Por José Gonçalves do Nascimento
O Withworth 32 era uma geringonça de 1,7 tonelada, que precisava de 20
juntas de bois para ser puxado. Os sertanejos apelidaram-no de
"matadeira". A condução dessa poderosa máquina de guerra até os
sertões da Bahia afigurou-se um erro de estratégia dos militares, visto
tratar-se a mesma de uma peça excessivamente pesada e, por conseguinte,
imprópria para regiões acidentadas, como aquela em que tinha curso o conflito
armado entre o Exército Brasileiro e os adeptos de
Antônio Conselheiro. Tratava-se de um artefato de uso da Marinha do Brasil, que
acabou incluído no rol de armamentos destinados à guerra de Canudos.
O Withworth 32 era um canhão pesado, pouco adequado para ações no terreno acidentado do sertão
Sobre ele escreveu Euclydes da Cunha:
“...A pesada máquina, feita para a quietude das fortalezas costeiras - era o
entupimento dos caminhos, a redução da marcha, a perturbação das viaturas, um
trambolho a qualquer deslocação vertiginosa de manobras”. E arremata: “Era
preciso, porém, assustar os sertões com o monstruoso espantalho de aço”
(
CUNHA, Euclydes da. Os Sertões, 1ª edição. Rio de Janeiro: Laemmert & C.
Editores, 1902, p. 391).
“Era dificílimo acertar o alvo com esse
canhão. A balística exigia cálculos a cada tiro, havia mais de um engenheiro
para cada canhão”, afirma o escritor Godofredo de Oliveira Neto, sobrinho neto
do general Mesquita, oficial na guerra de Canudos. No dia 29 de junho (1897),
durante intenso canhoneio, o Withworth 32 sofreu uma explosão, provocando a
morte de dois oficiais do exército: o médico Alfredo Gama e o 2º tenente Odilon
Coriolano. A peça estava posicionada no Alto da Favela, de onde tentava
bombardear o povoado de Canudos. Alguns historiadores acham que a explosão se
deveu a uma sabotagem dos canudenses, que se infiltraram nas tropas da quarta
expedição, usando uniformes militares.
Certa feita, Antônio Pajeú e Joaquim Macambira Filho formaram um grupo, junto com outros 10 combatentes, para atacar o canhão. Todos foram mortos nesta heroica tentativa. Apenas um conseguiu escapar para contar a história (No hino da artilharia brasileira há uma referência a este fato). Abandonado pelas tropas no final da guerra, o Withowort 32 receberia, anos mais tarde, os cuidados do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), sendo posto em imponente pedestal. Em 1940 recebeu a visita do presidente Getúlio Vargas, que cumpria agenda política na Canudos pós-conselheirista.
Certa feita, Antônio Pajeú e Joaquim Macambira Filho formaram um grupo, junto com outros 10 combatentes, para atacar o canhão. Todos foram mortos nesta heroica tentativa. Apenas um conseguiu escapar para contar a história (No hino da artilharia brasileira há uma referência a este fato). Abandonado pelas tropas no final da guerra, o Withowort 32 receberia, anos mais tarde, os cuidados do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra a Seca), sendo posto em imponente pedestal. Em 1940 recebeu a visita do presidente Getúlio Vargas, que cumpria agenda política na Canudos pós-conselheirista.
Muito desgastada pela exposição ao tempo, a "Matadeira" repousa em Monte Santo
Com a construção do açude do Cocorobó, nos
anos sessenta, foi transportado para Salvador, ficando exposto no Museu do
Unhão. Em 1983, foi removido para a cidade de Monte Santo, onde permanece até
hoje. Ali, ele divide espaço com mais dois monumentos: a estátua do Conselheiro
e o busto do Marechal Bittencourt.
Fonte: Jornal do Sertanejo
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Tem uma foto de um canhão no Museu do Exército, no Rio de Janeiro, que dizem ser da "Matadeira", mas é completamente diferente do canhão da foto acima, que está em Monte Santo. Você pode explicar qual, realmente, é o canhão chamado "A Matadeira", da Guerra de Canudos?
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