"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 28 de julho de 2019

OS KATIUSHAS RUSSOS DO SÉCULO XIX

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Os lançadores de foguetes, uma das principais ferramentas de ataque dos arsenais militares modernos, já eram amplamente utilizados em guerras muito antes do século 20. Em 1800, projetistas russos apresentaram um dos sistemas de lançadores mais avançados da época.

Por Yuri Ossokin



Durante a Guerra Russo-Turca de 1828-1829, o Exército russo, posicionado na Península Balcânica, era composto por 24 lançadores armados com cerca de 10 mil sistemas de foguetes produzidos pelo projetista russo Aleksandr Zasiadko.

Alimentados com combinações de pólvora e transportando bombas fragmentárias ou incendiárias, os foguetes eram lançados de plataformas especiais em baterias de 36 unidades. Com alcance de até três quilômetros, eram nada menos que precursores de vários sistemas de foguetes modernos.

Os primeiros foguetes militares foram construídos de modo semelhante aos fogos de artifício, cuja presença era obrigatória nas grandes festas da Europa, Ásia e Rússia desde o século XVII. A variante militar diferia principalmente em suas dimensões maiores – necessária para carregar explosivos pesados.

Foguete do século XVIII

O laboratório de pirotecnia de Zasiadko, primeiro em Moguilev (na atual Bielorrússia) e mais tarde em São Petersburgo, produzia foguetes de diversos calibres, como os usados ​​pela artilharia convencional. Isso ocorria devido à inclusão no componente explosivo das mesmas bombas fragmentárias e incendiárias disparadas por canhões em serviço.

Depois dos sucessos no campo de batalha durante a guerra contra a Turquia, o uso de armamento como lançadores de foguetes foi intensificado. Sua excelente capacidade incendiária deu rapidamente aos armeiros russos a ideia de montar navios de guerra com foguetes. Mas foi Konstantin Konstantinov, outro projetista qualificado e entusiasta por foguetes, que abriu as portas para os lançadores de foguete nos barcos movidos a remo e vela na primeira metade do século XIX.

O projetista de foguetes Konstantin Konstantinov

Konstantinov foi capaz de melhorar tanto o alcance de tiro como a precisão dos foguetes ao girar os projéteis durante o voo. Isso se devia à instalação de aberturas laterais que liberavam parte da força de combustível da mistura de pólvora.

Outra medida para aperfeiçoar a tecnologia veio com novos componentes de pó combustível, o que permitia que os foguetes ganhassem velocidade gradualmente e garantia uma trajetória balística ideal e estabilidade de voo.

Versões modificadas dos foguetes de Konstantinov da década de 1840 podiam atingir um alvo a 4,2 km – uma distância inalcançável para as peças de artilharia sem estrias da época.

O maior fabricante de foguetes militares nas décadas de 1830 e 1840 foi o Instituto de Foguetes de São Petersburgo, que em 1850 produziu 49 mil foguetes de diversas especificações.

Três anos depois, em 1853, eclodiu a Guerra da Crimeia. O conflito contou com amplo uso de foguetes pela Rússia e Reino Unido, especialmente no bombardeio das cidades russas de Odessa e Sevastopol. No entanto, como Konstantinov destacou em suas memórias, as deficiências em suas maneiras de medir o alcance e duração de voo resultaram na ativação prematura de seus detonadores, fazendo com que foguetes explodissem no ar antes de atingirem o alvo. De um modo geral, a construção de foguetes britânicos era, em sua opinião, falha.

Soldado russo disparando foguete durante a Guerra da Crimeia


Enquanto isso, os russos deram o melhor de si, lançando fogo contra os aliados com a primeira artilharia móvel de foguetes do mundo –  em sua essência, precursores dos Katiushas do século XX.

