sexta-feira, 26 de março de 2010

PENSAMENTO MILITAR


"É possível ter que evitar uma batalha mais de
uma vez para ganhá-la."


Margaret Thatcher, primeira-ministra britânica

UM ESCLARECIMENTO

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Caros leitores,
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Temos recebido muitas solicitações de informações e consultas a respeito de assuntos variados da História Militar, o que nos alegra muito, pois, para nós, é um prazer contribuir para a construção do conhecimento da história do fenômeno guerra.
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No entanto, alguns leitores têm procurado contato conosco solicitando informações específicas sobre determinado assuntro utilizando o espaço para comentários disponível no BLOG. Ocorre que, por uma condição técnica do sistema de hospedagem http://www.blogger.com/, o endereço eletrônico de quem nos procura não fica registrado, o que impede nossa resposta.
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Desta forma, solicitamos àqueles que buscam contato conosco que deixem registrados seus endereços eletrônicos de modo que possamos enviar as respostas ou, caso prefiram por razões de privacidade, entrem em contato diretamente conosco por intermédio do seguinte endereço eletrônico:
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Embora possa demorar um pouco, nosso objetivo é responder a todos os que nos procuram. Mais uma vez, agradecemos a todos os nossos leitores pela visita e pelos contatos.
Um abraço a todos,
Carlos Daróz
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IMAGEM DO DIA - 26/3/2010



Durante a Revolução de 1932, tropas federais apertam o cerco contra os paulistas rebelados. Na imagem acima, um pelotão de soldados legalistas ocupa uma trincheira nos arredores de Itapira.



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NOTÍCIA - CÂMARA FEDERAL HOMENAGEIA EX-COMBATENTES DA FEB

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No dia 15 de abril de 2010 a Câmara dos Deputados homenageou em sessão solene os ex-combatentes da Força Expedicionária Brasileira (FEB), por ocasião dos 65 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, e pelas vitórias brasileiras nos campos da Itália.


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Dezenas de Pracinhas, como são carinhosamente conhecidos, estiveram presentes no plenário para receber as merecidas homenagens dos deputados, representantes das Forças Armadas, e do Grupo Histórico FEB, composto por representantes do Imperial Jeep Club (IJC) e do Clube de Veículos Militares Antigos do Rio de Janeiro (CVMARJ).
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Atendendo a uma proposta do historiador e colecionador Marcos Renault, o deputado Ciro Pedrosa, de Minas Gerais, propôs a realização da Sessão Solene, que teve como objetivo lembrar a atuação da FEB na 2ª Guerra Mundial.
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O 1º/2º Grupo de Transporte da Força Aérea Brasileira, do Rio de Janeiro, disponibilizou uma aeronave Embraer 145, designação C-99, para transporte dos Pracinhas e membros do Grupo Histórico FEB. Durante uma escala em Belo Horizonte foi embarcado mais um grupo de Pracinhas. Trajeto inverso foi realizado ao fim das comemorações.
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Após o embarque em viaturas históricas preservadas por colecionadores, os Pracinhas e os membros do Grupo Histórico FEB, trajados com uniformes utilizados na Itália durante o conflito, o comboio de onze viaturas, se deslocou para a Câmara dos Deputados escoltado por batedores do Batalhão de Polícia do Exército de Brasília, cruzando as principais avenidas da capital do Brasil, despertando curiosidade e recebendo cumprimentos dos cidadãos que paravam para admirar o desfile.


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Na chegada à Câmara, as viaturas ficaram estacionadas em frente à rampa de acesso, onde permaneceram em exposição durante todo o dia, chamando a atenção de todos os que por lá passavam.

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Uma grande recepção aguardava os homenageados. Foram recebidos com muita alegria e reverência passando por uma Guarda de Honra formada por cavalarianos do Regimento Dragões da Independência. Uma vez no Plenário, foi iniciada a Sessão Solene, transmitida ao vivo para todo o Brasil pela TV Câmara, além de muitos outros meios de comunicação.

