"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 31 de agosto de 2011

IMAGEM DO DIA - 30/08/2011

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Tropas da União atacam o Forte Blekely, no Alabama, em 1865, durante a Guerra Civil Americana

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terça-feira, 30 de agosto de 2011

MERGULHADORES EXAMINAM BLINDADOS AFUNDADOS NA ILHA DE WIGHT

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Arqueólogos marítimos investigam maneiras de proteger os tanques afundados no mar próximo à Ilha de Wight.  Os tanques e outros equipamentos estavam sendo carregados num navio de desembarque que virou e perdeu sua carga enquanto seguia para a Normandia em 5 de junho de 1944. Eles estão no leito do oceano entre o leste de Wight e Selsey, em West Sussex.

Uma organização de arqueologia marítima de Wight está tentando descobrir um jeito de aplicar a legislação terrestre ao mar. O projeto está sendo financiado pela English Heritage. A organização está trabalhando em conjunto com o Southsea Sub-Aqua Club, que descobriu os veículos em 2008, para investigar e mapear o local. Victoria Millership, porta-voz da organização, disse que não somente destroços marítimos seculares deviam ser protegidos:

A natureza da água marítima e o ambiente subaquático preservam muito mais material do que o normalmente encontrado em terra, e objetos que ficam sob a água frequentemente apresentam melhor estado de conservação”.

O navio de desembarque LCT 2428 zarpou para a Normandia no anoitecer de 5 de junho de 1944, mas apresentou problemas no motor ainda no Canal da Mancha, e foi rebocado pelo rebocador HMS Jaunty.  Em seu caminho de volta a Portsmouth, o navio virou e afundou junto com sua carga.

O Jaunty disparou contra o casco virado do navio até afundá-lo, para certificar que não causaria nenhuma obstrução no tráfego marítimo. Nenhum tripulante foi perdido.

O navio carregava dois tanques Centaur CS IV, dois veículos blindados para destruir obstáculos antitanque nas praias, um jipe e outros equipamentos militares para o grupamento blindado de apoio dos Fuzileiros Reais.

A carga perdida e o navio criaram dois locais de destroços a 20 metros de profundidade.  O casco foi encontrado a 6 quilômetros a leste dos veículos. Ambos se encontram preservados por mais de 60 anos no leito do oceano.


Fonte: BBC News
 
 
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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

XXXVII CONGRESSO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA MILITAR

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Na próxima semana participaremos do XXXVII Congresso Internacional de História Militar na cidade do Rio de Janeiro, onde apresentaremos nosso trabalho intitulado A milícia em armas: o soldado brasileiro da Guerra de Independência.  O evento, coordenado pela Comissão Internacional de História Militar, ocorre pela primeira vez na América Latina.

A seguir, o convite para o Congresso:



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A BATALHA DA FLORESTA DE TEUTOBORG (ANO 9)

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As legiões romanas atravessavam a região de Teutoburg com tranquilidade. Afinal, a Germânia, no ano 9, era um território pacífico que parecia conformado com a submissão ao poderoso Império Romano. De repente, dardos e flechas cruzaram o ar. Seguiram-se correrias e gritos de guerra. Emboscada! Surpreendidos, os soldados não tiveram tempo para se organizar em formações de combate e muitos foram abatidos antes de ao menos compreender o que havia acontecido. Civis e carroças com provisões, que viajavam em meio às tropas, eram facilmente massacrados pelos agressores, o que tornava a defesa ainda mais difícil. O exército romano, o mais bem preparado e equipado de sua época, não segurou a onda em uma das melhores táticas de guerra já inventadas, o ataque-surpresa.

O local da emboscada foi escolhido a dedo, uma faixa de terra de 220 metros de largura espremida entre uma colina ao sul e um brejo ao norte, a leste de onde hoje fica a cidade de Bramsche, na Alemanha. Os soldados germânicos, munidos basicamente de lanças, dardos e escudos, fizeram uma série de ataques-relâmpago colina abaixo. Com a confusão instaurada nas linhas romanas, muitos soldados foram empurrados em direção ao brejo, onde o equipamento pesado impossibilitava qualquer tática de defesa.
 
