Os janízaros constituíram a elite do exército dos sultões otomanos. A força, criada pelo sultão Murad I, era constituída de crianças cristãs capturadas em batalha, levadas como escravas e convertidas ao Islã.
Os janízaros (do turco Yeni Tcheri, ou "Nova Força") constituíam a elite do exército dos sultões otomanos. A força foi criada pelo Sultão Murad I, por volta do ano de 1330, e era formada por crianças não muçulmanas - geralmente cristãs - capturadas em batalha, levadas como escravas e convertidas ao Islã.
Os jovens eram educados de acordo com a Lei islâmica e na língua turca, ao mesmo tempo em que aprendiam a manejar armas e eram instruídos na arte da guerra. Os jovens cresciam tendo o próprio Sultão como uma figura paterna, a quem estariam dispostos a defender até a morte, mesmo contra seu próprio povo de origem.
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A justificativa para a adoção de um corpo de soldados convertidos, ao invés de turcos nativos, era que os turcos deviam lealdade ao seu povo e às suas famílias, e poderiam se tornar rebeldes em caso de uma ação do Sultão contra outros turcos. Já os jovens cristãos deviam lealdade apenas ao Sultão, e por ele lutariam contra qualquer inimigo que se apresentasse.
Apesar do Império Otomano ter adotado oficialmente o islamismo sunita, os janízaros eram adeptos de uma ordem chamada bektashi, em alusão ao seu criador, Hajji Bektash, que reunia elementos muçulmanos e cristãos, permitia o consumo de bebidas alcoólicas e a participação de mulheres sem véus. Quando em serviço, no entanto, eram rigorosamente disciplinados e proibidos de se casar. Os janízaros tinham o hábito de levar consigo símbolos ou citações cristãs para a batalha, com o consentimento de seus superiores.
Assim, tornou-se uma prática comum nas campanhas empreendidas pelos otomanos na Europa capturar meninos nas cidades conquistadas e levá-los para os centros de treinamento turcos. Quando não estavam em guerra, os sultões exigiam de seus estados vassalos cristãos nos Bálcãs uma remessa de jovens para compor o corpo de janízaros, prática conhecida como “imposto de sangue”.
Janízaros combatendo cavaleiros hospitalares em Rhodes, 1522
Organização
O Corpo de Janízaros era organizado em ortas, uma espécie de batalhão, comandadas pelos çorbaci. Quando reunidas todas as ortas, o Corpo era constituído sob a denominação de ocak (em tradução literal, "coração"). O Sultão Suleiman I, por exemplo, possuía 165 ortas.
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Embora o sultão fosse o comandante nominal de todo o exército otomano, inclusive dos janízaros, estes eram comandados em batalha por um oficial denominado ağa. Em combate, a organização padrão do Corpo de Janízaros era a seguinte:
- os cemaat, constituindo a força de choque principal com 101 ortas;
- os beyliks (ou beuluks), com 61 ortas, desempenhavam a tarefa de guarda pessoal do sultão
- os cemaat, constituindo a força de choque principal com 101 ortas;
- os beyliks (ou beuluks), com 61 ortas, desempenhavam a tarefa de guarda pessoal do sultão
- os sekban (ou seirnen), reunidos como reserva e contando com 34 ortas.
Além desse efetivo, o Corpo possuía 34 ortas de ajemi (cadetes), que permaneciam em constante treinamento.
Os janízaros eram normalmente promovidos por antiguidade dentro de suas próprias ortas, das quais somente podiam sair no caso de serem nomeados para o comando de outra unidade. Cada orta era identificada por um símbolo comum, como uma flor ou um peixe.
A hierarquia dos janízaros era estruturada de maneira bastante curiosa. Quando em acampamento, cada unidade se reunia em torno de um caldeirão de cobre onde seu alimento era preparado, do qual decorria uma forte simbologia com base na comida. Chamavam seus coronéis de "fazedor de sopa-chefe", oficiais-intendentes eram "cozinheiros-chefes", e assim por diante.
Além desse efetivo, o Corpo possuía 34 ortas de ajemi (cadetes), que permaneciam em constante treinamento.
Os janízaros eram normalmente promovidos por antiguidade dentro de suas próprias ortas, das quais somente podiam sair no caso de serem nomeados para o comando de outra unidade. Cada orta era identificada por um símbolo comum, como uma flor ou um peixe.
A hierarquia dos janízaros era estruturada de maneira bastante curiosa. Quando em acampamento, cada unidade se reunia em torno de um caldeirão de cobre onde seu alimento era preparado, do qual decorria uma forte simbologia com base na comida. Chamavam seus coronéis de "fazedor de sopa-chefe", oficiais-intendentes eram "cozinheiros-chefes", e assim por diante.
