"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 3 de abril de 2011

LIVRO - ULTRAMAR SUL

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Ultramar Sul.  Juan Salinas e Carlos de Nápoli.  Record, 490 págs.


A investigação empreendida por Juan Salinas e Carlos de Nápoli contém ingredientes suficientes para lançar dúvidas sobre fatos históricos até pouco tempo considerados irrefutáveis. Em Ultramar Sul, os historiadores se valem de relatos, testemunhos e documentos para questionar a versão oficial sobre o destino de Adolf Hitler e o afundamento do cruzador brasileiro Bahia, logo após o fim da 2° Guerra Mundial.

Segundo os autores, a Operação Ultramar Sul foi a última jogada de Hitler, que consistia num audacioso plano de fuga com destino à Patagônia Argentina. Esta intenção tornou-se ainda mais factível quando, em 2009, foi confirmado oficialmente que o crânio encontrado em um bunker do Führer, e considerado por mais de sessenta anos uma prova conclusiva do seu suicídio, não lhe pertencia.
Salinas e Nápoli apresentam documentos, fotos e testemunhos que comprovam a chegada de um comboio de submarinos com oficiais nazistas na costa Argentina. Apesar de parecer pouco provável que o alto comando do Terceiro Reich tenha desembarcado nas praias de Miramar ou Mar del Sur, até hoje ninguém consegue ou deseja assegurar quem chegou naquela região.

Baseados em vasta documentação, os historiadores reconstroem a história do afundamento do Cruzador Bahia (4 de julho de 1945), a maior tragédia naval brasileira de que se tem conhecimento, com 336 mortos. Oficialmente, o episódio foi dado como acidente, fato que os autores põem em dúvida ao apresentar documentos que apontam para o torpedeamento do navio. O algoz da embarcação brasileira teria sido um dos submarinos que levava o alto comando nazista rumo à América do Sul.

O livro de navegação do USS Omaha é um dos principais documentos que comprovam a tese dos historiadores. O cruzador norte-americano resgatou o único oficial sobrevivente do Bahia, o primeiro-tenente Lúcio Torres Dias. Neste documento que leva o rótulo de confidencial, o comandante W.L Freseman relata que 

às 10h22 (8 de julho), fui chamado diretamente pelo Comando da Força Atlântico Sul. Fui informado pelo almirante de que, sem dúvida alguma, o cruzador Bahia havia sido afundado nas proximidades da estação de guarda de aviões n° 13 (...) e que era necessário que o Omaha e todos os navios brasileiros disponíveis se dirigissem para a área”.

Após o trágico episódio, os submarinos tiveram destinos diferentes e alguns indeterminados. Um deles se entregou ao alcançar a costa de Mar del Plata. Centenas de pessoas testemunharam dois outros seguirem para o extremo sul do Atlântico. Após um mês de viagem, um deles também se rendeu.

Apesar de todas as evidências, o incidente náutico foi encoberto pela Marinha Argentina em cumplicidade com britânicos e norte-americanos. No Brasil, o afundamento do cruzador Bahia foi oficialmente considerado um acidente.


 
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