Dividido, surpreso e subitamente num território hostil, o exército romano tentou recuar para locais seguros. Em vão. Conhecendo melhor o terreno, os germânicos perseguiram e atacaram furiosamente os soldados latinos, aniquilando aos poucos os sobreviventes do ataque principal.

Guerreiros germânicos iniciam a emboscada contra as legiões romanas

É fácil entender por que os legionários fugiam com tanto desespero. Eles estavam cercados, desorganizados e, ao contrário do que ocorre hoje em dia, render-se não era uma opção: os prisioneiros eram crucificados e queimados vivos – ou, na melhor das hipóteses, escravizados –, enquanto os oficiais eram sacrificados aos deuses germânicos. Diante da situação desesperadora, o comandante do exército, Publius Quintilius Varus, tomou a única atitude considerada honrosa naquele momento para os romanos: suicidou-se, projetando-se sobre sua própria espada. Em apenas quatro dias o império perdeu cerca de 15 mil legionários, 900 soldados auxiliares e outros tantos cavaleiros, três legiões inteiras no total.

Os relatos da selvageria perpetrada pelos germânicos tiveram um enorme impacto entre os romanos. “A população de Roma ficou tão assustada que o imperador Augusto teve de ordenar aos vigias da cidade que ficassem de prontidão durante a noite”, relata o historiador holandês Jona Lendering, especialista em Antiguidade. Depois da derrocada, os números das legiões destruídas, XVII, XVIII e XIX, passaram a ser considerados amaldiçoados e jamais seriam atribuídos novamente a qualquer outra legião. Para os germânicos, porém, Teutoburg é sinônimo de vitória. “Séculos mais tarde, Armínio, o líder do ataque, foi elevado à posição de verdadeiro herói nacional”, diz Lendering.

Armínio liderando o ataque contra os romanos

Os romanos ainda voltariam à Germânia em expedições posteriores, destinadas a “lavar a alma” do império e a resgatar os estandartes das legiões aniquiladas. Mas, apesar de bem-sucedidas, nenhuma delas tentou recuperar para os romanos o controle da região. A Batalha de Teutoburg contribuiu para que as tribos germânicas garantissem sua independência. De quebra, manteve a cultura alemã a uma distância segura da influência latina, fator que repercute até os dias de hoje na divisão de poder da Europa Unificada ou em conflitos como a derrubada do Império Napoleônico e a eclosão da Primeira Guerra Mundial.


Hermann, ex-Armínio

A cilada de Teutoburg foi arquitetada por Armínio, líder da tribo germânica dos cheruscos. Nas palavras do historiador romano Paterculus, “Armínio era bravo na hora de agir, aprendia com rapidez e tinha uma mente que o colocava muito acima do estado de barbarismo”. Tal era sua reputação que os romanos, antes, o viam como um aliado e lhe concederam regalias de cidadão de Roma.
 
A sombria floresta de Teutoborg nos dias atuais: palco da emboscada contra os romanos
 
A armadilha foi executada à perfeição. Aparentemente Armínio pediu a uma tribo distante que entrasse em revolta, apenas para atrair a atenção das legiões romanas estacionadas na Germânia. O comandante romano, Publius Quintilius Varus, jamais percebeu a verdadeira intenção dos bárbaros e não tomou as devidas precauções para a marcha. Como resultado fez com que Roma perdesse para sempre sua influência sobre a região. Mas Armínio não pôde saborear a vitória por muito tempo.
 
No ano 15, uma nova expedição romana, comandada por Germanicus, capturou sua esposa, Thusnelda. No verão do mesmo ano, oito legiões marcharam sobre os germânicos e derrotaram os homens de Armínio. Germanicus, então, retirou seus homens da região e deixou que a diplomacia romana cuidasse de jogar as tribos germânicas umas contra as outras. O fim do líder cherusco foi inglório: acabou assassinado por uma tribo germânica rival. Apesar disso, sua imagem foi resgatada nos últimos séculos por nacionalistas alemães. Só que decidiram rebatizá–lo com seu suposto nome germânico: Hermann.


