"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 2 de maio de 2011

PERSONAGENS DA HISTÓRIA MILITAR – MARECHAL SIR ARCHIBALD WAVELL


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* 05/05/1883 – Colchester, Inglaterra

+ 24/05/1950 – Londres, Inglaterra


Archibald Percival Wavell nasceu em Colchester no dia 5 de maio de 1883, filho de um major-general do Exército. Foi educado em Winchester e cursou a Academia Militar Real de Sandhurst. Comissionado no Regimento Black Watch em 1901, serviu com essa unidade na Índia e África do Sul, antes de ingressar na Escola de Estado-Maior em 1909. Ao graduar-se, foi transferido para a inteligência, especializando-se em assuntos militares russos.


1ª Guerra Mundial e período entreguerras

Em 1914, Wavell foi selecionado como oficial de inteligência do IV Corpo, mas conseguiu ser comissionado como major-brigadeiro da 9ª Brigada de Infantaria. Foi ferido em 1915, perdendo a visão do olho esquerdo, e serviu o restante da guerra numa série de posições de estado-maior na França e Palestina.
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Em 1926, foi designado para a 3ª Divisão de Infantaria. Isso deu-lhe a oportunidade de trabalhar com forças mecanizadas experimentais adidas àquela grande-unidade, e, nos anos seguintes, Wavell adquiriu grande apreciação pelo valor da mobilidade e flexibilidade numa força de infantaria, com também o valor do poder aéreo.


No Egito

Após mais um período na Palestina, como comandante militar, Wavell retornou à Grã-Bretanha como Tenente-General em 1938, para assumir o Comando do Sul. Esse posto, contudo, durou pouco. Em julho de 1939 foi transferido novamente, para se tornar Comandante-em-Chefe do Oriente Médio, com responsabilidades de tempo de guerra sobre Egito, Palestina, Transjordânia, Chipre, Etiópia, Somalilândia Britânica, Aden, Iraque e Golfo Pérsico. O total de forças sob seu comando era de 90.000 homens, dos quais um terço estava no Egito.

Os recursos eram escassos e, como seu subordinado, Sir Claude Auchinleck, Wavell estava determinado a esperar antes de comprometer suas forças em batalha. Ele pediu por tempo para organizar os homens e o material que precisava, bem como aclimatá-los às condições locais. Isso rendeu-lhe a antipatia de Churchill, sempre impaciente para ação imediata, mas, quando Wavell finalmente fez seu movimento, despachando a Força do Deserto Ocidental de Richard O’Connor para a Líbia, e o Tenente-General Alan Cunningham para a Somalilândia Italiana e a Abissínia, a vitória foi rápida e decisiva.

Generais Auckinleck e Wavell (a direita) planejando no Egito


Esses sucessos marcaram o ponto alto da carreira de Wavell no Oriente Médio. A invasão alemã da Grécia e a subsequente captura de Creta, a resposta alemã na Cirenaica, bem como a revolta pró-Alemanha no Iraque, forçaram todas as tropas britânicas para a defensiva. Após a falha das Operações Brevity e Battleaxe na fronteira do Egito durante maio e junho de 1941, Wavell foi dispensado e enviado à Índia como Comandante-em-Chefe.


Combatendo os japoneses

Se essa transferência foi feita para colocar Wavell em um papel pouco relevante, então os esforços falharam. Imediatamente, Wavell viu-se enfrentando a declaração de guerra dos japoneses e, de seu quartel-general em Java, foi designado Comandante-Supremo das Forças Aliadas (americanos, britânicos, holandeses e australianos) na Birmânia, Cingapura, Malásia, Índias Orientais Holandesas, Filipinas e noroeste da Austrália.

Havia pouco que Wavell pudesse fazer para conter o avanço do inimigo, devido à falta de recursos, dificuldades de comunicação sobre área tão vasta, e natureza intratável de alguns de seus aliados americanos e chineses. A falha na contraofensiva em Arakan foi a gota d’água para Churchill. Em setembro de 1943, o agora Marechal-de-Campo Wavell aceitou o convite para se tornar Vice-Rei da Índia. Em seu novo posto, ele perdeu contato com Churchill e seu sucessor, Clement Attle, sendo rapidamente dispensado em fevereiro de 1947.
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Wavell, vice-rei da Índia, discursando em Nova Delhi em 1946



Crítica e legado

Wavell foi uma personalidade desconcertante. Ele se tornou lendário por seus silêncios, apresentando uma máscara quase impenetrável que provocava suspeitas, e mesmo hostilidade, entre políticos, especialmente Churchill, que gostava de uma boa discussão. Wavell ainda desapontou o Primeiro-Ministro por recusar-se a ir à guerra na Líbia e África Oriental até que seus homens estivessem aclimatados e bem-equipados.

O sucesso de ambas as ofensivas provaram o acerto da decisão de Wavell, e apresentou marcado contraste com os eventos seguintes na Grécia, Líbia, e mais tarde na Birmânia, quando, até certo ponto, ele pagou o preço do equipamento ruim e ultrapassado do Exército.

Wavell subestimou a capacidade dos japoneses, embora, nesse caso, de forma alguma estava sozinho. Ainda assim era querido e respeitado por aqueles que serviram sob seu comando e, em contraste com seus hábitos conservadores, sempre apoiou e encorajou os não-ortodoxos: os Chindits e a Força V (unidade de inteligência) devem sua existência a Wavell.

Ao retornar para a Inglaterra em 1947, foi feito Visconde de Keren e Winchester. O Marechal-de-Campo Sir Archibald Wavell faleceu em Londres aos 67 anos de idade, no dia 24 de maio de 1950.


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