"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 26 de setembro de 2012

CHURCHILL SALVOU MILHARES DE CAVALOS APÓS A 1ª GUERRA MUNDIAL

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No final da 1ª Guerra Mundial, Winston Churchill envolveu-se pessoalmente no regresso de milhares de cavalos utilizados durante o conflito e que estavam espalhados por toda a Europa. 
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Documentos históricos recentemente descobertos pelo jornal britânico The Mail on Sunday revelam milhares desses cavalos que serviram o exército inglês deveram a sua vida à compaixão do então Secretário de Estado da Guerra.

Oficiais do Regimento Scots Greys com seus cavalos na França em 1918.  Todos os exércitos empenhados no conflito dependiam grandemente dos cavalos

As chefias militares britânicas dependeram bastante da cavalaria para transportar homens, artilharia e alimentos, tendo gasto mais de 36 milhões de libras (equivalente a 43,1 milhões de euros) durante o conflito para comprar 1,1 milhões de cavalos no Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.

Documentos do Ministério da Guerra, encontrados no Arquivo Nacional em Kew, revelam que dezenas de milhares de animais estavam em risco de contrair doenças ou de morrerem de fome ou nas mãos de açougueiros franceses e belgas, porque as entidades oficiais não conseguiam levá-los de volta para a Grã-Bretanha.

Winston Churchill durante a 1ª Guerra Mundial


Churchill, na época com 44 anos, reagiu com fúria quando teve conhecimento do tipo de tratamento que seria dado aos cavalos e encarregou-se pessoalmente do assunto depois do fim das hostilidades.  Enviou um ofício para a sua própria Secretaria de Estado da Guerra e para o Ministério dos Transportes. Foram enviados mais navios de transporte e, em apenas uma semana, foram repatriados 21 mil cavalos.

Terry Charman, historiador do Imperial War Museum, explicou ao mesmo jornal que Winston Churchill era um amante de animais e que as suas diligências se deveram, exclusivamente, devido às suas preocupações com o bem-estar dos animais.


Fonte: JN

terça-feira, 18 de setembro de 2012

IMAGEM DO DIA - 18/09/2012

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Canhão 75mm do 4º Regimento de Artilharia Montada, unidade constitucionalista, em posição nas montanhas da Frente Mineira, durante a Revolução de 1932.




DINAMARCA LIMPA O ÚLTIMO CAMPO MINADO DA 2ª GUERRA MUNDIAL






As autoridades da Dinamarca anunciaram a limpeza definitiva do último campo minado da 2ª Guerra Mundial em seu território, que se situava na península de Skallingen, litoral oeste do país.

Com a iniciativa, a Dinamarca se transforma no vigésimo Estado Parte do Convenção sobre a Proibição de Minas Antipessoal, ou Convenção de Ottawa, a cumprir as obrigações de desarmamento das minas.

A cerimônia foi conduzida pelo ministro dos Transportes dinamarquês, Henrik Dam Kristensen, que detonou pessoalmente os últimos dispositivos perigosos encontrados durante a operação de limpeza do terreno.

"A Península de Skallingen tem uma paisagem em transformação, e as minas antipessoal foram instaladas em uma região de dunas móveis e em praias onde o deslocamento da areia mudou significativamente a localização dos dispositivos com a passagem do tempo", detalhou o ministro, em comunicado.

Kristensen acrescentou que "além disso, devido a seu valor ambiental, Skallingen é uma área protegida. Foi preciso realizar uma avaliação ambiental exaustiva, e as operações de desminagem tiveram que cumprir restrições sobre o uso de veículos e explosivos, a fim de evitar perturbar colônias de criação de aves raras ou em extinção”.

Mina antiga sendo detonada na Dinamarca 


Estima-se que durante a 2ª Guerra Mundial tenha sido instalado 1,4 milhão de minas na Dinamarca, e que a maior parte delasa tenha sido retirada entre 1945 e 1947.

Quando o país assinou a Convenção, em 1997, calculava-se que ainda existissem cerca de 300 hectares contaminados e de alta periculosidade para a população nessa península.

Pesquisas e revisões dos antigos mapas de campos minados reduziram essa área a 186 hectares, divididos, por sua vez, em três áres, das quais duas foram limpas entre 2005 e 2008, o que permitiu a restituição de 66 hectares do solo.

