto à ponte Mílvio

No dia 28 de outubro, Constantino toma a iniciativa do combate. O ataque que lança desorganiza rapidamente o exército de Maxêncio, e seus soldados ocupam a ponte Mílvio. Parte dos homens de Maxêncio é precipitada no Tibre; outra se refugia em cima da ponte de barcos que, sob seu peso, se rompe. O tibre carrega então montes de cadáveres, o próprio Maxêncio morre afogado ao tentar atravessá-lo a cavalo.

Na Lenda Dourada, de Giacomo da Voragine, é relatada uma versão na qual a ponte de barcos construída por Maxêncio sobre o Tibre seria uma armadilha, que teria montado para enganar Constantino, na qual ele próprio caiu.

A vitória de Constantino é completa e ele é acolhido em Roma como um libertador. Seus soldados, que encontraram o cadáver de Max~encio, seguem o cortejo do triunfador, levando a cabeça do imperador defunto espetada na ponta de uma lança, sob os aplausos dos romanos. Com essa vitória Constantino domina sozinho o Império Romano do Ocidente.


Um sinal mágico?

Os panegíricos compostos depois da batalha da ponte Mílvio afirmam que a vitória de Constantino se deve a uma inspiração divina, sem outros detalhes sobre o deus (ou os deuses) que teria(m) intervindo. Mas fontes indicam que, em 310, num santuário gaulês de Apolo, Constantino viu aparecer um deus que lhe prometeu um longo reino vitorioso. A partir dessa data, dedica, aliás, um culto ao Sol: pode-se, pois, presumir que a ponte Mílvio é provavelmente um sinal mágico de natureza solar que o augusto mandou pintar nos escudos de seus soldados.

Desde 315, no entanto, os escritores cristãos Eusébio e Lactâncio afirmam que Cristo se manifestou ao imperador, quer na Gália, quer na véspera da batalha da ponte Mílvio. A lenda toma forma definitivamente no final do século IV: Jesus aparece em sonho a Constantino e lhe apresenta um emblema dizendo “Por este sinal, vencerás”. Esse famoso sinal é descrito: seria composto de duas letras gregas, o X atravessado pelo P, ou seja, o início da palavra Cristo. De fato, o lábaro ou estandarte imperial de Constantino traz esse sinal a partir do ano 320. Pode-se concluir que um sinal solar se transformou, posteriormente, em símbolo cristão.

Se Constantino, em 312, acreditou vencer em nome do sol, sua política em favor do cristianismo, a partir de 313, deu crédito à lenda maravilhosa da aparição na ponte Mílvio.
 
 
Fonte: Adaptado de As grandes batalhas da história, v.1.  São Paulo: Larousse do Brasil, 2009
 
 
 
 
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quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

70 ANOS DO ATAQUE A PEARL HARBOR

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Há 70 anos, em 7 de dezembro de 1941, aviões japoneses atacaram a principal base americana no Havaí sem aviso ofial prévio, levando os EUA à 2ª Guerra Mundial.  A esquadra americana é gravemente danificada, mas, por um golpe de sorte, seus porta-aviões não estavam ancorados naquele dia e saíram ilesos do ataque.





Ao final da 1ª Guerra Mundial, o Japão esperava ser favorecido pelos acordos de paz que retiraram colônias da Alemanha em benefício dos Aliados vitoriosos. Tais aspirações, no entanto, não foram concretizadas, o que provocou indignação no país, particularmente entre as forças armadas extremamente nacionalistas.  As forças armadas detinham grande influência no poder político japonês – o que era assegurado pela constituição do país - , e, em 1931, o Exército Imperial invadiu e conquistou a província chinesa da Manchúria, sem consultar o governo de Tóquio.

