"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



quarta-feira, 1 de dezembro de 2021

EDITOR DO PORTAL CONDUZ PESQUISA NOS CAMPOS DE BATALHA DE IEPER (YPRES)

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Pesquisador Carlos Daróz palmilha o terreno dos campos de batalha de Ieper


Dando continuidade às pesquisas de doutorado sobre a Grande Guerra, o editor do portal Carlos Daróz-História Militar teve a oportunidade de visitar Ieper (no Brasil, mais conhecida pela designação em inglês Ypres), cidade na Flandres belga que foi palco de três das mais sangrentas batalhas do conflito de 1914-1918.

Após a Alemanha invadir a neutra Bélgica, nos primeiros movimentos da guerra, formou-se a extensa linha de trincheiras desde a Suíça até o Mar do Norte. A única porção do território belga que não foi subjugada pelos alemão foi a região de Flandres, onde se estabeleceu o saliente de Ieper.

Mapa mostrando o saliente de Ieper (Ypres), a única porção do território belga que não foi ocupada pelos alemães na Grande Guerra.


As forças alemãs fizeram três tentativas para romper o impasse, em 1914, 1915 e 1917, sem, contudo, conseguiram vencer as tropas britânicas, francesas e belgas que defendiam a região.

No final de 1914, no curso da primeira batalha, verificou-se entre as linhas inimigas a famosa "trégua de Natal", quando os soldados inimigos se confraternizaram, contrariando os comandos superiores. Na segunda batalha, os alemães utilizaram, pela primeira vez, os gases tóxicos Cloro e Fosgênio, provocando milhares de baixas, mas o saliente resistiu. Em 1917, durante a terceira batalha, batizada pelos britânicos como batalha dos Passchendale, o lamaçal resultante das chuvas imobilizou as tropas inimigas, permitindo a manutenção do saliente.

Na terceira batalha de Ieper (1917), mais conhecida pelos britânicos como Batalha de Passchendaele, a lama assegurou a manutenção do saliente de Ieper, apesar da intensidade do ataque alemão.


As batalhas produziram centenas de milhares de mortos, que se encontram sepultados em dezenas de cemitérios militares cuidadosamente preservados.

Um dos diversos cemitérios extremamente bem administrados pela Commonwealth War Graves Comission na região de Ieper, o Menin Road South Military Cemetery.


Sanctuary Hill Military Cemetery, onde estão enterrados soldados canadenses, a maior parte deles mortos nos ataques a gás de 1915.


Cemitério Militar de Ramparts (Porta de Lille), em uma das saídas de Ieper para o campo de batalha.


Cemitério Militar de Ramparts (Porta de Lille). O soldado sepultado é Albert Goodfellow, do Real Regimento de Artilharia (artilheiro como eu), falecido em 9 de agosto de 1915.



Lápide de um soldado desconhecido no Cemitério Militar de Ramparts. "Um soldado da Grande Guerra conhecido apenas por Deus". Milhares de lápides como esta encontram-se nos cemitérios militares de Ieper, e seus nomes encontram-se, com certeza, no memorial da Porta de Menin.


Na pesquisa de campo, em 25 quilômetros de caminhada, foram percorridas várias posições de combate, trincheiras e cemitérios, além da cidade de Ieper, que, na ocasião, foi literalmente pulverizada pela artilharia alemã.

O centro de Ieper atualmente



Entre 1914 e 1918, a pequena cidade de Ieper foi pulverizada pela artilharia alemã. Foi reconstruída após a guerra.


Uma valiosa contribuição para a pesquisa, experiência inesquecível e um privilégio poder palmilhar, a pé, esse campo de batalha.

Porta de Menin. Uma das principais saídas da cidade de Ieper para o campo de batalha. Após a guerra, os britânicos ergueram esse monumento/mausoléu para honrar seus "desaparecidos em combate"



"Aos exércitos do Império Britânico que estiveram aqui de 1914 a 1918 e aos mortos que não têm sepultura conhecida." Aqui estão registrados os nomes de 54 mil homens desaparecidos em combate ou que não puderam ser identificados.


Lista de desaparecidos sul-africanos na Porta de Menin. Desde 1927, todas as noites às 2000h, o Corpo de Bombeiros de Ieper presta uma homenagem aos mortos na guerra, realizando uma cerimônia com o toque de silêncio.


Além dos cemitérios e memoriais, foram visitados museus e trincheiras preservadas, particularmente as existentes na Colina 62 (Sanctuary Hill), posição canadense que resistiu aos avanços alemães.

Entrada do museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62), posição defensiva do Exército canadense na guerra.



Armamento da infantaria alemã no Museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62)



Capacetes britânicos no Museu da colina Sanctuary Hill (Hill 62). Pelo estrago, certamente o dono do capacete do centro não sobreviveu ao combate



Palmilhando as trincheiras canadenses na Colina 62 (Sanctuary Hill)



Cratera aberta pela artilharia alemã na colina 62 (Sanctuary Hill), posição de trincheiras canadenses. O terreno foi bombardeado com extrema precisão pela artilharia.


Monumento no centro da vila de Zandervoorde, homenageando os mortos do 1º Batalhão do Real Regimento de Fuzileiros Galeses, que perderam a vida em 1914. Da minha parte, jamais esquecerei a hospitalidade dos moradores dessa pequena comunidade de Flandres.



No interior de uma trincheira canadense preservada na colina 62 (Sanctuary Hill)

Ainda restaram acervos a pesquisar e campos de batalha a palmilhar. Em breve retornaremos a este importante sítio histórico.




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