"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



terça-feira, 24 de agosto de 2021

IMAGEM DO DIA - 24/08/2021

 

Granadeiros da Guarda Imperial Francesa. Foto batida no Campo de Châlons, França, em 1866.  


sábado, 21 de agosto de 2021

EDITOR DO BLOG PARTICIPA DO II SEMINÁRIO A FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE DEFESA DO LITORAL



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Editor do Blog participa de conferência sobre doutrina da Artilharia de Costa


No dia 10 de agosto, cooperando com a Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea, o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar, historiador e oficial de Artilharia do EB, participou do II Seminário "A força Terrestre nas operações de defesa do litoral", no qual apresentou a conferência A ARTILHARIA DE COSTA E A DEFESA DO LITORAL NO BRASIL EM UMA PERSPECTIVA HISTÓRICA.

O editor do Blog Carlos Daróz-História Militar apresentando sua conferência


A Artilharia de Costa durante a Revolta da Armada em 1893


Canhão Vickers-Armstrong 152,4mm do 7º Grupo Móvel de Artilharia de Costa disparando na Praia do Cassino, Rio Grande-RS, década de 1960.


O seminário ocorreu com a participação de integrantes da Artilharia do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais e tem, como principal objetivo, atualizar a doutrina sobre a defesa do litoral.



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domingo, 15 de agosto de 2021

BATALHA DE KRBAVA (1493)

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A derrota na batalha significou o fim da resistência independente dos croatas aos turcos, e também um prelúdio à derrota do exército croata-húngaro em Mohacs, um pouco mais tarde, que significou o fim do reino croata-húngaro que durou por 425 anos.


No final do verão de 1493, Jakub-pasha irrompeu com seus soldados através de Stankovci e Stupa, na Estíria, e devastou Celje e Ptuj. Ao retornar da Eslovênia, os turcos também saquearam o Zagorje croata, onde queimaram e saquearam a rica cidade do Príncipe Frankopan, Modrush, na qual estava localizada uma diocese.

Ao retornar à Bósnia, contudo, Jakub Pasha deparou-se com as forças feudais croatas em Mala Kapela. As forças combinadas da Croácia, constituídas por exércitos de todas as famílias nobres de Frankopan, Gusic, Berislavic, Subić e outros, lideradas pelo ban de Derenchin, encontraram-se com o exército turco em Krbavsko Polje, no sopé de Udbina.

Tropas croatas enfrentando os turcos

A infantaria mal equipada teve dificuldades para manter o terreno. A cavalaria feudal croata, significativamente mais pesada que a turca, era muito lenta para lutar eficientemente. Alguns príncipes caíram já no início da batalha, e, quando Ivan Frankopan morreu, o pânico se espalhou entre as fileiras. Pouco depois, Ban Derenchin foi capturado (além dele, os príncipes capturados foram Nikola Frankopan Trzakic e Karlo Gusic), enquanto Bernardin Frankopan foi resgatado. Sem o seu comandante, o resto do exército croata foi dividido, enquanto se retirava ou se afogava no rio.

O exército croata foi tão profundamente derrotado que apenas duzentos homens, dentre vários milhares, conseguiram sobreviver. Após a batalha, os turcos cortaram os narizes dos derrotados para levá-los ao sultão, em troca de uma recompensa.

Soldados turcos recolhendo os despojos no campo de batalha

Indubitavelmente, a nobreza croata após a batalha de Krbava, enfraquecida e empobrecida, já não conseguiu mais proporcionar uma resistência mais forte, e os turcos abriram caminho para novos avanços em relação à Lika na Europa.

A Batalha de Krbava foi, de alguma forma, um prelúdio para a Batalha de Mohacs, onde o Rei Ludwig II Jagielo foi morto e resultou na entrada da Croácia no Império Habsburgo, o que determinou o futuro do povo croata por muitos séculos. Muitos autores consideram essa batalha como o início dos cem anos de guerra no Reino da Croácia e no Império Otomano, que terminou com a Batalha de Sisak em 1593.