A ação provocou o repúdio internacional, mas o Japão respondeu às críticas abandonando a Liga das Nações e ampliando seu programa de rearmamento.  A tensão entre o Japão e a China aumentou e levou ao início da guerra entre os dois países, em 1937.  Os japoneses contabilizaram diversas vitórias e, diante da queda da França para os alemães, voltaram suas atenções para a Indochina, pressionando as autoridades locais para impedir que abastecimentos chegassem à China.  O governo colonial francês se recusou a aceitar o pedido, o que levou o Japão a partir para a ocupação militar da Indochina, em setembro de 1940.  Em resposta, a Grã-Bretanha, os EUA e a Holanda impuseram sanções econômicas contra o Japão, o que afetou cerca de três quartos do comércio japonês e 90% do fornecimento de petróleo para o país.

Restavam ao Japão duas opções: buscar acordos para a suspensão das sanções ou ir à guerra antes que seus recursos acabassem.  Com o governo militar e nacionalista liderado pelo General Tojo no poder, a primeira hipótese sequer foi considerada.



Os Japoneses Planejam

Durante o planejamento para a guerra, ficou claro que a maior ameaça para o Japão era a Esquadra do Pacífico norte-americana baseada no Havaí.  Por isso, foi decidido que o primeiro passo seria um ataque aéreo, partindo de porta-aviões, contra a base americana em Pearl Harbor.

Almirante Isoruku Yamamoto, o arquiteto do plano de ataque a Pearl Harbor


Os japoneses, bastante influenciados pela Marinha Real britânica, tinham investido bastante nas forças aeronavais.  O espetacular sucesso do ataque dos porta-aviões britânicos contra a esquadra italiana em Taranto convenceu os japoneses de que uma ação semelhante contra os norte-americanos poderia dar certo, acabando com a possibilidade de retaliação do inimigo. 

O Almirante Isoruku Yamamoto realizou um cuidadoso planejamento durante todo o ano de 1941, até chegar ao formato final da operação.  Seis porta-aviões seriam utilizados no ataque, conduzindo cerca de 400 aeronaves.  Depois de um treinamento intensivo, a força de ataque se reuniu em um ancoradouro isolado nas Ilhas Kurilas em 22 de novembro de 1941.  Após quatro dias de preparação, a frota japonesa, sob o comando do Vice-Almirante Chuichi Nagumo, zarpou, seguindo uma rota sinuosa e em regime de silêncio rádio para evitar sua detecção.  Diversos submarinos japoneses partiram para o Havaí, navegando isoladamente, com o objetivo de fornecer dados de inteligência e, se possível, atacar alvos de oportunidade.


O Ataque

A ação contra pearl Harbor foi cuidadosamente coordenada, com as diferentes ondas de ataque se aproximando de altitudes e direções variadas, para confundir as defesas da ilha.  O ataque começou com a decolagem de uma primeira onda de aeronaves, às 06:00h do dia 7 de dezembro de 1941, domingo.  Por volta das 07:55h, as primeiras aeronaves chegaram a Pearl Harbor, surpreendendo completamente a esquadra norte-americana.  Os aviões japoneses se dividiram em formações separadas, algumas seguindo para as bases aéreas, para impedir a decolagem de aviões norte-americanos, e outras se dirigiram para bombardear os navios atracados.

Rotas de aproximação dos aviões atacantes sobre Pearl Harbor


Os ataques aéreos foram um sucesso completo: quase 200 aeronaves foram destruídas no solo e outras 160 danificadas.  Apenas uns poucos aviões ficaram intactos, e a ameaça de interferência na ação japonesa foi praticamente extinta.

As aeronaves destinadas ao ataque contra os navios encontraram alvos tentadores.  No centro da enseada de Pearl Harbor ficava a Ilha Ford, ao lado da qual os encouraçados estavam atracados dois a dois em linha.  O primeiro ataque foi realizado por bombardeiros de alto nível, ao qual se seguiram os ataques de baixo nível com aviões torpedeiros, que se aproximaram da direção oposta.  Com navios tão grandes ancorados tão próximos uns dos outros, não foi difícil para os aviadores japoneses atingirem diversos alvos.

