"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 23 de fevereiro de 2013

ESPARTA - A CIDADE GUERREIRA

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Mesmo para os turistas do Império Romano, gente mais do que acostumada a espetáculos sangrentos, aquela era uma atração especial. O sucesso era tanto que, por volta do ano 200 da nossa era, até a construção de um anfiteatro em volta do templo foi autorizada, para que os visitantes pudessem acompanhar cada detalhe do ritual. Um adolescente nu tentava apanhar o queijo depositado sobre o altar da deusa Ártemis, enquanto um dos sacerdotes o chicoteava sem dó, fazendo o sangue espirrar no altar. O jovem que aguentasse mais era saudado como campeão – isso quando tinha a sorte de sobreviver à cerimônia. Os estrangeiros provavelmente deixavam o anfiteatro romano muito satisfeitos: tinham testemunhado um legítimo costume da lendária cidade-estado de Esparta.

Para muita gente, a imagem de um adolescente torturado resume à perfeição o significado de Esparta para a história. Na escola, aprendemos que, entre as cidades gregas de 2500 anos atrás, Atenas foi o berço da democracia e da liberdade de pensar e criar que valorizamos tanto, enquanto os espartanos viviam sob um regime totalitário, cuja única preocupação era a guerra, e submetiam os jovens ao treinamento militar mais desumano do planeta. Desse ponto de vista, passar de superpotência grega a parque temático sadomasoquista teria sido um destino mais do que merecido.

Acontece que, assim como a visão dourada de Atenas, essa imagem dos espartanos não passa de caricatura. Em quatro grandes batalhas contra os persas os espartanos ajudaram a proteger o que seria a origem do mundo ocidental. Por mais estranho que isso soe agora, Esparta esteve entre as primeiras cidades gregas a criar um governo constitucional, onde todo cidadão era igual diante da lei, e seus exércitos foram vistos como libertadores perto da ambição de Atenas. Por tudo isso, vale a pena tentar enxergar através das distorções que cercam a cidade mais controversa da Grécia.


Conquistadores

Mito e arqueologia concordam num ponto: Esparta é um produto do primeiro grande desastre da história grega. Até por volta do ano 1200 a.C., o Peloponeso (como é conhecida a região do extremo sul da Grécia, onde fica a cidade) estava cheio de pequenos reinos. Inscrições e objetos achados nos palácios do Peloponeso mostram que seus habitantes já falavam uma forma primitiva de grego e levavam uma vida de luxo, comerciando cerâmica, metais preciosos e marfim com o Egito, a Palestina e a atual Turquia.

Uma onda de invasões e saques, porém, acabou com essa vida mansa. Boa parte dos grandes palácios do Peloponeso foi queimada, e a região voltou a ter um estilo de vida rústico e rural durante cerca de um século. É então que, pouco antes do ano 1000 a.C., como sugerem mudanças na cerâmica e em outros objetos do dia-a-dia, chegou ali um novo povo: os dórios, ancestrais dos espartanos.

Na mitologia grega, a chegada dos dórios ficou conhecida como “o retorno dos filhos de Héracles”. Os descendentes desse herói - conhecido entre nós como Hércules - seriam os legítimos herdeiros dos reinos do Peloponeso, expulsos injustamente de lá. Mas os filhos de Héracles reuniram um exército, formado por três tribos do norte da Grécia, e recuperaram no braço o que era seu. A parte da herança é claramente invenção para legitimar a invasão, mas os dórios realmente tinham uma origem étnica comum e falavam um dialeto nortista.
 
 
Hoplitas espartanos em formação
 
 
 Parte dos recém-chegados ocupou a Lacônia, o vale fértil do rio Eurotas, e fundou quatro vilarejos perto de um assentamento da época dos palácios. Por volta do ano 900 a.C., as aldeias se uniram politicamente para formar Esparta. Unificada, a cidade partiu para uma expansão das mais respeitáveis. Toda a Lacônia caiu nas mãos de Esparta: alguns habitantes - provavelmente os que resistiram aos ataques - engrossaram as fileiras dos servos, chamados de “hilotas”, enquanto outras aldeias conseguiram manter a autonomia interna, desde que reconhecessem a soberania espartana. Os moradores desses lugares ficaram conhecidos como periecos (“os que habitam em volta”). A expansão foi até por volta do ano 700 a.C., quando a cidade, sozinha, dominava dois quintos do Peloponeso.


Democráticos

Tantas conquistas, claro, trouxeram prosperidade. “Historiadores como o francês Claude Mossé consideram que, já no século 7 a.C., Esparta tem uma aristocracia amante das artes e desenvolve atividades comerciais marítimas”, diz a historiadora Maria Aparecida de Oliveira Silva, autora do livro Plutarco Historiador. Os poetas e músicos de Esparta ficaram conhecidos na Grécia inteira, e sua elite levava uma vida luxuosa, com finos objetos de bronze e metais preciosos fabricados localmente ou importados da Ásia. No entanto, há indícios de que só alguns espartanos se beneficiaram de verdade com as vitórias, virando senhores do grosso das novas terras, enquanto outros empobreciam. Em outras palavras: tensão social – que veio acompanhada por problemas militares para conter as constantes rebeliões.