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segunda-feira, 9 de agosto de 2021

ESTRANHAS ARMAS INOVADORAS

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Às vezes, vencer uma guerra significa ser um pouco mais inovador do que o inimigo. Afinal, é bom preservar o elemento surpresa, e como o adversário já está preparado para qualquer arma convencional, é preciso ousar um pouco e esperar que funcione.  A seguir, seis armas diferenciadas que se destacaram nas duas guerras mundiais por seu caráter inovador.


O avião grande que carregava aviões menores

Quando viagens aéreas ainda eram algo novo e perigoso, vários projetistas e militares tentaram desenvolver, sem muito sucesso, porta-aviões que voassem. Na União Soviética, uma ideia maluca meio que funcionou: eles decidiram “amarrar” pequenos aviões em um muito maior.

Tupolev TB-3 utilizado no Projeto Zveno

A foto acima é resultado do projeto Zveno de Stalin, que consistia em dar novos usos a bombardeiros russos colossais como o Tupolev TB-3 – no caso, transportar até seis caças-bombardeiros Polikarpov I-16. Todos os aviões tinham que acionar seus motores para a gerigonça decolar.

Polikarpovs I-16 acomodados sobre a asa de um TB-3

O avião maior deveria levar os bombardeiros menores para alvos que normalmente estariam fora de seu alcance, dando aos russos uma boa vantagem. No local certo, os bombardeiros podiam se separar do Tupolev e, depois de cumprir seu papel, os pilotos podiam tentar recolocá-los no avião maior em pleno voo ou pousá-los nas proximidades. Tal façanha chegou a ser realizada em pelo menos 30 ataques antes de a ideia ser abandonada.
  
O morteiro de 600 mm

O Karl-Gerat de 600 mm

No final de 1930, Hitler encarregou o fabricante de armas Rheinmetall de desenvolver um morteiro com um calibre de 600 milímetros. O resultado foi Karl-Gerát, com um motor diesel de 580 cavalos de potência capaz de levá-lo a uma velocidade máxima de quase 10 km/h.

Isso pode não soar muito impressionante, mas o ritmo lento de viagem é compensado pelo fato de que o obus autopropulsado (a maior arma autoutopropulsada já feita) tinha uma munição pesada de 2.170 kg e 60 cm de diâmetro. O alcance do seu projétil mais leve (1.250 kg) era de pouco mais de 10 km.

O devastador impacto de uma granada do Karl contra um prédio na Polônia

O avião-barco alemão

Concebido em 1936 e tendo entrado em serviço por volta de 1940, o Blohm & Voss BV-138 foi um veículo alemão com uma crise de identidade. Era um barco? Era um avião?

Bem, ele foi, basicamente, os dois. E só para ficar mais estranho, ele tinha três motores aéreos e o que parecia um bambolê em torno da coisa toda.

A principal missão do BV-138 era reconhecimento, encargo no qual se destacou por ser o primeiro barco voador manobrável o suficiente para evitar tornar-se queijo suíço ensopado ao primeiro sinal de uma metralhadora inimiga.

O avião-barco BV-138 com sua bobina de desmagnetização em forma de bambolê

Surpreendentemente, a versão mencionada foi a variante mais impressionante e bizarra do veículo. Não tinha armas, justamente para dar espaço para o estranho bambolê, que era, na verdade, uma bobina de desmagnetização concebida com o propósito de deslizar sobre a superfície da água e explodir minas navais com a magia do magnetismo.

A maravilha de madeira

À primeira vista, o De Havilland DH-98 “Mosquito” não parece mais estranho do que qualquer outra aeronave militar da 2ª Guerra Mundial. Mas o diferencial deste veículo da Real Força Aérea britânica é que ele era feito do mesmo material que aquela estante de livros que você comprou e parece sempre estar à beira do completo colapso: madeira compensada.

O De Havilland DH-98 Mosquito era fabricado com madeira compensada e possuía notável desempenho

Os britânicos precisavam de uma aeronave de combate multifunção para ajudar a afastar a infestação nazista que estavam enfrentando. A empresa De Havilland resolveu aproveitar a abundância de materiais fornecidos pela própria Mãe Natureza e criar um bombardeiro bimotor que deixava todos os outros aviões da Europa engasgados com sua serragem.

