No contexto de nossa viagem de estudos à Pernambuco, destaco hoje um objeto histórico diferente: a B-17 Fortaleza-Voadora preservada existente na Base Aérea do Recife.
Embora alguns pesquisadores de aviação, classifiquem as Fortalezas-Voadoras que vieram para a FAB, pertencentes a uma série específica, referida como "H", acredita-se ter sido, somente, uma variante da sua última, comprovada e mais produzida série, que foi a "G", da qual foram produzidas 8.680, do total de 12.761 unidades construídas. Conhecidas como SB-17G e RB-17G, 180 B-17G foram modificadas para esse padrão. As SB-17G destinavam-se ao serviço de busca e salvamente - SAR (Search and Rescue) e as RB-17G, para a função de reconhecimento aerofotográfico e meteorológico.
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Vieram para a nossa FAB cumprir o acordo internacional feito pelo Brasil junto à Organização de Aviação Civil Internacional, para disponibilizar uma unidade aérea, no nosso trecho do Atlântico Sul, com a missão de busca, salvamento, reconhecimento e fotografia aérea. A B-17 foi o nosso primeiro avião militar a fazer uma travessia oceânica, em 1º de setembro de 1953, indo de Recife a Dakar, na África. Aqui, também, indistintamente, desempenharam o papel de vetores de transporte de longo alcance, como o foram no abastecimento e apoio aos nossos soldados, que integravam as Forças de Paz das Nações Unidas, na Crise de Suez - Faixa de Gaza, em 1956 e, também, em São Domingos, na República Dominicana. Foram mais de 25 missões, com tempo de vôo superior a 2.000 horas, sem nenhum acidente!
O editor do BLog História Militar diante da B-17 da FAB no Recife
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A FAB utilizou treze aeronaves sendo que, o lote inicial de seis unidades, chegou ao Brasil em abril/1951, para compor, na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro, o Centro de Treinamento de Quadrimotores. Posteriormente, esse Centro foi transferido para o Recife, quando, em 15/10/1053, deu lugar ao 1º/6º (1º Esquadrão do 6º Grupo de Aviação). No final de 1954, a FAB recebeu as sete B-17 restantes, o que propiciou a reestruturação do 6º GAv (6º Grupo de Aviação), passando a ser formado por dois Esquadrões, o 1º/6º destinado às missões de SAR e o 2º/6º com a missão de reconhecimento aerofotográfico e meteorológico.
Com a sua finalidade notadamente pacífica, ambas as versões já vieram desarmadas e desprovidas de suas estações de tiro. As SB-17G, de busca e salvamento, eram reconhecidas pelo radomo proeminente, que abrigava o radar de busca, conduzido no queixo e pelo bote metálico salva-vidas que portavam, externamente, na parte inferior da fuselagem. Esse bote destinava-se ao resgate de sobreviventes de naufrágio. Era lançado ao mar, por pára-quedas. Conhecido tecnicamente por "A-1", possuía 8,10m, e era fixado na barriga da B-17 por quatro cabos que eram presos aos cabides do compartimento de bombas (o "bomb bay"). Seu lançamento ocorria a 360m de altura, com a SB-17G voando a, aproximadamente, 190 km/h, com a descida sustentada por três pára-quedas. Interessante é que, quando chegava à água, numa inclinação de 45º, com o impacto, eram acionados foguetes que disparavam cabos nas quatro direções do barco, para serem pegos pelos náufragos, a fim de facilitar o seu salvamento! Motorizado por um par de motores Higgins, pesava 790kg e conduzia um completo equipamento de sobrevivência no mar.
As RB-17G eram reconhecidas pela estação de câmeras fotográficas que conduziam em um "pod", abaixo do seu nariz. Ao que parece, a nossa primeira B-17G não recebeu matrícula militar brasileira, pois foi perdida, ainda, com matrícula militar americana estando, inclusive, comandada, na oportunidade, por piloto americano. As doze restantes receberam as matrículas FAB 5400 a 5411.
Posteriormente os esquadrões fundiram-se em, apenas, um, o 1º/6º, em decorrência das perdas operacionais (FAB 5404, em 1959; FAB 5405, em 1963 e FAB 5409, em 1964), ocasionada pela rigorosa rotina do Grupo, com suas extenuantes missões além das dificuldades no recompletamento do equipamento, que obrigaram a canibalização de cinco dos B-17, para garantir ao atendimento dos rígidos requisitos técnicos da segurança do vôo, a fim de viabilizar a operacionalidade das demais unidades, em sua abnegada missão. Devido a essas dificuldades muitas foram as situações de alternância entre as unidades na linha de vôo: SB-17 realizando missões de RB-17 ou vice-versa!
