"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



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quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

IMAGEM DO DIA - 10/1/2024

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Guarda Cívica (Garde Civique) belga. Oficial do Esquadrão Marie Henriette (1905)


terça-feira, 11 de outubro de 2022

A BATALHA DE FLEURUS (1622)

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Há quatrocentos anos, os espanhóis venciam um exército de mercenários protestantes na sangrenta Guerra dos Trinta Anos 


Em Fleurus, durante a Guerra dos Trinta Anos, o exército mercenário protestante do Conde Palatino, sob o comando do general mercenário Peter Ernst II von Mansfeld e seu tenente-general e comandante de cavalaria, o Duque Christian von Brunswick, de apenas 22 anos, foi interceptado pelo Exército do Palatinado espanhol, liderado por Gonzalo Fernández de Cordoba y Cardona (bisneto do Gran Capitan Gonzalo de Cordoba). 

Em julho de 1622, o Exército da Flandres, sob Ambrosio Spinola, havia iniciado o cerco de Bergen-op-Zoom. O exército mercenário de 12.000 homens recebeu a missão de invadir o sul da Holanda e aliviar o cerco da cidade. Depois que as tropas de Mansfeld atravessaram o rio Sambre, em 29 de agosto, os 8.000 homens liderados por Córdoba os confrontaram perto da cidade de Fleurus (Fleuru, no condado de Namur). Se o exército mercenário pudesse romper a linha católica, as tropas de Spinola corriam o risco de serem atacadas pela retaguarda.

Peter Ernst II von Mansfeld, Conde Palatino, comandante do exército de mercenários

Mansfeld comandou a infantaria no centro e o Duque Christian a cavalaria na ala direita. Córdoba, cuja cavalaria era fraca, ordenou a Baltasar de Santander que organizasse a infantaria em quatro grandes quadrados defensivos. Brunswick esperava romper a formação espanhola com um ataque frontal completo. 

A primeira carga foi repelida pela cavalaria do coronel Gauchier, mas Brunswick ordenou uma segunda carga. A primeira linha foi empurrada para trás novamente, mas a segunda linha conseguiu derrotar a cavalaria valã.  Brunswick, então, concentrou-se contra a infantaria espanhola, mas não conseguiu resistir ao ataque, pois os homens do famoso Tercio de Napoli, sob o comando do mestre de campo Francisco de Ibarra, mantiveram-se firmes enquanto os mosqueteiros camuflados na floresta começaram a disparar contra a cavalaria protestante. 

Mapa mostrando a primeira fase da Batalha de Fleurus (1622)


Durante uma quarta e última carga desesperada, Brunswick foi gravemente ferido por um tiro no braço esquerdo, que, mais tarde, foi amputado. Após cinco horas de combate, Mansfeld ordenou uma retirada. A cavalaria protestante fugiu, deixando a infantaria alemã à sua própria sorte, e muitos dos homens foram mortos ou capturados. Gauchier também capturou a artilharia de 11 canhões do inimigo e sua bagagem.

Derrotado na batalha, Brunswick teve seu braço esquerdo amputado por um tiro de mosquete

Os protestantes sofreram 5.000 baixas (mortos, feridos ou capturados), o Exército do Palatinado muito menos, cerca de 1.200.  Entre os mortos estavam vários nobres espanhóis, incluindo mestre de campo de Ibarra, atingido por um tiro de mosquete, bem como dois coronéis de Mansfeld: o Duque Frederick de Saxe-Weimar e o Conde Heinrich von Ortenburg.

A Batalha de Fleurus foi comemorada como uma grande vitória pelos espanhóis. Fernández de Cordoba y Cardona foi feito Marquês de Maratea pelo Rei Felipe IV. No entanto, Cordoba não havia conseguido impedir que 3.000 cavaleiros protestantes chegassem a Breda. Os esquadrões de Mansfeld se reuniram ao exército de Maurício de Nassau, Príncipe de Orange, e participaram do levantamento do cerco de Bergen-op-Zoom, no dia 2 de outubro.


quinta-feira, 21 de abril de 2022

EDITOR DO PORTAL REALIZA PESQUISA NOS CAMPOS DE BATALHA DE MONS

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Editor do portal realiza pesquisa no campo de uma das primeiras batalhas da Primeira Guerra Mundial


Retomando as pesquisas de campo sobre a Grande Guerra 1914-1918, estive em Mons, cidade localizada na região da Valônia, perto da fronteira da Bélgica com a França.