Apesar de ser de madeira (ao contrário, por causa disso), o Mosquito não só superou todas as expectativas – desde bombardeio milimétrico a foto-reconhecimento de alta velocidade –, como também era melhor que outros aviões contemporâneos e podia ir mais rápido que qualquer coisa que a Luftwaffe lançou até 1944.  Por seu desempenho superior, o Mosquito foi apelidado de "Maravilha de Madeira".

O avião com três asas

Na 1ª Guerra Mundial, um engenheiro alemão olhou para um biplano e pensou: “Quão melhor seria voar com ainda mais asas?”. A lei do “menos é mais” afirma que isso quase certamente terminou em desastre absoluto. Mas não.

Apesar da produção de míseras 320 unidades, o chamado Fokker Dr.I Dreidecker entrou para a história como um demônio alado bem-dotado que podia passar a perna em qualquer coisa que os franceses ou britânicos lançassem em direção ao rosto de Deus de 1917 a 1918.

O Fokker Dr.I foi pilotado por ases alemães, como Werner Moss e o Barão Vermelho

Graças a essa asa adicional, o Fokker tinha um poder enorme de elevação. Nas mãos de um piloto experiente, manobras incríveis eram possíveis: o ás alemão Werner Voss foi capaz de virar o avião 180 graus para atacar brutalmente seus atacantes com as metralhadoras 8 mm do Fokker.

E você também já pode ter ouvido falar de um outro piloto que ficou famoso por enviar pelo menos 70 pilotos aliados para seus túmulos de fogo a partir do cockpit apertado do triplano: Manfred von Richthofen, também conhecido como Barão Vermelho.


Os tanques “engraçados” de Hobart

O Major-general britânico Percy Hobart era uma pessoa muito criativa. O resultado disso foram os chamados “Hobart’s Funnies”, uma série de tanques modificados para executar funções não muito comuns de tanques.

Por exemplo, “The Crab” foi um tanque com um tambor rotativo coberto de correntes enferrujadas. Não servia para lavrar campos – era um caça-minas. As correntes batiam no chão com tanta força que as destruíram enquanto o tanque mantinha os seres humanos dentro dele intactos.

O "The Crab" malhando um campo minado com suas correntes giratórias

Para trabalhos que o “The Crab” não podia aguentar, havia a “Aunt Jemima”. Esta modificação foi feita para remoção de minas antitanque, geralmente enterradas mais profundamente, que eram então desencadeadas pelo peso de um haltere gigante de 29 toneladas.

Com dispositivos mais pesados do que o "The Crab", o "Aunt Jemima" podia neutralizar minas anticarro

Talvez o mais engraçado de todos os Hobart’s Funnies foi o “Duplex Drive”, ou DD Tank. O DD surgiu como resultado da necessidade de levar blindados para as praias da Normandia o mais rapidamente possível. Ao adicionar uma lona e hélices, os Aliados criaram um tanque anfíbio que apenas ocasionalmente naufragava. Uma vez em terra, a lona era retirada para revelar o verdadeiro poder de fogo do tanque.

Um Duplex Drive cruzando rio com sua lona retrátil



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quinta-feira, 5 de agosto de 2021

I SEMINÁRIO INTERNACIONAL "INDEPENDENCIAS LATINOAMERICANAS: UNA MIRADA DESDE LA HISTORIA MILITAR"

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Comemorando o bicentenário do Exército do Peru, o Instituto de Estudios Históricos del Ejército del Perú-CPHEP promove na próxima semana o I Seminário Internacional "Independencias hispanoamericanas: una mirada desde la historia militar".

Contando com a participação de pesquisadores de todos os países da América do Sul, o editor do Blog Carlos Daróz-História Militar representará com muito orgulho o Brasil com a comunicação "Um nuevo ejército para un nuevo país: el soldado brasileño en la guerra de la independencia", pesquisa no âmbito da história social que desenvolvi tendo como objeto as forças do nascente exército brasileiro no contexto da emancipação política do Brasil.

