O stadthoulder João Maurício de Nassau verificou desde sua chegada ao
Brasil que a produção açucareira não progredia, principalmente, devido à
devastação das plantações e engenhos e à falta de mão-de-obra escrava,
combalidos pelos seis anos de guerra. A cadeia produtiva do açúcar
alicerçava-se, essencialmente, na mão-de-obra escrava oriunda,
principalmente, da costa ocidental da África. Com o prolongamento do
conflito, muitos escravos morreram, outros foram levados para o sul pelo
Conde de Bagnuolo e a maior parte deles fugiu, refugiando-se nas matas
de Pernambuco e formando os quilombos, dos quais o mais notável foi o de
Palmares. Diante da carência de escravos, Nassau resolveu organizar
uma expedição militar para conquistar a principal fonte de mão-de-obra
escrava para o Império Ultramarino português, o castelo de São Jorge da
Mina, mais conhecido por Elmina, localizado na Costa do Ouro africana.
A Companhia das Índias Ocidentais holandesa já possuía uma feitoria na Costa do Ouro, o Forte Nassau fundado
em 1611, próximo de Mori e não muito distante de Elmina. O comandante
da praça, Claes van Ypern, informou ao stadthoulder sobre as
deficiências da guarnição portuguesa em Elmina:
"Elmina tem
presentemente apenas uma pequena guarnição, nenhuns reforços tendo sido
recebidos nestes últimos meses. Sendo como são favoráveis aos
holandeses as tribos de negros que habitam nas imediações, uma excelente
ocasião se oferece a rendição do forte. Quem dominar Elmina tem a chave
da Costa do Ouro em suas mãos."
Mapa da África indicando a posição de Elmina
Compreendendo a boa
oportunidade, Nassau organizou uma força de 800 soldados e 400
marinheiros, em nove navios, para conquistar a feitoria portuguesa na
África. Sob o comando do coronel Johann van Köin, a expedição partiu do
Recife em 25 de julho de 1637 e, após dois meses atravessando o
Atlântico, apresentou-se diante de Elmina. Os holandeses desembarcaram
próximo ao Cabo Corso e assestaram suas baterias, iniciando o sítio.
Apesar das informações sobre a fraqueza da guarnição, os portugueses
conseguiram contra-atacar utilizando uma força de escravos negros e
provocaram muitas baixas entre os holandeses. Mas, apesar de ser bem
construído – fosso duplo e 30 peças de artilharia de bronze, o castelo
de São Jorge não resistiu aos cinco dias ininterruptos de bombardeio e
capitulou na manhã de 28 de agosto. A vitória fácil, obtida com menos
de uma semana de cerco, surpreendeu os holandeses, que esperavam uma
defesa bem mais obstinada.
O castelo de São Jorge da Mina na atualidade
O coronel Van Köin retirou-se com seus
navios uma semana depois e deixou, como força de ocupação em Elmina, um
contingente de 175 soldados, holandeses e alemães, sob as ordens do
capitão Walraeven van Malburgh, que ficou diretamente subordinado a
Nassau. A captura de Elmina atendeu à demanda de trabalhadores negros
para a Nova Holanda, havendo, entre 1636 e 1637, um aumento de 58% na
obtenção de escravos.
Conheça essa e outras histórias lendo
"A guerra do açúcar: as invasões holandesas no Brasil"
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