Plataformas de lançamento com seis ou dez tubos foram montadas em carroças puxadas por cavalos, permitindo a rápida implantação dessas armas pesadas. Aliás, a bateria de foguetes do tenente Dmítri Scherbatchiov ganhou fama duradoura por causa desse conflito.
Ao longo do século XIX, a Rússia tinha um dos foguetes mais avançados da época. O surgimento de peças de artilharia precisas e longo alcance com as mesmas capacidades militares básicas causaram, posteriormente, o declínio temporário do uso de lançadores de foguetes. No entanto, como mostra a história, esse foi apenas o prólogo de uma longa história a serviço do exército.

Fonte: Gazeta Russa



segunda-feira, 22 de julho de 2019

IMAGEM DO DIA - 22/7/2019

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Um sargento e três legionários pertencentes ao 2º Regimento Estrangeiro francês em serviço no Marrocos. Junho de 1903.

quarta-feira, 17 de julho de 2019

AS INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA GUERRA CIVIL AMERICANA



 
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A Guerra Civil Americana (1861-1865), também conhecida como Guerra da Secessão, é considerada por vários historiadores como a primeira guerra moderna da era contemporânea. O conflito trouxe vários avanços na área militar. Pela primeira vez, rifles de repetição foram utilizados em escala significativa. Armas de fogo de cadência rápida, precursoras das modernas metralhadoras, foram aprimoradas.

O conflito foi a primeira guerra onde balões foram utilizados com o propósito de reconhecimento aéreo. Pela primeira vez,encouraçados foram utilizados em guerra, bem como submarinos capazes de destruir outros navios. Minas terrestres e aquáticas ganharam uso em quantidade sem precedentes no mundo ocidental. Além disso, as ferrovias, que já haviam sido utilizadas na guerra do México contra os EUA e na guerra da Criméia, o foram agora, intensamente, para movimentar um grande número de soldados de uma região para outra, em questão de poucos dias.

A Guerra Civil também pode ser considerada uma guerra moderna em função da grande destruição que provocou e, onde os contendores mobilizaram todos os recursos de que dispunham, envolvendo nela toda a sociedade e seus meios de produção.

A guerra envolvendo os nortistas (União) e os sulistas (confederados), pode ser considerada um grande campo de provas, onde os avanços tecnológicos foram influências preponderantes no seu desenrolar e, na maioria das vezes, evoluíram numa velocidade superior a da tática.

Os fuzis e as carabinas de repetição deram nova feição ao combate de infantaria

Diversos avanços tecnológicos utilizados pela primeira vez para fins bélicos mudaram a feição desta guerra e de outras posteriores que incorporaram tais avanços, tais como os fuzis de repetição, neste caso o Minié, que deram origem às trincheiras, com eliminação quase total do sabre, pois o combate corpo-a-corpo era bem mais difícil. Foi o fim do ataque frontal como era concebido até então e a cavalaria passou a ser secundária. As campanhas fulminantes tornaram-se raras, pois era quase impossível obter vitórias rápidas, sendo que neste conflito ambos os contendores usaram o ataque frontal, sempre sem sucesso e com pesadas baixas dos atacantes. Os canhões passaram de arma de ataque para arma de apoio, postados atrás da linha da infantaria. A guerra agora deveria ser baseada em manobras de ordem dispersa.

Os navios couraçados mudaram o panorama e aposentaram as embarcações de madeira, que junto a introdução do primeiro submarino, o CSS Hunley, que possui o feito de ser o primeiro a afundar uma embarcação durante período de guerra, quando em 17 de fevereiro de 1864 colocou a pique o USS Housatonic, modificaram a concepção do poder naval.

O confederado CSS Hunley foi o primeiro submarino operacional da história

 
Destaca-se também a velocidade da condução da guerra, que foi surpreendente, começando pela concentração das tropas bem como o seu transporte, através do uso maciço das ferrovias, perpassando as comunicações com o uso do telégrafo, na transmissão de ordens e informações de reconhecimento.

