"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 17 de junho de 2011

A URSS VENCE A FINLÂNDIA

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Desde o princípio da invasão da URSS pelos alemães, em 1941, a Finlândia lutara contra os soviéticos, como aliada da Alemanha. O grosso das suas forças - umas 14 divisões - participou das operações desenvolvidas na região dos lagos Onega e Ladoga e no istmo de Carélia, e colaborou no sítio de Leningrado. Por sua vez, os alemães colocaram um exército no norte da Finlândia, comandado pelo General Dietl, que tivera destacada atuação na campanha da Noruega. Essa força recebeu a missão de conquistar o porto russo de Murmansk, através do qual a Rússia recebia importantes envios de material bélico transportado por comboios provenientes da Grã-Bretanha. O ataque contra Leningrado, do território finlandês, fracassou.

Igual sorte teve a operação alemã contra Murmansk. Assim, em princípios de 1944, quando na Rússia a Wehrmacht sofria sucessivas derrotas, na frente finlandesa as ações haviam se estabilizado. Logo, no entanto, os soviéticos passariam ali também à ofensiva com o propósito de forçar definitivamente a Finlândia a abandonar o Eixo.

Soldados de infantaria finlandeses entrincheirados aguardam um ataque soviético


Já imperava nos círculos governamentais finlandeses a convicção de que a guerra estava perdida para a Alemanha. As sucessivas vitórias obtidas pelos russos em 1943 assinalavam claramente que os alemães seriam expulsos a curto prazo, de todos os territórios conquistados no Leste, fato que forçaria a Finlândia a prosseguir sozinha a luta contra a URSS. Ante essa ameaçadora possibilidade, os finlandeses iniciaram, com a mediação dos governos dos EUA e da Suécia, as primeiras gestões para concretizar um armistício. Essa reviravolta na atitude do país fora já exposta pelas declarações que, em setembro de 1943, realizou ante o Parlamento o Primeiro-Ministro finlandês Linkomies, quem declarou que “de acordo com o que sabia, nunca existira nenhum pacto militar ou político entre a Finlândia e a Alemanha”.

Logo em seguida foram entabuladas discussões secretas em Estocolmo entre delegados finlandeses e diplomatas russos. Esses últimos apresentaram as condições do governo da URSS para a assinatura de um armistício; eram as seguintes:

1° - Rompimento de relações com a Alemanha e internamento das tropas e navios alemães que se encontravam em território finlandês;

2° - Restabelecimento do tratado soviético finlandês de 1939-1940, com o consequente reconhecimento das concessões territoriais, e retirada das tropas finlandesas para as fronteiras fixadas naquele ano;

3° - Devolução imediata dos prisioneiros de guerra soviéticos e aliados e internados civis. Posteriormente, em discussões formais que teriam lugar em Moscou, seriam resolvidas outras questões, entre as quais a desmobilização parcial ou total do exército finlandês e reparação dos danos causados à URSS.

Ao tomar conhecimento dessas exigências, o governo colocou o Parlamento e a opinião pública a par delas. A reação foi totalmente adversa. A Finlândia ainda não sofrera uma derrota militar de suficiente envergadura para aceitar sem luta um armistício que equivalia à perda da sua independência. Não obstante, a gravidade da situação levou o governo a prosseguir nas suas negociações com os russos. Depois de um intercâmbio direto de notas com as autoridades soviéticas, foi enviada a Moscou uma delegação incumbida de levar adiante as conversações. Os representantes finlandeses se entrevistaram com Molotov nos dias 26 e 27 de março de 1944, e receberam deste uma exposição concreta das condições russas. Eram similares às anteriores: rompimento com a Alemanha, restabelecimento do Tratado de 1940, repatriação de prisioneiros, desmobilização de 50% do exército finlandês, pagamento de uma reparação de 600 milhões de dólares, entrega da região de Petsamo, etc. A 19 de abril de 1944, o governo finlandês informou ao governo soviético que, embora desejasse a paz, não podia aceitar aquelas condições.

Com os pés descalços, soldado finlandês caminha para a retaguarda após a derrota para os soviéticos


Ante a obstinação dos finlandeses, os soviéticos decidiram buscar a solução do problema através das armas. Uma avassaladora ofensiva convenceria finalmente a Finlândia da impossibilidade de continuar a guerra. A 10 de junho de 1944, os 11° e 23° Exércitos soviéticos da Frente de Leningrado, comandados pelo Marechal Govorov, passaram ao ataque no istmo de Carélia, apoiados pela frota vermelha do Mar Báltico. As forças finlandesas, dizimadas e exauridas, não puderam deter a investida.

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