O Museu do Combatente, mantido em Lisboa pela Liga dos Combatentes de Portugal, é uma parada obrigatória para os que se dedicam ao estudo da história militar, especialmente nos temas ligados à Grande Guerra e à Guerra de Ultramar. O editor do Blog Carlos Daroz-História Militar visitou o museu.
Aproveitando nossa ida a Lisboa, para cumprir agenda acadêmica junto
ao Instituto Universitário Militar, realizamos um estudo e pesquisa
no Museu do Combatente, organizado e mantido pela Liga dos Combatentes de
Portugal.
A Liga foi criada em 1923, com o nome de Liga dos Combatentes da
Grande Guerra, para congregar os ex-combatentes da 1ª Guerra Mundial que
pertenceram ao Corpo Expedicionário Português (CEP).
Posteriormente, passou a ser aberta todos os ex-combatentes portugueses,
alterando a sua designação para Liga dos Combatentes.
Liga dos Combatentes de Portugal
O Museu do Combatente, mantido pela Liga, encontra-se instalado no
Forte do Bom Sucesso, à beira do Rio Tejo e junto à Torre de Belém, adjacente ao
Monumento aos Combatentes do Ultramar.
O Forte de Bom Sucesso é uma fortificação concebido pelo General
Vallerée. Sua construção teve início em 1780, com o objetivo de reforçar a
Defesa do porto de Lisboa. Em 1808, durante a ocupação de Lisboa pelas forças
francesas comandadas pelo Marechal Junot, o Forte foi ligado à Torre de Belém
por uma Bateria corrida, conhecida como “Bateria Nova do Bom Sucesso ou o
flanco esquerdo”, armada com 47 Peças e 10 Morteiros.
A fachada do Forte do Bom Sucesso, que hoje abriga o Museu do Combatente
Em 1815 foi construída a
“Bateria do flanco direito”. Depois de um período em que a fortaleza permaneceu
abandonada (entre 1836 e 1879), em 1870, no reinado de D. Luís I, iniciou-se a
reconstrução de uma nova Bateria no local do antigo Forte do Bom Sucesso. Em
1876, construiu-se a plataforma das peças e paióis e, em 1881 foi transformada
em Bateria de Artilharia de Costa, sob o comando do capitão Jacinto Parreira.
Durante as campanhas do Ultramar, foi sede da Chefia do Serviço Postal Militar
e, após abril de 1974, recebeu o Comando do Agrupamento Militar de Intervenção
e a Associação 25 de Abril. De julho de
1986 a 1992 passou a sediar o Comando da Brigada de Forças Especiais, e, em 13
de Janeiro de 1999, foi oficialmente entregue à Liga dos Combatentes. O museu
foi, então, organizado e, em 2003, aberto ao público.
O espaço museológico tem como principal objetivo a significação dos
feitos militares portugueses, constituindo um polo de divulgação da História de
Portugal, que evidencia três épocas do século XX: 1ª Guerra Mundial, Campanhas
do Ultramar e Missões de Paz.
A seguir, algumas peças pertencentes ao acervo do museu:
Viatura blindada BRDM-2, de fabricação soviética
Mina naval de contato AZ
Carro de combate leve M-5A1
Nariz da aeronave de ataque Fiat G-91
Macacão e equipamento de voo de piloto da Força Aérea portuguesa
O museu integra três espaços expositivos ao ar livre, com equipamentos
e acervos relativos aos ramos das Forças Armadas Portuguesas, além de
exposições temporárias diversas. Por
ocasião de nossa visita, o Museu do Combatente estava com algumas exposições temporárias
bastante interessantes:
- A Trincheira, uma recriação do ambiente no qual estavam inseridos os
soldados durante a Grande Guerra na Frente Ocidental. Com cenários bastante
realistas, com luzes, sons, texturas, manequins, uniformes e equipamentos, a
exposição dava uma experiência sensorial de como era a vida miserável dos
soldados nas duras condições das trincheiras.
Exposição A trincheira: experiência sensorial sobre o cotidiano dos soldados na Grande Guerra
Junto a manequim com uniforme original do Corpo Expedicionário português
- A Grande Guerra ao vivo, trazendo a participação de Portugal na
Grande Guerra, com a apresentação de uma bem elaborada linha do tempo,
iconografia, armas e materiais empregados pelo CEP no conflito.
Armas e equipamentos utilizados pelo CEP na Grande Guerra
Linha do tempo: Portugal na Grande Guerra
O editor do Blog Carlos Daroz-História Militar rememorando, junto com o Museu do Combatente, o centenário da Grande Guerra e a partricipação do Corpo Expedicionário Português
Além dos acervos, destaca-se o Monumento aos Combatentes de Ultramar,
construído em homenagem a todos aqueles que tombaram ao serviço da Pátria,
durante a Guerra do Ultramar (1961 a 1974).
A homenagem a todos que morreram por Portugal, é feita através das lápides colocadas na própria parede do Forte em que, a par das lápides nominativas, elaboradas, segundo as listas oficiais por anos e por ordem alfabética, existem duas lápides com o escudo nacional em que, na primeira, se faz referência a todos os combatentes envolvendo mesmo aqueles que, eventualmente, não constem nominalmente das lápides já referidas e na segunda, lhes é prestada a homenagem de Portugal. A frieza da geometria do Monumento é quebrada pela "chama da Pátria" que, ao manter-se sempre acesa, simboliza a perenidade de Portugal e a sua continuidade.
Monumento em homenagem aos combatentes do Ultramar
A homenagem a todos que morreram por Portugal, é feita através das lápides colocadas na própria parede do Forte em que, a par das lápides nominativas, elaboradas, segundo as listas oficiais por anos e por ordem alfabética, existem duas lápides com o escudo nacional em que, na primeira, se faz referência a todos os combatentes envolvendo mesmo aqueles que, eventualmente, não constem nominalmente das lápides já referidas e na segunda, lhes é prestada a homenagem de Portugal. A frieza da geometria do Monumento é quebrada pela "chama da Pátria" que, ao manter-se sempre acesa, simboliza a perenidade de Portugal e a sua continuidade.
Em resumo, vale muito a pena uma visita ao Museu do Combatente, tanto
pelo simbolismo, como pelo cuidado com o acervo e pela riqueza material e
imaterial presente.
Museu do Combatente
Endereço: Forte do Bom Sucesso, 1400-038 Lisboa
Horário de visitação: 10:00h- 16:00h
Ingresso: 4€
.
Só uma pequena correção. O blindado em questão não é o BRDM-2 e sim um Chaimite V-100,uma versão do Cadillac Gage Commando V-100 americano fabricado sob licença em Portugal. Foi utilizado lá pelo Exército,Fuzileiros,Força Aérea participando das Guerras Coloniais (Ultramar) Revolução dos Cravos em 1974,Guerra da Bósnia com as Forças de Paz Portuguesas e no início da Guerra Contra o Terror no Afeganistão. Atualmente foi substituído pelo Iveco LMV.
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