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Em 1995, cerca de 8 mil homens e meninos muçulmanos foram executados por forças sob o comando do general Ratko Mladic
O massacre de muçulmanos de Srebrenica, pelo qual o ex-comandante servo-bósnio Ratko Mladic foi acusado de genocídio, é considerada a maior atrocidade cometida na Europa desde a Segunda Guerra Mundial. Mladic foi preso em 2011, depois de passar mais de 15 anos foragido e condenado à prisão perpétua em 2017 pelo Tribunal Penal Internacional.
Em cinco dias de assassinatos em julho de 1995, cerca de 8 mil homens e jovens muçulmanos foram sistematicamente exterminados em Srebrenica, então sob a fraca proteção de soldados holandeses das forças de paz da ONU, no que foi descrito pelo tribunal de crimes de guerra da ONU como "o triunfo do mal".
Em 1995, Srebrenica havia sido designada pela ONU como "área segura". Posteriormente ao massacre, um juiz da corte de Haia descreveu o que ocorreu na cidade como "verdadeiras cenas do inferno escritas nas páginas mais macabras da história humana".
O general Mladlic fotografado com crianças muçulmanas em Srebrenica na véspera do massacre
Milhares de civis - na maioria muçulmanos bósnios - tinham buscado refúgio em Srebrenica para escapar de outras ofensivas sérvias no nordeste da Bósnia. Eles estavam sob proteção de apenas 100 mal equipados soldados holandeses das forças de paz, que provaram não ser páreo para o Exército Sérvio que avançava pesadamente armado.
As forças sérvias bombardearam Srebrenica entre 6 e 11 de julho, antes de entrarem na cidade acompanhadas de equipes de filmagem. No dia seguinte, mulheres e crianças foram separadas dos homens e colocadas em ônibus, mostraram gravações de TV da Sérvia. Os homens e meninos foram separados "para interrogatório por suspeitas de crimes de guerra". Segundo Mladic disse às mulheres, todos seriam retirados dos ônibus para serem reunidos posteriormente em segurança.
Com pedidos de reforços negados, os holandeses das forças de paz foram forçados a testemunhar a execução dos civis enquanto as tropas sérvias agiam com o objetivo de "limpeza étnica". Nos dias anteriores ao ataque, 30 mil muçulmanos que fugiam do avanço do Exército Sérvio lotavam a cidade. Depois do massacre, não havia restado nenhum muçulmano.
Milhares de homens e meninos com idades de 10 a 77 anos foram cercados e assassinados. Aqueles que tentaram se esconder em suas casas foram, de acordo com as evidências apresentadas no julgamento do general sérvio Radislav Krstic, em Haia em 2000, "caçados como cães e massacrados".
"Presenteamos a Srebrenica sérvia ao povo sérvio. Chegou o momento de vingar os 'turcos' (nome depreciativo para os muçulmanos bósnios)", disse Mladic em Srebrenica, em palavras registradas então pelos repórteres de rádio e televisão.
Mais de 60 caminhões com os refugiados saíram de Srebrenica para locais de execução onde eles foram vendados, tiveram as mãos atadas e foram mortos por disparos de rifles automáticos. Algumas das execuções foram feitas à noite sob a luz de refletores. Posteriormente, escavadoras industriais empurraram os corpos para valas comuns.
Alguns foram enterrados vivos, disse em 1996 ao tribunal de Haia o policial francês Jean-Rene Ruez, que coletou evidências de muçulmanos bósnios. Segundo ele, há provas de que as forças sérvias mataram e torturaram os refugiados à vontade. Muitos cometeram suicídio para evitar que seus narizes, lábios e orelhas fossem cortados fora. Também há relatos de adultos que foram forçados a matar seus filhos ou assistir aos soldados porem fim à vida de crianças.
Sepulturas das vítimas do massacre no memorial de Srebrenica construído após a guerra
Mais tarde, foi revelado que Mladic foi capaz de atuar sem ser coibido por ter emitido ultimatos à força de proteção da ONU. Sugeriu-se que o alto comando da ONU havia prometido suspender os bombardeios contra o Exército Sérvio em troca da libertação de 370 soldados da ONU mantidos prisioneiros, com Mladic considerando isso um sinal verde para atacar Srebrenica.
O comandante dos soldados holandeses da ONU, coronel Thomas Karremans, disse ao tribunal de Haia em 1996 que ele primeiramente pediu ataques aéreos da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), quando os soldados de Mladic começaram sua ofensiva em 6 de julho, mas que esse pedido não foi acatado até 11 de julho, data na qual Srebrenica ficou sob controle sérvio.
Karremans disse que um longo bloqueio sérvio anterior ao ataque deixou o batalhão holandês quase sem alimentos e combustível, mas que pedidos para novos suprimentos não foram respondidos. Em 1999, a ONU admitiu seu erro em esperar que 100 soldados holandeses detivessem o Exército Servio-bósnio.
Em 22 de novembro de 2017, Ratko Mladic foi condenado pelo Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia à prisão perpétua por crimes de guerra. Entre as acusações estavam sua participação no massacre de Srebrenica e no cerco de Sarajevo.
Fonte: BBC, CNN, EFE