Na
batalha naval de Salamina, em outubro de 480 a.C., a frota grega venceu a
armada persa. A vitória sobre os persas criou as bases para o florescimento da
Grécia e da Europa.
Por
Matthias von Hellfeld
Avanço
persa
Mas
os persas não se deram por vencidos e armaram a maior força de combate da
Antiguidade. Para um transporte mais rápido das tropas, o rei Xerxes I (519
a.C.–465 a.C.) construiu um canal através da península de Atos, uma ponte sobre
o Helesponto (hoje, Estreito de Dardanelos) e outra sobre o rio Estrímon.
Tamanhos
esforços por parte de Xerxes I não passaram despercebidos pelos gregos. Os
investimentos e a dimensão do contingente persa deixavam claro que o rei tinha
em mente uma guerra de conquista, primeiramente contra a Grécia e então contra
o Sudeste Europeu – para qualquer outro objetivo, o tamanho de seu Exército
estaria superdimensionado.
Ao
consultar o oráculo de Delfos, Temístocles escutara a profecia:
"Protejam-se com uma muralha de madeira", ou seja, os gregos deveriam
procurar o combate naval e proteger-se atrás do muro de madeira que
representava sua esquadra. Após alguma resistência na Eclésia, a assembleia
pública da democracia ateniense, foi aprovada a construção de novos navios de
guerra.
Um
pouco mais tarde, em 480 a.C, ficou demonstrado quão certo Temístocles estava
em seu prognóstico de que a tropa persa seria invencível num campo de batalha.
No desfiladeiro das Termópilas, um contingente grego não pôde conter o avanço
persa por mais do que alguns dias, sendo então forçado a bater em retirada.
Xerxes
I marchou sobre Atenas, depredando-a sem encontrar resistência, pois os
atenienses aptos ao combate haviam se retirado para a frota de guerra. A visão
da cidade devastada deu aos gregos a certeza de que essa era sua última chance:
uma derrota no combate naval significaria o fim da Grécia livre.
Para
combater os persas, a frota grega se posicionou no estreito braço de mar a
oeste da ilha de Salamina. Após 12 horas de batalha, os gregos saíram
vencedores. Provavelmente, o fato de os navios gregos serem menores e mais
facilmente manobráveis foi decisivo para derrotar a esquadra de Xerxes I. Com a
vitória grega foi sustada a ameaça de escravidão na Pérsia, como também o
avanço persa na Europa.
Europa
contra Ásia
A
resistência grega contra os persas representou um marco da história europeia.
No caso de uma derrota, não haveria mais barreiras para as tropas persas. Elas
teriam ampliado o império persa para a Europa continental.
Nesse
caso, tanto a cultura grega quanto o império romano teriam sido soterrados. A
partir da Antiguidade greco-romana nasceu a Europa moderna. Caso os persas
tivessem vencido a Batalha de Salamina, em outubro de 480 a.C., ela
possivelmente se chamaria hoje "Ásia Ocidental" – com população de
maioria muçulmana.
Heródoto
(490 a.C.–425 a.C.), um dos principais historiadores da Grécia Antiga, deu um
suporte ideológico à guerra contra os persas. Para ele, tratou-se de uma
"guerra de sistemas". De um lado, estava a Europa da "liberdade
e democracia" – afinal de contas foi fundada nessa época a democracia
ática, considerada até hoje o berço da Europa democrática. No lado
persa-asiático, Heródoto localizou o "despotismo", o sistema da
tirania. Dessa forma, o historiador grego dividiu o mundo até então conhecido
num par de opostos: Ásia contra Europa e "liberdade contra servidão".
Fonte:
DW
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