No campo estratégico, inicialmente visualizou-se em ambos os lados a condução da guerra através da logística, quando o sul considerava a sua vitalidade no conflito relacionado com o comércio europeu, para a obtenção de produtos devido ao seu fraco parque industrial e os nortistas buscaram impedir isso ao máximo com o bloqueio dos portos e ambos buscaram uma guerra de desgaste, vencendo não pela destruição, mas pela incapacidade de prosseguir lutando. Com o passar do tempo, o conflito caracterizou-se por ser de guerra total, contra o exército inimigo e contra a população civil, por vezes apresentando decadência moral através do ódio fomentado entre ambas as partes, saques e destruições generalizadas.

As ferrovias foram intensamente empregadas por ambos os lados.  Mapa mostrando a malha ferroviária confederada

Apesar do sul mais fraco, ele ficou com a concentração maior de oficiais do exército nacional, isso proporcionou um comando melhor na fase inicial, onde os confederados conseguiram vitórias iniciais, apesar da inferioridade numérica, de armamentos e meios.

A Guerra de Secessão atrelou definitivamente a evolução tática e os avanços tecnológicos. Após o conflito, todos os pensadores militares e exércitos do mundo associavam a sua tática a ser empregada à tecnologia disponível pelo inimigo e pelas próprias forças. Não levar em conta esse fator seria provocar baixas inaceitáveis, como as ocorridas em Fredericksburg em 1862, Gettysburg em 1863 e Cold Harbor em 1864. O panorama da guerra mudou totalmente, influenciando o desenrolar do conflito franco-prussiano de 1870, estendendo seus reflexos até a 1ª Guerra Mundial, onde novos avanços surgiram e o panorama, após esta, tomou novos rumos


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sexta-feira, 12 de julho de 2019

CONFERÊNCIA SOBRE AS "BRUXAS DA NOITE" NO INCAER

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Por ocasião do 269º Encontro do Instituto Histórico-Cultural da Aeronáutica, farei uma conferência sobre as BRUXAS DA NOITE: AS AVIADORAS SOVIÉTICAS NA SEGUNDA GUERRA DE MUNDIAL.

Se você curte estudar e pesquisar sobre aviação, guerra e gênero, não perca. Venha e conheça a fantástica história dessas jovens aviadoras na defesa de sua Pátria.

A guerra, no feminino.

A conferência ocorrerá no próximo dia 30, às 14 horas, no INCAER.  Não perca.

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sábado, 6 de julho de 2019

IMAGEM DO DIA - 6/7/2019

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Líbia 1940. Paolo Badoglio, filho do Marechal, em uniforme colonial da Regia Aeronautica com jaqueta, shorts curtos, sandálias e boné rígido, encostado à hélice de um Caproni Ca.309 Ghibli. Paolo Fernando Badoglio (1912-1941), era doutor em ciências políticas, casado com Annina Silj (sobrinha do Cardeal Augusto Silj e prima do Cardeal Gasparri). Detinha a patente de Tenente di complemento, morreu na Líbia após a capotagem de um veículo militar.

quinta-feira, 4 de julho de 2019

O SUICÍDIO DO MARECHAL DE CAMPO ERWIN VON ROMMEL - RELATO DO SEU FILHO MANFRED ROMMEL

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Relato do filho do Marechal Erwin von Rommel, Manfred, sobre a criminosa morte do chefe militar alemão por ordem de Adolf Hitler


Em 17 de julho de 1944, aviões britânicos atacaram o carro oficial do General Rommel, ferindo-o gravemente. Ele foi levado para um hospital e depois para sua casa na Alemanha para convalescer. Três dias depois, uma bomba explode durante uma reunião de estratégia com Hitler, matando vários oficiais em seu quartel-general na Prússia Oriental. Em represálias sangrentas que se seguiram, alguns suspeitos envolveram Rommel na conspiração. Embora ele não tenha tido conhecimento do atentado contra a vida de Hitler, sua “atitude” derrotista foi o suficiente para justificar a ira de Hitler. 