Fonte: Aventuras na História

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sexta-feira, 19 de agosto de 2011

REVOLUÇÃO AMERICANA - LINHA DO TEMPO

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DOIS MOMENTOS DE NAPOLEÃO: AS CAMPANHAS DA ÁUSTRIA E DA RÚSSIA

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Napoleão Bonaparte destacou-se por seu gênio militar e, embora não trouxesse grandes novidades para a arte da guerra, demonstrou ser possível aperfeiçoá-la; como resultado, obteve vitórias retumbantes contra coalizões inimigas muitas vezes superiores em efetivo e poderio. No entanto, Napoleão não venceu sempre. A seguir, apresentaremos uma análise comparativa entre duas das campanhas mais importantes travadas por Napoleão, uma coroada de êxito e outra resultando em fracasso: as campanhas da Áustria, de 1805, e da Rússia, de 1812.

Bonaparte possuía um inquestionável talento militar, com planos estratégicos e decisões táticas geniais, e isto propiciou boa parte do seu sucesso e vitórias nas batalhas. É necessário que se frise que, desde 1789, a artilharia francesa era a melhor da Europa e foi nela que o jovem corso aprendeu sobre teoria militar; entretanto, foram as forças revolucionárias que se mostraram ser o canal ideal para sua liderança carismática, através da introdução da idéia da nação em armas.

Napoleão modifica conceitos teóricos e implementa mudanças estruturais no seu exército. Primeiramente, o jovem general não se submetia a qualquer conjunto de regras militares, além disso, possuía uma espantosa rapidez de adaptação, mesmo em cenários desfavoráveis. Em segundo lugar, o seu exército foi organizado em pequenas unidades, coordenadas sob seu comando direto, situação ideal para respostas flexíveis em batalha. Cada unidade poderia operar independentemente, com sua própria artilharia e cavalaria, sustentando-se da terra e sem comboios de suprimentos, o que proporcionava a elas um avanço com velocidade arrebatadora. Um terceiro ponto, que foi uma ideia genial, baseou-se na mudança do avanço dos soldados que era em linha para um movimento em colunas, isto permitiu que eles passassem em terrenos irregulares com mais facilidade e entrassem rapidamente em formação de combate. Tudo isto somado a uma artilharia rápida, leve e ágil, foram ingredientes imprescindíveis para as vitórias de Napoleão.


Sucesso na Áustria
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Quanto à vitória sensacional sobre os austríacos em Ulm e em Austerlitz, em 1805, podemos afirmar que a genialidade militar de Napoleão foi decisiva, no que se refere à estratégia e tática utilizadas, não obstante, sem desmerecer a organização, a disciplina e a coragem dos soldados, além da qualidade do exército francês, mesclado entre veteranos e novatos.

Em Ulm, a estratégia francesa utilizada foi a de atacar com a maior parte do exército sobre a retaguarda inimiga. Inicialmente, Napoleão desvia atenção do inimigo realizando um falso ataque à Floresta Negra, sob o comando do Marechal Murat. Além disso, 50 mil soldados franceses mantinham o controle do norte da Itália, no entanto, a principal força do seu exército se dirigia para o Danúbio. Assim, os franceses cruzaram o Reno, violaram brevemente o território neutro da Prússia e chegaram, no início de outubro, ao norte de Ulm. As unidades separadas do exército fecharam sobre a cidade e os austríacos que a ocupavam. O exército austríaco se rendeu, com exceção do arquiduque Ferdinando e boa parte de sua cavalaria, que escaparam. No final do mês, o exército francês havia destruído o restante das unidades austríacas, inclusive a cavalaria de Ferdinando que havia fugido.

Tropas austríacas rendem-se a Napoleão nos arredores de Ulm

Em Austerlitz, o imperador francês preparou nova armadilha genial para os inimigos, utilizando-se da estratégia do ataque ao flanco do inimigo a partir de uma posição central. Na oportunidade Napoleão enfrentava uma coalizão do Exército Russo com o que restara do Exército Austríaco, totalizando algo em torno de 85 mil homens. Temendo que a coalizão recebesse o reforço de mais 200 mil homens do Exército Prussiano, Napoleão resolveu agir, pois se esperasse poderia ser facilmente vencido. Então, com um exército reunido em torno de 73 mil homens, no dia 2 de dezembro, Napoleão exagera a fraqueza do flanco direito de suas tropas, com a finalidade de atrair os aliados a um ataque prematuro e maciço a nordeste de Viena, próximo à vila de Austerlitz. Enquanto isso, a maior parte do seu exército - cavalaria e guarda imperial - estavam à retaguarda do flanco esquerdo, escondidos atrás do terreno alto. O resultado foi decisivo, após o ataque das forças aliadas ao flanco direito francês, este começa a ceder lentamente e, em seguida, boa parte do exército de Napoleão que estava oculto avança, e consegue dividir as fileiras adversárias, atacando a retaguarda, cercando e empurrando o inimigo para afogar-se no lago congelado, com apoio ágil da artilharia. Logo a derrota das forças aliadas se fez presente, com a perda de 27 mil homens, enquanto, o exército francês sofria apenas 9 mil baixas.


