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Napoleão Bonaparte destacou-se por seu gênio militar e, embora não trouxesse grandes novidades para a arte da guerra, demonstrou ser possível aperfeiçoá-la; como resultado, obteve vitórias retumbantes contra coalizões inimigas muitas vezes superiores em efetivo e poderio. No entanto, Napoleão não venceu sempre. A seguir, apresentaremos uma análise comparativa entre duas das campanhas mais importantes travadas por Napoleão, uma coroada de êxito e outra resultando em fracasso: as campanhas da Áustria, de 1805, e da Rússia, de 1812.
Bonaparte possuía um inquestionável talento militar, com planos estratégicos e decisões táticas geniais, e isto propiciou boa parte do seu sucesso e vitórias nas batalhas. É necessário que se frise que, desde 1789, a artilharia francesa era a melhor da Europa e foi nela que o jovem corso aprendeu sobre teoria militar; entretanto, foram as forças revolucionárias que se mostraram ser o canal ideal para sua liderança carismática, através da introdução da idéia da nação em armas.
Napoleão modifica conceitos teóricos e implementa mudanças estruturais no seu exército. Primeiramente, o jovem general não se submetia a qualquer conjunto de regras militares, além disso, possuía uma espantosa rapidez de adaptação, mesmo em cenários desfavoráveis. Em segundo lugar, o seu exército foi organizado em pequenas unidades, coordenadas sob seu comando direto, situação ideal para respostas flexíveis em batalha. Cada unidade poderia operar independentemente, com sua própria artilharia e cavalaria, sustentando-se da terra e sem comboios de suprimentos, o que proporcionava a elas um avanço com velocidade arrebatadora. Um terceiro ponto, que foi uma ideia genial, baseou-se na mudança do avanço dos soldados que era em linha para um movimento em colunas, isto permitiu que eles passassem em terrenos irregulares com mais facilidade e entrassem rapidamente em formação de combate. Tudo isto somado a uma artilharia rápida, leve e ágil, foram ingredientes imprescindíveis para as vitórias de Napoleão.
Sucesso na Áustria
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Quanto à vitória sensacional sobre os austríacos em Ulm e em Austerlitz, em 1805, podemos afirmar que a genialidade militar de Napoleão foi decisiva, no que se refere à estratégia e tática utilizadas, não obstante, sem desmerecer a organização, a disciplina e a coragem dos soldados, além da qualidade do exército francês, mesclado entre veteranos e novatos.
Quanto à vitória sensacional sobre os austríacos em Ulm e em Austerlitz, em 1805, podemos afirmar que a genialidade militar de Napoleão foi decisiva, no que se refere à estratégia e tática utilizadas, não obstante, sem desmerecer a organização, a disciplina e a coragem dos soldados, além da qualidade do exército francês, mesclado entre veteranos e novatos.
Em Ulm, a estratégia francesa utilizada foi a de atacar com a maior parte do exército sobre a retaguarda inimiga. Inicialmente, Napoleão desvia atenção do inimigo realizando um falso ataque à Floresta Negra, sob o comando do Marechal Murat. Além disso, 50 mil soldados franceses mantinham o controle do norte da Itália, no entanto, a principal força do seu exército se dirigia para o Danúbio. Assim, os franceses cruzaram o Reno, violaram brevemente o território neutro da Prússia e chegaram, no início de outubro, ao norte de Ulm. As unidades separadas do exército fecharam sobre a cidade e os austríacos que a ocupavam. O exército austríaco se rendeu, com exceção do arquiduque Ferdinando e boa parte de sua cavalaria, que escaparam. No final do mês, o exército francês havia destruído o restante das unidades austríacas, inclusive a cavalaria de Ferdinando que havia fugido.
