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O Novik foi o primeiro contratorpedeiro universal russo e representou um salto gigante na capacidade naval do país. Reunindo o armamento mais poderoso de sua classe, teve um impacto significativo nas vitórias da Frota Báltico da Rússia na Primeira Guerra Mundial.
Por Yuri Ossokin
Na virada do século XX, os construtores navais russos causaram uma revolução na classe dos contratorpedeiros. Os navios de escolta da época eram divididos em diferentes subclasses, de torpedeiros e contratorpedeiros, a primeira armada com minas e torpedos de grande porte, e a segunda com baterias de artilharia pesada.
Esse foi o caso até 1911, quando o navio de última geração Novik deslizou pela rampa de lançamento do estaleiro Putilovski, em São Petersburgo. O protótipo do contratorpedeiro atual havia sido então colocado no mar.
Em agosto de 1915, no auge da Primeira Guerra Mundial, a batalha aconteceu no mar Báltico, na entrada do golfo de Riga, onde um único contratorpedeiro russo destruiu dois novos contratorpedeiros alemães, o V-99 e o V-100.
Esses navios haviam tentado romper o campo minado na entrada do golfo para atacar os navios da Frota do Báltico russa, que, por meio da combinação de surtidas e colocação de minas, tinha interrompido rota de abastecimento do Império Alemão para a Suécia, a fonte de minério de ferro estrategicamente vital para Tríplice Aliança da Alemanha, Austro-Hungria e Itália.
Depois de usar arrastões para limpar o caminho pelas minas, os navios alemães penetraram o golfo antes de serem interceptados.
Os atiradores russos abriram fogo a partir de uma distância de 5,5 milhas náuticas e os navios alemães imediatamente definiram um caminho paralelo e responderam com um ataque violento. Apesar da vantagem alemã, o contratorpedeiro russo disparou uma salva contra o V-99, enquanto a embarcação navegava à frente do V-100, e, depois, passou a concentrar fogo rápido, batendo o inimigo em rápida sucessão.
Os observadores russos avistaram fumaça nas proximidades da sala de máquinas do V-99 e, logo depois, também viram que a chaminé do meio havia desmoronado. O convés de popa estava em chamas e o navio estava perdendo velocidade. Navegando para trás, o V-100 criou uma cortina de fumaça para encobrir o seu navio irmão atingido, mas, no processo, recebeu vários impactos diretos contra sua popa, que causaram um incêndio.
Batalha entre o Novik e os contratorpedeiros alemães V-99 e V-100
Os contratorpedeiros alemães em retirada protegeram as principais forças que os encobriam na entrada do golfo, mas, quando o extremamente danificado V-99 atingiu o campo minado, colidiu com uma carga e rapidamamente afundou.
E assim, o contratorpedeiro russo concluiu sua primeira experiência significativa, conquistando reconhecimento internacional antes da guerra como o melhor navio de sua classe.
Tomando por base a experiência inestimável da Guerra Russo-Japonesa de 1905, os projetistas russos rapidamente concluíram que separar contratorpedeiros em duas subclasses reduzia as capacidades dos navios mais leves das frotas de águas azuis, isto é, daquelas capazes de operar em águas internacionais.
Assim, eles começaram a projetar um contratorpedeiro universal de 1.300 toneladas que iria brecar tanto baterias de armas como poderosos torpedos. O navio também estava equipado com as mais poderosos caldeiras a óleo de sua classe e três turbinas a vapor com capacidade de potência de 35.000 que produziria uma velocidade máxima de 36 nós.
A quilha do Novik foi batida no estaleiro Putilovski em julho de 1910 e o navio foi lançado em junho de 1911. O novo contratorpedeiro combinava o armamento mais potente de sua classe, que consiste em quatro tubos de lançamento de torpedos gêmeos, que poderiam lançar salvas de oito torpedos, e quatro modernos canhões de tiro rápido de 102 mm.
A seção da popa foi também equipada com um equipamento para assentar até 50 minas ancorados de uma só vez. Nos testes, o navio alcançou a velocidade impressionante de 37,3 nós.
O Novik foi o primeiro contratorpedeiro universal russo e representou um salto gigante na capacidade naval do país.
Em comparação, os mais novos contratorpedeiros alemães, o V-99 e V-100, foram construídos vários anos mais tarde, em 1914. Apesar de seu deslocamento comparável, eles vinham equipados com apenas quatro canhões de 88 milímetros e seis tubos de lançamento de torpedo.
Trazendo um avanço no projeto de engenharia e colhendo as glórias durante a Primeira Guerra Mundial, o Novik prestou serviço longo e distinto. Renomeado pelos soviéticos como Iakov Sverdlov, sobreviveu à Revolução Russa e à Guerra Civil da década de 1920 e foi amplamente reformado e transformado no carro-chefe da frota de contratorpedeiros da Marinha Russa.
O navio entrou na guerra seguinte contra a Alemanha assumindo esse papel, fazendo a patrulha, caçando submarinos alemães, e escoltando navios de transporte e as principais embarcações da Frota do Báltico.
O contratorpedeiro Novik terminou sua jornada no mar durante uma batalha. Em 28 de agosto de 1941, ao escoltar o cruzador Kirov, durante uma tentativa audaciosa por navios soviéticos de romper o cerco alemão e finlandês em Tallinn, na Estônia ocupada pelos soviéticos, o contratorpedeiro atingiu uma mina e afundou.
Fonte: Gazeta Russa