* 26/01/1845 – Rio de Janeiro
+ 11/09/1923 – Rio de Janeiro
O Almirante Julio César de Noronha, filho
de José Joaquim de Noronha e de Carlota Joaquina de Noronha, nasceu no Rio de
Janeiro, em 26 de janeiro de 1845. Foi Aspirante em 1862 e, aos 17 anos,
recebeu o galão de Guarda-Marinha.
Logo como 2º tenente recebeu seu
batismo de fogo tomando parte nas Campanhas do Uruguai e Paraguai, onde distinguiu-se,
sempre, pela sua excepcional conduta em combate. Ferido no combate de 6 de
dezembro de 1864. A bordo da fragata a vapor Amazonas
tomou parte na Batalha do Riachuelo, e no forçamento das passagens de Mercedes
e Cuevas, destacando-se também nos combates de Paysandu, Riachuelo e Angustura,
tendo recebido a Imperial Ordem da Rosa por sua conduta perante o inimigo.
Em 1873, como capitão-tenente,
publicou no Rio de Janeiro o “Compêndio de Hidrografia”. A Viagem de circunavegação que empreendeu, no
comando da Corveta Vital de Oliveira, com
a turma de Guardas-Marinha de 1879, tornou-se modelo de instrução.
Em 1896, já como contra-almirante,
comandou a divisão composta do encouraçado Aquidabã
e dos cruzadores República e Tiradentes,
com a qual o Brasil se fez representar na grande Revista Naval passada pelo
Presidente Cleveland às esquadras estrangeiras, por ocasião da Exposição
Internacional de Chicago.
Entre as numerosas missões
desempenhadas em terra pelo Almirante Júlio de Noronha, destacam-se a de
Vice-Diretor do Colégio Naval; Vice-Diretor da Escola de Marinha; Capitão dos
Portos da Corte e da Província do Rio de Janeiro; membro efetivo do Conselho
Naval; Inspetor do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro; Conselheiro de S.
Majestade o Imperador; Chefe do Comissariado-Geral da Armada e Chefe de
Estado-Maior General da Armada (por duas vezes), onde nunca deixou de revelar
suas qualidades de homem estudioso e marinheiro irrepreensível; Diretor da
Escola Naval; Consultor do Conselho do Almirantado e Ministro do Supremo
Tribunal Militar. Foi Ministro de Estado dos Negócios da
Marinha, entre 15 de Novembro de 1902 a 15 de novembro de 1906.
Sua administração na pasta da Marinha
foi fecunda e construtora “numa fase sem dúvida precária da vida nacional,
atenuada pela ação previdente do governo de 1899-1902. assim preparatória da
ação e do grande sucesso do governo de 1902-1906, cujos passos foram firmes,
constantes e decisivos, além de incontestavelmente patrióticos”.
Coube ao Almirante Júlio de Noronha
dar à Marinha vida e expressão, depois de um período de lutas amargas e
desalentada expectativa. O
depauperamento da Marinha era evidente. Apenas dois guardas-costas, um cruzador
protegido e três cruzadores-torpedeiros eram eficientes, no gênero. Dois encouraçados
e um cruzador já antiquados, podiam ser utilizados como força de reserva, além
do belo navio-escola Benjamim Constant. Os
demais não tinham valor militar.
Tomou a si o encargo de elevar o nosso
poder naval ao lugar que lhe competira no passado: primaz da América do Sul. E,
no dizer do próprio Almirante Júlio de Noronha, “o preparo pata a guerra é o melhor meio de torná-la improvável”.
A verdade é que o Brasil não podia
fazer numerosas construções. A ideia, porém, do Almirante Noronha era a de
dotar o país de tipos de navios homogêneos por classes, superiores, quanto
possível, aos congêneres de outras marinhas.
A reconstituição da Marinha era obra
demorada. Pareceu-lhe, todavia, azada a ocasião para a concessão de um credito,
triênio de 1904 a 1906. Poder-se-iam encetar algumas construções no começo de
1904. No decurso de um decênio, ponderou o almirante, não nos seria difícil nem
altamente gravosa e reconstituição do nosso poder naval, desde que houvesse
perseverança na orientação dada.
Reorganizou inicialmente todos os
corpos, estabelecimentos e repartições. O ensino naval mereceu de sua parte
desveladas atenções. Estabeleceu a seguir, o famoso Programa Naval de 1904, que
consistia na aquisição de três encouraçados de 12.500 a 13.000 toneladas de
deslocamento; três cruzadores-encouraçados de 9.200 a 9.700 toneladas; seis caça-torpedeiros
de 400 toneladas; seis torpedeiras de 150 toneladas; seis torpedeiras de 50
toneladas; três submarinos e um vapor-carvoeiro capaz de carregar 6.000
toneladas de combustível. O tempo necessário à concretização dessa obra seria
de seis a oito anos. Em substanciosa exposição do Almirante Noronha, o Chefe do
Executivo Federal remeteu o plano ao Poder Legislativo, em duas mensagens
seguidas, salientando a necessidade de reconstituição de nosso material
flutuante, segundo um programa previamente delineado.
Apresentado o projeto na Câmara dos
Deputados pelo ilustre Deputado fluminense Laurindo Pitta, cujo nome figurou
mais tarde nos flancos de um barco da Armada, foi o mesmo convertido em lei
pelo Decreto n.º 1.296, de 14 de dezembro de 1904. O Decreto que autorizava o governo a adquirir
novos navios foi o clímax da carreira do Almirante Júlio de Noronha.
Ferido, inexoravelmente, pelo destino
que fê-lo testemunhar o lamentável soçobro do encouraçado Aquidabã, capitânia da 1ª
Divisão Naval, em águas da baía de Jacuacanga. Motivara a catástrofe a explosão
pela combustão espontânea da cordite. Morreram
no sinistro quatro almirantes, muitos oficiais, guardas-marinha e pessoal
subalterno. Entre os que pereceram figuravam o Guarda-Marinha Mário de Noronha,
filho do almirante e um seu primo capitão-de-corveta Luis Henrique de Noronha.
Na explosão do encouraçado Aquidabã, Júlio de Noronha perdeu seu filho e um primo
Com o fim do Governo Rodrigues Alves,
foi nomeado Ministro do Supremo Tribunal Militar, onde permaneceu de 1913 a
1919, quando, com 74 anos de idade, dos quais 57 integralmente dedicados à
Marinha, sentindo-se cansado para continuar no serviço ativo, requereu dispensa
da função.
O Almirante Júlio César de Noronha
possuía as seguintes condecorações: Hábito da Imperial Ordem da Rosa, Medalha
de Prata de Paissandu e Medalha pela Ação em Riachuelo, 1865; Cavaleiro da
Ordem de Cristo, 1866; Cavaleiro da Ordem de S. Bento de Aviz, 1876; Medalha de
Mérito, três passadores por atos de bravura na Campanha do Paraguai, 1888 e
Medalha Militar de Ouro, 1902.
Ao longo se sua carreira, comandou o monitor Rio
Grande, canhoneiras Araguari e Pedro
Afonso, vapor Ipiranga, transporte José
Bonifácio, corvetas Belmonte e Vital
de Oliveira e os encouraçados Bahia,
Lima
Barros e Aquidabã.
Após prolongada enfermidade, veio a
falecer, no Rio de Janeiro, em 11 de setembro de 1923.
Fonte: Portal Navios de Guerra Brasileiros
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