A tradição espartana, que chegou até nós por relatos de historiadores como Heródoto, Xenofonte e Plutarco, diz que a solução para esses problemas foi bolada pelo sábio Licurgo, tio e tutor de um dos reis da cidade. Ele teria implantado uma reforma política profunda. Todos os cidadãos – ou seja, todos os homens livres de Esparta – passaram a eleger os 28 membros da Gerúsia, o Conselho dos Anciãos, encarregado de elaborar as leis da cidade. Os reis continuaram a ter uma série de privilégios simbólicos (o mais bizarro era o direito de ficar com a pele e o lombo de todos os animais sacrificados aos deuses), mas, na prática, viraram simples generais hereditários. O poder de decisão final ficava nas mãos do damos – o povo, versão dória da palavra que é uma das raízes do termo “democracia”.

Reunidos em assembléia, os homens de Esparta podiam aprovar ou vetar as propostas da Gerúsia, usando um método que parece ter saído de um programa de auditório – o “sim” ou o “não” ganhava dependendo da quantidade de barulho produzida de cada lado. Houve também uma reforma agrária: cada espartano recebeu um lote de terra suficiente para sustentar sua família. A reforma se completou mais tarde com o surgimento dos éforos, 5 magistrados eleitos anualmente por todos os espartanos que, na prática, passaram a deter a maior parte do poder de executar as leis.

Na época em que foi criado, esse sistema era revolucionário. O Oriente Médio ainda era dominado por monarcas absolutos, considerados semideuses. Atenas, futuro símbolo da democracia, estava nas mãos de um grupo minúsculo de famílias nobres e ricas, assim como outras cidades gregas. Esparta parece ter inventado a idéia de que mesmo um plebeu pobre tinha o direito de eleger seus representantes e ser eleito, e de que ninguém, nem mesmo os reis, estava acima da lei. Não é só conversa: a história espartana está cheia de relatos sobre soberanos que pisaram na bola e foram presos ou exilados. Os hilotas e periecos, é verdade, continuavam sem direitos políticos – mas o mesmo valia para a massa de escravos em todas as outras cidades gregas.

A partir daí, numa sociedade quase democrática, começou a se criar a futura fama de Esparta como potência militar. Também por volta do século 7 a.C., os gregos passavam por uma revolução na arte da guerra. Antes, o costume era que só os nobres e sua guarda pessoal lutassem, e os combates não passavam de expedições pequenas para roubar o gado ou as mulheres da vila vizinha. Mas a população e a riqueza da Grécia tinham crescido, e os conflitos cresciam na mesma proporção. O ideal era juntar o máximo possível de soldados no campo de batalha. Os exércitos das cidades-Estado passaram a agir como grandes unidades: os guerreiros, usando pesadas armaduras de bronze e lanças, só eram eficazes lutando em conjunto. O escudo protegia só o lado esquerdo de quem o carregava: o outro lado do corpo era resguardado pelo escudo do soldado ao lado. Se alguém fraquejasse, todos eram prejudicados. Ora, se a massa dos cidadãos passa a ser importante na guerra, a cidade não tem como se defender sem eles. Isso coloca um poder considerável nas mãos do damos de Esparta: o povo ganha força para exigir direito de voto ou uma fazenda nos arredores.

O sucesso das reformas foi indiscutível. Enquanto a Grécia inteira passou do século 7 a.C. ao 5 a.C. sofrendo com ditadores e revoluções, Esparta virou um oásis de estabilidade.


Educação de guerreiros

Para manter as conquistas e o sistema político, todo cidadão de Esparta passou a ser preparado desde pequeno para ser um supersoldado. O treinamento era conhecido simplesmente como agogué (“criação”, em grego). “A única descrição da agogué que temos é do ateniense Xenofonte, que escreve tarde, por volta do ano 400 a.C.”, afirma o historiador Paul Cartledge, da Universidade de Cambridge (Reino Unido). Segundo Xenofonte, os testes começavam no nascimento: os bebês eram lavados com vinho e levados aos anciãos de seu clã para inspeção. Os disformes ou fracos demais eram abandonados para morrer (Até aí, nada de mais: todos os gregos praticavam o infanticídio em situações parecidas.). Os meninos ficavam até os 6 anos com a mãe; depois, passavam a ser criados em pequenos grupos por um supervisor, dormindo em barracões, aprendendo a cantar, dançar (exercícios adequados para se acostumar ao ritmo da marcha militar), ler e escrever.

Quando chegava a adolescência, o cabelo dos garotos era raspado. Eram obrigados a usar apenas um manto leve, fizesse chuva ou sol, e a andar descalços o tempo todo. Recebiam pouca comida; podiam complementar a dieta roubando, mas, se fossem apanhados, levavam uma surra terrível. As chibatadas às vezes vinham em rituais religiosos, como o descrito no começo desta reportagem.