Fracasso na Rússia
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Quanto à Campanha contra a Rússia, iniciada em junho de 1812, o exército francês sofre uma dura derrota, pois Napoleão acaba tomando decisões equivocadas desde o início, certamente não era o momento mais oportuno para tal empreitada, além disso, a logística mostrou-se inadequada quanto à quantidade e qualidade de suprimentos. Com um exército de quase 650 mil homens, incluindo soldados de várias nações, Napoleão esperava uma vitória rápida e se achava imbatível. Entretanto, a estratégia ofensiva de alta velocidade se mostrou ineficiente diante de um inimigo fugaz e uma longa marcha, marcada por paisagens desertas ou planícies queimadas pelos russos. Além disso, a mobilidade das tropas francesas ficou prejudicada pelos comboios de suprimentos. A estratégia russa foi de desgaste, baseou-se em ceder terreno ao inimigo, exaurindo-o, sem deixar qualquer alimento possível pelo caminho, o que propiciou a tomada de Moscou com certa facilidade, mas também, tornou o exército francês em homens esfomeados. Tal estratégia ficou conhecida como “terra arrasada”. Porém, com a perspectiva de um inverno rigoroso as tropas francesas se retiraram de Moscou e, esgotadas, começaram o caminho de volta, cercadas por tropas russas, com suprimentos não adequados àquela situação e tendo que suportar temperaturas abaixo dos -20°C. A derrota veio em uma das formas mais desastrosas da história militar, pois, dois 650 mil soldados, menos de cem mil conseguiram retornar da fracassada campanha russa.

Soldados franceses retiram-se penosamente da Rússia: apenas 1/6 do exército de Napoleão conseguiu voltar da mal sucedida campanha


As campanhas do exército napoleônico contra austríacos e russos deixaram importantes lições para a arte da guerra e para o pensamento militar. A grande inovação foi na estratégia militar, baseada sempre na ofensiva e em máxima velocidade, de um exército coeso e em grande número. Os Corpos de Exército, constituídos por agrupamentos operacionais, revolucionaram os exércitos da época, pois eram uma combinação perfeita de soldados de todas as armas, que se moviam rapidamente e podiam suportar o inimigo até a chegada do restante das tropas.

Cabe ainda ressaltar que, graças ao exército francês, alguns pontos ganharam destaque para a arte militar: a artilharia devido a sua precisão e agilidade, com canhões com caixa de munições, formando imensas barragens, próximas das linhas inimigas, uma eficiente cavalaria para atacar os pontos fracos do inimigo após os disparos dos canhões, e uma destemida infantaria avançando em passo acelerado com fuzis adaptados com baionetas.



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sábado, 13 de agosto de 2011

IMAGEM DO DIA - 13/08/2011



Durante a Emergência na Malásia (1948-1960), patrulha do Exército Britânico passa por um vilarejo no interior da selva a procura de guerrilheiros

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O CERCO DE BAGÉ DURANTE A REVOLUÇÃO FEDERALISTA





Durante a Revolução Federalista, desencadeada no Rio Grande do Sul em oposição ao governo de Floriano Peixoto, a cidade de Bagé resistiu ao cerco das forças federalistas durante 47 dias, em um dos mais notáveis episódios da História Militar brasileira. 

Entre novembro de 1893 e janeiro de 1894, os republicanos, comandados pelo coronel Carlos Maria Silva Telles, buscaram abrigo na Catedral São Sebastião.  Os antigos moradores de Bagé presenciaram de camarote um dos muitos episódios sangrentos que tornaram a Revolução Federalista. uma das mais violentas da história do Rio Grande do Sul e do Brasil.
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Bagé era um objetivo importante, pois uma das maiores cidades do Estado, sediava uma importante guarnição militar, tinha ligação por trem com Rio Grande e situava-se em posição estratégica em relação à Campanha e à fronteira.  Além disso, era a terra dos Tavares e de Silveira Martins, principais lideranças maragatas, que faziam de Bagé um dos centros da conspiração e sede do Partido Federalista, uma das frentes de oposição à Júlio de Castilhos.

