"No próprio dia da batalha, as verdades podem ser pinçadas em toda a sua nudez, perguntando apenas;
porém, na manhã seguinte, elas já terão começado a trajar seus uniformes."

(Sir Ian Hamilton)



segunda-feira, 16 de novembro de 2009

ARMAS: A PÓLVORA



A pólvora foi descoberta na China, durante a dinastia Han. A descoberta foi feita por acidente por alquimista que procuravam pelo elixir da longa vida. As primeiras referências à pólvora aparecem como avisos em textos de alquimia para não se misturarem certos materiais uns com os outros.

Por volta do século X, a pólvora começou a ser usada com propósitos militares na China, sob a forma de foguetes e bombas explosivas lançadas por catapultas. A primeira referência a um canhão surge em 1126, quando foram utilizados tubos feitos de bambu para se lançarem mísseis contra o inimigo. Eventualmente os tubos de bambu foram substituídos por tubos de metal: o mais antigo canhão na China data de 1290. Da China, o uso militar da pólvora parece ter se espalhado para o Japão e a Europa.

Foi usada pelos mongóis contra os húngaros em 1241 e mencionada por Roger Bacon em 1248. No entanto, há quem atribua também ao monge franciscano alemão Berthold Schwarz a sua redescoberta.

Roger Bacon

Por volta de meados do século XIV, os primeiros canhões são mencionados extensivamente tanto na Europa quanto na China. O salitre necessário na obtenção da pólvora negra era conseguido a partir do "cozimento" de fezes de animais.

A pólvora foi usada pela primeira vez para lançar projéteis de uma arma portátil de tamanho semelhante ao dos rifles atuais na Arábia, por volta de 1304.

Na China, assim como na Europa, o uso da pólvora em canhões e armas de fogo foi atrasado pela dificuldade em se obter tubos de metal suficientemente resistentes que pudessem conter os gases resultantes da explosão. Este problema pode ter criado o falso mito de que os chineses usaram a descoberta somente para a manufatura de fogos de artifício. De fato, a pólvora utilizada para propelir projéteis de canhão e foguetes foi utilizada extensivamente na conquista da Mongólia no Século XIII e um aspecto da Guerra do Leste Asiático depois disso. As muralhas da cidade de Beijing (Pequim), por exemplo, foram especificamente projetadas para suportar um ataque de artilharia e a Dinastia Ming mudou a capital de Nanjing para Beijing especialmente por causa das colinas em volta de Nanjing, que eram bons locais para os invasores disporem sua artilharia.


Canhão do século XVI


Do século XV até o Século XVII ocorreu um desenvolvimento generalizado na tecnologia da pólvora tanto na Europa quanto no extremo Oriente. Avanços na metalurgia conduziram ao desenvolvimento de armas leves e os mosquetes. A tecnologia de artilharia na Europa gradualmente ultrapassou a da China e essas melhorias tecnológicas foram tranferidas de volta à China pelas missões jesuítas que foram postas a prova pela manufatura de canhões pelo último imperador Ming e o primeiro Qing.

Em 1886, Paul Vieille inventou na França a pólvora "sem fumaça" chamada de Poudre B. Feita de nitrocelulose gelatinosa misturada com éter e álcool, ela era passada através de rolos para formar finas folhas que eram cortadas com uma guilhotina para formar grãos de tamanhos desejados. A pólvora de Vielle foi usada pelo rifle Lebel e foi adotada pelo exército francês no final dos anos 1880.

O exército francês foi o primeiro a usar a Poudre B mas, não muito depois, outros países europeus seguiram seu exemplo. A pólvora de Vieille revolucionou a eficácia das armas curtas e dos fuzis. Primeiramente porque não havia, praticamente, a formação de fumaça quando a arma era disparada e depois porque era muito mais poderosa do que a pólvora negra dando uma precisão de quase 1.000 metros aos fuzis.


Em 1887 Alfred Nobel também desenvolveu a pólvora "sem fumaça". Ela se tornou conhecida como cordita ou cordite, uma pólvora mais fácil de carregar e mais poderosa do que a Poudre B.


A pólvora "sem fumaça" possibilitou o desenvolvimento das modernas armas semi-automáticas e das armas automáticas. A queima da pólvora negra deixa uma fina camada de resíduo que apresenta propriedades higroscópicas e corrosivas. O resíduo da pólvora "sem fumaça" não exibe nenhuma dessas propriedades. Isto torna possível uma arma de carregamento automático com diversas partes móveis, que sofreriam de emperramento se utilizassem pólvora negra.

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