"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 11 de abril de 2018

BATALHA DE LA LYS É O MAIOR "LUTO MILITAR" PORTUGUÊS DESDE ALCÁCER QUIBIR

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Marcelo Rebelo de Sousa lembrou esta segunda-feira em França os mortos da Batalha de La Lys como "o maior luto militar desde Alcácer Quibir". No âmbito das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, o Presidente da República disse que o sacrifício não foi em vão, já que dele se fez "a glória de Portugal, a vitória da França e o futuro da Europa".


No discurso da cerimônia, Marcelo Rebelo de Sousa lembrou todos os militares portugueses que morreram na batalha, e destacou Aníbal Augusto Milhais que ficou conhecido como o Soldado Milhões.

"Foi o único soldado raso a receber até hoje a mais elevada condecoração portuguesa, a ordem militar da torre e espada, do valor lealdade e mérito, entregue em pleno campo de batalha por um corajoso chefe militar, futuro Presidente da República portuguesa, o marechal Manuel Gomes da Costa".

Foi há 100 anos que a segunda divisão do Corpo Expedicionário Português "foi dizimada em oito horas" pelo ataque do exército alemão e que se viveu "o maior luto militar desde Alcácer Quibir, em 1578", referiu ainda o Presidente português.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, participa de cerimônia no cemitério militar de Richebourg

Marcelo Rebelo de Sousa discursou na presença do Presidente francês, Emmanuel Macron, e do primeiro ministro António Costa, no cemitério militar de Richebourg. O chefe de Estado português destacou que os soldados lutaram por Portugal mas também pela França e por valores como a democracia, a justiça na Europa e no mundo.

"Daqui vem a nossa eterna fraternidade, sem saberem lutaram e lutaram para um futuro diferente para Portugal, para  a França, para a nossa amizade inabalável e pela própria Europa, pois eles lutavam pela paz. Essa mesma paz que nos une na Europa também contra o terrorismo sem Estado mas também contra o terrorismo de Estado".

E acrescentou: "Devemos aprender as lições deste inferno europeu. Construamos juntos uma outra Europa, Uma Europa da liberdade, da igualdade, da fraternidade, dos povos, sem fronteiras, sem ódios, sem exclusões nem intolerância. Afirmamos no mundo os valores humanistas e verdadeiramente reformistas e progressistas".

Marcelo Rebelo de Sousa e Emmanuel Macron presidiram, no cemitério militar de Richebourg, ao ponto alto das celebrações do centenário da Batalha de La Lys, que foi uma das mais mortíferas da história militar portuguesa.


“Amizade entre Portugal e França é profunda e solidária”

Também o Presidente francês, Emmanuel Macron, destacou que "a amizade entre Portugal e França é uma amizade profunda e solidária, cimentada por milhares de portugueses e franceses de origem portuguesa, cimentada pelo sangue vertido pelos que aqui vieram defender a nossa liberdade”.

Soldados portugueses na França em 1918

Macron lembrou que no Cemitério Militar Português de Richebourg "estão perto de dois mil soldados portugueses" que lutaram numa "guerra absurda e tão dolorosamente fratricida". O cemitério é "um símbolo de amizade e solidariedade europeia e não de rancor nacionalista".

O Presidente francês manifestou ainda o desejo de que "nunca mais os povos e nações da Europa tenham de se defrontar, num momento em que a Europa duvida de si. O futuro deve ser partilhado", já que é um dever para "a história, os mortos e a juventude", concluiu o chefe de Estado francês.

Antes dos discursos, tiveram lugar as honras militares, ouviram-se os hinos francês e português cantados por um grupo de 80 crianças e foi descerrada uma placa evocativa do centenário da Batalha de La Lys pelos dois chefes de Estado.

No programa está ainda prevista a visita a uma exposição de Aurore Rouffelaers, bisneta do soldado português João Assunção, que esteve nas trincheiras. Uma mostra baseada em depoimentos de descendentes. 

Esta tarde tarde, o Presidente da República e o primeiro-ministro António Costa visitam a igreja da cidade de La Cuture, onde está exposto o "Cristo das Trincheiras" e um fresco sobre a Batalha de La Lys, e prestam homenagem aos militares no monumento aos portugueses mortos na Primeira Guerra Mundial.

Fonte: RTP


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