O problema para Hitler era como eliminar o mais popular general da Alemanha, sem revelar ao povo alemão que ordenou sua morte. A solução foi forçar Rommel a cometer suicídio e anunciar que sua morte foi em consequência dos ferimentos.

Rommel em seus tempos de glória. Hitler teve dificuldades para eliminar o mais popular general da Alemanha

O filho de Rommel, Manfred, de 15 anos de idade, servia em uma bateria antiaérea perto de sua casa. Em 14 outubro de 1944, Manfred foi autorizado a voltar para sua casa onde seu pai se recuperava dos ferimentos. A família estava ciente de que Rommel estava sob suspeita, e que o seu chefe de gabinete e seu comandante ambos tinham sido executados. Manfred começa o relato quando ele entra em sua casa e encontra seu pai no café da manhã:

“… Cheguei a Herrlingen às 7:00 da manhã e meu pai estava no café da manhã. Colocou um copo para mim e comemos juntos, depois saímos para um passeio no jardim."

'Ao meio-dia dois generais estão vindo para discutir o meu futuro posto', meu pai começou a conversa. 'Então, hoje vão decidir o que é planejado para mim, se um tribunal popular ou um novo comando no Oriente.'

Você aceitaria tal comando?. Perguntei.

Ele me pegou pelo braço, e respondeu: 'Meu caro rapaz, nosso inimigo no oriente é tão terrível que qualquer outra consideração deve ceder diante disso. Se ele consegue dominar a Europa, mesmo que temporariamente, será o fim de tudo que tem feito a vida parecer valer à pena. É claro que eu iria.'

Rommel com sua família

Pouco antes das doze horas, meu pai foi para seu quarto no primeiro andar, mudou a jaqueta marrom civil que ele normalmente usava com bermudas de equitação, e colocou a túnica do Africa Korps, que era seu uniforme favorito, devido ao seu colarinho aberto.

Por volta de doze horas um carro verde-escuro com uma placa de Berlim parou na frente do nosso portão do jardim. Os únicos homens na casa além do meu pai eram o Capitão Aldinger (assessor de Rommel), que tinha sido ferido gravemente no front e eu. Dois generais – Burgdorf, um homem de ar poderoso, e Maisel, de faces mais delicadas, desceram do carro e entraram na nossa casa. Eles foram respeitosos e corteses e pediram permissão do meu pai para falar com ele a sós. Aldinger e eu saímos da sala. 'Então eles não vão prendê-lo', pensei com alívio, então eu subi para ler um livro.

Poucos minutos depois, ouvi meu pai subir e entrar no quarto de minha mãe. Ansioso para saber o que estava acontecendo, levantei-me e o segui. Ele estava parado no meio da sala, o rosto pálido. 'Venha para fora comigo', disse ele em uma voz firme. Entramos em meu quarto. 'Acabei de falar com a sua mãe', ele começou devagar, 'que estarei morto em um quarto de hora'. 

Ele estava calmo e continuou a falar: 'Para morrer pela mão do seu próprio povo é difícil. Mas a casa está cercada e Hitler está me acusando de alta traição. Em vista dos meus serviços na África, ele citou sarcasticamente: Eu vou ter a chance de morrer por envenenamento. Os dois generais trouxeram com eles. É fatal em três segundos. Se eu aceitar, nenhuma das etapas habituais serão tomadas contra a minha família. Eles também deixar a minha família em paz.'

'Você acredita?' Eu interrompi. ‘Sim’, respondeu ele. 'Eu acredito nisso. É muito mais do seu interesse que o assunto não vem à tona. De qualquer forma, eu tenho sido cobrado para colocá-lo sob a promessa do mais estrito silêncio. Se uma só palavra vazar, eles já não se sentem vinculados pelo acordo'.

