O Blog Carlos Daróz-História
Militar lamenta informar o falecimento do Capitão Pqdt nº 44 Casemiro Scepaniuk,
aos 92 anos, no Rio Grande do Sul, um dos pioneiros do paraquedismo militar no Brasil.
Ao velho Soldado Paraquedista, a nossa homenagem em um
texto de autoria do jornalista Lino Tavares, publicado em 2009.
UMA LENDA VIVA
DO PARAQUEDISMO MILITAR
Por Lino Tavares
O Bairro
Partenon, um dos mais tradicionais de Porto Alegre, a Capital dos Pampas,
abriga em seu interior muitas entidades e cidadãos ilustres, que se
notabilizaram nos mais diversos ramos da atividade humana. Entre eles, o
capitão reformado do Exército Casemiro Scepaniuk, de 89 anos, é com certeza um
dos mais celebres moradores do local. Deve-se tal notoriedade ao fato de ser um
dos pioneiros do paraquedismo militar brasileiro, iniciado com a criação da
Brigada Paraquedista – hoje Brigada de Infantaria Paraquedista – localizada na
região conhecida como Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Scepaniuk é o
paraquedista militar de nº 44, sendo o mais antigo deles, residente em terras
gaúchas.
Ele nasceu em
Erechim, no ano de 1921, em uma família de origem eslava. Fez o serviço militar
obrigatório em 1939, servindo, durante dois anos, no 5º Regimento de Cavalaria,
acantonado no bairro Boqueirão em Curitiba, dando baixa em 1941 como soldado.
De volta ao Sul, Trabalhava como motorista de ônibus em Porto Alegre, quando o
presidente Getúlio Vargas declarou guerra às Forças do Eixo (Alemanha, Itália e
Japão), para a qual foi convocado, ficando de prontidão com a sua guarnição,
aguardando ser chamado para o conflito mundial. Em razão de promoções
emergenciais que se fizeram necessárias no Exército (até então doutrinado pela
Comissão França-Brasil), para adequar-se ao treinamento e organograma do US
Army, que resultou no aumento de contingente em face da criação de novas
Organizações Militares, o então soldado Casemiro Scepaniuk, mesmo sem ser cabo,
foi encaminhado diretamente para frequentar um curso rápido de formação de
sargentos.
Já graduado, foi
inscrito na Escola de Educação Física do Exército, pois era uma atleta nato,
sendo antigo jogador do clube Britânia (hoje Paraná Clube). Com essas
credenciais, integrou a equipe de atletismo do Exército, em corridas de fundo e
meio-fundo. Mas o chamado para participar da guerra não veio. Na Escola de
Educação Física, Scepaniuk teve contato com as primeiras turmas de Paraquedistas
que voltaram dos Estados Unidos e estavam recrutando candidatos naquela Escola
e na então recém criada Escola Militar de Rezende (atual AMAN). Contudo, ele não
gostou dos exercícios físicos ministrados pelos paraquedistas, considerando-os
fora dos padrões sob os quais havia cursado a Escola de Educação Física, razão
pela qual recusou o convite que lhe fora feito nesse sentido.
Terminada a
guerra, surgiram rumores de que o Brasil iria diminuir seus efetivos militares,
para fazer frente aos problemas políticos e econômicos decorrentes de sua
participação no conflito. Certo dia, Scepaniuk recebe um radiograma do
Ministério da Guerra, nestes termos:
“O Coronel Nestor Penha Brasil, comandante
da Escola de Paraquedistas, convida o 3º Sargento Cav Casemiro Scepaniuk a
prestar exame nesta instituição, para, após ser aprovado, cursar no Fort
Benning/Georgia/USA, o curso de Paraquedista Militar”
Mostrou o
documento a um amigo subtenente, dizendo que não iria aceitar o convite, por
discordar da ginástica dos paraquedistas, segundo ele muito puxada para os
padrões normais. Ouve então do amigo o seguinte conselho: “Meu filho, esta é
uma oportunidade de ouro que está sendo apresentada a você, aqui no Regimento.
Você e muitos outros vão ser desligados por excesso de contingente. Vá logo
fazer esta prova e seja o que Deus quiser”.
O então sargento Pqdt Scepaniuk, em atividade paraquedista
Sensível ao
conselho do companheiro mais graduado e mais antigo, o 3º Sargento Casemiro
Scepaniuk aceitou o convite, foi fazer o curso e se tornou o Paraquedista
número 44 em um total de 47 oficiais e sargentos que foram para os Estados
Unidos, tornando-se os pioneiros do paraquedismo militar brasileiro, 12 dos
quais ainda são vivos. De volta ao Brasil, sempre esteve ligado a área da
Educação Física, na qual atuou como treinador de várias equipes de futebol,
como o Clube Botafogo de Futebol e Regatas, bem como instrutor de atletismo do
Núcleo da Divisão de Paraquedistas do I Exército (hoje Comando Militar do
Leste).
Já como 2º
sargento, o paraquedista Scepaniuk pesquisou e descobriu uma falha em um gancho
do paraquedas, que se abria, mesmo depois de ser devidamente colocado no cabo
de ancoragem das aeronaves, tendo já ocasionado uma morte e alguns feridos,
salvos pela abertura do paraquedas reserva. Ciente disso, criou um simples
“pino de segurança”, que, inserido no referido gancho, não permitia sua
abertura acidental, conseguindo com essa ideia genial salvar muitas vidas.em
acidentes com saltos enganchados.
Chamado aos
Estados Unidos, os fabricantes de paraquedas, maravilhados com a invenção, cientificaram-no
sobre a difusão dessa sua ideia pelo mundo, entre vários países, inclusive o
Brasil, ficando o importante dispositivo de segurança em forma de pino
conhecido popularmente como “chipanique”, embora o nosso inventor conterrâneo
nunca se dispusesse a patentear o importante invento.
O hoje Capitão
QAO Pqdt Casemiro Scepaniuk Integra o Grupo Grafonsos, que congrega
paraquedistas de todo o Brasil, com sede em Porto Alegre, contingente esse que
costuma desfilar na Parada de Sete de Setembro de Porto Alegre e participar de
encontros de confraternização com companheiros paraquedistas da Ativa, como o
realizado dia 22 do corrente, em Alegrete, no Oeste gaúcho, contando com a
presença desse veterano militar, que é uma lenda viva do Paraquedismo do Exército
Brasileiro.
Nossos
agradecimentos ao Paraquedista Ricardo Freire, do Grupo Grafonsos, que
colaborou gentilmente, pesquisando e fornecendo os dados biográficos relativos
ao personagem central desta reportagem.
Fonte: Cel Leonardo Araújo
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Quando dei meu primeiro salto no Campo dos Afonsos em 1965, saltei sem preocupaçao sabendo que o gancho de meu paraquedas estava preso com a invençao deste audaz companheiro , vai com Deus amigo. J. Roberto pqd 12.500 Brasil Acima de Tudo.
ResponderExcluirObrigado pelo testemunho, Pqdt José Roberto. Brasil acima de tudo!
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