Em Austerlitz, o imperador francês preparou nova armadilha genial para os inimigos, utilizando-se da estratégia do ataque ao flanco do inimigo a partir de uma posição central. Na oportunidade Napoleão enfrentava uma coalizão do Exército Russo com o que restara do Exército Austríaco, totalizando algo em torno de 85 mil homens. Temendo que a coalizão recebesse o reforço de mais 200 mil homens do Exército Prussiano, Napoleão resolveu agir, pois se esperasse poderia ser facilmente vencido. Então, com um exército reunido em torno de 73 mil homens, no dia 2 de dezembro, Napoleão exagera a fraqueza do flanco direito de suas tropas, com a finalidade de atrair os aliados a um ataque prematuro e maciço a nordeste de Viena, próximo à vila de Austerlitz. Enquanto isso, a maior parte do seu exército - cavalaria e guarda imperial - estavam à retaguarda do flanco esquerdo, escondidos atrás do terreno alto. O resultado foi decisivo, após o ataque das forças aliadas ao flanco direito francês, este começa a ceder lentamente e, em seguida, boa parte do exército de Napoleão que estava oculto avança, e consegue dividir as fileiras adversárias, atacando a retaguarda, cercando e empurrando o inimigo para afogar-se no lago congelado, com apoio ágil da artilharia. Logo a derrota das forças aliadas se fez presente, com a perda de 27 mil homens, enquanto, o exército francês sofria apenas 9 mil baixas.
Fracasso na Rússia
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Quanto à Campanha contra a Rússia, iniciada em junho de 1812, o exército francês sofre uma dura derrota, pois Napoleão acaba tomando decisões equivocadas desde o início, certamente não era o momento mais oportuno para tal empreitada, além disso, a logística mostrou-se inadequada quanto à quantidade e qualidade de suprimentos. Com um exército de quase 650 mil homens, incluindo soldados de várias nações, Napoleão esperava uma vitória rápida e se achava imbatível. Entretanto, a estratégia ofensiva de alta velocidade se mostrou ineficiente diante de um inimigo fugaz e uma longa marcha, marcada por paisagens desertas ou planícies queimadas pelos russos. Além disso, a mobilidade das tropas francesas ficou prejudicada pelos comboios de suprimentos. A estratégia russa foi de desgaste, baseou-se em ceder terreno ao inimigo, exaurindo-o, sem deixar qualquer alimento possível pelo caminho, o que propiciou a tomada de Moscou com certa facilidade, mas também, tornou o exército francês em homens esfomeados. Tal estratégia ficou conhecida como “terra arrasada”. Porém, com a perspectiva de um inverno rigoroso as tropas francesas se retiraram de Moscou e, esgotadas, começaram o caminho de volta, cercadas por tropas russas, com suprimentos não adequados àquela situação e tendo que suportar temperaturas abaixo dos -20°C. A derrota veio em uma das formas mais desastrosas da história militar, pois, dois 650 mil soldados, menos de cem mil conseguiram retornar da fracassada campanha russa.
Soldados franceses retiram-se penosamente da Rússia: apenas 1/6 do exército de Napoleão conseguiu voltar da mal sucedida campanha
As campanhas do exército napoleônico contra austríacos e russos deixaram importantes lições para a arte da guerra e para o pensamento militar. A grande inovação foi na estratégia militar, baseada sempre na ofensiva e em máxima velocidade, de um exército coeso e em grande número. Os Corpos de Exército, constituídos por agrupamentos operacionais, revolucionaram os exércitos da época, pois eram uma combinação perfeita de soldados de todas as armas, que se moviam rapidamente e podiam suportar o inimigo até a chegada do restante das tropas.
Cabe ainda ressaltar que, graças ao exército francês, alguns pontos ganharam destaque para a arte militar: a artilharia devido a sua precisão e agilidade, com canhões com caixa de munições, formando imensas barragens, próximas das linhas inimigas, uma eficiente cavalaria para atacar os pontos fracos do inimigo após os disparos dos canhões, e uma destemida infantaria avançando em passo acelerado com fuzis adaptados com baionetas.
Professor Carlos sabe muito História Militar
ResponderExcluirGlaudionor Barbosa (aluno UNISUL)
Eu gostaria de saber a respeito da autoria dos quadros.
ResponderExcluirobrigado
Leonardo,
ExcluirO primeiro é "The Capitulation of Ulm" de Charles Thévenin.
O segundo é "In 1812", do pintor russo Illarion Pryanishnikov.