Eu tentei de novo. 'Não podemos nor defende?' Ele me cortou curto. 'Não há nenhuma chance', disse ele. 'É melhor para um morrer do que para todos serem mortos em um tiroteio. Enfim, não temos praticamente nenhuma munição'. Despedimos-nos brevemente. E ele disse: 'conte para Aldinger, por favor'.

Aldinger, entretanto tinha sido notificado para ficar longe do meu pai. Quando chamei-o, ele veio correndo lá de cima. Ele também ficou horrorizado, quando ouviu o que estava acontecendo. Meu pai falou mais rapidamente. Ele disse novamente como era inútil tentativa nos defender. 'Foi tudo preparado ao mais meticulosamente. Eu terei um funeral de Estado e pedi que para ser enterrado em Ulm (cidade natal de Rommel). Em um quarto de hora, você, Aldinger, irá receber um telefonema do hospital reserva Wagnerschule em Ulm para dizer que eu tive uma concussão cerebral no caminho para uma conferência'. Ele olhou para o relógio. 'Eu preciso ir, eles só me deram dez minutos'. Ele rapidamente se despediu de nós novamente. Então nós descemos juntos.

Nós ajudamos o meu pai em seu casaco de couro. De repente, ele puxou a carteira. 'Ainda há 150 marcos'. Disse ele. 'Quer que eu pegue o restante do dinheiro agora?'.

'Isso não importa agora, Sr. Marechal de Campo', disse Aldinger.

Meu pai colocou cuidadosamente sua carteira no bolso. Como ele entrou no salão, sua pequena dachshund que havia sido dada como um cachorrinho de poucos meses antes, na França, e pulou para ele com um gemido de prazer. 'Tranque o cão no estúdio, Manfred', disse ele, e aguardou no corredor com Aldinger enquanto eu removi o cão animado e empurrei-o através da porta do escritório. Então, saímos de casa juntos. Os dois generais estavam no portão do jardim. Caminhamos lentamente o caminho, a crise do cascalho soar extraordinariamente alto.

Quando nos aproximamos dos generais, eles levantaram a mão direita em continência. 'Herr Marechal', disse Burgdorf e se reservou a conversar com o meu pai após passarem pelo portão. O carro ficou pronto. O motorista das SS abriu a porta. Meu pai colocou seu bastão de marechal sob do braço esquerdo e, com a calma de sempre,  acenou mais uma vez para mim e Aldinger antes de entrar no carro.

Os dois generais ocuparam rapidamente seus lugares. Meu pai não olhou mais para trás e o carro desapareceu em uma curva da estrada. Quando ele se foi, Aldinger e eu, voltamos silenciosamente de volta para casa … Vinte minutos depois o telefone tocou. Aldinger ergueu o receptor e a morte de meu pai foi devidamente notificada.

Rommel foi sepultado em um funeral de Estado, uma farsa de Hitler para não ter que explicar a morte de um de seus mais competentes generais

Não ficou totalmente claro o que aconteceu com ele depois que ele nos deixou. Depois soubemos que o carro havia parado algumas centenas de metros acima da colina diante da nossa casa, em um espaço aberto à beira do bosque. Homens da Gestapo, que tinham seguido todos os procedimentos desde Berlim, naquela manhã, estavam aguardando instruções para filmar e invadir a casa, se ele oferecesse resistência. 

Maisel e o motorista saíram do carro, deixando o meu pai com Burgdorf. Quando o motorista foi autorizado a retornar dez minutos tarde, ele viu meu pai caído com a sua cobertura e bastão do marechal no piso do veículo.”

Quatro dias depois foram realizados os funerais oficiais de altos dignitários do Reich. Posteriormente, o cadáver foi incinerado e os restos enterrados no cemitério próximo à sua casa de Herrlingen.

Hitler cumpriu sua promessa e a família de Rommel não sofreu nenhuma perseguição.