Natural, portanto, que, ao primeiro refluxo dos rebeldes, os republicanos tratassem de assegurar o controle da cidade. Natural, também, que fosse Bagé o primeiro alvo do general Joca Tavares em seu retorno ao Brasil, depois de refazer suas forças em território uruguaio.  Ele retorna em novembro de 1893, à frente de quase três mil combatentes e ataca em duas frentes. De um lado, Zeca Tavares, seu irmão, toma a estação ferroviária de Rio Negro, a 20 quilômetros da cidade, guarnecida por 500 soldados comandados pelo general Isidoro Fernandes.  A outra frente cerca a cidade. Desde o dia 24 de novembro era possível avistar os piquetes de lanceiros federalistas da cidade, defendida por pouco mais de mil combatentes, sob as ordens do coronel Carlos Maria da Silva Telles. A população, pouco mais de 20 mil moradores, foge da cidade levando o que é possível.

General Joca Tavares, em fotografia tirada durante a Guerra do Paraguai


O coronel Telles se prepara para o pior: requisita a comida disponível no comércio, manda construir trincheiras ao redor da praça e concentra ali a resistência. Nas bocas de rua, arma barreiras com fardos de lã, terra, pedras e paus.

Durante quase um mês, os federalistas mantêm o cerco à distância e depois apertam. Ocupam chácaras do subúrbio e entram na cidade. Tomam o Teatro 28 de setembro, a Beneficência Italiana, o Mercado Público, os quartéis, a Rua Barão do Rio Branco e a Enfermaria Militar. Em poucos dias toda a cidade é dominada, menos a Praça da Matriz.

Telles dispunha de batalhão e um regimento de Artilharia, uma companhia de engenheiros, um batalhão da Brigada Militar e um corpo de transporte, comandado por Bento Gonçalves da Silva Filho (filho do líder farroupilha).


Tropas do coronel Telles entrincheiradas diante da igreja matriz


Tinha também dois corpos provisórios, gente da Guarda Aduaneira e, a partir do momento em que apertou o cerco, um “batalhão republicano”, com voluntários civis. O coronel tem ordens expressas de Floriano Peixoto para resistir até o fim.

Corre na cidade sitiada uma notícia apavorante: as forças de Isidoro Fernandes haviam sido massacradas no Rio Negro, com mais de trezentos prisioneiros degolados. Começa a faltar comida, há deserções, as fugas se dão pela zona sul da praça, onde era mais fácil chegar ao cemitério que ficava a 600 metros. Joca Tavares ordena que o cerco se feche num “cinturão de ferro e fogo”. Quando o sítio completa um mês, Joca Tavares manda propor ao coronel Telles que se entregue sob garantias. O coronel responde: “Vocês é quem devem depor as armas, porque estão fora da lei. Garanto a todos a anistia ampla!”.

O natal foi terrível. Atordoada, Bagé enterrava mortos civis atingidos por balas perdidas, chorava as vítimas de violências, saques, incêndios e arrombamentos. Já não havia sequer figos crus e caruru para cozinhar na água e sal. A farinha e as últimas bolachas estavam reservadas para os feridos amontoados na nave central da igreja.

Para aliviar a fome, já se matavam gatos e cães, e o próprio comandante da resistência manda matar seu cavalo para alimentar a tropa. Fome, sede e doenças substituíram a famosa degola na tarefa de abater o inimigo. Quando a situação parecia insuportável, chegam informações de que duas divisões do Exército se aproximam para socorrer Bagé. Com a aproximação dos reforços solicitados pelas tropas legalistas, em cinco de janeiro de 1894, Joca Tavares resolveu promover o ataque final. Derrubando muros e perfurando paredes, os maragatos avançaram. Informado da ação, o coronel Carlos Telles antecipou a defesa, colocando abaixo paredes de dois prédios que ainda não haviam sido alcançados pelos rebeldes. O tiroteio foi intenso até que os legalistas dispararam os canhões e uma descarga de granadas contra a linha federalista.