Adolescentes espartanos sendo educados na arte da guerra

Aprendiam a falar só o essencial – daí a expressão “laconismo”, derivada da Lacônia, o vale fértil onde Esparta foi fundada. “Seria mais fácil ouvir as vozes de estátuas de pedra do que as daqueles rapazes”, afirma Xenofonte. Os jovens praticavam a dança e o canto, em cerimônias elaboradas que simulavam os movimentos da guerra. Relacionamentos amorosos entre adolescentes e rapazes mais velhos eram comuns e até incentivados – os adultos eram considerados mentores dos mais novos.

Aos 19 anos, o rapaz se tornava soldado pleno, mas ainda não era considerado cidadão. Deixava crescer o cabelo – todos os espartanos adultos tinham longas madeixas, que enfeitavam com flores. Podia se casar, mas ainda não tinha permissão de passar a noite com a mulher. Isso – junto com os outros privilégios da cidadania, como votar – só era possível quando ele fazia 30 anos. Uma última obrigação o acompanhava pelo resto da vida: fazer diariamente as refeições com sua unidade de combate, geralmente formada por 15 guerreiros espartanos. O prato principal costumava ser a intragável sopa negra, feita com cevada, sangue e carne de porco.

Esse sistema tornava os espartanos resistentes e corajosos, mas sua principal função era criar espírito de equipe. A lenda de que os soldados de Esparta nunca se rendiam ou recuavam é balela: não havia vergonha nenhuma em baixar as armas se essa fosse a ordem do rei ou do general. Abandonar os companheiros é que era considerado intolerável, porque um escudo a menos na formação significava expor todo mundo ao risco de morte.

Não havia glória maior do que tombar na linha da frente, morrendo lado a lado com os companheiros: essa, para os espartanos - e para a maioria dos outros gregos - era a “bela morte”. Mas eles só agiam como kamikases quando não havia outra escolha. Uma frase registrada pelo historiador grego Tucídides é emblemática. Perguntaram a um espartano capturado se os colegas mortos tinham sido mais valentes que ele. “As flechas seriam muito espertas se conseguissem distinguir os valentes dos covardes”, retrucou o guerreiro. “Essa é uma coisa na qual o filme 300 acerta: ele mostra esse humor negro com o qual os espartanos enfrentavam a guerra”, diz Paul Cartledge.

Outro ponto que sempre se omite sobre Esparta é a condição das mulheres. Elas levaram uma vida bem melhor que as do resto da Grécia. Eram incentivadas a praticar exercícios físicos e a ficar ao ar livre, ao contrário das atenienses, quase sempre trancadas em casa. Também podiam herdar terras. “No entanto, isso não quer dizer necessariamente que as mulheres de Esparta fossem vistas pelos homens de forma diferente das outras gregas”, diz Isabel Romeo, historiadora da UFRJ que estuda o tema. “Para os gregos, a função da mulher era sempre ter filhos saudáveis. A diferença é que os espartanos achavam que, para desempenhar, ela precisava ter uma vida ativa”, afirma.


Defensores

O engraçado é que, embora o Exército espartano fosse mais poderoso do que nunca, a expansão direta da cidade parou. “Esparta temia que as cidades vizinhas apoiassem as revoltas dos servos e procurou alguma forma de convivência pacífica com elas”, diz Robin Osborne, da Universidade de Cambridge. Os espartanos forjaram uma aliança que acabaria englobando todo o Peloponeso. As cidades-Estado tinham voz nas decisões, mas era Esparta a cidade líder, que tinha mais peso na hora de ditar a política externa do bloco e decidir como e quando guerrear.

Hoplitas espartanos enfrentando os persas

Essa liderança relativamente democrática acabou sendo providencial para a Grécia. Enquanto as cidades-Estado continuavam brigando entre si, o Império Persa nascia e virava um gigante no Oriente, o grande inimigo dos gregos. Por volta de 540 a.C., as cidades gregas da Ásia caíram nas mãos dos persas. O novo império trouxe paz e estabilidade à região, mas também sufocou os desejos gregos de uma política mais democrática (os persas apoiaram ditadores fantoches por ali). O bolso grego também foi afetado, porque a Pérsia cobrava impostos ferozes e mutilava o comércio. Os gregos da Ásia se revoltaram, com o apoio de Atenas, mas levaram uma sova. A ajuda ateniense era a desculpa perfeita para a Grécia européia ser incluída no alvo das invasões. Assim pensou o rei persa Dario, cujo exército desembarcou perto de Atenas no ano 490 a.C.

Nas primeiras batalhas, os persas foram totalmente derrotados. Mas até as pedras do Eurotas sabiam que a coisa não ia ficar por isso mesmo. Xerxes, filho e sucessor de Dario, jurou vingança e preparou o maior exército que o mundo já tinha visto (talvez 120 mil soldados) e a maior marinha (cerca de 1000 barcos) para invadir a Grécia. Nenhum dos súditos do rei tinha muita escolha nessa história: todas as regiões do império tinham de contribuir com sua cota de homens, e a palavra de Xerxes era lei sagrada. Atenas e Esparta (que tinha apoiado os atenienses na primeira invasão) estavam no topo da lista negra de Xerxes. A lenda, reproduzida no filme 300, conta que as duas cidades tinham atirado dentro de um poço os mensageiros do rei, que pediam terra e água como sinal de submissão, dizendo: “Aí tendes terra e água”.