Fonte: Segunda Guerra Mundial - crimes de guerra



sexta-feira, 21 de junho de 2019

IMAGEM DO DIA - 21/6/2019

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Tropas gregas defendem-se contra uma carga de cavalaria otomana durante a Batalha de Velestino, por ocasião da Guerra Turco-Grega de 1897 



segunda-feira, 17 de junho de 2019

REBELIÃO DOS MARINHEIROS DE KRONSTADT (1921)

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No dia 2 de março de 1921, 300 representantes de estaleiros e marinheiros da cidade russa de Kronstadt, no Mar Báltico, elegeram um Comitê Revolucionário Provisório.


Por Roselaine Wandscheer


Os marinheiros da cidade portuária de Kronstadt, no Mar Báltico, haviam se rebelado no final de 1917. A frota bloqueara a foz do Rio Neva, quando o cruzador Aurora deu o sinal para começar a histórica Revolução de Outubro.

A historiadora alemã Jutta Petersdorf dedicou-se intensamente ao estudo da história russa. Ela conta que os marinheiros de Kronstadt desempenharam papel muito importante do começo ao fim da revolução. O próprio Leon Trotski reconheceu este fato.


Retrocesso na Rússia

O povo russo continuava sofrendo mesmo depois da queda dos czares. A União Soviética de então estava literalmente arrasada pela Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela Guerra Civil (1918-1921). Fome e epidemias grassavam por toda parte, indústria e transportes estavam profundamente debilitados. Alguns setores apresentavam índices equivalentes aos de fins do século XVIII.

Havia greves, a agricultura estava paralisada, à espera de definições políticas, o descontentamento agitava a população urbana e provocava revoltas no campo. Protestos públicos eram punidos com prisão sumária.

Os comunistas governavam com mão de ferro. Quem parasse de trabalhar, podia ser condenado à morte. Esta efervescência provocou a insurreição dos marinheiros de Kronstadt contra os bolcheviques. No dia 2 de março de 1921, 300 representantes dos estaleiros daquela cidade portuária elegeram um Comitê Revolucionário Provisório. Os marinheiros entendiam-se responsáveis pelo regime, criticavam a inflação de poder do partido e queriam o retorno dos sovietes às suas origens.


"Somos invencíveis!"

Os sovietes eram os conselhos integrados por operários, camponeses e soldados. Eles apareceram pela primeira vez na Rússia em 1905. Com a revolução de 1917, passaram a ser órgão deliberativo no país. Mas Vladimir Lênin e Trotski viam nos amotinados apenas contrarrevolucionários, e não os apoiaram. Em 5 de março, Trotski enviou uma advertência aos rebelados para que encerrassem seu protesto. Caso contrário, "seriam caçados como coelhos".

Cartaz de mobilização dos marinheiros rebelados em Kronstadt


Como os marinheiros mantiveram suas reivindicações, dois dias mais tarde começou a invasão de Kronstadt pelo Exército Vermelho. Protegidos como numa fortaleza, os amotinados conseguiram defender-se e enviaram a seguinte mensagem a 8 de março, Dia Internacional da Mulher.

"Da Kronstadt libertada para todas as operárias do mundo: estamos aqui em meio aos estrondos dos canhões, em meio às granadas explodindo, jogadas pelos comunistas, inimigos do povo trabalhador! Mesmo assim, enviamos fraternas congratulações a vocês, operárias de todo o mundo. Saudações da Kronstadt vermelha rebelada, do império da liberdade. Que nossos inimigos se atrevam a nos destruir. Somos fortes. Somos invencíveis!"


Rápida derrota

A invencibilidade durou apenas dez dias. Com o apoio de voluntários que participavam da 10ª Convenção do Partido Comunista, as tropas russas conseguiram conquistar a fortaleza de Kronstadt em 18 de março de 1921.

Tropas do Exército Vermelho atacam os marinheiros em Kronstadt


Uma parte dos amotinados foi executada, outra enviada para prisões afastadas, nas temidas ilhas Solofki, no Mar Branco, ao norte da atual Federação Russa; 8 mil rebelados conseguiram fugir de Kronstadt pelas águas geladas do Mar Báltico. Estava debelado, assim, um dos primeiros movimentos políticos na União Soviética.


