Por Carlos Daróz
Em maior ou menor grau, praticamente todos os brasileiros sabem que o
país enviou a Força Expedicionária Brasileira para combater o nazismo durante a
Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Mas pouca gente conhece a participação dos
brasileiros na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o primeiro grande conflito
ocorrido no século XX.
Mas, afinal, o Brasil enviou forças militares para combaterem na
Europa na Primeira Guerra?
Quem transita pela Rua Tenente Possolo, no centro do Rio de Janeiro,
dificilmente saberá quem foi o oficial da Marinha que deu nome à via, nem as
circunstâncias em que perdeu a vida o jovem brasileiro, enquanto realizava
treinamento de vôo na Inglaterra, em 1918, por ocasião da Primeira Guerra
Mundial.
A Primeira Guerra Mundial, ou Grande Guerra, como foi chamada pela
imprensa da época, irrompeu em 1914 e se estendeu por quatro anos. O conflito
global teve consequências tão profundas que, vinte anos mais tarde, conduziriam
o mundo a um novo e mais devastador confronto: a Segunda Guerra Mundial. Depois
de 1918 as fronteiras da Europa foram redesenhadas, impérios faliram pelos
custos do conflito, ao mesmo tempo em que novas potências mundiais se ergueram:
os Estados Unidos da América se consolidaram e a União Soviética, herdeira da
Rússia czarista, apresentou-se ao mundo. Com a economia mundial em ruínas, a
sociedade também se modificou em decorrência da guerra, e as relações de poder,
trabalho e, até mesmo, de gênero, ganharam novos moldes. As mulheres
conquistaram o mercado de trabalho e os operários das fábricas foram às ruas em
busca de uma legislação que contemplasse suas necessidades. No plano
internacional, novos parceiros comerciais se associaram, na mesma medida em que
tradicionais linhas de negócio foram irremediavelmente rompidas.
A guerra chegou ao Brasil pelo mar, quando navios mercantes
brasileiros começaram a ser afundados por submarinos alemães, que desenvolviam
uma campanha de bloqueio naval contra a navegação Aliada. Diante dos ataques,
em 1917 o Brasil reconheceu estar em estado de guerra contra a aliança liderada
pela Alemanha, e uniu-se, ainda que de forma modesta, ao esforço internacional
contra os germânicos. No último ano do conflito, 1918, o Governo brasileiro deu
sua contribuição, enviando uma Divisão Naval para patrulhar a costa ocidental
da África; uma missão médica militar e um grupo de oficiais do Exército para a
França; e um grupo de aviadores navais para treinamento e posterior atuação em
combate na Grã-Bretanha, Itália e EUA. Diante da participação das forças
armadas brasileiras no conflito, surgem algumas indagações: o Brasil estava
preparado para enfrentar uma “guerra total”? Qual foi a nossa contribuição para
os Aliados no conflito? A atuação dos brasileiros na Grande Guerra trouxe
consequências positivas para o país? As forças armadas nacionais se
modernizaram? O propósito da obra O Brasil na Primeira Guerra Mundial – a
longa travessia é justamente procurar responder a esses questionamentos e
lançar uma luz sobre esse desconhecido episódio da história militar brasileira.
Oficiais do Exército Brasileiro na França em 1918
Em razão de ter sido travada, em sua maior parte, no solo europeu e
devido ao elevado número de combatentes dos países do continente – calcula-se
em 60 milhões a quantidade de mobilizados –, a memória histórica da Grande
Guerra é bastante viva na Europa, porém vista com olhares diferenciados de um
país para o outro. No ano do centenário do início da guerra, 2014, a imprensa
internacional deu amplo destaque para a cobertura das solenidades e eventos
realizados na Europa. Alunos britânicos visitaram os campos de batalha em
Flandres e o Dia do Armistício (11 de novembro) foi comemorado como feriado na
França. Na Alemanha, contudo, a Grande Guerra permaneceu esquecida durante
anos, até a chegada do centenário, quando filhos e netos buscaram saber o grau de
envolvimento de seus pais e avós, demonstrando o profundo enraizamento nas
memórias familiares.
Pelas mesmas razões, mas em sentido oposto, no Brasil pouco se fala ou
se estuda sobre o conflito de 1914-1918. Nossa participação foi modesta e
envolveu, de forma direta, uma reduzida parcela da população – menos de 2.000
pessoas –, o que leva a Grande Guerra a ser uma desconhecida do público
brasileiro, seja na memória coletiva ou nos livros escolares. Comparativamente,
observa-se que a participação brasileira na Segunda Guerra Mundial, que
envolveu o envio de uma força expedicionária e de um grupo de aviação para a
Itália, bem como o patrulhamento antissubmarino do Atlântico Sul, é hoje bem
mais familiar aos brasileiros.
Este silenciamento da memória é potencializado pela carência
historiográfica sobre o tema, havendo muito poucas obras com uma abordagem
direta sobre a participação brasileira na Grande Guerra. Nesse sentido, na
oportunidade em que se rememora o centenário do conflito, outra intenção deste
trabalho é revisitar a história da participação das forças armadas do Brasil no
conflito.
Ao todo, quase duzentos brasileiros perderam a vida nos navios e nos
campos de batalha da Europa, a maioria vitimada pela pandemia de gripe
espanhola e outros em decorrência de acidentes durante as operações.
Ficha Técnica
Editora Contexto
Gênero: História Militar
Ano: 2016
ISBN 978-85-7244-952-6
Formato 16 x 23
Peso 0.351 kg
Acabamento Brochura
Páginas 208
Gênero: História Militar
Ano: 2016
ISBN 978-85-7244-952-6
Formato 16 x 23
Peso 0.351 kg
Acabamento Brochura
Páginas 208
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Fonte: Blog da Editora Contexto
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