O sucesso da artilharia otomana levou os exércitos europeus a considerarem os canhões como uma opção real para ampliar seu poderio, o que foi potencializado pelos avanços nas técnicas de fabricação das bocas de fogo e da pólvora.
Com efeito, já na virada do século XV para o XVI, a artilharia se afirmou no campo de batalha, revelando-se imprescindível no ataque e na defesa das praças fortes. Os mais notáveis autores renascentistas ibéricos se aperceberam da inovação e fizeram interessantes referências à artilharia em suas obras. Camões, em Os Lusíadas, testemunhou os efeitos da nova arma:
"As bombardas horrisomas bramavam,
Com as nuvens de fumo o sol tomando;
Amuidavam-se os brados acendidos,
Tapam com as mãos os mouros os ouvidos"
Luís de Camões em Os Lusíadas: "As bombardas horrissomas bramavam..."
Além de começar a se tornar eficiente, o canhão foi decisivo – juntamente com seus derivados, o arcabuz e o mosquete – para eliminar o prestígio e a primazia da cavalaria medieval, conforme protestou, com boa dose de indignação, o célebre autor espanhol Miguel de Cervantes:
"Bem hajam aqueles benditos séculos que careceram da espantosa fúria destes denominados instrumentos da artilharia, a cujo inventor, tenho para mim, que o inferno está dando o prêmio da sua diabólica invenção, com a qual deu causa a que um infame e covarde braço tire a vida a um valoroso cavaleiro e, que sem saber como, ou por onde, em meio de coragem e brio, que inflama e anima os valentes peitos, chega numa desbandada bala, disparada por quem talvez fugiu ao disparar a maldita máquina e corta e acaba em um só instante os pensamentos e a vida de quem a merecia gozar longos séculos."
Peça de artilharia do século XVI
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