A desminagem da última área levou dois anos, entre julho de 2010 e junho de 2012, livrando os últimos 120 hectares das minas terrestres. 


Fonte: Terra


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sexta-feira, 14 de setembro de 2012

LANÇAMENTO DO LIVRO "SOLDADOS QUE VIERAM DE LONGE" NO RECIFE

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ARMAS – FUZIL BAKER, O MATADOR DE GENERAIS

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Os estados germânicos eram especialmente eficientes na elaboração de tecnologias e táticas de emprego de fuzis.  Pequenas unidades de caçadores prussianos (Jägers) entraram em ação em 1740, empregadas em missões de emboscada, reconhecimento e tiro de precisão.  O fuzil clássico dos caçadores – Jäger Rifle - possuía calibre aproximado de 0,75 polegada, comprimento do cano de 762 a 814 mm e uma coronha curta para absorver o impacto do tiro contra o ombro do atirador.


Atiradores de elite e marcadores

Por intermédio de imigrantes alemães e suíços, os fuzis de caçadores influenciaram o desenvolvimento dos fuzis nos EUA.  Os fuzis “Kentucky” e “Pensylvania” utilizavam como base o mesmo projeto do fuzil de caçadores, mas em escala menor, com calibres entre 0,40 e 0,54 polegada.  Nas mãos de atiradores de elite norte-americanos, que utilizavam táticas de camuflagem e de tiro não convencionais, estes fuzis infligiram baixas terríveis às forças britânicas durante a Guerra de Independência dos EUA (1775-1783), particularmente entre os oficiais.  Os fuzis eram capazes de acertar e neutralizar um homem a 350 metros e seu efeito na cadeia de comando e controle inimiga costumava ser profundo.  Durante a batalha de Freeman’s Farm, por exemplo, travada em 19 de setembro de 1777, um atirador de elite americano atingiu e matou o general Simon Fraser, provocando a retirada das tropas britânicas.



Lições aprendidas

Enquanto muitos oficiais britânicos perdiam tempo criticando o comportamento “não adequado” de soldados comuns matarem cavalheiros oficiais, as lições não foram desperdiçadas por outros.  A capacidade do fuzil nas emboscadas foi ratificada quando versões francesas entraram em serviço nas primeiras batalhas das Guerras Revolucionárias francesas.  Uma pequena quantidade de soldados britânicos foi equipada no final da década de 1770 com fuzis Ferguson, mas demoraria até o início do próximo século para que o Exército Britânico passasse a dispor de unidades de fuzileiros em maior quantidade.

Soldados do 95º Regimento de Fuzileiros britânico disparando seus fuzis Baker durante as Guerras Napoleônicas

Em 1798 o Escritório de Material Bélico britânico começou a buscar alternativas ao fuzil Ferguson, extremamente caro para os padrões da época.  O fuzil Jäger foi a escolha natural e aproximadamente 5.000 exemplares foram distribuídos a várias unidades de infantaria ligeira.  No ano seguinte, o armeiro Ezekiel Baker recebeu a incumbência de desenvolver um novo fuzil, baseado no modelo Jäger, mas adaptado para uso britânico.  O resultado foi lendário fuzil Baker, adotado para o serviço em 1800, e distribuído, inicialmente, ao 95º Regimento de Fuzileiros.  Inicialmente produzido com calibre 0,7 polegada, a maior quantidade produzida foi de calibre menor - 0,62 polegada – com um cano que possuía 7 raias.  Seu comprimento total (1,156 m) era menor do que o do mosquete Brown Bess, anteriormente adotado pelo Exército Britânico, o que fazia do fuzil Baker uma arma de excepcional desempenho para uso em emboscadas por atiradores camuflados.

O fuzil Baker com seus acessórios


 O fuzil Baker era, sob muitos aspectos, diferente dos modelos anteriores.  Sua importância, no entanto, deve-se ao fato de auxiliar o Exército Britânico na transição da tática do tiro emassado em linha para a do fogo e movimento.  O 95º Regimento era conhecido pelo uso inteligente do terreno e pela habilidade de seus atiradores atingirem alvos em alcances superiores a 180 metros, em especial, oficiais, sargentos, tambores e artilheiros inimigos.

