"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 9 de setembro de 2012

A BATALHA DE POITIERS (732)

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No início do século VIII, o reino dos Francos era de início governado pela dinsatia dos Merovíngios, mas o chefe da administração e do exército, porta-voz da aristocracia, o prefeito do palácio, era o verdadeiro senhor. Desde o fim do século VII, a família dos Pepinos, antepassados dos carolíngios, controlava essa importante função.

Em 711 os muçulmanos se apoderam do reino dos Visigodos, que controlavam então a península ibérica, Os visigodos recuaram para o norte do país e se refugiaram nos montes Cantábricos, nos Pirineus e na Septimânia, atual Languedoc. As áreas compreendidas entre o sul da Aquitânia e o norte da Espanha muçulmana permanecem indefinidas. Percorridas por saqueadores ou exércitos em campanha, são abandonadas por seus habitantes.

Mais ao sul, os árabes e os berberes fundaram, no século VII, um poderoso principado, o emirado de Córdoba, nas mãos da dinastia omíada a partir de 750. Potência militar temida, o emirado é o centro de uma brilhante civilização urbana em contato constante com a África do Norte.

Carlos Martel, prefeito do palácio dos reis merovíngios e avô de Carlos Magno, interessava-se muito pelas áreas meridionais do reino ainda não totalmente submissas à dominação franca. Uma incursão de muçulmanos vindos da Espanha foi para ele a ocasião para firmar seu poder na Aquitânia.

Carlos Martel

 
O duque da Aquitânia, Eudes, desejava acima de tudo conservar sua independência e desconfiava dos francos, sempre prontos a fazer incursões militares em direção do sudoeste. Eudes precisou seguir uma delicada política: defendendo seu principado e sua capital sitiada, Toulouse, contra os muçulmanos da Espanha que se apoderaram da septimânia tomando Narbona, Carcassone e Nimes em 725, não hesita, contudo, em fazer aliança com um chefe berbere, senhor da região da Cerdanha e em rebelião com o governador da Espanha. Mas, em outubro de 732, os sarracenos liderados pelo novo governador Abd Al-Rahman, cruzaram os Pirineus, submeteram a Cerdanha e marcharam sobre Bordeaux.



Carlos Martel parte em socorro de Eudes da Aquitânia

O duque Eudes foi tomado totalmente pela surpresa. Não esperava uma incursão tão fulgurante e pensava que Abd Al-Rahman começaria a atacar por Toulouse. A cavalaria berbere derrotou rapidamente os bascos, guardiões das colinas dos Pirineus, e arremeteu contra Bordeaux. Eudes reuniu nelas seus fiéis súditos, mas, batido sob as muralhas da cidade, recuou precipitadamente para o norte e, de bom ou mal grado, refugiou-se junto a Carlos para lhe pedir socorro.

O prefeito do palácio encontrou ali uma ocasião inesperada para retomar a Aquitânia. Na mesma ocasião, poderia tentar por fim às incursões de saqueadores sarracenos que, desde 719, não hesitavam em penetrar profundamente no reino, seguindo, especialmente, os vales do Ródano e do Saône. Reunindo um exército de soldados de infantaria, Carlos dirigiu-se para São Martinho de Tours, a poderosa e rica abadia do vale do rio Loire, ameaçada por Abd Al-Rahman.

Soldados sarracenos

 
O exército sarraceno, composto essencialmente de berberes recém-convertidos comandados pelos árabes, parecia procurar mais um bom espólio do que conquistas territoriais. Os cronistas evocam um grande exército que agrupava centenas de milhares de homens. Essas estimativas fantasiosas não têm nenhuma relação com os efetivos dos exércitos do século VIII. Trata-se mais provavelmente de uma tropa que operava em ordem dispersa e não de um gigantesco exército de invasão. Os sarracenos saquearam os lugares onde se concentravam as riquezas, as cidades e, acima de tudo, os opulentos monumentos e templos religiosos, como a basílica de Santo Hilário de Poitiers. Posteriormente, a mesma tropa marchou sobre a abadia de São Martinho de Tours.
 

A escaramuça de Poitiers

Ao anúncio da chegada dos francos e de Eudes, os sarracenos retiraram-se lentamente para o sul. Durante uma semana ocorreram enfrentamentos dispersos. As escaramuças sucederam às emboscadas. Em seguida, o grosso da tropa entrou efetivamente em contato.

O choque entre os dois exércitos teve lugar, provavelmente, em Moussais, entre Poitiers e Tours, no dia 25 de outubro de 732. Abd Al-Rahman dispunha de uma poderosa cavalaria ligeira e lançou seus guerreiros contra as tropas de Carlos e Eudes. Mas esses cavaleiros, armados com espadas e dardos, estavam acostumados com choques rápidos e seu impulso se arrefeceu diante dos francos dispostos em massa compacta de lanças erguidas. Os francos, que combatiam a pé, dispunham de armas defensivas eficazes: cota de malha, escudo e capacete.

Cavaleiro franco

 
Cansados de seus repetidos fracassos e desorientados pela morte em combate de Abd Al-Rahman, os sarracenos abandonaram o campo de batalha e bateram em retirada a noite. Pela manhã, Carlos Martel invadiu o acampamento sarraceno e se apoderou de muitos despojos deixados pelos fugitivos.


Resultados
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A repercussão dessa batalha foi considerável. Mesmo que o próprio combate tenha sido de caráter limitado, os contemporâneos viram nela uma vitória dos cristãos sobre os muçulmanos e a manifestação da proteção divina em relação ao prefeito do palácio. Mas a batalha de Poitiers não pôs fim nem à presença dos sarracenos nas fronteiras meridionais dos domínios francos, nem às veleidades de independência dos habitantes da Aquitânia.


Fonte:  Adaptado de Grandes batalhas da História. Editora Larousse .

2 comentários:

  1. Faltou mostrar o infante franco, que se mostrou decisivo na batalha. Caminha.

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  2. Já ouvi uma versão que de tanto butim acumulado e ao grito que o acampamento sarraceno estava sendo atacado por Odo e uma pequena cavaleria franca, os cavaleiros sarracenos correram desesperados, para salvar seus bens acumulados, e Al Rahman, ao tentar reorganizar as fileiras sarracenas, acabou sendo cercado e morto por lanças francas. Assim, acabou o embate, com os demais sarracenos batendo em retirada, ao ver seu líder morto em campo. E a gura posterior.

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