Além de enfrentar o reino mais poderoso da época, a Grécia tinha que lidar com a desunião interna. Na primavera de 480 a.C., quando a segunda onda de invasões persas começou, poucas cidades gregas queriam saber de aliança. “De 700 cidades-Estado que poderiam ter se unido à resistência, só cerca de 30 o fizeram”, diz Cartledge. Dessas poucas cidades corajosas, metade integrava o grupo dos “lacedemônios”, como eram chamados os espartanos e aliados, grupo que hoje nós chamamos de Liga do Peloponeso. “A resistência simplesmente não teria sido possível sem a Liga do Peloponeso”, diz o historiador de Cambridge. A ela se juntaram Atenas e pequenas cidades, como Plataia.

O comando supremo, tanto na terra quanto no mar, ficou nas mãos de Esparta, já que ela era a líder do bloco que formava o coração da resistência. Mais do que o comando, porém, os aliados tinham do seu lado os soldados espartanos, “a infantaria pesada mais bem treinada da Grécia – na verdade, a única infantaria profissional de que os gregos dispunham”, afirma Peter Green, professor da Universidade do Texas em Austin e um dos principais especialistas nos conflitos entre gregos e persas.

Os líderes espartanos nem sempre estiveram à altura de seus guerreiros. Há sinais de que a cidade e os outros membros da liga queriam se arriscar o mínimo possível fora do Peloponeso. Essa é uma das explicações (além da coincidência de um festival religioso, durante o qual Esparta normalmente não guerreava) para o fato de que o rei Leônidas tenha levado consigo só 300 espartanos para o desfiladeiro das Termópilas, no centro-norte da Grécia. A missão dos 300, ao lado de cerca de 7 mil aliados gregos, era tentar impedir o avanço de Xerxes em terra, enquanto a frota grega adotava a mesma estratégia no mar, no estreito de Artemísio.

Por três dias, Leônidas e os 300 – que foram vistos penteando os longos cabelos com toda a calma quando os primeiros persas surgiram – detiveram forças imensamente superiores e mataram dois irmãos de Xerxes. Mas sua retaguarda não estava bem coberta. Graças a um grego traidor, Leônidas acabou cercado e lutou até a morte com seus homens e mais 1000 voluntários aliados, ganhando tempo para que o resto do exército fugisse. Xerxes mandou decapitar o rei e crucificar seu corpo.

A sorte grega deu uma guinada cerca de um mês depois, quando a frota aliada destroçou as trirremes persas na ilha de Salamina, perto de Atenas. O próprio Xerxes decidiu voltar para a Ásia e, no ano seguinte, suas forças terrestres foram esmagadas pelo sobrinho de Leônidas. Os persas jamais pisariam outra vez na Grécia européia.

Rei Leônidas I de Esparta, líder militar na Batalha das Termópilas


Personagens

Depois de botar os estrangeiros para fora, a Grécia pôde viver seu esplendor. Em Atenas, um ano depois de os persas darem no pé, nasceu Sócrates, um dos grandes alicerces da filosofia ocidental, seguido por Platão e Aristóteles. Com os invasores contidos, a obra deles e de pensadores anteriores, como Tales de Mileto e Pitágoras, pôde sobreviver até hoje. Em 438 a.C., no lugar de um antigo templo destruído pelos persas, Atenas construiu o Partenon, símbolo máximo do período clássico grego.

No entanto, já que derramar sangue era como um passatempo para os gregos, as guerras não pararam por ali. As cidades voltariam a lutar entre si: Atenas, poderosa demais depois de vencer os persas, se tornou um império maldoso demais para as cidades conquistadas. Aliados de Atenas mandavam mensagens secretas para os espartanos, suplicando que eles “libertassem a Grécia”. O conflito era só uma questão de tempo – e as alianças passaram as 3 últimas décadas do século 5 a.C. afundadas nele. A guerra terminou com a vitória de Esparta, financiada por ouro persa.

A influência espartana agora dominava a Grécia inteira. Mas, sem o menor tato, os espartanos instalavam governadores militares impopulares ou apoiavam oligarcas que perseguiam os opositores políticos. O resultado? Mais guerra, dessa vez promovida por um novo poder: a cidade de Tebas, ao norte de Atenas. O confronto decisivo entre a desafiante e a campeã aconteceu na Batalha de Leuctras, em 371 a.C. A derrota de Esparta foi completa. A cidade virou ruínas. Tornou-se irrelevante e foi absorvida pelo Império Romano, junto com o resto da Grécia, em 146 a.C.

