"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quinta-feira, 6 de agosto de 2009

INVASÕES MONGÓIS DA EUROPA (1241-1277)




As invasões mongóis prosseguiram durante o século XIII e resultaram na expansão do Império Mongol cobrindo a maior parte da Ásia e da Europa Central.



Após devastarem e conquistarem a Rússia, o próximo alvo das hordas mongóis de Batu Khan e Subedei foi a Europa Central, mais precisamente Polônia, Hungria e Romênia. Estes eventos ficaram conhecidos como as invasões mongóis da Europa. Alguns historiadores discutem se a campanha mongol do Leste Europeu teve alguma importância macro-histórica.

Grande parte dos historiadores militares considera que tais ataques foram essencialmente advertências, objetivando enfraquecer os poderes ocidentais de forma a não atrapalhar os interesses mongóis no oriente, principalmente na Rússia. Diversas evidências, no entanto, indicam que Batu Khan estava preocupado em assegurar as fronteiras ocidentais das conquistas russas, e só depois da destruição dos exércitos locais que passou a pensar em conquistar toda a Europa.


A invasão da Europa

O ataque à Europa foi planejado e conduzida por Subadei, no qual alcançou sua vitória mais importante. Após devastar os vários principados russos, Subadei enviou espiões para Polônia, Hungria e até a Áustria, preparando um ataque ao coração da Europa. Tendo uma noção clara dos reinos europeus, ele brilhantemente preparou um ataque teoricamente comandado por Batu Khan e outros dois príncipes de sangue. Batu era o líder supremo, porém no campo Subedei era o comandante, assim como foi nas campanhas na Rússia e na Ucrânia. Os ataques à Polônia e Romênia serviram para distrair os reinos vizinhos da Hungria, impedindo-os de ajudarem os húngaros e assim arruinarem seus planos para a Europa Central. O verdadeiro objetivo dos mongóis era a Hungria, que possuía uma área de estepes muito fértil.



Na Europa Central os mongóis se dividiram em três grupos. Ao norte um grupo conquistou a Polônia, arrasando várias cidades do sul do país (dentre elas Sandomierz, Lublin e Cracóvia) e derrotando, em Legnica, uma força combinada de tropas germânicas e polonesas sob o comando de Henrique o Piedoso, duque da Silésia e o Grão-Mestre da Ordem Teutônica. Ao sul atravessaram os montes Cárpatos, na atual Romênia, e no centro o exército principal atravessou o Danúbio. Os três exércitos reagruparam-se e devastaram a Hungria em 1241, vencendo em 11 de abril os exércitos húngaros.

Os exércitos alcançaram as planícies húngaras no verão e na primavera de 1242 retomaram seu ímpeto e estendeu seu controle até a Áustria e Dalmácia assim como atacando Boêmia.

O exército novamente reunificado então se retirou do rio Sajo, onde infligiu uma vitória decisiva sobre o rei Bela IV da Hungria na batalha de Mohi. Subadei comandou pessoalmente as ações e esta foi, sem dúvida, uma de suas maiores vitórias, se não a maior.
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Soldado de cavalaria húngaro


A Batalha de Mohi

O rei da Hungria convocou um conselho de guerra em Gran (Esztergom), um grande e importante assentamento acima do rio de Buda e Pest. Batu Khan avançava sobre a Hungria vindo do nordeste e ficou decidido pelo próprio rei que suas forças se concentrariam em Pest e posteriormente se dirigiram ao norte para enfrentar o exército mongol. Quando as notícias da estratégia de batalha húngara chegaram aos ouvidos dos comandantes mongóis, estes lentamente se retiraram arrastando os seus inimigos. Esta era a estratégia mongol clássica, aperfeiçoada por Subadei. Ele preparou o campo de batalha e esperou. Era uma forte posição, pois a vegetação impedia que suas fileiras fossem claramente rastreadas ou vistas, enquanto que ao longo do rio, na planície de Mohi, o exército húngaro encontrava-se completamente exposto.

Então na noite de 10 de abril de 1241 Subadei lançou a batalha de Mohi, apenas um dia antes de o exército menor na Polônia vencer a batalha de Legnica. Em Mohi uma divisão cruzou o rio em segredo para avançar no campo húngaro pelo flanco sul. O corpo principal começou a cruzar o Sajo pela ponte em Mohi. Após enfrentar forte resistência, foram utilizadas catapultas para limpar a margem oposta. Quando a travessia foi completada, o outro contingente atacou ao mesmo tempo. O resultado foi o pânico e, para impedir que os húngaros não lutassem desesperadamente até o último homem, os mongóis deixaram uma brecha óbvia no seu cerco.

Como Subadei planejou, os húngaros em fuga se retiraram pela brecha deixada deliberadamente e foram canalizados para uma área pantanosa. Quando os cavaleiros húngaros se dividiram, os arqueiros ligeiros mongóis dispararam à vontade, resultando em grande matança no espaço de dois dias. Dois arcebispos e três bispos foram mortos no Sajo, somados a 40.000 homens do exército, o orgulho da Hungria.


Soldado mongol

No final de 1241 Subadei estava discutindo planos para invadir Áustria, Itália e os estados germânicos, quando chegaram notícias da morte de Ogadei. Como resultado os mongóis tiveram de se retirar, já que Subadei foi chamado à Mongólia. Depois disso os exércitos mongóis nunca mais avançaram tão a oeste, concentrando-se mais na conquista da China.


Ataques posteriores

Depois do grande grande ataque de 1241, os mongóis ainda promoveram algumas incursões em pequena escala contra reinos vizinhos da Europa Central e Oriental. Em 1259, sob a liderança de Burundai e Nogai Khan, foi realizado um novo ataque à Lituânia e à Polônia que, tal como o primeiro, foi bem-sucedido. Com um exército de 20.000 soldados, os mongóis saquearam Lublin, Zawichost, Sieradz, Sandomierz, Cracóvia e Bytom, arrebanhando expressivo butim para financiar a guerra de Berke contra Hulagu.

Ainda um terceiro ataque mongol ocorreu em 1287. De início foi bem-sucedido, porém fracassou em tomar Cracóvia. Em 1265 houve um reide bem sucedido contra a Trácia, e, como resultado, o Imperador bizantino Miguel VIII Paleólogo deu sua filha Euphrosyne em casamento a Nogai. Na Hungria ainda houve uma segunda tentativa de invasão mongol em 1285, liderada por Nogai Khan. Após atacar com sucesso a Transilvânia, pilhando cidades como Brasov, Reghin, Bistrita e Arad, a força invasora foi detida próxima à Pest pelo exército do rei Ladislau IV da Hungria e emboscado pelos Szekély no retorno.

A Bulgária foi alvo de investidas mongóis em 1271, 1274, 1280 e 1285, e a Lituânia sofreu novos ataques em 1275 e 1277.


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