Na noite de sete de janeiro, começa a ser desfeito o cerco, e os federalistas seguem desolados para Santana do Livramento. Antes de o dia raiar, um vulto se aproxima das trincheiras, solitário, e diz aos cansados e famintos soldados: “Bom dia! os revolucionários deixaram a cidade”. Eles haviam resistido 47 dias de cerco. Telles envia um telegrama ao ministro da Guerra: “Tivemos o desprazer de vê-los em debandada e mal montados, sem terem tentado o ataque decisivo pelo qual tanto ansiávamos...”. No seu boletim, registrou 34 mortos (quatro oficiais) e 91 feridos.
 
 
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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

NOTÍCIA - MORRE HEROÍNA AUSTRALIANA DA 2ª GUERRA MUNDIAL





A australiana Nancy Wake, a mulher mais condecorada pelos aliados durante a 2ª Guerra Mundial, morreu ontem, dia 7, em Londres aos 98 anos, informou a imprensa local.

Nascida em 1912 em Wellington, na Nova Zelândia, e criada em Sydney, Austrália, se mudou para a França em 1932 e pouco depois, após a invasão do país em 1940, se uniu às forças de resistência para ajudar aos aliados e a centenas de judeus a escapar do regime nazista.

Wake fugiu para o Reino Unido depois que foi incluída na lista de pessoas mais procuradas pela Gestapo, que a chamava de 'rata branca' por sua habilidade em fugir.

Ali recebeu treinamento como espiã nas forças especiais britânicas antes de retornar para a França para trabalhar com a Resistência nos preparativos do Dia D, o desembarque aliado na Normandia em junho de 1944.

Ao terminar a guerra descobriu que seu marido, o empresário francês Henri Fiocca, foi torturado e executado em 1943.

Casou-se anos depois da guerra com o piloto australiano John Forward, com quem se mudou para a Austrália. Em 2001, decidiu retornar ao Reino Unido.


Documentos falsos utilizados por Nancy Wake na França para enganar os alemães


A primeira-ministra australiana, Julia Gillard, disse que 'Nancy Wake foi uma mulher de valor excepcional', enquanto a ministra neo-zelandesa de Assuntos dos Veteranos, Judith Collins, assinalou que 'o mundo perdeu uma mulher valente'.


Condecorações

Wake, de origem neozelandesa, foi condecorada pela França com o maior reconhecimento militar, a 'Legião de Honra', por sua atividade na Resistência Francesa, além de receber três medalhas da 'Cruz de Guerra' e a 'Medalla da Resistencia'.


Nancy Wake fotografada em 1945


Também recebeu a 'Medalla George' do Reino Unido, a 'Medalha da Liberdade' dos Estados Unidos e, em 2006, a 'Insígnia RSA', da Nova Zelândia.

Em 2004 foi agraciada com a 'Companhia da Ordem da Austrália' apesar das reservas no Exército que assinalaram que Wake não tinha servido nunca nas forças armadas australianas e que anos antes disse aos comandantes militares da Austrália que introduzissem as medalhas 'onde os macacos guardam as nozes'.

De acordo com seu desejo, Wake será cremada e suas cinzas espalhadas na localidade de Montlucon, no centro da França.

Fonte: G1


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sábado, 6 de agosto de 2011

UM MINUTO PARA MORRER - OS ÚLTIMOS A CAIR



Mais de 800 pessoas morreram nas derradeiras horas da 1ª Guerra
Mundial – duas delas, apenas alguns minutos antes do cessar-fogo.



O número total de baixas em 11 de novembro de 1918 é surpreendente e aterrador. Nada menos do que 860 homens e 3 mulheres de 36 países pagaram com suas vidas naquele dia histórico. E as perdas humanas relacionadas com a guerra continuariam em número elevado durante muito tempo ainda. Outras 74 mil mortes causadas por ferimentos e problemas de saúde decorrentes do conflito seriam registradas até agosto de 1921.

Alguns homens, no entanto, acabaram conquistando uma trágica notoriedade póstuma, por terem morrido apenas poucos minutos antes do cessar-fogo.

Essas são suas histórias.

