"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



terça-feira, 2 de junho de 2009

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR - GENERAL JAMES DOOLITLLE


* 14/12/1896 – Alameda, EUA

+ 27/09/1993 – Pebble Beach, EUA


James Harold "Jimmy" Doolittle foi um pioneiro da aviação e general da Força Aérea do Exército dos Estados Unidos durante a 2ª Guerra Mundial. Comandou o histórico Reide Doolittle, o primeiro bombardeiro a Tóquio na guerra, em abril de 1942, pelo qual foi condecorado com a Medalha de Honra do Congresso, a mais alta condecoração militar dos Estados Unidos.

Californiano de nascimento, Doolittle passou a juvetude no Alaska, onde obteve a reputação de talentoso boxeador. Cursou a Universidade de Berkeley, que abandonou para se alistar como cadete-aviador da reserva do Corpo de Sinaleiros do Exército dos Estados Unidos, em 1917, durante a 1ª Guerra Mundial, e trabalhou como caixeiro viajante para ajudar nas despesas.

Em 1918, após treinamento na Escola Militar da Aeronáutica da Universidade da Califórnia (UCLA), foi comissionado como 2º Tenente no Grupo de Aviação do Corpo de Sinaleiros, tornando-se instrutor de voo durante a guerra. Após o conflito, retornou a Berkeley, onde formou-se com o grau de bacharel em Artes.

No período entre-guerras, ‘Jimmy’ Doolittle tornou-se um dos mais famosos pilotos americanos, fazendo um voo pioneiro costa a costa dos Estados Unidos em 1922, da Flórida até San Diego, e realizando vário voos de demonstração e testes nos Estados Unidos e na América do Sul, onde, num acidente no Chile, quebrou os dois tornozelos. Sua maior contribuição à Aeronáutica, porém, veio através do desenvolvimento de equipamentos de voo. Em 1929, foi o primeiro aviador a fazer um voo solo baseado apenas em instrumentos, sem visão do que ocorria fora da cabine, levantando voo, voando por alguns minutos e aterrisando em seguida. Desenvolveu também dois dos mais precisos e úteis instrumentos de navegação aérea, hoje comuns: o horizonte artificial e o giroscópio direcional, atraindo a atenção mundial ao realizar o primero ‘voo cego’ completo.

Nos anos 1930 quebrou o recorde de velocidade em aviões e conquistou vitórias em importantes e populares corridas aéreas em seu país. Em 1940, com o posto de major, foi enviado à Inglaterra como membro de um missão especial da aeronáutica, trazendo de volta novas informações sobre o avanço da tecnologia aérea em outros países e sobre a composição de diversas forças aéreas européias.

Com a entrada dos Estados Unidos na 2ª Guerra Mundial e promovido a tenente-coronel, em janeiro de 1942 Doolittle foi ao quartel-general da Força Aérea do Exército planejar o que seria o primeiro e histórico ataque aéreo norte-americano ao Japão, num momento da guerra em que as vitórias e a iniciativa ainda eram todas japonesas.

Partindo do porta-aviões USS Hornet no meio do Pacífico, dezesseis bombardeiros B-25, deveriam bombardear as cidades de Tóquio, Kobe, Osaka e Nagoya, como resposta ao ataque a Pearl Harbor, acontecido meses antes, e com o objetivo de abalar o moral do inimigo, mostrando que seu território não estava livre de ataques. A missão, conhecida como Reide Doolittle, compreendia o altíssimo risco de fazer decolar grandes e pesados bombardeiros do pequeno convés de um porta-aviões - algo nunca tentado antes - e que, após os ataques, na impossibilidade de voltar por falta de combustível, deveriam tentar pousar na China, país então aliado dos EUA e em guerra com o Japão; ou, se não conseguissem, cair no mar sem esperança de resgate.
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Doolittle instruindo as tripulações voluntárias a bordo do USS Hornet antes do Reide Doolitlle

Doolittle apresentou-se como voluntário e pessoalmente treinou e liderou os tripulantes – todos também voluntários – da missão, conseguindo pousar seu avião num campo chinês, onde foi auxiliado por guerrilheiros locais e missionários ocidentais. Permaneceu escondido junto com sua tripulação até poder voltar aos Estados Unidos, onde, pelo planejamento e liderança da missão considerada quase impossível, recebeu a Medalha de Honra do Congresso das mãos do Presidente Franklin Roosevelt.

De volta à pátria e promovido a brigadeiro-general, Doolittle passou os próximos dois anos da 2ª Guerra Mundial em comandos no norte da África e no Mediterrâneo. De 1944 a 1945, já como major-general, assumiu seu maior comando, a 8ª Força Aérea do Exército dos Estados Unidos, baseada na Inglaterra, a qual participou da campanha de bombardeio contra a Alemanha.

Transferida para Okinawa após o final da guerra na Europa, a 8ª Força Aérea se preparava para participar da invasão do Japão quando as bombas de Hiroshima e Nagasaki encerram o conflito mundial.

Doolittle foi transferido para a reserva em e iniciou carreira na vida civil, na empresa petrolífera Shell, onde ocupou o cargo de vice-presidente. Em 1951, como reservista da recém-criada Força Aérea dos EUA, assumiu o cargo de assessor técnico do Chefe de Estado-Maior da Força Aérea, colaborando no desenvolvimento científico de mísseis e da tecnologia utilizada posteriormente no programa espacial americano.

Em 4 de abril de 1985, o Congresso dos Estados Unidos promoveu honorariamente Doolittle ao posto de General da Força Aérea (de quatro estrelas), tendo sua nova estrela no uniforme sido colocada pelas mãos do Presidente Ronald Reagan.

O General da Força Aérea 'Jimmy' Doolittle recebe sua quarta estrela das mãos do Presidente Ronald Reagan em 1985

Casado desde 1917 e pai de dois filhos - dois pilotos que combateram na 2ª Guerra (um deles suicidou-se em 1958) –, herói nacional condecorado por mais de cinco países diferentes, James Doolittle morreu na Califórnia em 1993, e foi enterrado no Cemitério Nacional de Arlington, em Washington, ao lado da esposa e de grandes personagens da história militar dos Estados Unidos.
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Durante seu funeral, aviões B-25 remanescentes da 2ª Guerra Mundial, iguais ao usados no Reide Doolittle, fizeram voos rasantes sobre o cemitério junto a caças supersônicos da 8ª Força Aérea, comandada por ele nos últimos anos da guerra.

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