Ali ocorreu o primeiro enfrentamento da Força Expedicionária Britânica, que veio socorrer a Bélgica nos primeiros movimentos da guerra, contra os alemães. Embora subjugados por um exército com poder de combate muito superior, os britânicos conseguiram atrasar o avanço alemão, prejudicando a execução do Plano Schlieffen.

Sob a ponte ferroviária de Nimy, a placa memorial que assinala a ação do tenente Maurice Dease e do soldado Sidney Godley, do 4º Batalhão de Fuzileiros Reais, que dispararam uma metralhadora até serem incapacitados ao cobrirem a retirada das tropas. Ambos receberam as duas primeiras Victoria Cross da guerra.


O combate na ponte ferroviária de Nimy em agosto de 1914


Ponte ferroviária de Nimy sobre o canal La Haine.

Mapa mostrando a disposição das forças oponentes em Mons.


Diante do Cemitério Comunal de Mons, local de centenas de sepulturas de guerra.


Sepulturas de soldados belgas no Cemitério Comunal de Mons.


Sepultura de um "soldado desconhecido" alemão no Cemitério Comunal de Mons.


Sepultura do soldado Eugène Martin, do 12º Regimento de Infantaria Territorial francês, falecido em 17 de outubro de 1914. "Mort pour la France".


Sepulturas militares no Cemitério Comunal de Mons.


Sepulturas de soldados canadenses no Cemitério Comunal de Mons.


Placa existente no Hôtel de Ville (prefeitura) homenageando o Exército Canadense, por ter libertado Mons após 50 meses de ocupação alemã em 1918.


Visitando o Musée Memorial de Mons



Uniforme de soldado britânico que foi atingido por estilhaços de granada de artilharia. Certamente os ferimentos foram fatais. Acervo do Musée Memorial de Mons.


Réplica da lápide do soldado canadense J.L. Price, falecido em Mons às 10:58h de 11 de novembro de 1918, o último soldado a ser morto na guerra. Acervo do Musée Memorial de Mons.


Peça de artilharia alemã. Acervo do Musée Memorial de Mons.


Uniformes e equipamentos da Força Expedicionária Britânica. Acervo do Musée Memorial de Mons.


Mons também foi palco das primeiras Victoria Cross, a mais alta condecoração militar britânica. O tenente Maurice Dease e o soldado Sidney Godley, ambos do 4º Batalhão de Fuzileiros Reais, dispararam uma metralhadora até serem incapacitados na ponte ferroviária de Nimy, sobre o canal La Haine, cobrindo o retraimento das forças britânicas.

Estive pesquisando na ponte de Nimy; no Cemitério Comunal de Mons, onde encontram-se sepultados soldados belgas, britânicos, franceses, canadenses, alemães, romenos e russos; e no Musée Memoriel de Mons, que possui um rico acervo sobre a Grande Guerra.



terça-feira, 19 de abril de 2022

EDITOR DO PORTAL PARTICIPA DO FESTIVAL JUIN 1815 DE GEMBLOUX

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O editor do portal Carlos Daróz-História Militar participou de um interessante evento de reencenação histórica na Bélgica.


O festival Gembloux Juin 1815, é realizado anualmente, em referência à passagem das tropas do marechal da França Grouchy com suas tropas pela cidade a caminho de Waterloo, nos dias 23 e 24 de junho de 1815. 


O evento de reencenação histórica é organizado pela Comunne de Gembloux, Souvenir Napoléonien, Musée Ligny 1815, Guides 1815 e Cercle Royal Art et Histoire de Gembloux.
 