Os caldeirões eram conduzidos para as batalhas e, se fossem perdidos, toda a unidade era dispensada e impedida de combater. A disciplina era extremamente severa, mas o soldado janízaro somente podia ser punido por seu próprio comandante superior.
O efetivo das tropas de janízaros variou conforme a época, desde cem homens até a impressionante cifra de 200 mil soldados. De acordo com Nicolle, no século XIV havia cerca de 1.000 janízaros e, por volta de 1475, o efetivo era estimado em 6.000 soldados. No século XVIII, por sua vez, o Corpo de Janízaros compreendia mais de 113 mil homens.
Armamento e equipamento
Inicialmente, os janízaros eram especialistas no uso do arco composto, porém, tão logo as armas de fogo foram introduzidas, por volta de 1440, logo passaram a empregá-las. Por ocasião do cerco de Viena, em 1529, os engenheiros janízaros ganharam notoriedade, realizando tarefas de sapa e trabalhos de minagem. No combate aproximado empregavam sabres otomanos e machados de guerra. Em tempos de paz, os janízaros podiam portar somente uma adaga, exceto quando em serviço nas regiões fronteiriças do império, onde eram autorizados a portar armas de fogo.
Sabre utilizado pelos janízaros
No início do século XVI os janízaros utilizavam mosquetes pesados e armamento coletivo, em especial a chamada “arma de trincheira”, que disparava um projétil esférico de 80 mm e era especialmente temida por seus inimigos. Outros armamentos bastante empregados eram as granadas e os primitivos canhões portáteis. A partir da Guerra de Creta (1645-1669), os soldados começaram a utilizar pistolas para autodefesa em curtas distâncias.
Os janízaros eram muito bem equipados. Utilizavam uma armadura, por sobre a veste de combate, que lhes conferia boa proteção e mobilidade em combate. Tinham costume era raspar a cabeça, deixando um rabo de cavalo com um tufo de cabelo no topo e utilizavam um chapéu de feltro alto (Zarcolas) com o objetivo de parecerem mais altos e intimidarem seus oponentes.
Decadência
Os janízaros permaneceram por muito tempo como a elite do exército turco, entrando em batalha em momentos decisivos ou apenas como último recurso para garantir a segurança do Sultão. Ao longo de sua existência, participaram de praticamente todas as campanhas militares do Império Otomano, inclusive a tomada de Constantinopla (1453), a vitória sobre os mamelucos egípcios e as guerras contra a Hungria e a Áustria. Nessas oportunidades, demonstraram ser grandes soldados e bravos guerreiros.
No decorrer do século XIX, contudo, os janízaros entraram em franca decadência, em parte porque o recrutamento de jovens cristãos tornava-se cada vez mais difícil diante da oposição de potências igualmente fortes militarmente, como Reino Unido e França, e também devido à progressiva retração territorial do Império Otomano na Europa.
Os janízaros angariaram grande prestígio e prosperaram economicamente, o que os levou a se rebelarem algumas vezes em busca de poder no Império. Em 1807 os janízaros depuseram o Sultão Selim III, que tentava reorganizar o exército otomano segundo o modelo dos exércitos europeus, e colocaram em seu lugar Mahmud II. Em 1826, temendo ser também derrubado pelos janízaros, o Sultão Mahmud II também determinou a reorganização de seu exército nos moldes europeus, o que gerou nova rebelião dos janízaros. Mahmud II lançou, então, as demais tropas do exército contra o Corpo de Janízaros e conseguiu sufocar a revolta. Nesses combates os janízaros tiveram cerca de 4.000 baixas, seus remanescentes foram executados ou exilados e suas terras confiscadas pelo sultão. Os janízaros foram abolidos como força militar e, desde então, até o final do Império em 1922, uns poucos janízaros permaneceram como uma guarda pessoal simbólica do Sultão.
Janízaro turco da guarda pessoal do Sultão em 1914
Atualmente a banda de música do Exército Turco é a herdeira da tradição dos janízaros, apresentando-se nas cerimônias com seu uniforme e executando marchas e músicas compostas na época de sua existência.
Bibliografia
- GOODWIN, Godfrey. The Janissaries. London: Saqi Books, 2001
- GOODWIN, Jason. Lords of the Horizons: A History of the Ottoman Empire. New York: H. Holt, 1998.
- KINROSS, Patrick. The Ottoman Centuries: The Rise and Fall of the Turkish Empire. London: Perennial, 1977.
- NICOLLE, David. The Janissaries. London: Osprey Publishing, 1995.
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gostei da historia do janizaros
ResponderExcluirmuito bom vc esta de parabens
excelente texto, parabéns
ResponderExcluirPosso usar seu texto como breve descrição dos janízaros, citando fonte?
ResponderExcluirEste texto é esclarecedor. Obrigado!
ResponderExcluirExcelente texto repleto de propriedade
ResponderExcluirMuito Bom!
ResponderExcluirMuito bom!
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