Diante da arte e do pensamento ateniense, pode parecer que Esparta só teve importância militar. Mas não é demais voltar a 480 a.C. e ao punhado de homens que ousou se colocar no caminho dos persas. Heródoto diz que um rei espartano exilado, Damárato, acompanhava Xerxes nas Termópilas. O rei persa teria perguntado se os espartanos, sendo tão poucos, ousariam enfrentá-lo. “Rei”, respondeu Damárato, “embora sejam livres, eles não são livres em tudo. Acima deles está a lei, um senhor a quem eles temem muito mais do que os teus servos têm medo de ti. Eles fazem o que a lei ordena, e a sua ordem é esta: não fugir diante de nenhuma multidão de homens, mas ficar em seus postos.” Poucas idéias foram tão capazes de mudar o mundo.


Fonte: Super Interessante

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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

HOLLYWOOD E A GUERRA DO VIETNÃ



 

Demorou para o cinema americano se debruçar sobre a guerra que a TV transmitira em todos os seus detalhes mais atrozes. Mas, quando o fez, acrescentou à imagem um dado poderoso: a reflexão que essa distância autorizara


Por Isabela Boscov


É o fim, canta Jim Mossrison, enquanto as pás do ventilador no teto se confundem, no delírio de Martin Sheen, com as hélices dos helicópteros - e a selva que estes sobrevoam explode no fogo do napalm. Em outro lugar qualquer no Sudeste Asiático, uma bala atinge em cheio Willem Dafoe, que cai de joelhos, braços lançados para trás, como um mártir. Christopher Walken, com a alma despedaçada pelo combate, compulsivamente leva a arma à própria têmpora em rodadas de roleta-russa. Em algum ponto dos Estados Unidos, ainda antes do embarque, o recruta Vincent D'Onofrio, enlouquecido pela brutalidade de seu sargento, massacra-o. Tom Cruise, mutilado, na cadeira de rodas, ergue o punho cerrado em protesto. Jon Voight sofre no centro de reabilitação de veteranos. Treat Williams, de farda e cabeleira já aparada, segue em fila para dentro do avião, com pânico no olhar. São imagens tão icônicas, tão perenes, que quase nem e preciso identificar os filmes a que elas pertencem - a obra-prima Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, em que Sheen empreende uma jornada literalmente ate o coração das trevas em busca de Marlon Brando, o militar brilhante que enlouqueceu e se fez objeto de um culto selvagem; Platoon (1986), em que Oliver Stone recriou suas experiências excruciantes na selva vietnamita; o Franco-Alirador (1978), de Michael Cimino, sobre as feridas incicatrizáveis de um grupo de veteranos; Nascido para Matar (1987), de Stanley Kubrick, em que um sargento transforma um recruta no limite do retardamento mental em assassino (e que traz uma raríssima sequencia de combate urbano no Vietnã); Nascido em 4 de Julho (1989), também de Oliver Stone; Amargo Regresso (1978), de Hal Ashby; e Hair (1979), de Milos Forman, são ilustres entre as dezenas de filmes que compuseram um dos mais brilhantes ciclos do cinema americano - um ciclo bem menos prolífico que o dedicado à 2ª Guerra (este, aliás, não se encerrou nem dá mostras de se encerrar), mas em vários sentidos definitivo. Para Hollywood, a Guerra do Vietnã e o caso raro de tema que resultou não apenas em um conjunto de filmes, mas num apanhado crítico. Caso raro, porque foi ela mesma uma guerra única - insana, quente, úmida; enlameada, desesperada, repleta de atrocidades e drogas, movida a rock, e interminável.

Os Boinas Verdes, estrelado por John Wayne, foi uma exceção de conteúdo patriótico

É intrigante, no entanto, que, com as exceções solitárias de Os Boinas Verdes, de 1968 (estrelado por John Wayne e, portanto, de conteúdo decididamente patriótico), e do documentário Corações e Mentes, de 1974, que ganhou na história a estatura de divisor.de águas, apenas três anos depois de findo o conflito no Vietnã o cinema tenha começado a atacar de frente o assunto. Atacar, no caso, não é força de expressão: Hollywood foi virtualmente unânime na sua condenação da interferência militar dos Estados Unidos no Sudeste Asiático - pela carnificina que acarretou, pela dimensão de insanidade que adquiriu, pela truculenta conscrição de combatentes, pela discutível necessidade de ter sido ela iniciada, pela hostilidade e desprezo com que os veteranos, de volta a casa, se viam recebidos, em contraste com as honrarias dedicadas aos soldados da 2ª Guerra e da Guerra da Coreia. O curioso, no caso, e que desde muito cedo setores representativos do jornalismo e da opinião pública americanos se haviam colocado contra a guerra no Vietnã e protestado com veemência contra seu prosseguimento - por que, então, o cinema teria se demorado tanto até abordá-la?

