"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 28 de junho de 2010

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - CAPITÃO-MOR BENTO MACIEL PARENTE

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* ??/??/1567 – Caminha, Portugal

+ ??/02/1642 – Recife, Pernambuco


Bento Maciel Parente foi veterano das guerras da Paraíba e do Rio Grande, onde participou da construção do Forte de São Filipe e da Fortaleza dos Reis Magos. Participou da Campanha do Salitre, sendo enviado ao interior da Bahia, 80 léguas sertão adentro. Em 1609, serviu como Capitão de Entradas e Descobrimentos em São Vicente, no Maranhão e no Pará.

Durante o período da União Ibérica, Bento Maciel Parente fez parte da vitoriosa campanha de Alexandre de Moura, participando de expedição que partiu da Capitania de Pernambuco, com a finalidade de expulsar os franceses do Maranhão, e realizando brilhante campanha, que obrigou o invasor a capitular no dia 1º de novembro de 1615.

Com a ascensão de Jerônimo de Albuquerque ao governo do Estado do Maranhão, em janeiro de 1616, foi nomeado Capitão de Entradas. Durante esta década, explorou os rios que desembocam na baía de São Marcos, ao sul de São Luís: o rio Mearim e o rio Pindaré. Seguindo os exemplos e processos dos bandeirantes, construiu o Forte da Vera Cruz do Itapecuru.


Atuação como Capitão de Entradas na Amazônia

A construção do Forte do Presépio e a fundação da cidade de Santa Maria de Belém, por Francisco Caldeira Castelo Branco em 1616, constituíram-se nos pontos de apoio de que Pedro Teixeira e Bento Maciel Parente necessitavam para dar combate aos holandeses e ingleses invasores nos anos que se seguiram.

Bento Maciel Parente foi um dos eleitores das primeiras eleições para Câmara Municipal de São Luís, em 1619, quando chegaram ao Maranhão os primeiros açorianos. Em julho de 1621, o rei de Portugal nomeou-o Capitão-Mor do Grão-Pará. Durante o seu governo, Bento Maciel fortificou o Forte do Presépio e ordenou uma investida contra os invasores holandeses, com objetivo de expulsá-los da colônia.

Em maio 1623, junto com Luís Aranha de Vasconcelos, Aires de Souza Chichorro e Salvador de Melo, conquistou dos holandeses os pontos fortificados de Muturu e Mariocai, próximo á foz do rio Xingu, também chamado de Paranaíba, fundando, no lugar do Forte de Mariocai, o Forte de Santo Antônio de Gurupá e fazendo dele a base de apoio para as suas arrancadas, expulsando nos anos seguintes os holandeses do Baixo Xingu e do rio Tapajós.

A ação realizada no Forte de Mariocai foi um grande feito. Liderando cerca de 70 soldados e aproximadamente mil índios em canoas nativas, o Capitão-Mor do Pará investiu contra os invasores holandeses. Buscando ludibriar a guarnição holandesa, Parente manobrou rumo ao Forte de Orange, na parte leste do Baixo Xingu, provocando a debandada dos invasores que fugiram em direção à selva. A vitória portuguesa na sobre as forças holandesas foi alcançada no Forte de Nassau, 67 km acima do Xingu, uma vez que a fortaleza capitulou sem luta.

Em 1625, Bento Maciel Parente foi responsável pela criação do Escudo das Armas e da bandeira da cidade de Belém, com provimento de D. Luis de Souza. A idéia era colocar o escudo no Forte do Castelo, simbolizando a coragem, a tradição e o pioneirismo dos portugueses. O governador recebeu auxílio de Pedro Teixeira, Aires de Souza Chichorro e Francisco Baião de Abreu.


Combate aos holandeses no Nordeste

Em 1630, a capitania de Pernambuco foi invadida pelos holandeses. Bento Maciel foi consultado, e, logo depois, enviado para a luta. Participou de várias fases da resistência. Em 1634, em reconhecimento a seus feitos, foi elevado à condição de fidalgo.

Em 1636, com a morte de Francisco Coelho de Carvalho, governador do Estado do Maranhão, Jácome Raimundo de Noronha assumiu interinamente. Finalmente, em junho de 1637, Bento Maciel Parente foi nomeado para o posto que há muito almejava: governador o Maranhão. Durante o período em que governou o Estado, Bento Maciel continuou a repelir as várias incursões de ingleses e holandeses.

