"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 10 de abril de 2019

AS DEFESAS DE SALVADOR NÃO CONSEGUEM IMPEDIR A INVASÃO DOS HOLANDESES

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Em 1623, o sistema defensivo de Salvador baseava-se nas defesas marítimas, que protegiam a cidade contra ataques vindos do mar, e nas defesas continentais, com o objetivo de impedir ações procedentes do continente.

A primeira providência defensiva foi realizada por Tomé de Sousa, logo após a instalação da vila de São Salvador, consistindo em um muro de taipa e um fosso, que protegiam a localidade de ataques terrestres, particularmente os realizados por indígenas hostis aos colonizadores portugueses. O muro foi ampliado e reforçado por outros governadores, que construíram também portas de acesso à cidade: a de São Bento, ao sul, e a do Carmo, no limite norte.

O dispositivo de defesa contra ataques marítimos era um pouco mais sofisticado, embora precário. O governador-geral D. Manuel Teles Barreto, que exerceu seu mandato entre 1582 e 1587, iniciou as obras de construção de três fortificações que dominavam a enseada na qual estava instalada a vila de São Salvador, os fortes da Ribeira, ao centro do dispositivo; de Montserrat, ao norte, e de Santo Antônio da Barra, localizado ao sul. Posteriormente, como consequência das incursões holandesas no Recôncavo, o governador D. Francisco de Souza procurou dar mais segurança à vila erigindo os fortins de Santo Alberto (posteriormente conhecido como Forte Lagartixa), São Francisco e São Tiago d´água dos Meninos.

Planta do Forte de Santo Alberto


Ciente das deficiências defensivas da cidade, o governador D. Diogo Botelho escreveu ao rei Filipe IV, em 1609, relatando as dificuldades existentes:

"No que toca aos fortes desta Bahia bem se lhe pudera escusar este nome, pois tudo tem de contrário; só o [os] forte [fortes] de Tapagipe [Montserrat] e Santo Antônio têm guarnição, os outros chamados fortes nem a têm nem pera que nem em que a ter, pelo que não tive que fazer neles sem necessidade; o [os] de Santo Antônio e Tapagipe só têm guarnição como V. Mag. [Vossa Majestade] de verá nas listas que hão de ir e o que tem hoje de soldados de praças é o menos que podem ter e nem esses têm onde se agasalhar, sendo seis ou sete."

Com efeito, no sentido de melhorar a capacidade defensiva, D. Diogo Botelho começou a construir, em um pequeno banco de arrecifes a cerca de 300 metros da costa, um reduto denominado Forte da Lagem (Laje), posteriormente nomeado Forte do Mar. A fortificação, ficou pronta em 1623, apenas um ano antes da invasão holandesa, e localizava-se em uma posição estratégica que dominava a entrada do porto. Em razão de sua excelente posição e artilhado com dez canhões de bronze, o Forte do Mar era a principal fortificação defensiva do Recôncavo. Mas, apesar de existirem em boa quantidade, as fortificações não podiam defender adequadamente a cidade, pois a grande distância entre eles impossibilitava o apoio mútuo e o cruzamento dos fogos de seus canhões.

Esboço mostrando o Forte do Mar

Outro problema técnico impedia o estabelecimento de uma defesa mais adequada: a barra da Baía de Todos os Santos não podia ser totalmente fechada, pois os canhões existentes na época não possuíam alcance para tal.

Iconografia mostrando a invasão holandesa a salvador. Podem ser vistos o Forte de Santo Alberto e o Forte do Mar.


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A GUERRA DO AÇÚCAR: AS INVASÕES HOLANDESAS NO BRASIL

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