"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sábado, 5 de agosto de 2017

O SAQUE E A PILHAGEM NO SISTEMA LOGÍSTICO

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Ainda na Renascença, o problema da logística era tratado como no período medieval, predominando o sistema de requisições, quando em território amigo, e saques e pilhagens, quando o exército operava em uma área invadida. Muito embora aos olhos de hoje o saque pareça uma aberração e um desvio de caráter, nos exércitos modernos, amplamente compostos por mercenários, era uma prática comum, necessária e até mesmo incentivada pelos comandantes. Nesse sistema, no qual a violência das tropas era um fator intrínseco, os recursos para abastecer a tropa eram requisitados – ou saqueados – junto à população local, o que proporcionava grande flexibilidade para os pequenos exércitos mercenários e constituía-se na única alternativa para tropas sem uma estrutura logística formalmente estabelecida. As requisições, contudo, possuíam desvantagens significativas, pois os objetivos militares ficavam condicionados à possibilidade de obtenção dos suprimentos e impediam a concentração de grandes quantidades de soldados em determinadas áreas.

Apesar de garantirem o abastecimento de alimentos e de alguns outros itens, o sistema não era capaz de fornecer armas e munições para o exército, tendo esses itens que ser, obrigatoriamente, transportados pelos próprios soldados. Além desses problemas, havia o custo político e social do saque, que frequentemente provocava a revolta das populações de países ocupados.

Embora a modalidade do saque proporcionasse algum apoio logístico para os exércitos invasores, o custo social e material para as populações invadidas era imenso.


Roland Mousnier exemplifica os efeitos do saque sobre a população durante a Guerra dos Trinta Anos: 

“Era mister permitir que os soldados se nutrissem à custa dos habitantes ou impusessem contribuições ao país. Os soldados pilhavam, violavam, torturavam, incendiavam e causavam terror. As perpétuas variações de efetivos, as devastações, acarretavam longos períodos de suspensão das operações. Às vezes, a fome afugentava as tropas vitoriosas das regiões invadidas. [...] Os soldados apoderavam-se do gado, arrancavam o trigo, destruíam o que não levavam, cortavam as árvores, os cepos de vinha, quebravam portas, janelas, fogões, agrediam os habitantes. Mesmo as propriedades do Imperador eram saqueadas. Os camponeses viam-se reduzidos a comer ervas, cascas e frutos selvagens, a esconder-se nas florestas. Os viajantes eram assaltados nas estradas principais.”

No mesmo conflito, durante o saque à cidade luterana de Magdeburgo, em 1631, na Alemanha central, o exército da Liga Católica do general Graff Von Tilly massacrou homens, mulheres e crianças, cuja maioria tinha se rendido e implorava pela vida. O vilarejo foi completamente destruído e, de uma população de 30 mil moradores, apenas 5 mil pessoas conseguiram sobreviver. Um censo realizado na cidade, em 1640, apontou somente 2.400 habitantes. Com o objetivo de diminuir o desperdício e a violência, a França criou uma burocracia civil – a Intendência – para organizar as requisições, no que foi seguida pela Prússia.

Durante a Guerra dos Trinta Anos, o vilarejo de Magdeburgo foi completamente destruído e saqueado. De uma população de 30 mil moradores, apenas 5 mil pessoas conseguiram sobreviver. Um censo realizado na cidade, em 1640, apontou somente 2.400 habitantes.


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