Encouraçados sob ataque aéreo ao lado da Ilha Ford


Depois de dez minutos do início do ataque, o encouraçado USS Arizona foi atingido por uma bomba e um torpedo.  A bomba penetrou pelo casco e explodiu em um paiol de munições, reduzindo o navio a pedaços.  Depois foi o USS Oklahoma e, às 08:00h veio a ordem para abandonar o navio.  Dentro dos vinte e cinco minutos seguintes foram destruídos ou seriamente danificados os cinco encouraçados restantes: os USS California, Maryland, Pennsylvania, Tenessee e West Virginia, além de outros navios menores.  Somente o USS Nevada conseguiu sair do lugar, mas também foi atingido e muito danificado, sendo forçado a encalhar em águas rasas para não afundar.

Fotografia tirada de um avião atacante mostrando os encouraçados sob bombardeio


Em trinta minutos os japoneses tinham levado a cabo sua missão mais importante – neutralizar a esquadra norte-americana no Pacífico – e causado sérios danos às unidades aéreas.

Contrastando com a total surpresa causada pela primeira onda de ataque, os aviões japoneses da segunda onda encontraram as defesas americanas totalmente alertas, tornando o ataque muito mais difícil.  Por esse motivo, o Almirante Nagumo decidiu não lançar o planejado terceiro ataque e o último avião japonês foi recuperado por seu porta-aviões por volta do maio-dia.  Nagumo, então, retiro a frota de ataque para o Japão a toda velocidade.
 

Contabilizando resultados

O ataque a Pearl Harbor foi devastador, mas não beneficiou o Japão tanto quanto o esperado.  Apesar do sucesso em afundar vários navios de grande porte, nenhum dos porta-aviões americanos estava na base no momento do ataque, e esse seria um detalhe que se mostraria decisivo.

Os encouraçados americanos em chamas após a retirada dos aviões japoneses


Além disso, ao se concentrar em afundar os navios em vez de destruir as instalações da base naval, os japoneses perderam a oportunidade de impossibilitar as operações navais  americanas no Pacífico por meses.  Quando as tarefas de rescaldo e recuperação terminaram, os norte-americanos conseguiram trazer Pearl Harbor de volta ao estado operacional rapidamente.

A principal consequência do ataque, contudo, foi a entrada dos EUA na 2ª Guerra Mundial, desequilibrando, em favor dos aliados, a balança de forças.  Como o Almirante Yamamoto temia, em vez de dar um golpe certeiro nos americanos, Pearl Harbor serviu apenas para incitá-los e colocou o Japão no caminho de uma derrota arrasadora.



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sábado, 3 de dezembro de 2011

ENCONTRADO SUBMARINO HOLANDÊS AFUNDADO NA 2ª GUERRA MUNDIAL

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Submarino holandês afundado em 1941, durante a campanha militar japonesa na Ásia, foi encontrado no Mar do Sul da China, perto de Borneu.



O K XVI afundou com 36 tripulantes a bordo após ser atingido por um torpedo japonês, em 25 de dezembro de 1941. Os destroços foram encontrados após dicas de um pescador local.

Mergulhadores australianos e de Cingapura estabeleceram a identidade da embarcação com base nas características singulares dos submarinos holandeses. A localização exata dos destroços está sendo mantida em segredo por respeito aos restos mortais dos 36 tripulantes que lá jazem. O próximo mês de dezembro marcará os exatos 70 anos do afundamento do submarino.


Destroços do K XVI  fotografados no fundo do Mar do Sul da China


No total, sete submarinos holandeses foram destruídos durante a 2ª Guerra Mundial. Seis foram atacados em patrulha e um foi atingido durante um bombardeio no porto de Surabaya, na Indonésia.

Seis dos destroços já foram encontrados. Somente um submarino, o O 13, que afundou no Mar do Norte em junho de 1940, permanece perdido.


Fonte: Radio Netherland Worlwdwide
 
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