Durante a retirada da Coruña, no inverno de 1808-1809, os fuzileiros britânicos foram empregados para resguardar a retaguarda dos freqüentes ataques da cavalaria francesa que os perseguia.  Em 3 de janeiro de 1809, o fuzileiro Thomas Plunkett ocupou uma posição elevada e, com seu fuzil Baker, atingiu o general Auguste-Marie François Colbert, comandante da cavalaria francesa, matando-o.  A morte do general desorganizou os franceses e permitiu o retraimento em segurança das tropas britânicas.


O fuzileiro Thomas Plunkett dispara seu fuzil Baker, matando o General francês Colbert, em 3 de janeiro de 1809 na Espanha


As lições aprendidas pelo 95º foram aproveitadas por todo o exército, mas, com a introdução do cartucho (estojo + carga + projétil) e de processos de fabricação mais baratos no final do século XIX, o fuzil Baker tornou-se obsoleto.  Como legado, ficou a certeza de que, na era do fuzil, o soldado que se expunha em combate era um homem morto.


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quarta-feira, 12 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

PENSAMENTO MILITAR

 
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“ O militar em formação ao mergulhar no estudo da História, objetivando a preparação para enfrentar suas futuros encargos, sejam de ordem tática, logística ou estratégica, acredita, naturalmente, que a História lhe propicie os princípios práticos para guiar suas ações, mediante exemplos dos líderes do passado .”

(Russel Weigley, historiador norte-americano) 

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A BATALHA DE POITIERS (732)

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No início do século VIII, o reino dos Francos era de início governado pela dinsatia dos Merovíngios, mas o chefe da administração e do exército, porta-voz da aristocracia, o prefeito do palácio, era o verdadeiro senhor. Desde o fim do século VII, a família dos Pepinos, antepassados dos carolíngios, controlava essa importante função.

Em 711 os muçulmanos se apoderam do reino dos Visigodos, que controlavam então a península ibérica, Os visigodos recuaram para o norte do país e se refugiaram nos montes Cantábricos, nos Pirineus e na Septimânia, atual Languedoc. As áreas compreendidas entre o sul da Aquitânia e o norte da Espanha muçulmana permanecem indefinidas. Percorridas por saqueadores ou exércitos em campanha, são abandonadas por seus habitantes.

Mais ao sul, os árabes e os berberes fundaram, no século VII, um poderoso principado, o emirado de Córdoba, nas mãos da dinastia omíada a partir de 750. Potência militar temida, o emirado é o centro de uma brilhante civilização urbana em contato constante com a África do Norte.

Carlos Martel, prefeito do palácio dos reis merovíngios e avô de Carlos Magno, interessava-se muito pelas áreas meridionais do reino ainda não totalmente submissas à dominação franca. Uma incursão de muçulmanos vindos da Espanha foi para ele a ocasião para firmar seu poder na Aquitânia.

Carlos Martel

 
O duque da Aquitânia, Eudes, desejava acima de tudo conservar sua independência e desconfiava dos francos, sempre prontos a fazer incursões militares em direção do sudoeste. Eudes precisou seguir uma delicada política: defendendo seu principado e sua capital sitiada, Toulouse, contra os muçulmanos da Espanha que se apoderaram da septimânia tomando Narbona, Carcassone e Nimes em 725, não hesita, contudo, em fazer aliança com um chefe berbere, senhor da região da Cerdanha e em rebelião com o governador da Espanha. Mas, em outubro de 732, os sarracenos liderados pelo novo governador Abd Al-Rahman, cruzaram os Pirineus, submeteram a Cerdanha e marcharam sobre Bordeaux.



Carlos Martel parte em socorro de Eudes da Aquitânia

O duque Eudes foi tomado totalmente pela surpresa. Não esperava uma incursão tão fulgurante e pensava que Abd Al-Rahman começaria a atacar por Toulouse. A cavalaria berbere derrotou rapidamente os bascos, guardiões das colinas dos Pirineus, e arremeteu contra Bordeaux. Eudes reuniu nelas seus fiéis súditos, mas, batido sob as muralhas da cidade, recuou precipitadamente para o norte e, de bom ou mal grado, refugiou-se junto a Carlos para lhe pedir socorro.

O prefeito do palácio encontrou ali uma ocasião inesperada para retomar a Aquitânia. Na mesma ocasião, poderia tentar por fim às incursões de saqueadores sarracenos que, desde 719, não hesitavam em penetrar profundamente no reino, seguindo, especialmente, os vales do Ródano e do Saône. Reunindo um exército de soldados de infantaria, Carlos dirigiu-se para São Martinho de Tours, a poderosa e rica abadia do vale do rio Loire, ameaçada por Abd Al-Rahman.