Para quem gosta de História Militar, uma excelente dica.





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PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - TENENTE-GENERAL MANUEL MARQUES DE SOUZA 1º

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* 27/2/1743 - Rio Grande-RS

+ 22/9/1822 - Rio de Janeiro-RJ


Manuel Marques de Souza 1º foi o primeiro filho do Rio Grande do Sul a governá-lo como província independente, a então Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, e a comandar suas Armas, embrião da atual 3ª Região Militar. Ainda, foi o primeiro gaúcho a atingir a maior posição na hierarquia militar da época, o posto de tenente-general, hoje general de exército.

Nascido no ano de 1743, em Rio Grande-RS, apenas 6 anos depois da fundação da cidade pelo Brigadeiro de Infantaria José da Silva Paes, assentou praça aos 22 anos de idade no Regimento de Cavalaria de Milícias, em 1765, ingressando como tenente, 5 anos mais tarde, na 1ª linha do Exército. Tinha início o período de sua vida de integral dedicação às lides castrenses, só interrompido por sua morte, em 1822. Assim, das Milícias do Rio Grande ao Comando das Armas da Capitania, foram cerca de 57 anos de significativos serviços prestados, quase que totalmente exercidos no atual Rio Grande do Sul, os quais em muito contribuíram para a demarcação e manutenção das fronteiras brasileiras, protegendo-as ou as reconquistando de invasores espanhóis em diversas oportunidades.

Ao longo de sua trajetória militar, evidenciou sempre notável vocação para a profissão das armas e um acendrado espírito guerreiro, os quais transmitiu ao filho e ao neto, seus homônimos e igualmente partícipes da história da fronteira do Rio Grande e do Brasil, tendo o neto sido consagrado como Conde de Porto Alegre. A despeito da primazia familiar, foi nos campos de batalha, longe de seus herdeiros, onde as qualidades de Manuel Marques mais se assinalaram.

Entre as principais campanhas das quais participou, ressalta-se a reconquista da Vila de Rio Grande, sua cidade natal, em 10 de abril de 1776, quando foi considerado herói ao dirigir sobre ela o ataque principal, na ocasião em que ocupava o posto de tenente ajudante de ordens do Comandante do Exército do Sul. Como coronel, comandou a fronteira do Rio Grande e a sua tropa - a Legião de Cavalaria Ligeira - na vitoriosa guerra de 1801, onde eliminou as guardas espanholas entre os rios Piratini e Jaguarão, as do Chuí e São Miguel e venceu o combate do Passo das Perdizes, incorporando, ao final, expressiva faixa do atual território brasileiro. 

Oficial e soldado portugueses atuantes na fronteira Sul do Brasil na Guerra de 1801

Como marechal-de-campo, coube-lhe comandar a vanguarda da campanha do Exército Pacificador da Banda Oriental em 1812, na qual obteve expressivas vitórias em Santa Teresa, Castilhos, Rocha e Maldonado, adotando a sua estratégia preferida de "atacar antes de ser atacado". Nas guerras contra Artigas, de 1816 e 1820, a qual contou com a participação de seu filho, prestou assinalado concurso ao esforço de guerra que culminou com as vitórias sobre Artigas na fronteira do Rio Pardo, em Catalão e em Taquarembó, além do apoio à Divisão de Voluntários Reais, enviada de Portugal, que conquistou Montevidéu.

Por seu valor indiscutível, seu dinamismo e liderança nas batalhas e imensurável contribuição para o estabelecimento e proteção da fronteira sul do País, o Tenente-General Manuel Marques de Sousa foi imortalizado na História do Brasil e do Exército Brasileiro como paladino da defesa da integridade e da soberania do Brasil na Região Sul, região hoje em grande parte sob responsabilidade militar da 8ª Brigada de Infantaria Motorizada, a qual, presta-lhe uma homenagem, assumindo a designação histórica de “Brigada Manuel Marques de Sousa 1º”.

Fonte: 8ª Bda Inf Mtz