Fonte: DW


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quarta-feira, 5 de junho de 2019

A MARINHA DO BRASIL BLOQUEIA O PORTO DE SANTOS

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Uma das primeiras reações do Governo Provisório contra o movimento de 1932, deflagrado em São Paulo, foi o bloqueio do litoral paulista e do porto de Santos pela Marinha do Brasil


Com a finalidade de conter e limitar o movimento revolucionário, de acordo com a doutrina estratégica da época, partiram do porto do Rio de Janeiro, entre os dias 10 e 11, o cruzador Rio Grande do Sul e os contratorpedeiros Mato Grosso, Pará e Sergipe, com a missão de bloquear o porto de Santos e controlar o litoral paulista. 

O cruzador "Rio Grande do Sul" foi uma das belonaves mobilizadas para bloquear o porto de Santos.


Para prover a esquadra de apoio aéreo, a Aviação Naval enviou três Savoia-Marchetti S.55A – matrículas nº 1, 4 e 8, comandados, respectivamente, pelo Capitão-de-Fragata Antônio Augusto Schorcht, pelo Capitão-de-Corveta Epaminondas Santos e pelo Capitão-Tenente Bráulio Gouvêa – e dois Martin PM, matrículas nº 111 e 112, sob o comando respectivo dos Capitães-Tenentes Ismar Brasil e Reynaldo de Carvalho.  As aeronaves, procedentes do Galeão, foram baseadas provisoriamente nas enseadas da Ilha de São Sebastião, próximo ao vilarejo de Vila Bela.   

Aeronaves Savoia-Marchetti da Aviação Naval também auxiliaram no controle do litoral de São Paulo.

A Marinha também tinha a intenção de enviar alguns Vought O2U-2A Corsair para Vila Bela, mas a Aviação Naval não confiava muito nos seus flutuadores operando a partir das enseadas da ilha.  Decidiu-se, então, melhorar a pequena e precária pista de pouso próxima ao vilarejo, para que os aviões pudessem operar com trem de pouso a partir de terra firme.  

O porto de Santos na década de 1930.


Detalhe de mapa desenhado por José Washt Rodrigues mostrando o bloqueio ao litoral paulista.


Quer saber mais sobre essa e outras histórias? Leia

UM CÉU CINZENTO: A AVIAÇÃO NA REVOLUÇÃO DE 1932

Garanta já o seu exemplar.



terça-feira, 4 de junho de 2019

MUSEU MILITAR DO COMANDO MILITAR DO SUL COMPLETA 20 ANOS

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Caros amigos do Blog Carlos Daróz-História Militar de POA e região, o Museu Militar do Comando Militar do Sul está completando sua segunda década de funcionamento.

Para você que curte História Militar, compareça na festa de aniversário e conheça o riquíssimo acervo desse modelar equipamento museológico e turístico da capital gaúcha.


Algumas das viaturas blindadas pertencentes ao acervo do museu


sexta-feira, 31 de maio de 2019

RELAÇÕES MILITARES BRASIL-EUA 1939/1943 - NOVA OBRA NO MERCADO

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Já se encontra disponível para a venda o novo livro do pesquisador Giovanni Latfalla, que trata das complexas relações entre Brasil e EUA nos anos que antecederam o envio de a Força Expedicionária Brasileira para combater nos campos de batalha da Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.


O livro

Relações militares Brasil-Estados Unidos 1939/1943
Política, História, Relações Internacionais, Giovanni Latfalla

Hoje, passados mais de setenta anos do fim da Segunda Guerra Mundial, é possível acrescentar alguns pontos esclarecedores a respeito das negociações militares do Brasil com os EUA entre os anos de 1939 e 1943, antes e depois do rompimento de relações com o Eixo, um assunto ainda com lacunas a serem preenchidas pelos pesquisadores do assunto.

