"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



sexta-feira, 25 de novembro de 2011

CENTENÁRIO DO PRIMEIRO ATAQUE AÉREO DA HISTÓRIA

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Há cem anos, piloto italiano inaugurava a era do avião como arma de guerra com o primeiro ataque aéreo.




A estranha máquina voadora deixou incrédulos os soldados do Exército Turco acampados no pequeno oásis de Ain Zara, a leste de Trípoli, na manhã de 1º de novembro de 1911. Zumbindo a uma velocodade de 100 km/h, sobrevoou duas vezes o acampamento antes de iniciar sua verdadeira missão. Nos controles do primitivo aparelho feito de madeira e lona, a 180 metros de altitude, o tenente italiano Giulio Gavotti, com 29 anos de idade, iria escrever seu nome nas páginas da história.

O aviador italiano Tenente Guilio Gavotti

 
Em sua terceira passagem, pegou uma granada de 1,5 kg, tirou o grampo de segurança com os dentes, e deixou cair sobre os inimigos, realizando o primeiro ataque aéreo da história.

Por uma dessas estranhas coincidências do destino, exatamente um século depois, pilotos italianos, voando sob o comando da OTAN, novamente bombardearam do céu da Líbia. E, como em 1911, quando o ataque significou o encerramento de séculos de domínio otomano no então território da Tripolitânias, a interevnção internacional da qual a Itália fez parte em 2011 marcou o fim de décadas da ditadura de Muamar Kadafi. Se no primeiro caso o emprego do poder aéreo ainda engatinhava, no segundo representou o principal trunfo da Aliança Atlântica.

No próprio dia 1º de novembro de 1911, o tenente Gavotti escreveu a seu pai dizendo que iria tentar lançar bombas do avião, no primeiro experimento de se fazer algo do gênero, e que, se tivesse sucesso, ficaria feliz de ser o pioneiro.

Integrantes do Batalhão de Aviadores italiano no deserto da Líbia

 
Nascido em 1882, Giulio Gavotti estudou engenharia e obtece seu brevê de aviador em 1910. Quando começou a Guerra Ítalo-turca no ano seguinte, foi enviado ao norte da África como um dos onze pilotos do Batalhão de Aviadores. No comando de uma das aeronaves que compunham o poderio aéreo da expedição militar italiana, Gavotti ficaria surpreso se soubesse que, cem anos depois, mais de 250 aviões seriam enviados contra as forças do ditador líbio. E mais ainda se pudesse imaginar que as quatro granadas lançadas em seu ataque aéreo inaugural – uma delas tirada do bolso de sua jaqueta de voo – pareceriam inofensivos se comparadas aos 110 mísseis Tomahawk que caíram sobre os alvos líbios apenas no primeiro dia da ofensiva da OTAN contra Kadafi.

O Taube de Gavotti atacando o acampamento turco em Ain Zara


Em 1911, o avião era rudimentar e muito perigoso para quem voava, o que provocava desconfiança a respeito da utilidade da aviação no campo de batalha. Tal desconfiança era de se esperar: apenas oito anos haviam se passado do pioneiro voo dos irmãos Wright, nos estados Unidos, e cinco do de Santos Dumont, na França. De fato, mais do que uma arma de combate, pensava-se no avião, naqueles primeiros dias da aviação, como instrumento de reconhecimento em profundidade nas linhas inimigas, um substituto para os balões de observação.

Coube a outro membro do Batalhão de Aviadores, o capitão Carlo Piazza, a primazia de fazer o voo inédito para bisbilhotar as posições adversárias, apenas nove dias antes da estreia do taube de Gavotti como arma de guerra. E de novo ao jovem genovês, em 4 de março de 1912, a ousadia de cumprir a primeira missão aérea noturna.


Fonte: O Globo (adaptado)
 
 
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