"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 8 de janeiro de 2011

OS TRÊS GRANDES E A CONFERÊNCIA DE TEERÃ

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Por Peter Philipp


Churchill e Roosevelt encontram-se com Stalin em 28 de novembro, em Teerã. É combinada uma coordenação dos ataques soviéticos à Alemanha nazista com o iminente desembarque dos aliados na Normandia. Joseph Stalin mantém os planos militares para expansão do comunismo em segredo e faz exigências que se confirmam no prosseguimento da 2ª Guerra Mundial.


O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Winston Churchill, e o presidente dos Estados Unidos, Franklin D. Roosevelt, já se haviam se encontrado no Cairo para falar sobre a 2ª Guerra Mundial e fazer planos para o futuro da Europa, da Turquia e do  Extremo Oriente.

Antes de tentarem em vão a adesão da Turquia à aliança ocidental contra a Alemanha nazista e de nomearem Dwight D. Eisenhower como comandante supremo da iminente invasão da Normandia, os dois deixaram a cidade às margens do Nilo e viajaram para Teerã. Lá, eles haviam marcado um encontro de três dias com o presidente da União Soviética, Joseph Stalin.


Novo papel para a União Soviética no pós-guerra

Churchill foi ao encontro do líder comunista com desconfiança, mas Roosevelt estava convencido de que eles teriam que se arranjar de alguma maneira com a União Soviética e que este país teria um papel importante na Europa e no mundo do pós-guerra. E isso deveria ocorrer no contexto de uma nova organização mundial, ambicionada por Roosevelt e muitos americanos e destinada a assumir as tarefas da comunidade internacional fracassada. Sem a União Soviética, tal organização seria ineficaz.

Os Estados Unidos e a Grã-Bretanha já estavam tentando há tempos deter as invasões alemãs. Roosevelt tinha consciência de que um futuro pacífico depois da Grande Guerra dependeria, decisivamente, das relações com a União Soviética.

Para Washington e Londres, esse futuro já estava traçado na mensagem de Roosevelt ao Congresso em 1941, na qual ele se referiu especialmente a quatro liberdades: de opinião, de religião e a libertação do medo e da miséria. As duas potências ocidentais declararam essas liberdades como metas de guerra em seu acordo conhecido como Carta do Atlântico e acrescentaram o direito à autodeterminação e rejeição de conquistas territoriais por meio de guerras.

Do ponto de vista de Roosevelt, o que fosse acertado entre os dois aliados atlânticos deveria servir de base para um tratado com a União Soviética e a China, pois só as quatro nações juntas poderiam assumir a responsabilidade para a preservação da paz no mundo.

Stalin, Churchill e Roosevelt: os três grandes em Teerã


Stalin faz reivindicações e esconde seus planos

Numa retrospectiva histórica, constata-se que essa era uma visão fantástica, idealista. Churchill e Roosevelt encontraram, em Teerã, um Stalin cordial. O chefe do Kremlin não tinha abandonado sua idéia de vitória do comunismo, mas sabia que o seu país precisava do apoio do Ocidente. A União Soviética tinha de suportar o maior fardo da guerra e para Stalin estava claro que isso iria afetar também o seu sonho de expansão do comunismo.

Em Teerã, combinou-se, em primeiro lugar, que Moscou deveria coordenar seus ataques contra a Alemanha com o iminente desembarque planejado pelos aliados ocidentais na Normandia. Mas Stalin também pôde fazer algumas exigências, indicando o que se confirmaria depois no decorrer da Guerra: ele reivindicou a Prússia Oriental e as fronteiras que foram asseguradas à União Soviética nos acordos com Berlim e Helsinque, em 1939 e 1940.

A idéia de uma organização não foi detalhada em Teerã. Nem houve acordo sobre o futuro da Polônia e, no que se referia ao Irã, a declaração conclusiva do encontro dos "Três Grandes" dizia que o país parcialmente ocupado receberia a sua independência de volta depois da Grande Guerra.

Há tempos que Stalin estava fazendo planos, em Moscou, para a divisão da Europa e a ampliação das fronteiras da União Soviética. Ele, porém, não revelou seus planos militares aos parceiros ocidentais.

O líder soviético mostrou-se ao mesmo tempo muito insatisfeito com o projeto de transformar a Alemanha e uma série de outros Estados da Europa Central e do Leste Europeu em nações agrícolas. Stalin viu no plano uma tentativa do Ocidente de frear a expansão da União Soviética e, em vez disso, defendeu uma balcanização do Leste Europeu e um enfraquecimento da França e da Itália.

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