Quanto mais claro ficava que a guerra no Vietnã era um atoleiro no qual não se encontraria uma vitória. - e, portanto, que ela consistia num sacrifício fútil de vidas -, mais incisiva se tornava sua cobertura. O que a ficção poderia acrescentar às imagens terríveis produzidas pelos fotógrafos e câmeras de TV, do morticínio dos soldados na lama à menina vietnamita nua, em desespero, com a pele desfolhada pelas bombas incendiarias de napalm? Só com a reflexão se poderia avançar em alguma medida sobre esse mosaico que o jornalismo produziu no decurso da guerra - e a reflexão demanda alguma distância. Em 1975, quando a Guerra do Vietnã terminou, os cineastas americanos precisaram de tempo para gestar suas reflexões sobre o conflito que cindira seu país e se revelara o mais desenganador do período de desilusão entre o assassinato de John Kennedy, em 1963, e a renúncia de Richard Nixon, em 1974. Mas usaram esse tempo para legar à sua geração, e às posteriores, imagens e personagens incanceláveis de uma guerra como nenhuma outra.


Fonte: Veja

 
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sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

IMAGEM DO DIA - 08/02/2012

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Artilharia autopropulsada israelense disparando contra posições sírias nas Colinas de Golã durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973

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FRIEDENREICH - O JOGADOR DE FUTEBOL QUE FOI À GUERRA



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O mais famoso jogador de futebol de sua época no Brasil um dia deixou a bola de lado para ir à guerra. Liderou um batalhão com quase 3.000 outros atletas e foi promovido a 2º tenente. Arthur Friedenreich tinha 40 anos de idade, e vinte de futebol, quando decidiu apoiar a Revolução Constitucionalista de 1932.

Fried, como era conhecido, foi a primeira grande estrela do futebol brasileiro, multicampeão pelo Paulistano. E liderou um movimento dentro da Revolução paulista: o Batalhão Esportivo.

 
Milhares de atletas, não só os jogadores de futebol, uniram-se à causa paulista. Alguns, para isso, abriram mão da participação na Olimpíada de Los Angeles, que aconteceria no mesmo ano.

Friedenreich foi até uma rádio e fez um apelo aos colegas esportistas para que se unissem à causa. Mais: doou suas medalhas e troféus para ajudar a financiar a luta armada contra Getúlio Vargas. 

"Os clubes se envolveram na guerra e liberaram seus atletas. O Campeonato Paulista foi interrompido. A adesão de Friedenreich deu ânimo para a causa", declarou o historiador Eric Lucian Apolinário, que pesquisa o assunto. 

O Batalhão Esportivo desfilando nas ruas de São Paulo antes de partir para a frente de combate


Em 19 de julho de 1932 a "Folha da Noite" contou como os times da capital se envolveram. Era no campo da Floresta, antigo estádio do São Paulo, que os exércitos se reuniam. O Corinthians colocou à disposição seu "Departamento de Educação Physica, todas as suas instalações, tanto a sua sede, como sua praça de esporte". 

O Sírio disponibilizou sua sede para distribuir cartões da mobilização. E o Ipiranga ofereceu seu espaço para a Cruz Vermelha. 

Fried e seu batalhão foram enviados a Eleutério, distrito de Itapira, divisa com Minas Gerais, para se juntarem a outros batalhões no combate. Embarcaram da Estação da Luz no dia 1º de agosto para a batalha. "O famoso Arthur Friedenreich passou garboso, ostentando seus galhões de sargento, tendo recebido uma enorme aclamação de seus prediletos", relata a edição da "Folha da Noite". 


Resistiram durante 25 dias antes de sofrerem um bombardeio aéreo e deixarem o local, conta Apolinário. "Estima-se que havia 55 mil soldados do exército federal e outros 30 mil das policias estaduais, portanto, 85 mil. Do outro lado, 30 mil soldados constitucionalistas, dos quais 10 mil eram voluntários. Não tinham nenhuma experiência militar", conta o historiador Marco Antônio Villa, professor da Universidade Federal de São Carlos e autor de 1932: Imagens de uma Revolução

A Revolução terminou no dia 4 de outubro e deixou um legado para o futebol. No ano seguinte, o Campeonato Paulista se profissionalizou. E os jogadores, que tinham uma imagem marginalizada até então, ganharam mais respeito perante a sociedade. 

 
"Imiteis meu gesto, inscrevendo-vos na Mobilização Esportiva, a fim de que todos juntos defendamos a causa sagrada do Brasil. Tudo por São Paulo num Brasil unido!", declarou Fried em seu discurso às rádios paulistas. 

Fonte: Folha de São Paulo

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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CIENTISTAS ENCONTRAM ESQUELETO DO REI RICARDO III

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DNA dos restos mortais bate com uma amostra retirada de um parente vivo distante da irmã do rei


 

Cientistas britânicos afirmam ter encontrado restos mortais de 500 anos do rei da Inglaterra Ricardo III embaixo de um estacionamento na cidade de Leicester.


Os pesquisadores da Universidade de Leicester afirmaram que os testes no esqueleto, cheio de cicatrizes de batalha, desenterrado no ano passado, provam "além da dúvida razoável" que é o rei que morreu na Batalha de Bosworth Field, em 1485. Seus restos mortais ficaram desaparecidos durante séculos. "Ricardo III, o último Rei Plantageneta da Inglaterra foi encontrado", afirmou o secretário adjunto da universidade, Richard Taylor.


