"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 17 de julho de 2011

HELMUTH VON MOLTKE E O ESTADO-MAIOR PRUSSIANO





* 26/10/1800 – Parchim, Mecklemburgo

+ 24/04/1891 – Berlim, Alemanha


Helmuth Karl Bernhard Von Moltke, depois Conde Von Moltke, era mecklemburguês de nascimento, de família de tradicional nobreza que emigrara para o Holstein.


Início da vida militar

Após cursar a Escola de Cadetes de Copenhage, serviu no Exército Dinamarquês como oficial, de onde deu baixa em 1821 para ingressar no Exército da Prússia.

Em 1826 terminou brilhantemente o curso da Academia de Guerra Prussiana, onde se doutrinava Clausewitz. Sete anos depois, fazendo parte do Estado-Maior prussiano, viajou pelo sul da Alemanha e pelo norte da Itália. Licenciado em 1835, como capitão, viajou pela Europa Sul-Oriental, entrou em serviço na Turquia, conheceu os Dardanelos, o Bósforo, a Bulgária, a Romênia e outras regiões próximas dos estreitos. Como conselheiro militar do Exército Turco, conheceu outras regiões, incluindo o Eufrates.

Depois de haver participado da batalha de Nisif, na guerra contra o Egito, em 1839 voltou à Prússia e, no ano seguinte, já no posto de major, foi reincluído no Estado-Maior prussiano. Na oportunidade, já gozava de bom conceito de oficial inteligente e de grande capacidade de trabalho e publicou alguns trabalhos técnico-militares que lhe aumentaram a reputação.


Chefe do Estado-Maior prussiano

Após desempenhar alguns comandos e comissões militares, já promovido a major-general, ascende, em 1856, à chefia do grande Estado-Maior do Exército prussiano. Nessa época, Bismarck já dirigia a diplomacia prussiana.

Como chefe do Exército e amigo do rei da Prússia, Moltke, todavia, manteve-se à margem da política, nesta só influenciando em função dos interesses puramente militares.

Von Moltke fotografado em 1871, em pleno exercício da função de chefe do estado-Maior prussiano


À frente do Estado-Maior, deu continuidade ao trabalho iniciado por Scharnhorst e aplicou a doutrina clausewitziana. Tratou de aperfeiçoar o Exército Prussiano, juntamente com Roon, Ministro da Guerra, ambos assessorando o rei. Enfrentaram as dificuldades que lhes opôs o Parlamento e, para vencê-las, contaram com a ajuda de Bismarck.

Sob a direção de Moltke, o Estado-Maior realizou o seu papel precípuo: a preparação para a guerra, consubstanciada em planos de operações decorrentes dos planos de guerra traçados pela política de segurança nacional. Isso exigia que o Estado-Maior se mantivesse em dia com os fatores do poder nacional, tanto da Prússia, quanto de seus prováveis adversários. Além disso, o Estado-Maior preparava a execução dos planos elaborados.


Novas táticas e organizações

Como a marcha de um corpo de exército, com todos os seus meios, apresentava uma coluna muito profunda, exigindo seu acantonamento em uma grande área, o exército não podia marchar reunido. Moltke assumiu a paternidade da fórmula “marchar separados, mas combater reunidos” para os corpos de exército. A execução dessa fórmula seria facilitada pelo uso intensivo das estradas de ferro.

O planejamento militar tal como era concebido pelo Estado-Maior de Moltke partia das hipóteses de guerra concebidas pela política de defesa nacional e compreendia: o plano de mobilização, o plano de concentração, o plano de transporte e o plano de operações. Assim, a preparação para a guerra era feita com antecedência, atentando para os mínimos detalhes, e esse planejamento precisava ser constantemente atualizado para atender às modificações indicadas pela política de segurança nacional.


Oficiais de estado-maior prussianos realizando reconhecimento para prepar um plano de operações


Surgia daí, pela primeira vez, o verdadeiro Serviço de Estado-Maior, o qual, no caso prussiano, era integrado por oficiais competentes, imbuídos de uma doutrina e em consonância com o pensamento de seu chefe: Moltke.

A amplitude dos efetivos impôs a criação dos exércitos de campanha. Moltke, verificando que na guerra moderna o comandante-em-chefe somente devia dirigir e coordenar o plano estratégico, conferia aos seus comandantes de exército grande liberdade tática, que os marechais de Napoleão jamais conheceram.


O resultado

Com um exército bem preparado e planos estabelecidos minuciosamente, a Prússia obteve a vitória nas guerras Austro-Prussiana (1864-1866) e Franco-Prussiana (1870-1871), todas de objetivos limitados e adequados aos meios disponíveis, impostos por Bismarck e conduzidas por Moltke.


Fonte: Texto adaptado da obra A Arte da Guerra, de Francisco Ruas Santos.




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