Soldados sarracenos

 
O exército sarraceno, composto essencialmente de berberes recém-convertidos comandados pelos árabes, parecia procurar mais um bom espólio do que conquistas territoriais. Os cronistas evocam um grande exército que agrupava centenas de milhares de homens. Essas estimativas fantasiosas não têm nenhuma relação com os efetivos dos exércitos do século VIII. Trata-se mais provavelmente de uma tropa que operava em ordem dispersa e não de um gigantesco exército de invasão. Os sarracenos saquearam os lugares onde se concentravam as riquezas, as cidades e, acima de tudo, os opulentos monumentos e templos religiosos, como a basílica de Santo Hilário de Poitiers. Posteriormente, a mesma tropa marchou sobre a abadia de São Martinho de Tours.
 

A escaramuça de Poitiers

Ao anúncio da chegada dos francos e de Eudes, os sarracenos retiraram-se lentamente para o sul. Durante uma semana ocorreram enfrentamentos dispersos. As escaramuças sucederam às emboscadas. Em seguida, o grosso da tropa entrou efetivamente em contato.

O choque entre os dois exércitos teve lugar, provavelmente, em Moussais, entre Poitiers e Tours, no dia 25 de outubro de 732. Abd Al-Rahman dispunha de uma poderosa cavalaria ligeira e lançou seus guerreiros contra as tropas de Carlos e Eudes. Mas esses cavaleiros, armados com espadas e dardos, estavam acostumados com choques rápidos e seu impulso se arrefeceu diante dos francos dispostos em massa compacta de lanças erguidas. Os francos, que combatiam a pé, dispunham de armas defensivas eficazes: cota de malha, escudo e capacete.

Cavaleiro franco

 
Cansados de seus repetidos fracassos e desorientados pela morte em combate de Abd Al-Rahman, os sarracenos abandonaram o campo de batalha e bateram em retirada a noite. Pela manhã, Carlos Martel invadiu o acampamento sarraceno e se apoderou de muitos despojos deixados pelos fugitivos.


Resultados
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A repercussão dessa batalha foi considerável. Mesmo que o próprio combate tenha sido de caráter limitado, os contemporâneos viram nela uma vitória dos cristãos sobre os muçulmanos e a manifestação da proteção divina em relação ao prefeito do palácio. Mas a batalha de Poitiers não pôs fim nem à presença dos sarracenos nas fronteiras meridionais dos domínios francos, nem às veleidades de independência dos habitantes da Aquitânia.


Fonte:  Adaptado de Grandes batalhas da História. Editora Larousse .

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – GENERAL CARLOS MARIA DA SILVA TELLES


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* ??/??/1848 – Rio Grande do Sul
+ 07/09/1899 -  Rio Grande do Sul


Carlos Maria, nascido em 1848 no Rio Grande do Sul, filho de Joaquim da Silva Telles, em 1865 incorporou ao Exército Brasileiro nas tropas que defendiam Uruguaiana da invasão Paraguaia.  No 3º Batalhão de Infantaria participou da comitiva imperial, quando o Imperador D. Pedro II esteve no comando das tropas em operação no sul do Brasil.

Transferido para o 30º Batalhão de Infantaria, fez parte do 2º Corpo de Exército, comandado pelo General Osório, tendo recebido ferimento em combate.  Em 1866 foi promovido a alferes por ato de bravura e, no ano seguinte, foi elogiado pelo imperador e condecorado com a medalha do Mérito Militar, sendo promovido, em dezembro de 1870, a tenente por merecimento.

Em 1891, promovido ao posto de tenente-coronel, foi nomeado comandante do 31º Batalhão de Infantaria, unidade que comandaria por vários anos.  Em 1892, encontrava-se Carlos Maria da Silva Telles no posto de coronel, no comando de seu batalhão, que, depois de alguns combates no Rio Grande do Sul, por ocasião da Revolução Federalista, foi ocupar a cidade de Bagé.

Conhecedor da estratégia de guerra, o coronel Telles sabia que, se o Exército Libertador tivesse a posse da cidade de Bagé, logicamente Pelotas e Rio Grande estariam em suas mãos e, em consequência, a capital do Estado teria facilitada a sua posse pelos revolucionários.  Na verdade, esse era o objetivo dos maragatos, desde a derrubada dos gasparistas do governo do Estado em 17 de junho de 1892.