O osteologista Jo Appleby disse que o estudo dos ossos forneceu "um caso muito convincente para a identificação de Ricardo III". O DNA do esqueleto bate com uma amostra retirada de um parente vivo distante da irmã do rei.


Ricardo III, último monarca inglês a morrer em batalha, foi retratado em uma peça de William Shakespeare como um usurpador corcunda que deixou um rastro de corpos - incluindo os de seus dois sobrinhos principescos, assassinados na Torre de Londres - em seu caminho para o trono.

O rei Ricardo III, morto na Batalha de Bosworth Field


Muitos historiadores dizem que a imagem é injusta e argumentam que a reputação de Ricardo foi manchada por seus sucessores da Casa de Tudor. Esse é um argumento retomado pela Sociedade Ricardo III, criada para reavaliar a reputação de um monarca insultado.


"Será uma nova era para Ricardo III", afirmou Lynda Pidgeon, funcionária da Sociedade. "Isso certamente vai despertar muito mais interesse. Espero que as pessoas tenham uma mente mais aberta em relação a Ricardo."


Ricardo III foi rei da Inglaterra entre 1483 e 1485, durante uma disputa ao longo de décadas pelo trono conhecida como a Guerra das Rosas. Seu breve reinado registrou reformas liberais, incluindo a introdução do direito à fiança e a retirada de restrições sobre livros e máquinas de impressão.


Seu governo foi desafiado e ele foi derrotado e morto na batalha de Bosworth Field pelo exército de Henrique Tudor, que assumiu o trono como rei Henrique VII.


Durante séculos, a localização do corpo de Ricardo ficou desconhecida. Registros diziam que ele tinha sido enterrado pelos monges franciscanos de Frades Cinzas em sua igreja em Leicester, a 160 quilômetros ao norte de Londres. A igreja foi fechada e desmontada depois que o rei Henrique VIII dissolveu os mosteiros, em 1538, e sua localização, eventualmente, foi esquecida.

Pesquisadora da Universidade de Leicester apresenta imagem do crânio encontrado



Mas, em setembro do ano passado, os arqueólogos à procura de Ricardo desenterraram o esqueleto de um homem adulto, que parecia ter morrido na batalha. Havia sinais de trauma no crânio, devido talvez a um instrumento com lâmina, e uma ponta de seta foi encontrada entre as vértebras da parte superior das costas.


Os restos mortais também exibiam escoliose, que é uma forma de curvatura da coluna vertebral, consistente com relatos da época do aparecimento de Ricardo, embora não com a descrição de Shakespeare dele como um corcunda "deformado, inacabado".


Os pesquisadores realizaram uma bateria de testes científicos, incluindo datação por radiocarbono para determinar a idade do esqueleto. Eles também compararam seu DNA com amostras colhidas de um marceneiro de Londres identificado como um 17º sobrinho bisneto da irmã mais velha do rei.


O prefeito de Leicester, Peter Soulsby, afirmou que o monarca será enterrado na catedral da cidade. 

Fonte: AP

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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

PENSAMENTO MILITAR

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“Na visão militar, o homem só aprende pela experiência.Se tem pouca oportunidade de aprender pela própria experiência terá então de aprender pela experiência dos  outros. Daí o gosto do militar pelo estudo da História."

(Samuel Huntington, economista e escritor norte-americano)
 

EVOLUÇÃO DA GUERRA NO MAR DURANTE A 1ª GUERRA MUNDIAL


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A 1ª Guerra Mundial, travada entre os anos de 1914 à 1918, dividiu a Europa, que já apresentava um equilíbrio instável por um bom tempo, em duas fortes alianças: de um lado os aliados (Tríplice Aliança ou Entente Cordial) formados pela França, Grã-Bretanha e Rússia; de outro lado os Impérios Centrais, formados pela Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e Império Turco-Otomano. A Grande Guerra eclodiu diante de um cenário de salto tecnológico alavancado pela Revolução Industrial, e este avanço de tecnologia foi amplamente utilizado nas armas, equipamentos, meios de transporte e de comunicação. Assim, apareceram grandese espetaculares inovações no ar, na terra e no mar.


Os gigantes de aço

Com a utilização dos grandes encouraçados, também conhecidos por Dreadnoughts, e submarinos a guerra no mar não foi mais a mesma, pois mudanças significativas ocorreram nas táticas e estratégias durante as batalhas da 1ª Guerra Mundial.

Os grandes encouraçados deslocavam mais de 20 mil toneladas, utilizando turbinas à vapor e com velocidades, podendo passar dos 23 nós, uma grande velocidade para a época, além disso, possuíam torres com vários canhões de até 305 mm de calibre, com os tiros ajustados pelos novos telêmetros, além de lançadores de torpedos, sobrepujando todas as outras classes de navios de guerra anteriores, e se tornando o navio com supremacia nas batalhas travadas na 1ª Guerra Mundial.