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A sessão foi aberta com a apresentação da banda do Batalhão da Guarda Presidencial, tocando o Hino Nacional Brasileiro, cantado por todos os presentes. Logo após a Sessão foi aberta solenemente. Discursaram os deputados Mauro Benevides, representado o Presidente da casa, Dep. Michel Temer, e Ciro Pedrosa, Coordenador da Frente Parlamentar Mista para Revalorização Histórica da Força Expedicionária Brasileira. Por parte do Grupo Histórico FEB, também discursaram os Srs. João Barone, Presidente do CVMARJ e Marcos Renault, idealizador dessa justa homenagem.
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Foram mostradas aos presentes algumas cenas do documentário “Caminho dos Heróis”, do Sr. João Barone, que está em fase de finalização e deve ser lançado ainda este ano. O documentarista ressaltou que o principal objetivo do documentário é estimular uma releitura da participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial.
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O documentário foi filmado em 2009, na Itália, quando o Grupo Histórico FEB passou pelos caminhos percorridos pela FEB, participando de diversas solenidades e sendo homenageados em nome dos Pracinhas que são tratados como “Libertadores da Itália”. A apresentação do rico material sobre a campanha do Brasil na 2ª Guerra Mundial causou muita emoção na platéia, principalmente aos Pracinhas, por terem relembrado os momentos inesquecíveis além mar.
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Encerrando a Sessão Solene, foi entoada a Canção do Expedicionário, o que criou um clima de saudade e orgulho aos presentes, àquela pequena homenagem feita aos brasileiros que tem como lema, o jargão “A Cobra Fumou”!

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Foi oferecido pela Câmara dos Deputados um almoço de confraternização para a comitiva dos Pracinhas e do Grupo Histórico FEB. Momento profícuo ao orgulho e rememoração dos fatos ocorridos antes, durante e depois do conflito na Itália.
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Todo o evento foi coordenado pela Frente Parlamentar Mista de Revalorização Histórica da Força Expedicionária Brasileira, cujos objetivos são homenagear a memória daqueles que tombaram em combate durante a 2ª Guerra Mundial e lutar pela valorização do soldado brasileiro e das Forças Armadas.

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A COBRA CONTINUA FUMANDO!
BRASIL!


Fonte: CVMARJ
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sábado, 13 de março de 2010

O RESGATE DO "FANTASMA DO PÂNTANO"

Um bombardeiro B-17E, semelhante ao Swamp Ghost resgatado na Nova Guiné


Sob muito sol, tremenda umidade e temperaturas que chegavam aos 40 graus, Alfred Hagen finalmente viu o ventre do bombardeiro da 2ª Guerra Mundial, no qual ele tanto trabalhou para retirar de um remoto pântano em Papua Nova Guiné.
.Hagen, um empresário norte-americano, estava bastante preocupado em manter a fuselagem de seis toneladas e parcialmente inundada, em uma única peça. Quando um helicóptero começou a levantá-la, Hagen – sobre a asa direita separada do avião – começou a ficar nervoso.
.A fuselagem subia e descia, rangendo” - disse ele - “meu estômago estava embrulhando. Eu temia que não fosse conseguir... Ele apenas levantou-a e foi embora”. Isso aconteceu em 2006. Hagen teria que esperar mais três anos e oito meses para colocar o B-17 E, apelidado de “Swamp Ghost” (fantasma do pântano), em um navio para a Nova Zelândia onde, agora, aguarda transporte para Los Angeles – devendo chegar lá em meados de abril. O empresário celebrou um acordo de exibição com o Museu Aeroespacial Pima, em Tucson, no Arizona.
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Empresário do ramo de construção e também um entusiasta da aviação, Hagen teve um tio-avô morto na Nova Guiné durante a guerra. Na última década, ele fixou sua atenção no Swamp Ghost, que avistou pela primeira vez em 1996.
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“Eu me apaixonei no instante em que desci lá para vê-lo” - disse Hagen - “É como quando você é jovem... caminhando pela rua e vê uma bela mulher, e você quer tê-la com todas as fibras do seu ser”. E concluiu: “Eu simplesmente pensei: que belo avião”.
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A história
O Swamp Ghost decolou ao amanhecer de 23 de fevereiro de 1942 da base de Townsville, na Austrália, para atacar os navios japoneses no porto de Rabaul, na Nova Bretanha. Ao chegar ao alvo, contudo, as portas do compartimento de bombas não abriram, e a tripulação decidiu circundar o alvo mais uma vez. Desta vez o compartimento abriu-se, mas também subiram os caças japoneses.
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O Fantasma do Pântano logo após ter sido içado por um helicóptero
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Durante os 30 minutos seguintes, diversos Zeros alvejaram o avião, e 33 furos foram feitos em sua cauda. Um projétil antiaéreo também atingiu a asa direita do B-17.
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O Swamp Ghost escapou do ataque e voou para a Nova Guiné, onde foi reabastecido em Port Moresby, mas a tripulação logo percebeu que não tinha potência suficiente para superar a cordilheira Owen Stanley.
.O piloto então fez um pouso forçado no que pensava ser um campo gramado. Mas, assim que tocaram a vegetação, perceberam que haviam pousado num pântano, e o bombardeiro deslizou 90 graus de lado.
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A tripulação saiu e viu-se em meio a mais de um metro de água. Após quatro dias de caminhada sob intenso calor, nos quais alguns membros começaram a sofrer de alucinações, eles encontraram nativos. Então, após mais de cinco semanas de viagem, finalmente conseguiram chegar a Port Moresby.