Um deles foi o soldado canadense George Lawrence Price, que perdeu a vida às 10:58 h, na pequena vila belga de Ville-sur-Haine, nos arredores de Mons. Existem versões controversas sobre sua morte: uma afirma que foi durante uma última e fútil carga; outra sugere que ele era um dos soldados que recebiam os agradecimentos de civis locais pela recente libertação, quando um único tiro o atingiu e tirou sua vida.


O soldado canadense George Price, fotografado antes da guerra, e sua lápide no cemitério militar 


Seja qual for a versão verídica, o fato é que sua morte foi tão lamentada pelos colegas que, 50 anos depois, alguns deles voltaram a Ville-sur-Haine para inaugurar uma placa de bronze em sua memória, a qual ainda é preservada nos dias atuais. A moderna passarela de pedestres construída sobre o canal próximo recebeu o nome de ponte George Price.

Houve, no entanto, uma baixa ainda mais próxima do horário oficial do fim das hostilidades. Pouco antes das 11:00 h, o soldado norte-americano Henry Gunther e alguns companheiros avançavam sobre uma posição inimiga. Cientes de que a guerra estava prestes a terminar, os alemães ainda acenaram, em uma tentativa de evitar o confronto. Gunther, contudo, continuou seguindo em frente, foi baleado e morreu instantaneamente. A hora registrada do óbito foi 10:59 h, ou seja, apenas um minuto antes do cessar-fogo.


Lápide do soldado G.E. Ellison no cemitério militar de  St. Symphorien.  Ellison foi o último soldado britânico a perder a vida em batalha na 1ª Guerra Mundial


Entre as forças britânicas, a última morte registrada foi a do soldado G. E. Ellison, que, assim como Price, faleceu perto de Mons. A patrulha da qual fazia parte deparou-se com 20 alemães bem entrincheirados que dispararam contra eles e depois fugiram. Nessa breve troca de tiros, Ellison foi baleado. Acredita-se que sua morte tenha ocorrido por volta das 09:30 h. Foi enterrado no cemitério militar de St. Symphorien, a leste de Mons. Curiosamente, apoucos metros de sua sepultura, está a de J. Parr, primeiro soldado britânico morto na Frente Ocidental, em 21 de agosto de 1914.


Fonte: História da 1ª Guerra Mundial, BBC.

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ARMAS - OBUSEIRO B-4 MODELO 1931 DE 203mm




O obuseiro de 203mm Modelo 1931, também conhecido como B-4, foi um dos armamentos mais pesados utilizados pelos Soviéticos entre 1941 e 1945. Essa pesada e poderosa arma foi uma das poucas peças de artilharia que se movia sobre esteiras devido ao grande investimento soviético em fábricas de tratores agrícolas nas décadas de 20 e 30, tornando-se assim uma medida óbvia e econômica para os projetistas soviéticos. Cerca de 871 foram produzidos. O uso de esteiras permitia que o B-4 cruzasse terrenos intransponíveis para outros armamentos, inclusive a neve do inverno e a lama da primavera da Rússia.

Devido ao seu grande peso o B-4 tinha que ser transportado, quando a distância era muito grande, em seis partes. Algumas versões do B-4 eram transportados em cinco partes separadas. O B-4 permaneceu com poucas mudanças durante sua existência.


Obuseiro B-4 disparando contra Berlim nos estágios finais da guerra


Em função de seu peso e complexidade, a cadência de tiro ficava em torno de um tiro por minuto. Além de ser utilizado em fogo de barragem o B-4 podia ser utilizado para a demolição de pontos fortificados. Era uma arma essencialmente de uso estático devido a sua velocidade de transporte de não mais do que 15km/h. Sua pouca mobilidade foi uma grande desavantagem e muitos caíram em mãos alemãs. Como os alemães tinham pouca quantidade de artilharia pesada, utilizavam quantos B-4 conseguissem. A maioria foi utilizado na União Soviética mas também viram serviço na Itália e no noroeste da Europa em 1944, sob o nome 20,3cm H 503 (r).




Características

País de origem: União Soviética
Calibre:  203mm (8 polegadas)
Comprimento: 5.087 m
Peso em ordem de combate: 17.700 kg
Elevação: 0º até +60º
Conteiramento:
Velocidade inicial do projétil: 607 m/s
Alcance máximo: 18.025 m
Peso da granada: 100 kg

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