Dentre os eventos programados pelo Instituto
Universitário Militar, tivemos a oportunidade de realizar uma pesquisa de campo em um sítio de
História Militar muito importante, a Linha de Torres Vedras.
Juntamente com os professores de História Militar
do Instituto Universitário Militar, coronel Leonel Martins e major Fernando Ribeiro, e com o coronel José Paulo
Berger, do Gabinete de Arqueologia da Engenharia Militar do Exército Português,
e responsável pelos trabalhos arqueológicos e de recuperação das fortificações
da linha, pude percorrer, no terreno, os sítios das defesas de Lisboa,
preparados por ocasião da Guerra Peninsular, no princípio do século XIX.
O coronel Berger encontra-se à frente de um projeto de mais de dez anos, que reúne o Exército Português e os concelhos de diversas municipalidades para preservarem os vestígios arqueológicos das Torres e preservarem a memória das defesas portuguesas contra a invasão francesa.
Mapa mostrando as Linhas de Torres Vedras
Reencenadores portugueses revisitando um dos enfrentamentos contra as tropas francesas durante a Guerra Peninsular
As Linhas de Torres eram um conjunto de
fortificações, dispostas ao longo de três linhas de defesa, que tinham como
objetivo impedir o acesso à Lisboa às forças da terceira invasão francesa. As Linhas de Torres foram mandadas construir
pelo Duque de Wellington, em outubro de 1809, com o objetivo de deter uma
terceira invasão francesa que se visualizava. Tentava-se evitar que as forças
napoleônicas chegassem a Lisboa.
Diante do fosso da Obra nº 18 - Reduto da Ajuda Grande, com seu fosso inundado pela chuva
Aspecto do reduto da Ajuda Grande, com cavalos de frisa restaurados
Na entrada do Reduto da Ajuda Grande
Nesse sentido foram construídas três linhas de
defesa com várias dezenas de quilômetros. A primeira linha estende-se de Torres
Vedras, passa pelo Sobral do Monte Agraço e termina em Alhandra. A segunda
percorre as áreas de Mafra, Montachique e Bucelas. A terceira cobre a enseada
de S. Julião das Barra.
O coronel engenheiro militar José Paulo Berguer, do Gabinete de Arqueologia da Engenharia Militar do Exército Português, e responsável pelos trabalhos arqueológicos e de recuperação das fortificações da linha, mostrando o dispositivo e a configuração defensiva do Forte da Carvalha (Obra nº 10)
Junto ao paiol de munições do Forte da Carvalha
Posição de comandamento do terreno a partir do Forte da Carvalha, sobre o vale onde se deslocavam as forças francesas.
As construções defensivas aproveitaram as
irregularidades do terreno e compreendiam linhas de trincheiras, baluartes de
artilharia, fortins e fortes. Em alguns pontos foram também abertos fossos ou
realçados acidentes naturais do terreno.
A construção deste intricado sistema de defesa
levou cerca de um ano, e Wellington esperava parar as tropas francesas antes
destas chegarem à capital ou, pelo menos, ganhar tempo para embarcar as tropas
ingleses em Lisboa.
No mirante do Forte do Alqueidão (Grande Forte - Obra nº 14), uma das posições-chave das Linhas de Torres Vedras
Estrada militar (à esquerda), construída para fazer a ligação entre os fortes e redutos.
Planta do Forte do Alqueidão
No interior do paiol do Forte do Alqueidão
Após a batalha do Buçaco, em 27 de setembro de
1810, as tropas francesas continuaram a avançar apesar da derrota. As primeiras
unidades francesas avistaram as linhas de torres em 11 de outubro e o marechal
Massena, comandante francês, percebeu que seria impossível ultrapassar o
obstáculo sem reforços.
Diante das muralhas do Forte São Vicente, em Torres Vedras, com uma guarnição de 2.000 homens e 26 bocas de fogo
Registro aqui o meu agradecimento ao coronel José Paulo Berger, do Gabinete de Arqueologia da Engenharia Militar do Exército Português, responsável pelo trabalho arqueológico e pela sensibilização das municipalidades no sentido da preservação do patrimônio histórico-militar.
Homenageando o Regimento de Engenharia nº 1, tradicional unidade de Engenharia do Exército Português, que, ao longo de mais de dez anos, vem trabalhando em prol da preservação da Linha de Torres Vedras
A equipe que realizou o trabalho de campo. Muito orgulho e convicção da importância histórica do sítio.
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