O resgate do Fantasma do PântanoEm 1999, Hagen assinou um contrato de compra da fuselagem com o Museu Nacional de Papua Nova Guiné, no valor de 100 mil dólares, mas, devido a atrasos de diversas naturezas, somente em 2005 obteve permissão de retirar o B-17 do país.

Um dos únicos quatro B-17E recuperados no mundo, o Swamp Ghost entrará em exibição ainda este ano. O objetivo a longo prazo é restaurá-lo até ter condições de vôo novamente.


Fonte: Philadelphia Daily News, 6 de março de 2010.

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quarta-feira, 10 de março de 2010

A ARTILHARIA DURANTE A GUERRA DAS ROSAS



A guerra das Rosas confrontou duas famílias nobres, entre os anos de 1453 e 1485, pela conquista do poder inglês. O nome Guerra das Rosas teve origem devido ao fato de a família real trazer no seu brasão uma rosa vermelha, e a Casa de York uma rosa branca.
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A luta começou quando Ricardo, duque de York, aprisionou Henrique VI, da família Lancaster e rei da Inglaterra. Na Batalha de Wakefield, que ocorreu em 1460, os York foram derrotados e, em 1461, Eduardo IV, da Casa de York, na Batalha de Towton, assumiu o trono dos Lancaster, mas foi traído pela nobreza e obrigado a devolver o poder para Henrique VI.
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Em 1473, Eduardo IV morreu. Seu irmão Ricardo III assumiu o trono, e ordenou que estrangulassem seus sobrinhos, pois eram os próximos da linha de sucessão. O fim da guerra em 1485 ocorreu quando Ricardo III foi derrotado na Batalha de Bosworth por Henrique Tudor. Como Henrique Tudor estava ligado às duas famílias nobres, pois era genro de Eduardo IV e tinha ligação com os Lancasters por parte de mãe, uniu as duas casas reais. Henrique Tudor ascendeu ao trono da Inglaterra iniciando a dinastia Tudor (1485-1603), que implantou o absolutismo na Inglaterra, nomeando Henrique VII, rei da Inglaterra. 

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O papel da Artilharia na Guerra
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Por ocasião do início da Guerra das Rosas, a artilharia vinha sendo utilizada na Europa há cerca de um século. Praticamente todos os exércitos desfrutavam de seu poderio, mesmo que possuíssem apenas uma pequena força de artilharia.
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O ritmo do avanço tecnológico na produção de armas na Europa havia acelerado na década de 1370, quando as pequenas, imprecisas e pouco confiáveis peças de artilharia, utilizadas no início da Guerra dos Cem Anos, deram lugar a armas maiores e mais poderosas que eram capazes de romper as altas muralhas de pedra de vilas fortificadas e castelos. Embora a nova artilharia ainda pudesse ser considerada imprevisível - Jaime II da Escócia foi morto em 1460, quando um de seus canhões de sítio explodiu -, os ingleses começaram a empregar tais armas com grande efeito no País de Gales e na fronteira da Escócia no início do século XV.
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As novas armas passaram a ser fabricadas com tipos e tamanhos variados, desde a bombarda maciça, que podia demolir muralhas com enormes bolas de pedra ou de ferro; até os canhões menores, capazes de serem disparados em tripés ou utilizados como armas portáteis, além de uma variedade de canhões de tamanho intermediário. Os canhões de século XV eram fabricados em ferro ou em bronze, apesar de as armas de bronze serem mais comuns, pois as técnicas de fundição do ferro somente atingiriam a qualidade necessária no final do século XVI. Em razão das armas serem despadronizadas e disparassem projéteis feitos “sob medida” para elas, era comum os fabricantes de canhões também atuarem como artilheiros. Essa singularidade no tamanho de cada projétil levou as grandes armas a receberem nomes próprios que as individualizavam, como o Mons Meg, atualmente em exposição no Castelo de Edimburgo, Escócia, um canhão 14.000 libras com calibre de 20 polegadas.
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O gigantesco Mons Meg pesava 14.000 libras. Em primeiro plano, os projéteis de ferro fundido

