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Às vezes, vencer uma guerra significa ser um
pouco mais inovador do que o inimigo. Afinal, é bom preservar o elemento
surpresa, e como o adversário já está preparado para qualquer arma
convencional, é preciso ousar um pouco e esperar que funcione. A seguir, seis armas diferenciadas que se
destacaram nas duas guerras mundiais por seu caráter inovador.
O avião grande que carregava aviões menores
Quando viagens aéreas ainda eram algo novo e
perigoso, vários projetistas e militares tentaram desenvolver, sem muito
sucesso, porta-aviões que voassem. Na União Soviética, uma ideia maluca meio
que funcionou: eles decidiram “amarrar” pequenos aviões em um muito maior.
Tupolev TB-3 utilizado no Projeto Zveno
A foto acima é resultado do projeto Zveno de
Stalin, que consistia em dar novos usos a bombardeiros russos colossais como o
Tupolev TB-3 – no caso, transportar até seis caças-bombardeiros Polikarpov
I-16. Todos os aviões tinham que acionar seus motores para a gerigonça decolar.
Polikarpovs I-16 acomodados sobre a asa de um TB-3
O avião maior deveria levar os bombardeiros
menores para alvos que normalmente estariam fora de seu alcance, dando aos
russos uma boa vantagem. No local certo, os bombardeiros podiam se separar do
Tupolev e, depois de cumprir seu papel, os pilotos podiam tentar recolocá-los
no avião maior em pleno voo ou pousá-los nas proximidades. Tal façanha chegou a ser realizada em pelo menos 30 ataques antes de a ideia ser abandonada.
O morteiro de 600 mm
O Karl-Gerat de 600 mm
No final de 1930, Hitler encarregou o
fabricante de armas Rheinmetall de desenvolver um morteiro com um calibre de
600 milímetros. O resultado foi Karl-Gerát, com um motor diesel de 580 cavalos
de potência capaz de levá-lo a uma velocidade máxima de quase 10 km/h.
Isso pode não soar muito impressionante, mas
o ritmo lento de viagem é compensado pelo fato de que o obus autopropulsado (a
maior arma autoutopropulsada já feita) tinha uma munição pesada de 2.170 kg e
60 cm de diâmetro. O alcance do seu projétil mais leve (1.250 kg) era de pouco
mais de 10 km.
O devastador impacto de uma granada do Karl contra um prédio na Polônia
O avião-barco alemão
Concebido em 1936 e tendo entrado em serviço
por volta de 1940, o Blohm & Voss BV-138 foi um veículo alemão com uma
crise de identidade. Era um barco? Era um avião?
Bem, ele foi, basicamente, os dois. E só para
ficar mais estranho, ele tinha três motores aéreos e o que parecia um bambolê
em torno da coisa toda.
A principal missão do BV-138 era
reconhecimento, encargo no qual se destacou por ser o primeiro barco voador
manobrável o suficiente para evitar tornar-se queijo suíço ensopado ao primeiro
sinal de uma metralhadora inimiga.
O avião-barco BV-138 com sua bobina de desmagnetização em forma de bambolê
Surpreendentemente, a versão mencionada foi a
variante mais impressionante e bizarra do veículo. Não tinha armas, justamente
para dar espaço para o estranho bambolê, que era, na verdade, uma bobina de
desmagnetização concebida com o propósito de deslizar sobre a superfície da
água e explodir minas navais com a magia do magnetismo.
A maravilha de madeira
À primeira vista, o De Havilland DH-98
“Mosquito” não parece mais estranho do que qualquer outra aeronave militar da 2ª
Guerra Mundial. Mas o diferencial deste veículo da Real Força Aérea britânica é
que ele era feito do mesmo material que aquela estante de livros que você
comprou e parece sempre estar à beira do completo colapso: madeira compensada.
O De Havilland DH-98 Mosquito era fabricado com madeira compensada e possuía notável desempenho
Os britânicos precisavam de uma aeronave de
combate multifunção para ajudar a afastar a infestação nazista que estavam
enfrentando. A empresa De Havilland resolveu aproveitar a abundância de
materiais fornecidos pela própria Mãe Natureza e criar um bombardeiro bimotor
que deixava todos os outros aviões da Europa engasgados com sua serragem.
Apesar de ser de madeira (ao contrário, por
causa disso), o Mosquito não só superou todas as expectativas – desde
bombardeio milimétrico a foto-reconhecimento de alta velocidade –, como também
era melhor que outros aviões contemporâneos e podia ir mais rápido que qualquer
coisa que a Luftwaffe lançou até 1944. Por seu desempenho superior, o Mosquito foi apelidado de "Maravilha de Madeira".
O avião com três asas
Na 1ª Guerra Mundial, um engenheiro alemão
olhou para um biplano e pensou: “Quão melhor seria voar com ainda mais asas?”.
A lei do “menos é mais” afirma que isso quase certamente terminou em desastre
absoluto. Mas não.
Apesar da produção de míseras 320 unidades, o
chamado Fokker Dr.I Dreidecker entrou para a história como um demônio alado
bem-dotado que podia passar a perna em qualquer coisa que os franceses ou
britânicos lançassem em direção ao rosto de Deus de 1917 a 1918.
O Fokker Dr.I foi pilotado por ases alemães, como Werner Moss e o Barão Vermelho
Graças a essa asa adicional, o Fokker tinha
um poder enorme de elevação. Nas mãos de um piloto experiente, manobras
incríveis eram possíveis: o ás alemão Werner Voss foi capaz de virar o avião
180 graus para atacar brutalmente seus atacantes com as metralhadoras 8 mm do
Fokker.
E você também já pode ter ouvido falar de um
outro piloto que ficou famoso por enviar pelo menos 70 pilotos aliados para
seus túmulos de fogo a partir do cockpit apertado do triplano: Manfred von
Richthofen, também conhecido como Barão Vermelho.
Os tanques “engraçados” de Hobart
O Major-general britânico Percy Hobart era
uma pessoa muito criativa. O resultado disso foram os chamados “Hobart’s
Funnies”, uma série de tanques modificados para executar funções não muito
comuns de tanques.
Por exemplo, “The Crab” foi um tanque com um
tambor rotativo coberto de correntes enferrujadas. Não servia para lavrar
campos – era um caça-minas. As correntes batiam no chão com tanta força que as
destruíram enquanto o tanque mantinha os seres humanos dentro dele intactos.
O "The Crab" malhando um campo minado com suas correntes giratórias
Para trabalhos que o “The Crab” não podia
aguentar, havia a “Aunt Jemima”. Esta modificação
foi feita para remoção de minas antitanque, geralmente enterradas mais
profundamente, que eram então desencadeadas pelo peso de um haltere gigante de
29 toneladas.
Com dispositivos mais pesados do que o "The Crab", o "Aunt Jemima" podia neutralizar minas anticarro
Talvez o mais engraçado de todos os Hobart’s
Funnies foi o “Duplex Drive”, ou DD Tank. O DD surgiu como resultado da
necessidade de levar blindados para as praias da Normandia o mais rapidamente
possível. Ao adicionar uma lona e hélices, os Aliados criaram um tanque anfíbio
que apenas ocasionalmente naufragava. Uma vez em terra, a lona era retirada
para revelar o verdadeiro poder de fogo do tanque.
Um Duplex Drive cruzando rio com sua lona retrátil
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