Nos últimos dias de 1629, Matias de Albuquerque organizou uma pequena expedição para expulsar os holandeses que haviam invadido a ilha de Fernando de Noronha. Composta por sete caravelões e comandada pelo capitão de milícias Ruy Calaza Borges, a força portuguesa conseguiu retomar a ilha sem dificuldades, aprisionando sete holandeses e uma lancha com seis roqueiras (canhões que disparavam projéteis de pedra). Francisco Pereira da Costa deixou um relato sobre a ação:
“Em 14 de janeiro de 1630 regressa a Pernambuco o capitão Ruy Calaza Borges, de volta de sua expedição a Fernando de Noronha, trazendo consigo sete prisioneiros holandeses. Conforme as ordens que recebera, abordou ele a ilha pela parte L.S. [sudeste] onde existe uma pequena enseada e de lá seguiu a pé com toda a sua gente para o lado em que está o porto principal, onde contava achar os navios [holandeses]. Assim o fez de noite e encontrou fundeada uma só embarcação.
Tratou logo de formar três emboscadas sendo duas ao pé do ancoradouro e outra dirigida pelo capitão Pedro Teixeira Franco, no lugar em que se fazia a aguada.
Não tardaram os holandeses em vir à terra buscar n´uma lancha, tripulada por onze pessoas. Apenas os viu em terra caiu sobre eles a nossa gente, matando-lhes quatro homens, aprisionando sete e dando liberdade a sete prisioneiros portugueses que eles empregavam no serviço de marinhagem e haviam sido apresados numa embarcação que tinham capturado, e como sucedeu isto em lugar de bordo do navio não fora visto, ordenou o capitão Ruy Calaza que na mesma noite fosse o artilheiro Jorge da Fonseca com gente sua na mesma lancha levando preparações necessárias para deitar fogo na embarcação, o que este efetuou, retirando-se apenas [quando] viu que era percebido pela gente de bordo, que pressurosa correu a extinguir o incêndio que só danificou a popa do navio.
No dia seguinte fizeram-se de vela, e a nossa gente tratou de inutilizar tudo o que eles tinham feito na ilha e constava de uma bateria capaz de oito peças, que ainda não tinha, e quatro povoações, duas aonde se recolhiam quando estavam em terra e duas de negros que haviam capturado em um navio de Angola, os quais já tinham plantado muita mandioca. Havia também uma grande plantação de legumes e fumo. Tudo isso foi destruído, aprisionando-se alguns negros, fugindo a maior parte para as altas serras da dita ilha, aonde se esconderam.”
“Carta náutica do Atlântico”, do cartógrafo holandês Harmen Jansz, mostrando a Baía de Santo Antônio com galeões fundeados.
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A GUERRA DO AÇÚCAR: AS INVASÕES HOLANDESAS NO BRASIL
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