Realizado em praça pública, durante todo o domingo, incluiu um acampamento, apresentação da banda caracterizada com marchas militares da época Napoleônica, desfile e revista da tropa pelo reencenador representando o marechal Grouchy.

Excelente apresentação, cujo ponto alto foi a fidelidade da reconstituição dos uniformes, equipamentos e armamentos, bem como das marchas militares executadas.

A seguir, imagens e vídeos do evento.

Banda executando uma marcha militar do exército de Napoleão.

Tambor-Mor regendo a banda.

O marechal da França Emmanuel de Grouchy (1776-1847).



O armamento ensarilhado junto ao equipamento individual.

O cotidiano de um acampamento francês. As vivandeiras e cantineiras também representadas.

O marechal Grouchy e seu ajudante-de-campo chegando para a revista às tropas.

Tropa de granadeiros pronta para a revista.

Impressionante os detalhes e a fidelidade de reconstituição dos uniformes, equipamentos e fardamentos.

O marechal Grouchy procedendo a revista.


sexta-feira, 8 de abril de 2022

O ATAQUE DE ZEPELLIN EM ANTUÉRPIA

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Na noite de 24-25 de agosto de 1914, o Zeppelin LZ 25, número militar Z-IX, lançou cerca de uma dúzia de bombas sobre a cidade de Antuérpia. Um total de 12 pessoas foram mortas e outras 40 ficaram feridas. A indignação foi grande, especialmente porque o palácio real localizado em Meir foi obviamente u m dos alvos alvo. Por medidas de segurança, os filhos do Rei Alberto e da Rainha Elizabeth foram levados para a Inglaterra alguns dias depois.

O LZ 25 bombardeando Antuérpia


Área central da cidade impactada pelo bombardeio


Efeito do bombardeio de 24-25 de agosto de 1914 em Antuérpia


O Z-IX entrou em serviço em 13 de julho de 1914, primeiro Zeppelin equipado com empenagem cruciforme. O LZ 25 era o 25º dirigível fabricado e o 12º do acervo do exército alemão.  A aeronave foi utilizada para reconhecimento e bombardeio no norte da França sob o comando do capitão Horn.

Além da missão contra a Antuérpia, o LZ 25 também bombardeou Ghent e Boulogne-sur-Mer. O Zeppelin foi destruído em seu hangar na cidade de Düsseldorf,  no dia 8 de outubro de 1914, por ocasião de um bombardeio aéreo britânico. 




domingo, 27 de março de 2022

EDITOR DO PORTAL REALIZA PESQUISA DE CAMPO EM ZEEBRUGGE

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Editor do portal realiza pesquisa de campo sobre o reide de Zeebrugge


O editor do portal Carlos Daróz-História Militar realizou pesquisa de campo em Zeebrugge, grande porto no Mar do Norte, que foi palco da maior incursão naval da Grande Guerra: o reide de Zeebrugge.

Depois da invasão e ocupação da Bélgica, os alemães logo identificaram a posição estratégica do local, e instalaram no porto uma base de submarinos (u-boats) e de navios ligeiros para atacar a navegação Aliada no Mar do Norte e no Canal da Mancha.

Na gare de Zeebrugge, chegando para começar a pesquisa.


Esquema mostrando como se desenvolveu o reide de Zeebrugge de 23 de abril de 1918.




Depois de fracassadas tentativas de neutralizar a base alemã, incluindo bombardeio naval e ataques aéreos, em 1918 a Marinha Real britânica colocou em prática um ousado plano, que consistia em afundar navios obsoletos no canal de navegação do porto, e, assim, bloqueá-lo.

Bandeiras da região da Flandres (à esquerda), da Bélgica, e da comuna de Bruges (à direita) hasteadas em Zeebrugge.


Junto ao molhe Sul do porto de Zeebrugge, o principal palco da luta.




Uma das eclusas do porto.


Porto de Zeebrugge, local do reide 23 de abril de 1918.


