"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 24 de julho de 2010

O MISTERIOSO VOO DE RUDOLF HESS

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Na noite de 10 de maio de 1941, o comodoro Adolf Galland, comandante do grupo de caça JG-26 da Luftwaffe, recebeu um intempestivo chamado telefônico do marechal Goering:
- Deve levantar voo imediatamente com todo o seu grupo! - gritou Goering, do outro lado da linha. - Hess enlouqueceu e está voando para a Inglaterra, num Messerschmitt 110. Precisa derrubá-lo!

Imediatamente Galland transmitiu a seus subordinados ordens para que interceptassem o aparelho de Hess. As esquadrilhas levantaram voo e, durante horas, patrulharam sem resultado o espaço aéreo em torno das costas da Inglaterra, sem achar o rastro do Messerschmitt. A presa tinha conseguido escapar.

Hess, escapulindo com seu avião, ao abrigo da noite, conseguiu alcançar as costas da Escócia e continuou voando para o interior. Finalmente, quando acabou o combustível, lançou-se de paraquedas. O Messerschmitt, sem controle, entrou em vertiginosa picada e foi espatifar-se num campo semeado. Um camponês, armado com um ancinho, foi ao encontro do paraquedista nazista. Hess, que vestia o uniforme de piloto da Luftwaffe, entregou-se sem resistência e se identificou como sendo o Tenente-Aviador “Horn”. Foi conduzido, rapidamente, a Glasgow, onde , finalmente, foi reconhecido pelas autoridades militares.

A notícia da captura de Hess chegou ao conhecimento de Churchill na tarde de 11 de maio. O Duque de Hamilton, com quem o nazista tinha pedido uma entrevista, dirigiu-se para a casa onde estava repousando o primeiro-ministro e comunicou-lhe o extraordinário acontecimento. Churchill ordenou que Hess fosse condignamente tratado como prisioneiro de guerra.

Nessa mesma noite, os funcionários do Foreign Office, entrevistaram-se com Hess e receberam do dirigente nazista uma insólita declaração. Havia viajado para a Inglaterra por sua própria vontade, a fim de atuar como emissário de paz junto aos britânicos. Hitler não tinha participação nenhuma naquilo.

Em Berlim, o Fuhrer ordenou aos seus assessores que anunciassem que Hess havia enlouquecido. A notícia não demorou a ser divulgada por todas as rádios da Alemanha:
“O membro do Partido Nazista Rudolf Hess, apoderou-se recentemente de um avião, contrariando as estritas ordens do Führer que o proibiam de voar, em razão da doença de que sofria, a qual tinha-se agravado nos últimos tempos. No dia 10 de maio, às 6:00, Hess empreendeu um vôo de Ausburg, e até agora não regressou...”

Hitler sem saber, tinha acertado. Em repetidas entrevistas com Hess, os funcionários ingleses comprovaram evidentes sintomas de alteração mental. Ao ser examinado por um médico, Hess confessou os estranhos motivos que o levaram a realizar aquele voo.

Pouco tempo antes, Karl Haushofer, o célebre geopolítico alemão, havia dito a Hess que, em repetidas ocasiões, sua imagem lhe surgira em sonhos pilotando um avião com rumo desconhecido. Hess interpretou estas visões como sendo uma mensagem que lhe assinalava a missão de voar para a Inglaterra como emissário de paz...

Destroços do avião usado por Hess na Escócia

Evidentemente, o chefe nazista não se encontrava em seu perfeito juízo. Apesar disso, sua viagem deu origem a muitas conjecturas em todos os países. A versão mais aceita foi aquela segundo a qual ele teria ido à Inglaterra para acertar um acordo que permitisse a Alemanha concentrar todas as suas forças militares para a invasão da Rússia. Stalin chegou a acreditar nisto, segundo contou Churchill, quando se encontrou com ele em Moscou, em 1944.

Ao final da guerra, Hess foi julgado no Processo de Nuremberg após a guerra por crimes contra a paz e foi condenado à prisão perpétua por insistência da URSS.  Permaneceu preso até a sua morte, em 1987.
 
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2 comentários:

  1. Coisas assim não aprendemos nos bancos de ensino. Até que ponto pode uma pessoa influenciar na vida da outra, não é mesmo?

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  2. Análise parcial dos eventos ocorridos.

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