"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



domingo, 23 de agosto de 2020

MOSCOU INVADIDA E INCENDIADA

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Ocupação mais pacífica da capital russa foi realizada por polaco-lituanos no século XVII. Mongóis, por outro lado, destruíram e queimaram toda a cidade. Por ocasião das invasões napoleônicas, no começo do século XIX, a cidade foi novamente invadida e incendiada pelos próprios russos.

Por Boris Egorov

Moscou foi saqueada e queimada pela primeira vez durante a invasão da Rússia por mongóis. Então, em 1238, os invasores eram um vasto exército de nômades e a cidade ainda não era a capital do país.

Durante o cerco de cinco dias, os moscovitas realizaram um ataque bem-sucedido contra o inimigo. Indignados, os mongóis capturaram e incendiaram a cidade e cortaram, literalmente, o comandante da guarnição local em pedaços.


Cerco do khan Toctamix

Embora a vitória do grão-príncipe de Moscou Demétrio Donskoi sobre os mongóis na Batalha de Kulikovo, em 1380, tenha sido um passo significativo na libertação do domínio mongol, a vitória final ainda era um objetivo difícil de se alcançar.

Em 1382, o guerreiro mongol Toctamix (também referido como Toqtamish, Tokhtamish ou Tokhtamysh) invadiu os principados russos e, inesperadamente, chegou às muralhas de Moscou. As principais forças russas lideradas pelo príncipe Demétrio estavam fora de Moscou e a cidade entrou em pânico.

Em 1382, o guerreiro mongol Toctamix invadiu os principados russos e, inesperadamente, chegou às muralhas de Moscou

Os mongóis enganaram os moscovitas oferecendo negociações, mas quando os primeiros mongóis entraram na cidade, o exército seguiu, invadiu a cidade e começou um massacre. Os mongóis levaram tudo que havia de valor e queimaram a cidade. Quando Demétrio Donskoi retornou a Moscou, deparou-se com as ruas cobertas de cadáveres.


Ataques de Devlet Giray

No século XVI, o poderoso Estado mongol conhecido como Horda de Ouro, caiu no esquecimento, enquanto o Estado russo crescia rapidamente e tinha que lidar com seus “fragmentos”: numerosos canatos e hordas.

Em 1571, a Rússia entrou na Guerra da Livônia (1558-1583) e a maioria das tropas russas lutava contra as forças suecas e polonesas-lituanas no Báltico. O khan do khanato da Crimeia, Devlet Giray, decidiu que esta era a oportunidade perfeita para saquear as terras russas.

Forças do khan Devlet Giray assaltam Moscou na década de 1570

Ele chegou sem empecilhos a Moscou e incendiou as aldeias nos arredores da cidade. O fogo imediatamente se espalhou por Moscou. Mas Devlet decidiu não invadir o Kremlin e, depois de capturar dezenas de milhares de prisioneiros, voltou à Crimeia.

Inspirado por este sucesso, o khan chegou a propor que o sultão otomano Selim II conquistasse o Estado russo. No entanto, após a derrota colossal na Batalha de Molodi, não muito longe de Moscou, em 1572, o sultão decidiu cancelar a ofensiva.


Intervenção polaco-lituana

A crise política e a fome no início do século XVII levou ao chamado “Tempo de Dificuldades” da Rússia. O país foi divido por diferentes grupos políticos e movimentos e sofreu com muitas intervenções estrangeiras.

A campanha militar estrangeira mais bem sucedida na Rússia foi realizada pela Comunidade Polaco-Lituana, também conhecida como a República das Duas Nações.  As tropas polonesas participaram ativamente de todos os conflitos civis, apoiando diferentes candidatos ao trono russo.

Em 1610, os poloneses derrotaram as tropas do tsar russo Basílio IV e a nobreza russa ofereceu o trono ao príncipe polonês Vladislav Vasa. Sem enfrentar qualquer resistência, as tropas polaco-lituanas lideradas por Stanislaw Zolkiewski entraram na cidade e ocuparam o Kremlin.

Forças russas sitiam a guarnição polonesa no Kremlin em 1612

Apesar da promessa dos poloneses de não incluir a Rússia na Comunidade Polaco-Lituana e não prejudicar a religião ortodoxa, eles começaram a agir como conquistadores e logo causaram grande descontentamento público.

Um movimento anti-polonês ganhava popularidade em todo o país. A guarnição polonesa foi sitiada no Kremlin e, após tentativas de desbloqueio, rendeu-se em 1612. Mas a libertação de Moscou não significou o fim da guerra, que durou por mais seis anos. Já Vladislav Vasa deixou de reivindicar o trono russo apenas em 1634.


La Grande Armée em Moscou

Os poloneses voltaram a Moscou 200 anos mais tarde.  Soldados polacos compuseram o exército francês, no 5º Corpo do Grande Armée de Napoleão, e estiveram entre os primeiros a entrar em Moscou em 1812.

Os comandantes russos decidiram abandonar Moscou após grandes perdas do exército na Batalha de Borodino. Quando, em 14 de setembro, Napoleão entrou em Moscou, a capital russa já estava quase completamente abandonada.

O imperador francês aguardava iniciativas para iniciar as negociações com a Rússia, mas os soldados russos incendiaram a maior parte de Moscou, destruindo grande parte da cidade. Os franceses responderam com execuções em massa.

Moscou em chamas por ocasião da invasão Napoleônica, em 1812

Um mês mais tarde, devido ao inverno que chegava, Napoleão decidiu abandonar a cidade, retirando-se. Não conseguindo obter nada, La Grand Armée começou uma longa e tortuosa jornada para casa, que levou ao seu fim.

Fonte: Russia Beyond


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