SB-17G FAB 5402 preservada na Base Aérea do Recife: a única no Brasil
Das 12 B-17 que, efetivamente, tiveram a sua vida operacional na FAB, pelo menos, oito eram SB-17G, entre elas, podemos citar, a FAB 5402, 5406, 5408 e 5409. Em fotografias da época vê-se, comprovadamente, como RB-17G, a FAB 5411. Já como SB-17G, é possível constatar as unidades FAB 5402 e 5409. A FAB 5402 tinha o seu bote salva-vidas na cor alumínio e o radomo em preto antiofuscante. No bote trazia a inscrição, nos dois lados superiores de sua proa, FAB e, abaixo, o número 02. Já a SB-17G FAB 5409, portava o bote pintado com o mesmo amarelo das faixas indicativas do Serviço Internacional de Busca e Salvamento, aplicadas na sua fuselagem e nas asas.
Lamentavelmente, dessas belas máquinas, que fizeram história nos 1º e 2º Esquadrões do 6º Grupo de Aviação, da FAB, após sua desativação, restaram apenas, três: a 5402 que está em monumento na Base Aérea de Recife; a 5408, desmontada, no MUSAL; e a 5400, que foi doada pela FAB ao Museu da Força Aérea dos EUA (USAF). Chegou lá voando, em impecáveis condições de vôo, em 5 de outubro de 1968, pousando na Base Aérea de Andrews, perto de Washington-D.C. Antes de pousá-la, a tripulação brasileira, comandada pelo Major-Aviador Elahir Amaral da Nóbrega, efetuou três belíssimos rasantes sobre a pista, homenageando os milhares de ex-tripulantes de B-17, da 2ª Guerra Mundial, que foram recepcioná-la!
Ao todo, foram dezoito anos, de 1951 a 1969, de ótimos serviços prestados à nossa FAB que, como a última força aérea do mundo a utilizá-la, distinguiu-a da sua função primordialmente guerreira, para transformá-la em mensageira da paz, levando em suas asas a ajuda humanitária e a esperança!
Se você deseja ver de perto a única B-17 existente no Brasil – provavelmente a única na América do Sul -, vá ao Recife e siga até a Base Aérea na Av. Maria Irene, s/nº - Jordão, Recife – PE. A Fortaleza-Voadora está lá, imponente, guardando os portões da base.
Características:
Características:
Fabricante: Boeing Aircraft Company
Motores: quatro motores radiais Wright Cyclone GR 1820-97, de 09 cilindros, refrigerados a ar, com turbo-supercompressores Moss-General Electric, com potência unitária de 1.200HP na decolagem, impulsionando hélices tripás
Envergadura: 31,62m
Comprimento: 22,65m
Altura: 5,81m
Peso: Vazio - 16.345kg
Máximo - 25.129kg
Velocidade: 499km/h a 7.620m
Teto de Serviço: 10.668m
Alcance: 4.020 km
Armamento: Nenhum (versão de busca e salvamento)
Tripulação: 9
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é o avião dos sonhos de muitos
ResponderExcluirMuitos sonhos...saudades
ResponderExcluirMuitos sonhos...saudades
ResponderExcluirMuitos sonhos...saudades
ResponderExcluirBeleza....máquinas de sonhos
ResponderExcluirPresentemente estudando a História da Escola de Especialistas de Aeronáutica vejo-me na contingência de estudar mais a fundo a História da Nossa Força Aérea e foi com grata alegria que econtrei este Blog.
ResponderExcluirCom meus parabéns e meu respeito a Carlos Daróz pelo texto a um tempo profundo e didático, ilustrado com magníficas fotos e riquíssima informação sobre ainda mais fontes bibliográficas para pesquisa sou,
Aluno 77-1183 - CURVÊLO - Turma 171 - Branca - 13/07/79 - Q AT RA MR (Eletrônica)
Coordenador do Grupo dos Veteranos Especialistas
https://www.facebook.com/groups/veteranoseear/
Três exercícios de lançamento de bote salva-vidas pela B 17, fotografados por um NA não lograram êxito, apenas no 4º o lançamento foi perfeito. O restante do comentário infelizmente foi cortado...O salvamento se aperfeiçoou para sempre! A grafia do meu nome é Déa Novaes.
ResponderExcluirBom dia. Alguém sabe me dizer se esse avião ainda encontra-se em Recife?
ResponderExcluirSom...ainda no portão da Base Aérea do Recife...nos Guararapes.
ExcluirEu sou de Recife esse b17 sempre vai ter lá
ExcluirSim meu amigo ele nunca vai sair de lá
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