Também é importante frisar que os encouraçados conseguiam atingir, com seus poderosos canhões, a linha de batalha inimiga, que se encontrava em uma distância bem longa, e com isso havia uma outra vantagem, pois nesta distância as suas fortes couraças eram impenetráveis pela artilharia de menor calibre de seus inimigos. Dessa forma, as marinhas começaram a medir o seu poderio pela quantidade de encouraçados que possuíam. A Alemanha desafiou a Inglaterra na construção de grandes encouraçados, assim, em 1914 já possuía 18 destes supernavios, enquanto os britânicos um total de 28.

Encouraçado HMS Dreadnought

A Marinha Real Britânica tentava atrair a Esquadra de Alto Mar Alemã para um combate decisivo. Embora as batalhas tenham ocorrido nas ilhas Coronel (Oceano Pacífico, 01/11/1914), Falkland (07/12/1914) e Dogger Bank (24/01/1915), somente no final de maio de 1916, próximo à costa da Dinamarca - na região conhecida como Jutlândia - é que finalmente os Dreadnoughts de ambos os lados se enfrentaram em um combate tradicional. Ocorrida entre 31 de maio e 1º de junho de 1916, a batalha envolveu 151 navios ingleses e 99 alemães e seu resultado foi inconcluso: os ingleses tiveram mais perdas - 14 navios e 6.784 homens contra 11 navios e 3.390 baixas dos alemães - mas mantiveram a vantagem tática. Daí até o fim da guerra, nenhum outro combate de superfície ocorreu entre as duas frotas, ficando a armada alemã estacionada em seus portos.

A arma submarina

Dada a impossibilidade de dobrar o inimigo por batalhas terrestres, os ingleses trataram de bloquear as ligações marítimas dos alemães. Esses decretam então a guerra submarina. Em maio de 1915, afundaram o transatlântico "Lusitânia", onde perecem 120 cidadãos americanos, fazendo com que a opinião pública nos Estados Unidos se voltasse contra a Alemanha. No ano de 1916, intensificaram a guerra comercial ordenando o afundamento sumário inclusive de navios neutros que se aproximassem do litoral britânico. Essa medida terminou por levar o Presidente Woodrow Wilson a declarar guerra à Alemanha, em 6 de abril de 1917, e à Áustria-Hungria, em 7 de dezembro do mesmo ano.

Mesmo assim, a campanha submarina germânica foi extremamente bem sucedida, quase levando à Inglaterra ao colapso. Somente com a introdução dos sistemas de comboios, em 1917, é que se conseguiu retomar o abastecimento regular das ilhas britânicas. Ainda assim, as perdas aliadas foram gigantescas. Como comparação, enquanto os aliados perderam um total de 12 milhões e meio de toneladas, as potências dos Impérios Centrais, perderam apenas um total de 263.976 toneladas ao longo de todo o conflito.

Com a criação dos submarinos pode se observar que navegar-se pelos mares, não era mais seguro, nem mesmo para as marinhas mercantes, tudo isso reflexo da mentalidade de guerra total, que se inaugurou com a 1ª Guerra Mundial. Dessa forma, um dos objetivos na guerra, era fazer com que o inimigo perdesse a vontade de lutar, ou não tivesse mais os meios necessários para continuar no combate. Os países da Entente Cordial, devido a presença da Marinha Real Britânica, que sempre dominou os mares devido a sua posição insular, tentaram impor aos países das Potências Centrais um bloqueio, cortando-lhes o envio de matérias primas necessárias ao esforço de guerra, e principalmente o de suas colônias.

Submarino alemão afunda um cargueiro britânico

Quanto ao desenvolvimento dos submarinos, o submarino de casco duplo, basicamente, era um torpedeiro com a propriedade de se esquivar do fogo inimigo e aproximar-se debaixo da água para disparar os seus torpedos. Equipados com motores elétrico e a diesel, suportando profundidades de até 90 metros e armados com os letais torpedos, os submarinos eram poderosos predadores sob as águas.

Para combater os submarinos adotou-se, inicialmente, uma antiga prática que era baseada no choque do casco do contratorpedeiro contra os submarinos quando estes subiam à tona, e apesar de primitiva, mais de 14 deles foram afundados. Além disso, houve uma rápida evolução nos contratorpedeiros, pois além de possuírem baixo calado, que dificultava serem atingidos por torpedos, e da velocidade superior, foram equipados com proas reforçadas para o abalroamento, cargas de profundidade e hidrofones (para identificar alvos submarinos).

Cabe ainda ressaltar que, quanto aos submarinos, pois apesar de recursos tecnológicos muito incipientes, eles representavam um enorme problema para os aliados, ainda que os alemães não tivessem percebido totalmente o seu potencial de utilização estratégica. Mesmo reduzidos a apenas duas bases no Atlântico, os submarinos alemães no final da guerra já haviam afundado cerca de 5.234 navios, um enorme sucesso em relação à Esquadra de Alto-Mar alemã imobilizada em Wilhelmshaven pela frota inglesa.


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