Transcrição da excelente página do FB Canudos: uma guerra nordestina
Com o fracasso da primeira expedição, o governo da Bahia lança a segunda com o dobro de soldados da anterior, agora com a artilharia. Chegam a Queimadas no dia 26 de novembro de 1896. Com a ansiedade do comandante Febrônio de Brito, por mais que Sólon (General comandante do terceiro distrito militar, em Salvador, da primeira expedição militar contra Canudos. Com a preparação da segunda, sai de seu posto por conta de desavença com o governador Luís Viana. Era sogro de Euclides da Cunha) pede a espera de mais homens, marcham para Monte Santo no dia 7 de dezembro. Com a chegada de reforços, essa expedição ficou composta por mais de 250 soldados, dois médicos, duas metralhadoras Nordenfelt e dois canhões Krupp.
No dia 18 de Janeiro de 1897, a expedição entra em combate e tomam as formidáveis serras do Cambaio, que foram usadas como meio de defesa para os defensores canudenses. O combate, segundo o comandante Febrônio de Brito, durou das 10 horas da manhã e só terminou às 3 horas da tarde. Usaram canhões e metralhadoras.
Tristão de Alencar Araripe explica como foi o combate: “a força moveu-se, sob o fogo certeiro dos jagunços, embora custosamente. A artilharia irrompeu fogo às 10 horas, secundada pela infantaria. O combate durou, ininterrupto e renhido, cerca de cinco horas. À uma hora da tarde, os fanáticos ainda não tinham cedido um passo sequer. O major Febrônio reuniu, então, todos os oficiais e dividiu a coluna para o assalto. Este foi executado com êxito e os jagunços foram desalojados das posições ao longo da estrada.”.
Houve algumas mortes e 20 feridos, não se sabe o número exato das baixas dos canudenses.
No dia 19, perto de Canudos, uma força canudense ataca o acampamento da força expedicionária às 7 horas da manhã, como explica o mesmo autor:
“(...) no momento em que a força legal se movia de Tabuleirinho para empreender o ataque a Canudos, foi impiedosamente envolvida por enorme massa de jagunços. (...). A surpresa provocou a natural indecisão, mas a ordem foi mantida e a reação foi pronta e energética. Não chegou haver desordem e pânico. Submetida ao ataque de frente, dos flancos e da retaguarda, a tropa, sob a impulsão de seu valoroso comandante e demais oficiais, formou o clássico quadrado e, a pulso, colocou os seus canhões em posição.
A pronta decisão permitiu que se fizesse frente aos primeiros ímpetos dos jagunços.
Estes batiam-se com excepcional bravura e denodo. Atacavam sem temor da cerrada fuzilaria e dois tiros de metralha. Muitos chegavam a morrer abraçados aos canhões. Narram os legais que ficaram logo prostrados cerca de 700 cadáveres de jagunços, e das tropas legais só havia seis mortos e mais de 60 feridos. Difícil é acreditar na desproporção desses números. Ela significaria, caso fosse verídica, uma vitória da 2ª expedição.”
A seguir, Febrônio recuou, e ao chegar de volta para Monte Santo as tropas estavam maltrapilhas, com fome, quase nua e extenuada. Diante do seu recuo após o combate, Febrônio já previra que seria duramente criticado pela sua retirada e não ter tomado Canudos.
Mesmo contando com duas metralhadoras Nordenfelt a expedição não obteve êxito
Febrônio tenta explicar em sua Ata que seus inimigos dispunham de forças numerosas e “eram fortes pelo número e ferocidade em ação, com as vantagens do terreno, só por eles conhecido e todos armados e protegidos”; que o confronto era desgastante e parecia que não teria um fim; que desde o dia 17 de Janeiro a força não se alimentava e era continuadamente ameaçada de sede e falta de curativos para os feridos; falta de munição para a infantaria e artilharia, que havia sido deixada em Queimadas; falta de linha de comunicações; seus animais (usados como carga) eram mortos pela fome, sede e nos combates; e que atacar o arraial de Canudos podia ser inútil nas condições que a força estava depois dos terríveis confrontos.
Mas isso não justifica completamente o seu recuo. Febrônio cometeu erros e Araripe aponta suas falhas ao realizar a sua expedição:
“- ao efetivo e valor combativo do adversário;
- à necessidade de processo de combate adequado;
- aos cuidados especiais com o abastecimento de víveres, água e munições e com transportes;
- ao reconhecimento do terreno e das estradas;
- a medida de segurança especiais".
Fontes:
- MELLO, Frederico Pernambucano de. A Guerra Total de Canudos. São Paulo: A Girafa Editora, 2007. pp 122-123, 295.
- ARARIPE, Tristão de Alencar. Expedições Militares Contra Canudos – seu aspecto marcial. 2.ed. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército,1985. pp 39-45.
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