Fotografia aérea do porto após a incursão mostrando os navios afundados que bloqueiam, parcialmente, o canal de navegação.


Em 23 de abril de 1918, os britânicos atacaram o porto e conseguiram a um custo de 227 mortos, afundar alguns navios no canal, embora em locais não previstos. 

O reide não foi bem sucedido, pois, apesar dos navios afundados, os u-boats continuaram a operar favorecidos pela maré alta. 

Memorial St. George´s Day, junto ao molhe Sul de Zeebrugge.


Memorial St. George´s Day, junto ao molhe Sul de Zeebrugge. Tributo ao submarino C3 que se fez explodir com toda sua tripulação para cumprir seu objetivo


Memorial St. George´s Day, junto ao molhe Sul de Zeebrugge. Tributo aos mortos do 4º Batalhão dos Royal Marines.


Memorial junto à igreja de São Donato (Sint-Donatianuskerk) em Zeebrugge.


Lápides de marinheiros (ou fuzileiros ?) britânicos não identificados (soldados desconhecidos - "know unto God") e sepultados no jardim da igreja de São Donato (Sint-Donatianuskerk) em Zeebrugge.


segunda-feira, 14 de março de 2022

EDITOR DO PORTAL REALIZA PESQUISA DE CAMPO EM TOURNAI SOBRE A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL

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O editor do portal História Militar-Carlos Daróz visitou Tournai, no contexto de suas pesquisas de campo de doutorado sobre a Grande Guerra (1914-1918).


Na ofensiva alemã de agosto de 1914 contra a Bélgica, em seu caminho na direção de Paris atendendo ao Plano Schlieffen, envolvendo Charleroi, Dinant, Liège e Mons como objetivos principais, os alemães também investiram contra Tournai.

Em 4 de agosto de 1914, quando a Alemanha atravessou a fronteira belga após a recusa do ultimato, a guerra foi formalmente declarada. Os alemães foram impiedosos e avançaram rapidamente. Em Tournai, a neutralidade belga da época podia explicar a ausência de um sistema defensivo efetivo. Recém-chegados por via ferroviária do norte da França, os 83º e 84º regimentos de infantaria, componentes da divisão 88ª Divisão Territorial francesa,  compostos de soldados mais velhos que os da infantaria regular, marcharam em direção a Tournai para se oporem ao avanço relâmpago alemão. 

Soldados da 88ª Divisão territorial francesa, muitos em idade superior aos regulares, enviados para defender Tournai

Os franceses estavam armados apenas com fuzis Lebel e não possuíam artilharia ou metralhadoras, ao contrário do inimigo. Uma batalha desigual e impiedosa pelo controle de Tournai foi travada na madrugada de 24 de agosto ao longo da estrada Renaix e na ponte Morelle. Os alemães não hesitaram em usar os civis como escudos humanos.

Homenagem ao 83º regimento de Infantaria francês no Monument du Vendrées

Monumento das vítimas de Tournai nas duas guerras mundiais

Ante o avanço do II Exército alemão, com poder de combate muito superior e com os devidos apoios de artilharia e metralhadoras, os franceses e belgas logo sucumbiram. Tournai permaneceu ocupada pelos alemães durante toda a guerra, sendo liberada apenas três dias antes do armistício de 11 de novembro de 1918, quando o rei-soldado Alberto I e a rainha Elisabeth entraram na cidade.

Hoje existem diversas referências à memória da guerra na cidade, como o Monumento de Vendrées, próximo à gare, e o memorial homenageando Gabrielle Petit, uma enfermeira de Tournai que foi acusada de espionagem e fuzilada pelos alemães em 1916. Diante de seu pelotão de fuzilamento, a guerreira bradou: 

“Vocês verão como uma mulher belga sabe morrer”.

Monumento em homenagem a Gabrielle Petit, cidadã de Tournai fuzilada pelos alemãs na Grande Guerra.


“Vocês verão como uma mulher belga sabe morrer”. As últimas palavras de Gabrielle Petit, uma heroína belga fuzilada durante a Primeira Guerra Mundial.