A presente obra é relativa as negociações militares entre o Exército Brasileiro e autoridades militares dos Estados Unidos visando uma cooperação na defesa do hemisfério ocidental, no período anterior e posterior ao rompimento das relações diplomáticas do Brasil com as nações do Eixo, ocorrido em janeiro de 1942. Durante esta fase os entendimentos entre as duas nações não transcorreram serenamente, pois, ambos possuíam interesses e objetivos diferentes. As negociações foram tensas e eivadas de desconfianças, principalmente por parte dos norte-americanos que acreditavam que muitas autoridades brasileiras, inclusive militares, eram simpatizantes do nazismo e possuíam uma má vontade em aliar-se a eles. Esta obra demonstra que o Brasil nunca planejou uma aliança com o Eixo, e sim, sempre procurou uma aliança com os EUA, sem, contudo, colocar a soberania brasileira em xeque.


O autor

Giovanni Latfalla Possui graduação em História pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Carangola; graduação em Direito pela Faculdade de Direito de Cachoeiro de Itapemirim; mestrado em História pela Universidade Severino Sombra; e doutorado em Ciência Política pelo IUPERJ. 


Como adquirir

Diretamente com o autor via facebook (Giovanni Latfalla) ou pela página da Editora Gramma.



quarta-feira, 29 de maio de 2019

IMAGEM DO DIA - 29/5/2019

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Cavalaria romana enfrentando guerreiros celtas durante a Batalha de Talamone (225 a.C.) 

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sexta-feira, 24 de maio de 2019

BATALHA DE NOVARA (1849)

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A Batalha de Novara foi uma das batalhas travadas entre o Império Austríaco e o Reino da Sardenha durante a Primeira Guerra de Independência Italiana, dentro da era da unificação italiana. Com duração de todo o dia de 22 de março de 1849 e terminando na madrugada do dia 23 de março, resultou em uma severa derrota e retirada do exército piemontês (Sardenha).

Um armistício desconfortável feito em 1848 entre a Áustria e Sardenha durou menos de sete meses, antes de Carlos Alberto, rei da Sardenha, denunciar a trégua em 12 de março de 1849. O exército austríaco tomou a iniciativa militar na Lombardia, sob o comando do marechal Joseph Radetzky von Radetz, que tomou a cidade fortaleza de Mortara.

A captura de Mortara levou a uma batalha entre as tropas austríacas e piemonteses em Novara, 45 km a oeste do Milão, onde 70.000 soldados austríacos, mais disciplinados do que os 85.000 piemonteses, derrotaram o seu adversário, como ocorrera na batalha de Custoza do ano anterior. Piemonte também sofreu com a falta de apoio dos estados menores italianos. General Girolamo Ramorino foi acusado de desobedecer ordens antes da Batalha de Novara, e, no mesmo ano, foi executado.

Acusado de desobedecer ordens, o General Girolamo Ramorino foi executado

Os piemonteses foram levados de volta para Borgomanero, nos Alpes, e as forças austríacas ocuparam Novara, Vercelli e Trino, com a estrada para a capital de Piemonte, em Turim.

O General austríaco Barão Julius Jacob von Haynau subjugou Bréscia, a 87 km de Milão, e Carlos Alberto abdicou em favor de seu filho Vítor Emanuel, que mais tarde se tornaria o primeiro rei de uma Itália unificada. Friedrich Engels escreveu "que, após esta derrota, uma revolução e proclamação de uma república em Turim seria esperada, decorrente do fato de que a tentativa estava sendo feita para evitar a abdicação de Carlos Alberto, em favor de seu filho mais velho." 

Reencenação da Batalha de Novara

A República Piemontesa não foi criada, embora a República Romana já tivesse sido proclamada em fevereiro, e existisse uma República de Veneza também. Carlos Alberto se exilou no Porto, em Portugal, onde morreu pouco depois.