Mesmo sabendo que teria de enfrentar um poderoso exército, o coronel Carlos Telles resolveu defender Bagé a qualquer preço.  Não atendeu ao apelo do vigário da cidade, cônego Ignácio de Bittencourt, que se encontrava no acampamento de Joca Tavares, em Vista Alegre.  O vigário escreveu ao coronel:

Caro amigo,
Em nome de meus paroquianos peço-lhe que não resista e entregue a cidade aos federalistas comandados pelo Gen. Joca Tavares que, com uma força de 4.000 homens bem armados e municiados, estão dispostos a ocupar a cidade e possivelmente repetirem o que fizeram em Rio Negro, com a tropa do Marechal Isidoro.”


O Coronel Carlos Telles respondeu-lhe que, como brasileiro e como soldados, seu dever era resistir e sempre resistir.

O Dr. Pedro Luiz Osório, médico que fora ao acampamento dos revolucionários para pedir a remessa dos feridos do combate do Rio Negro, para serem tratados na cidade, também escreveu ao coronel Calos Telles:

Como brasileiro e vosso amigo, entendo que é meu dever dizer-lhe ser inútil o sacrifício de resistência, pois não terá possibilidade de êxito, considerando que os revolucionários estão com um efetivo de 5.000 homens, dispostos a ocuparem a cidade, sem se preocuparem como o farão.”

Respondeu-lhe o coronel Telles que tinha recursos e exército suficientes para resitir e vencer 15.000 homens, de maneira que 5.000 era muito pouco e o aconselhava a que cumprissem o prometido.

Tropas do Cel Telles entrincheiradas diante da igreja matriz de Bagé

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A luta continuava cada dia mais feroz, tendo o coronel Telles, para alimentar seus comandados, de avançar nas tropas inimigas e tomar reses para carnear.

Em 4 de janeiro de 1894, os representantes consulares da Itália, Portugal, Argentina e Uruguai pediram uma audiência ao coronel Carlos Telles, que gentilmente concedeu, levando os representantes estrangeiros para sua residência.  Ouviu atenciosamente a proposta do general Joca Tavares, que, por intermédio dos mencionados representantes estrangeiros e no intuito de evitar mais derramamento de sangue brasileiro, informou ser inútil a resistência e pediu que capitulasse, oferecendo garantia de vida testemunhada pelos representantes consulares em missão ali presentes.

O coronel Carlos Telles assim respondeu: 

Peço-lhes que de minha parte transmitam ao Exmº Sr. General Tavares que o nome e as glórias que S. Excia. alcançou, foram no seio do Exército e, portanto, não pode ignorar que o soldado brasileiro não capitula, mesmo que se encontre fraco, e muito menos como nós que estamos fortes, defendendo um governo legalmente constituído e as instituições de nossa Pátria.  Ele, Gen. Tavares, é que deve depor as armas porque está fora da lei, como revolucionário.  Se assim proceder, pode contar com nossas honestas garantias, para si e para seus comandados, mas os oficiais e praças desertores que fazem parte de sua tropa, sofrerão os castigos de acordo com os regulamentos e leis do país. É tudo o que tenho a propor e a aceitar em nome do marechal Floriano Peixoto, que, tenho certeza, sancionará maus atos.

A luta continuou feroz em ataques e defesas, completando 46 dias e noites quando o Exército Libertador, não resistindo, retirou-se praticamente derrotado por uma tropa constituída por 1.100 homens, que tinha um comando valoroso.

Por decreto presidencial de 15 de novembro de 1897, o coronel Carlos Telles foi promovido a general-de-brigada, após encerrada a campanha de Canudos, onde comandou, todo o tempo, o seu 31º Batalhão de Infantaria.  Com a promoção, Carlos Telles foi exonerado do comando do batalhão que esteve sob seu comando durante oito anos.

Faleceu o general Carlos Maria da Silva Telles no dia 7 de setembro de 1899, quando se encontrava em licença no Rio Grande do Sul.


Fonte: Adaptado de: SILVEIRA, José Luiz. Cel. Carlos Maria da Silva Telles – Herói comandante da defesa de Bagé. In: FLORES, Hilda Agnes (org). Revolução Federalista. Porto Alegre: Nova Dimensão, 1993.

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