"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 29 de agosto de 2022

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – MARECHAL MANUEL GOMES DA COSTA

 .

* 14/1/1863 - Lisboa, Portugal

+ 17/12/1929 - Lisboa, Portugal


Manuel Gomes da Costa nasceu em Lisboa, na Rua do Sol ao Rato, nº 205, freguesia de Santa Isabel, descendente de militares. Era filho de Carlos Dias da Costa, à data sargento quartel-mestre do Regimento de Infantaria nº 16, e de Madalena Rosa de Oliveira, natural de Lisboa. Cresceu com duas irmãs mais novas, Amália e Lucrécia, iniciando sua carreira militar aos 10 anos de idade ingressando no Colégio Militar.

Como soldado, destacou-se nas campanhas de pacificação das colônias, na Índia e na África, e ainda na Grande Guerra. Ao lado dos Aliados, em inícios de 1917, comandou a 2ª Divisão do Corpo Expedicionário Português (CEP). Durante a Batalha de Lys, em 9 de abril de 1918, o CEP teve 400 baixas e cerca de 6.500 prisioneiros, um terço de suas forças na linha de frente. A divisão de Gomes da Costa foi particularmente atingida e foi praticamente exterminada.

A 15 de Fevereiro de 1919, foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis; em 14 de Setembro de 1920, foi feito Grande-Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e, em 5 de outubro de 1921, foi elevado a Grã-Cruz da Ordem Militar de São Bento de Avis.


Revolução

Monarquista convicto, Gomes da Costa tinha convivido com pessoas de várias orientações políticas. Isso e sua reputação de soldado levaram-no a liderar a direita conservadora, cujos revolucionários lideraram o golpe de estado de 28 de maio de 1926 em Braga, que derrubou a Primeira República portuguesa, depois da morte do general Alves Roçadas, sua escolha original, que deveria ter sido seu chefe.

Generais  Tamagini, Haking (britânico) e Gomes da Costa, fotografados durante a Primeira Guerra Mundial


Depois do sucesso da revolução, ele não assumiu o poder a princípio, confiando os cargos de Presidente da República e Presidente do Conselho de Ministros (primeiro-ministro) a José Mendes Cabeçadas, o líder da revolução em Lisboa. Logo, os líderes do golpe não gostaram da atitude de Mendes Cabeçadas, uma escolha do anterior presidente Bernardino Machado e ainda simpatizante da antiga república. Ele foi substituído por Gomes da Costa em ambos os cargos numa reunião do quartel-general em Sacavém, a 17 de Junho de 1926. O novo governo foi o primeiro a incluir o último primeiro-ministro e ditador de Portugal, Antônio de Oliveira Salazar, como Ministro da Fazenda.

O governo de Gomes da Costa durou tanto quanto o de Mendes Cabeçadas, porque foi derrubado por um novo golpe em 9 de julho do mesmo ano. Esta contrarrevolução foi chefiada por João José Sinel de Cordes e Óscar Carmona, depois de Gomes da Costa tentar remover Carmona do cargo de Ministro das Relações Exteriores e de se revelar incapaz de lidar com os dossiês governativos.


Exílio e posteridade

Carmona, agora presidente do Ministério, enviou-o para o exílio nos Açores, e fê-lo marechal do Exército Português, usando o pretexto de que Gomes da Costa era "inapto para o cargo". Ainda exerceu algumas funções de natureza política, mas com valor protocolar apenas. Em setembro de 1927, regressou doente ao Continente, tendo falecido em condições miseráveis, sozinho, pobre e desligado do poder, 3 meses mais tarde. 

Escultura de Gomes da Costa, do escultor Barata Feyo


Gomes da Costa foi casado com Henriqueta Júlia de Mira Godinho (1863-1936), cujo matrimônio ocorreu em Penamacor, em 15 de Maio de 1885. Deste casamento tiveram três filhos.


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