Disparar uma peça de artilharia do século XV era um processo lento e difícil. As armas de sítio maiores disparavam pedras e projéteis de ferro que podiam pesar centenas de libras. Para disparar a arma, o atirador usou um disparador constituído de uma barra de ferro aquecida em uma panela de carvão que era mantida quente e ao alcance de sua mão. Devido ao fato de que um quilo de pólvora era necessário para lançar nove libras de peso de granada e que o tubo precisava ser lavado com uma mistura de água e vinagre depois de cada tiro, a cadência de dez tiros por hora era considerada satisfatória. Na Guerra das Rosas, tal lentidão fez com que os canhões fossem utilizados, principalmente, na véspera ou no início de uma batalha, disparando uma saraivada contra o inimigo antes que o combate corpo-a-corpo tivesse início.
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Durante a noite que antecedeu a batalha de Barnet, Richard Neville, Conde de Warwick, disparou seu canhão continuamente com o objetivo de amedontrar e levar a desordem às fileiras de York. No entanto, Warwick não tinha conhecimento de quão próximo o inimigo estava de suas linhas e os disparos foram ineficazes. Para impedir que Warwick aprendesse com seu próprio erro, Eduardo IV ordenou à sua artilharia que se abstivesse de revelar a sua posição respondendo ao fogo. Poucas semanas depois, na Batalha de Tewkesbury, Eduardo neutralizou o ataque da Casa de Lancaster a partir de uma excelente posição defensiva, abrindo fogo com sua artilharia.

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Apesar de seu poderio, as peças de artilharia foram muito menos decisivas durante a Guerra das Rosas do que em campanhas posteriores no continente europeu. Capazes de disparar uma bola de ferro a um alcance de 2.000 a 2.500 passos, os canhões produziam um efeito devastador contra concentrações emassadas de tropas imobilizadas, como na travessia de rios, ou contra as paredes dos castelos e das cidades durante um cerco, situações nas quais a limitada cadência de tiro não resultava em limitação relevante. A arte da fortificação era menos avançada na Inglaterra do que em outros lugares, pelo que as guerras civis inglesas foram caracterizadas, principalmente, por batalhas em campo aberto e não por cercos. Durante a Guerra das Rosas era comum as cidades e castelos inimigos renderem-se tão logo seus exércitos eram derrotados no campo de batalha. 

Ricardo III


Ainda assim, ambas as partes reconheceram a importância crescente da artilharia e tomaram medidas para garantir um bom fornecimento de canhões e bombardas. Desde 1415 a Coroa Inglesa designou um mestre-artilheiro para supervisionar a Artilharia Real. Em 1456, John Judde, um comerciante de Londres, recebeu a nomeação para o cargo por oferecer armamentos e suprimento de pólvora para a artilharia de Henrique VI às suas expensas. Judde iniciou um ambicioso programa de produção armas para a Casa de Lancaster, motivo pelo qual os partidários de York o emboscaram e o mataram em junho 1460, quando supervisionava a entrega de uma nova remessa de armamentos.
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Eduardo IV também reconhecia a importância da artilharia, e seus mestres-artilheiros - como John Wode, que ocupou o cargo entre 1463 e 1477 - eram membros de confiança da família real. Eduardo frequentemente inspecionava sua artilharia e suas campanhas normalmente incluíam um considerável trem de artilharia.
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Assim, desde o reinado de Henrique VII, a Coroa Inglesa reuniu uma grande e crescente coleção de material de artilharia, atualmente em exposição na Torre de Londres.

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PENSAMENTO MILITAR – LIDERANÇA EM COMBATE



“Na Guerra Mundial nada era mais assustador do que assistir a uma cadeia de homens, começando num comandante de batalhão e acabando num comandante de exército, sentados em cabines telefônicas, improvisadas ou não, falando, falando, falando, e não liderando, liderando, liderando.”

J.F.C. Fuller, General britânico, criticando o tipo de liderança dos Aliados durante a 1ª Guerra Mundial

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