"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

EVOLUÇÃO DA GUERRA NO MAR DURANTE A 1ª GUERRA MUNDIAL


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A 1ª Guerra Mundial, travada entre os anos de 1914 à 1918, dividiu a Europa, que já apresentava um equilíbrio instável por um bom tempo, em duas fortes alianças: de um lado os aliados (Tríplice Aliança ou Entente Cordial) formados pela França, Grã-Bretanha e Rússia; de outro lado os Impérios Centrais, formados pela Alemanha, Áustria-Hungria, Itália e Império Turco-Otomano. A Grande Guerra eclodiu diante de um cenário de salto tecnológico alavancado pela Revolução Industrial, e este avanço de tecnologia foi amplamente utilizado nas armas, equipamentos, meios de transporte e de comunicação. Assim, apareceram grandese espetaculares inovações no ar, na terra e no mar.


Os gigantes de aço

Com a utilização dos grandes encouraçados, também conhecidos por Dreadnoughts, e submarinos a guerra no mar não foi mais a mesma, pois mudanças significativas ocorreram nas táticas e estratégias durante as batalhas da 1ª Guerra Mundial.

Os grandes encouraçados deslocavam mais de 20 mil toneladas, utilizando turbinas à vapor e com velocidades, podendo passar dos 23 nós, uma grande velocidade para a época, além disso, possuíam torres com vários canhões de até 305 mm de calibre, com os tiros ajustados pelos novos telêmetros, além de lançadores de torpedos, sobrepujando todas as outras classes de navios de guerra anteriores, e se tornando o navio com supremacia nas batalhas travadas na 1ª Guerra Mundial.

Também é importante frisar que os encouraçados conseguiam atingir, com seus poderosos canhões, a linha de batalha inimiga, que se encontrava em uma distância bem longa, e com isso havia uma outra vantagem, pois nesta distância as suas fortes couraças eram impenetráveis pela artilharia de menor calibre de seus inimigos. Dessa forma, as marinhas começaram a medir o seu poderio pela quantidade de encouraçados que possuíam. A Alemanha desafiou a Inglaterra na construção de grandes encouraçados, assim, em 1914 já possuía 18 destes supernavios, enquanto os britânicos um total de 28.

Encouraçado HMS Dreadnought

A Marinha Real Britânica tentava atrair a Esquadra de Alto Mar Alemã para um combate decisivo. Embora as batalhas tenham ocorrido nas ilhas Coronel (Oceano Pacífico, 01/11/1914), Falkland (07/12/1914) e Dogger Bank (24/01/1915), somente no final de maio de 1916, próximo à costa da Dinamarca - na região conhecida como Jutlândia - é que finalmente os Dreadnoughts de ambos os lados se enfrentaram em um combate tradicional. Ocorrida entre 31 de maio e 1º de junho de 1916, a batalha envolveu 151 navios ingleses e 99 alemães e seu resultado foi inconcluso: os ingleses tiveram mais perdas - 14 navios e 6.784 homens contra 11 navios e 3.390 baixas dos alemães - mas mantiveram a vantagem tática. Daí até o fim da guerra, nenhum outro combate de superfície ocorreu entre as duas frotas, ficando a armada alemã estacionada em seus portos.

A arma submarina

Dada a impossibilidade de dobrar o inimigo por batalhas terrestres, os ingleses trataram de bloquear as ligações marítimas dos alemães. Esses decretam então a guerra submarina. Em maio de 1915, afundaram o transatlântico "Lusitânia", onde perecem 120 cidadãos americanos, fazendo com que a opinião pública nos Estados Unidos se voltasse contra a Alemanha. No ano de 1916, intensificaram a guerra comercial ordenando o afundamento sumário inclusive de navios neutros que se aproximassem do litoral britânico. Essa medida terminou por levar o Presidente Woodrow Wilson a declarar guerra à Alemanha, em 6 de abril de 1917, e à Áustria-Hungria, em 7 de dezembro do mesmo ano.

Mesmo assim, a campanha submarina germânica foi extremamente bem sucedida, quase levando à Inglaterra ao colapso. Somente com a introdução dos sistemas de comboios, em 1917, é que se conseguiu retomar o abastecimento regular das ilhas britânicas. Ainda assim, as perdas aliadas foram gigantescas. Como comparação, enquanto os aliados perderam um total de 12 milhões e meio de toneladas, as potências dos Impérios Centrais, perderam apenas um total de 263.976 toneladas ao longo de todo o conflito.

Com a criação dos submarinos pode se observar que navegar-se pelos mares, não era mais seguro, nem mesmo para as marinhas mercantes, tudo isso reflexo da mentalidade de guerra total, que se inaugurou com a 1ª Guerra Mundial. Dessa forma, um dos objetivos na guerra, era fazer com que o inimigo perdesse a vontade de lutar, ou não tivesse mais os meios necessários para continuar no combate. Os países da Entente Cordial, devido a presença da Marinha Real Britânica, que sempre dominou os mares devido a sua posição insular, tentaram impor aos países das Potências Centrais um bloqueio, cortando-lhes o envio de matérias primas necessárias ao esforço de guerra, e principalmente o de suas colônias.

Submarino alemão afunda um cargueiro britânico

Quanto ao desenvolvimento dos submarinos, o submarino de casco duplo, basicamente, era um torpedeiro com a propriedade de se esquivar do fogo inimigo e aproximar-se debaixo da água para disparar os seus torpedos. Equipados com motores elétrico e a diesel, suportando profundidades de até 90 metros e armados com os letais torpedos, os submarinos eram poderosos predadores sob as águas.

Para combater os submarinos adotou-se, inicialmente, uma antiga prática que era baseada no choque do casco do contratorpedeiro contra os submarinos quando estes subiam à tona, e apesar de primitiva, mais de 14 deles foram afundados. Além disso, houve uma rápida evolução nos contratorpedeiros, pois além de possuírem baixo calado, que dificultava serem atingidos por torpedos, e da velocidade superior, foram equipados com proas reforçadas para o abalroamento, cargas de profundidade e hidrofones (para identificar alvos submarinos).

Cabe ainda ressaltar que, quanto aos submarinos, pois apesar de recursos tecnológicos muito incipientes, eles representavam um enorme problema para os aliados, ainda que os alemães não tivessem percebido totalmente o seu potencial de utilização estratégica. Mesmo reduzidos a apenas duas bases no Atlântico, os submarinos alemães no final da guerra já haviam afundado cerca de 5.234 navios, um enorme sucesso em relação à Esquadra de Alto-Mar alemã imobilizada em Wilhelmshaven pela frota inglesa.


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