Em 1637, em reconhecimento aos seus muitos serviços, obteve a mercê do foro de Cavaleiro do hábito de Cristo e a de perpétuo Senhor e a donataria da Capitania do Cabo Norte, atual estado do Amapá, por doação de Felipe III de Portugal, com a honrosa cláusula, de que todos seus herdeiros e sucessores na Capitania se chamariam Macieis Parentes. A doação foi registrada no livro Segundo da Provedoria do Pará.

Noticiada no Maranhão a ocupação do Ceará, pelos holandeses, Bento Maciel Parente enviou tropa ao Cabo Norte, pois entendiam que, por se localizar no extremo do Amazonas, estaria vulnerável tanto aos ataques de ingleses, franceses, holandeses e, mesmo espanhóis, que poderiam vir do Peru ou Equador por rio ou por mar.

Obtendo a ciência e a evidência da ameaça holandesa, o Governador criou uma estratégia para enfrentar os invasores com os recursos que possuía. Para fazer face ao inimigo, distribuiu três frentes de ataque: uma ficaria no Forte de São Felipe, outra estaria de prontidão na Praia Grande e a última foi mandada para confirmar no Araçagi os boatos dos nativos sobre a aproximação de uma frota inimiga. Logo retornou com a notícia de que se tratavam de navios holandeses - de gente amiga, pois já era oficial a trégua ibérica com os holandeses – pelo que o Governador do Maranhão não se preocupou com as naus, homens e armas.

Em novembro de 1640, uma esquadra holandesa de 19 embarcações, mandada por João Maurício de Nassau-Siegen, que desde 1637 era governador-geral da Nova Holanda, com sede em Pernambuco, aproximou-se de São Luís. Como era do cotidiano de nações amigas, a esquadra holandesa foi acolhida com uma salva de canhões do Forte São Felipe. Os holandeses não corresponderam às boas vindas, o que ocasionou a advertência, sendo realizados novos disparos – desta vez reais – contra a frota. Os holandeses voltaram e prosseguiram para o sul da cidade, ancorando no local onde hoje é conhecido como portinho.

No encontro entre os holandeses e luso-brasileiros, o comandante da frota, Johan Cornellizon Lichthart, ratificou o Tratado de Trégua, lavrando um entendimento em "Termo", pelo qual o governador poderia continuar no seu cargo. Solicitou, ainda, um local da ilha para que sua tropa pudesse acampar até vir de Portugal a decisão definitiva do Tratado.

 
Estandarte do 51º Batalhão de Infantaria de Selva, cuja denominação histórica  homenageia o Capitão-Mor Bento Maciel Parente

 
Contudo, o batavo não cumpriu sua parte do acordo, saqueando e ocupando a cidade. O “Termo” de entendimento antes assinado pelos respectivos representantes das nações foi substituído por um novo denominado de Capitulação. Houve a substituição das bandeiras e no mastro passou a tremular a bandeira da Companhia das Índias Ocidentais holandesa.

Os holandeses intimidaram os poucos habitantes que não fugiram a prestar juramento de fidelidade aos Estados Gerais das Províncias Unidas, ao mesmo tempo em que embarcavam todas as tropas portuguesas para serem repatriadas para Portugal.

O Governador Bento Maciel Parente foi feito prisioneiro e mandado por Nassau para a Fortaleza dos Reis Magos, mas faleceu a caminho, em fevereiro de 1642.

Os holandeses ocuparam o Maranhão, não passando ao Grão-Pará. Dez meses depois, Antônio Muniz Barreiros, a partir do Itapicuru e com reforços de Pedro Maciel Parente, Capitão-mor do Grão-Pará e seu irmão, e de João Velho do Vale, comandaram um levante contra os invasores. Durante algum tempo ainda resistiram os holandeses, até que, em fevereiro de 1644, partiram, deixando a cidade em destroços.


Homenagem do Exército Brasileiro

Como justa homenagem pela audácia destemperada, pela coragem e pela sua infatigável energia, contribuindo para que o domínio português se firmasse, defendendo a Colônia contra agressões externas, ao mesmo tempo em que estendia para o interior a conquista e exploração do Brasil que hoje temos, o Comandante do Exército concedeu a denominação histórica de Batalhão Capitão-Mor Bento Maciel Parente ao 51º Batalhão de Infantaria de Selva, com sede em Altamira, no Estado do Pará.

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